Rei Das Cinzas. (Livro 01)

By Loreanne2

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E se você descobrisse que o lugar onde vive possui um portal para um mundo paralelo? Uma profecia começa... More

Rei Das Cinzas
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41 - parte final

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By Loreanne2

Luid lançou um rápido olhar atônito na direção do pai,o soldado bateu á porta mais uma vez.

-Esconda-a. Ordenou Tom,baixinho.

Luid guiou Carolina pelos ombros até uma parte oculta mais ao fundo da pequena casa e abriu um alçapão.

-Entre. -Instruiu baixinho.Seus olhos azuis brilhavam desesperadamente ao vasculhar o rosto de Carol. -Há um guarda-roupa lá dentro,esconda-se lá. Dentro dele há uma passagem para a área externa,caso sinta que precisa...não hesite.

Quando Carol assentiu perturbada e desceu,Luid fechou o alçapão ao tempo que seu pai permitia que os soldados entrarem.

-Caçador. -Cumprimentou um dos soldados do Rei,com um aceno de cabeça. -Perdoe nossa invasão,mas temos ordem do Rei para explorar a floresta á procura de uma jovem intrusa. -Os olhos cor de chá do soldado avaliaram Tom e Luid,desconfiados. -Vocês por acaso viram alguém diferente pelas redondezas? Uma moça,especificamente?

O coração de Luid estava acelerado,se os soldados do rei tivessem conhecimento da presença de Carolina ali,todos pagariam. Casser não teria piedade,os executariam por esconder a jovem intrusa. Foi Tom,com sua experiente paciência de anos quem respondeu. As mãos dele se cruzaram atrás das costas e a expressão parecia relaxada,Luid se perguntou como o pai conseguia manter tal controle.

-Nós não vimos ninguém passar por aqui. -Respondeu. -Caçamos ontem e hoje,ninguém diferente. -Sua voz soou convicta.

Escoltando o soldado-comandante do rei,estavam mais dois soldados. Um deles corria os olhos por toda a casa em busca de algo suspeito e o outro olhava com atenção para Luid,aquilo o incomodou.

-Se não se importar,caçador -Disse o soldado-comandante. -Meus homens checarão sua residência.

-Claro que não. -Respondeu Tom prontamente.

Luid sabia que seu pai confiava que ele tivesse feito um bom trabalho escondendo a moça,mas ele não tinha tanta certeza de que Carol encontraria a passagem para a área externa caso fosse necessário. Silenciosamente e com expressão fechada,Luid se afastou para dar passagem aos guardas do rei. Ele sabia que Arabelle havia se enfiado dentro do quarto,como sempre acontecia quando recebiam alguém diferente. Um dos guardas se direcionaram para o quarto onde a garotinha estava e o outro para próximo do alçapão que Luid havia puxado para Carol passar alguns minutos antes.

Ele olhou disfarçadamente para seu arco em cima da pequena cômoda e para o pai,se algo corresse errado,não hesitariam em dar um fim nos soldados de Casser. O comandante passava uma calma surpreendente,e a expressão dele era serena. Tinha uma das mãos atrás das costas e a outra posta sobre sua espada,Luid se perguntou se ele realmente queria fazer aquilo. Sua postura revelava um experiência de pelo menos um ano servindo ao rei. Luid viu o soldado descer pela passagem do alçapão e instintivamente desceu atrás dele,lançando um olhar significativo para o pai: "Se algo der errado,não hesite em pegar o arco"

Lá dentro,Luid viu que após o soldado vasculhar com o olhar o aposento interior,foi direto para o guarda-roupa. Ele o abriu sem rodeios e afastou as roupas com as mãos. A encontrariam,Luid pensou- encontrariam Carolina e a levariam para seu rei,depois executariam seu pai e ele. Se Casser tivesse piedade,talvez permitisse que Arabelle vivesse. Aquele pensamento o fez levar a mão imperceptivelmente á adaga em sua cintura,sabia que seu pai daria conta dos dois soldados na parte superior da casa. O soldado ali não dava sinais de ter encontrado alguém,talvez Carol já tivesse passado para fora. Esperta.

