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Carolina. Carolina.

Outra vez aquela voz sussurrante e serena,envolta de um aroma de inebriante de flores..muitas delas,pétalas de rosas.

Carol não sabia onde estava agora. Ela se lembrava de ter se deitado para dormir após despedir-se de Luid e agora estava...agora se encontrava ali,naquele espaço em branco; no meio do NADA.

Carol. venha, Carolina.

Eram muitas vozes ao mesmo tempo,vozes que se misturavam á brisa que soprava seus cabelos escuros com leveza e trazia o cheiro doce de flores. Mas então,de repente ela sentiu o cheiro mudar com vento,e o aroma salgado da água tomou conta dela com tanta força que Carol viu seus pés se movendo em alguma direção no meio do nada; Até que as coisas começaram a tomar forma e ela se viu em um lugar amplo,onde a brisa salgada do mar sacudia levemente a areia. Carol já não se sentia cansada ali,era como se apenas a paz daquele lugar aliviasse seu interior. Mas fora sempre assim -Ela pensou - sua doença parecia acalmar quando ela estava próximo da água; talvez fosse apenas coisa da cabeça dela,talvez não. Também era assim com sua mãe,Carol se lembrava das tardes em que a doença sem nome resolvia atacar o organismo frágil de sua mãe e seu pai a carregava para próximo do mar; na antiga casa em que viveram certa vez. Carol quase podia se ver com dez anos,debruçada sobre o parapeito da pequena varanda de casa,enquanto observava sua mãe se virar da cadeira ao longe e sorrir na direção dela; a brisa leve do mar agitando os fios escuros do cabelo de sua mãe.

Carolina.

Uma voz se firmou próximo e então uma mulher que aparentava ter meia idade se mostrou diante dela. Os cabelos de ébano da mulher estavam presos em um coque banana exuberante e adornado com pequenas conchas do mar; o longo vestido claro como a areia do mar movimentava de acordo com a brisa ali. Carol deu um passo para trás.

-Carolina.

-Quem é você?

Carol viu um brilho rápido de tristeza no olhar da mulher,ela entrelaçou os dedos frente ao corpo.

-São muitas perguntas a serem respondidas,para tão pouco tempo. -A voz madura soou firme.

Carol piscou.

-Não...não compreendo. -Ela olhou ao redor. -Em um momento estava no quarto da casa da família de Lui...

-Você está num sonho. -Interrompeu a mulher. Ela baixou o olhar escuro para as próprias mãos. -Ainda não posso falar com você sem ser por aqui.

-Quem é você?

-Alguém que conheceu sua mãe.

Carol sentiu um salto no coração.

-Minha mãe?

Há quanto tempo não ouvia alguém falar de sua mãe? seu próprio pai evitava o assunto,sua mãe a deixara cedo demais; a doença a atacara quando Carol tinha apenas dez anos. A mulher deu mais um passo.

-Ouça,Carolina. -Disse. -Existe uma profecia escrita pela Rainha da Luz e na qual você é citada,como a responsável por deter o rei Casser e salvar Beelion e as redondezas de futuros desastres causados por ele.

De repente o mundo pareceu cair sobre os ombros de Carol,ela ficou em silêncio,apenas encarando a mulher diante dela. Era possível ouvir o mar se agitar ao longe e as aves que o sobrevoavam cantarem melodiosamente.

-Sei que é quase impossível de compreender e que está tudo tão...tudo está sendo passado a você ligeiramente; mas tivemos problemas seríssimos nas profundezas de Ocelandia; por isso não pude vir antes.

A mente de Carol se embaralhava ainda mais.

-A única coisa que eu desejo é voltar para o meu mundo,para minha casa. -A voz da jovem soou quase como um sussurro abafado pelas ondas do mar.

Rei Das Cinzas. (Livro 01)Where stories live. Discover now