Quando o soldado se afastou,sua expressão era de tédio.

-Parece limpo. -Falou e após uma última olhada pelo aposento,subiu as escadas de volta ao piso superior. Luid soltou a respiração e lançou um olhar na direção do guarda-roupa,falaria com Carol depois. Ele seguiu o soldado para cima,precisava checar se corria tudo bem no piso superior.

Casser estava sentado diante de sua cômoda,ainda incomodado com a falta de notícias por parte de Oliver e seus homens,que haviam partido em busca da intrusa da Floresta do Sol. Mas não era apenas isso o que o incomodava,mas também o incêndio que ocorria na Casa de educação para crianças. Aquilo não era bom para ele e os negócios do reino,ele não se levantou ao ver o reflexo de Diana no espelho.

-Senhor,desculpe entrar sem pedir...

-O que você quer,Diana? -Casser perguntou sem rodeios,ele dobrava uma manga apertada nos pulsos.

A criada se perguntou porque a insistência do rei em dobrar as mangas de todas as roupas que usava.

-Pensei que talvez o senhor quisesse que o jantar fosse servido aqui em seus aposentos. -A moça falou.

Casser torceu os lábios e contemplou seu próprio reflexo no espelho,parecia mais pálido que nunca. Nos útimos dias,o rei não havia se permitido pensar em alimentar-se bem. Os problemas que rodeavam o reino eram muitos e ele se sentia cansado,tanto emocional quanto fisicamente.

-Senhor,me permite fazer um comentário? -Perguntou Diana,as mãos pequenas cruzadas na frente do avental azul de criada.

Casser a olhou,seus olhos continham uma calma não habitual para Diana. A moça sabia que o rei vinha enfrentando mais problemas do que o usual,e sempre que o encontrava parecia preocupado e conturbado. Ele ainda a encarava silencioso com aqueles olhos acinzentados,mas ela sabia que estava impaciente pelo comentário dela.

-Não seria melhor se o senhor aparasse o cabelo? -A criada arriscou.

O jovem rapaz apenas a encarou por um momento,piscando. Em seguida levantou um braço e pegou um fio longo de cabelo acinzentado e encarou o espelho,seu rosto confuso.

-Cortar meu cabelo? mas...

Diana se adiantou.

-Ficaria bem melhor para o senhor,tenho observado que o cabelo deste tamanho o incomoda ás vezes. -A moça comentou. - Percebeu quantas vezes o senhor o afastou do rosto na ultima reunião? Bom,eu sim. -Diana corou quando seu rei a olhou com mais atenção.

Ele se virou para ela,considerando.

-Tem razão. -Concordou - Preciso de um corte de cabelo.

-E...eu posso fazer isso,senhor. -Quando ele a olhou,Diana recuou-se um pouco. -Se desejar.

-Amanhã cedo pode estar aqui em meu quarto? -Casser perguntou.

Ele estava lhe perguntando se podia fazer o corte para ele,não ordenando como o habitual. Aquilo a surpreendeu um pouco,mas ela rapidamente assentiu.

-Sim senhor. -Disse Diana e se apressou para a porta. -O senhor gostaria de seu jantar aqui?

-Casser voltou-se para o espelho.

-Sim,por favor.

Algo estava realmente errado,não era do feitio do rei agradecê-la. Mas Diana se sentiu feliz quando passou pela porta,em direção á cozinha do palácio.

Mortos. Seus filhos estavam mortos. Dicco não conseguira se mover depois que os guardas do palácio chegaram para fiscalizar e cuidar de tudo ali,o lugar estava devastado pelo fogo. A noite já havia caído,mas ainda havia chamas acesas. As mesmas que consumiram parte da Casa de Educação e crianças que estavam nela,seus filhos. Ele havia encontrado Mongoy estirado de barriga para baixo ao chão,parte do rosto do menino coberto de terra. Já não respirava mais e Dicco supôs que o filho tivesse ficado tempo demais dentro da casa antes de sair (respirando toda aquela fumaça,talvez á procura da irmã) para que seus pulmões pudessem suportar. O garoto havia conseguido chegar com vida ao lado externo da casa,mas fora tarde demais para ele.

Agora,Dicco via seu filho nos braços de um dos guardas do palácio. Iriam levar os feridos e os mortos para algum lugar próximo dali,os guardas haviam afastado as pessoas para que pudessem trabalhar melhor na área. Mas Dicco ainda observava á uma distância segura,ainda não poderia partir sem notícias de sua garotinha. Ele não havia tido sinal de Mary,um fio frágil de esperança o mantinha ali. Perdera a esposa para os soldados de Casser,ainda se lembrava do último grito de dor da mulher. Mas não suportaria perder seus dois filhos,sua única ligação com ela. Seu coração se tornaria totalmente sombrio,não restaria nada de bom ali. Seus olhos amarronzados corriam pela frente do casarão,pensou em Luna. A garotinha que era amiga de sua filha ainda não havia saído também, ainda havia esperança de que as duas estivessem juntas em algum lugar lá dentro e vivas. Mas e se...e se estivessem mortas? como Mongoy? como todos os outros? Dicco afastou aqueles pensamentos e aguardou,um momento depois,alguém tocou seu ombro. Ele se virou com expressão de pedra,para ver Lumi ali.

O vento balançava os cabelos grisalhos de Lumi,o tempo ali havia se tornado frio. Frio para combinar com a expressão de Dicco Morales. Lumi conseguia sentir o peso da dor que o homem insistia em deixar guarda em algum lugar do coração,que em breve se escurecia. Lumi escolheu bem as palavras,tinha ali um grande aliado para derrubar Casser Sincer.

-Casser é o culpado por isso. -Falou o homem. A voz se misturando ao vento gélido que surgira com a noite.

Dicco voltou o olhar na direção da entrada da casa,guardas ainda entravam e saíam e nenhum deles trazia Mary ou Luna consigo. Desespero começava a tomar conta do homem,Mary tinha que estar viva. Ele não respondeu ao comentário de Lumi,o homem notou.

-Espera por alguém? -Insistiu Lumi.

O homem se virou para ele,o maxilar duro como pedra. Mas não o olhou,ao invés disso focou um anel de metal que girava entre os dedos.

-Aguardo notícias de minha filha. -A voz de Dicco soou rouca. Ele levantou o olhar triste para a casa mais uma vez.

-Sinto muito pela sua perda. -Lumi disse e Dicco o olhou com atenção.

-Como...como sabe que perdi...-Sua voz falhava. -Que perdi meu filho?

Lumi fingiu uma expressão triste.

-Eu vi quando se aproximou do garoto. Estava esperando um momento para falar com você. -Contou o homem.

Os olhos de Dicco correram pelo rosto do homem de cabelos grisalhos,avaliativos.

-O que você quer comigo,Lumi Ayola? -Perguntou Dicco.

Um sorriso torto e fantasmagórico curvou os lábios de Lumi,mas não muito. Ele deu uma batida no ombro de Dicco.

-O reinado de Casser Sincer precisa cair,ele é o culpado por todas essas coisas. -Lumi fez um gesto com a mão livre como se para abranger o lugar. -Ele matou a representante das sereias,sua cunhada Lena.

Dicco o avaliava com olhos severos e ao mesmo tempo tomados pela dor recém. Se perguntava como Lumi sabia tanto de sua vida.

-Como você sabe disso? como pode ter certeza de que Casser Sincer é o autor dessas mortes?

Lumi tirou a mão do ombro do pai de luto.

-Você tem mais alguém em mente para culpar? -Questionou,e quando não obteve uma resposta rápida de Morales,continuou. -Um incêndio como esse não poderia ser obra de outras pessoa,os guardas terem sido enviados para prestar ajuda não significa nada.

-O fogo deixou as veias de Casser há...

-Estou dizendo. -Lumi cortou com dentes trincados,aproximando o rosto do homem. -O rei tem vários meios e motivos para isso,lembre-se de que ele foi coroado rei por ser o mais poderoso. -Ele se afastou,o vento soprando seus cabelos quase brancos. -Sabe onde me encontrar se mudar de ideia.

Ao se virar para ir embora,Lumi sabia que a semente da revolta contra Casser Sincer já havia sido plantada.

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