O2

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Casser caminhava de um lado ao outro na sala do trono,pensativo. Os movimentos nervosos do rei estavam deixando Dan impaciente.

-O senhor sabe,deve ser apenas mais uma intrusa insignificante e...

-Ninguém consegue passar por aquelas barreiras se não possuir algo especial,Daniel. -Respondeu o rei,sua expressão ainda mais sombria e pensativa. -E ainda não sou capaz de acreditar que você não teve a competência de trazer a intrusa para cá!

Dan baixou a cabeça e apertou as mãos atrás das costas,reconhecia seu erro. Casser parou e jogou para trás os longos cabelos acinzentados como restos de brasas,vez ou outra,Dan conseguia ver alguns fios vermelhos. Quando o rei o olhou,ele sentiu a habitual sensação gélida no peito.

-As barreiras continuam firmes,sim? -Ele questionou.

Dan emperdigou-se,seus cabelos vermelhos roçando-lhe a têmpora.

-Sim senhor.

Casser esfregou o queixo,seus olhos fixos em nenhum ponto aparente.

-Como foi que essa mortal conseguiu ultrapassá-las? -Perguntou reflexivamente,porém Dan desconfiou que aquela pergunta fora feita para ele próprio.

-Não é uma mulher,senhor. -Dan falou,timidamente.

Aquilo fez o rei lançar-lhe um olhar irritado.

-Então é um homem?

Dan sacudiu a cabeça.

-É uma jovem,senhor. Uma jovem moça.

Casser revirou os olhos,considerando aquela resposta idiota.

-Que seja,o gênero é feminino. -Respondeu irritado. -O fato é que,ela não teria conseguido chegar a este mundo se não fosse especial. Ela tem algo,Daniel. -O rei desceu alguns degraus. -E eu quero que você descubra. Ah,falando nisso...quando é que aquele imbecil do seu irmão chegará?

Dan era pequeno,Casser pensou. Mas levava em conta que o rapaz tinha apenas 17 anos. Seu rosto sardento estava agora inexpressivo,as mãos permaneciam atrás das costas.

-Eu não sei,senhor. -Respondeu. Mas algo ainda o perturbava. Dan cogitou se devia ou não mencionar ao rei o que era,por fim optou por mencionar. -Senhor,eu...

Casser arqueou uma sobrancelha acinzentada e instigou o rapaz a falar com uma das mãos.

-Você?

Dan respirou fundo e finalmente falou:

-Não posso mais tomar conta da horta do palácio sozinho. e também não me agrada nem um pouco as cozinheiras novatas. -Soltou o rapaz - Achei que o senhor devia saber que eu...que as batatas duras servidas no último jantar não foi minha culpa,as novatas estavam sob minha supervisão e...

-Cale-se,Daniel e volte ao seu trabalho. -O rei cortou.

Daniel se emperdigou um pouco mais e insistiu,o rei tinha de ouví-lo.

-Mas senhor,aquelas moças não sabem...

-Não me interessa o que as novatas fazem ou deixam de fazer dentro da cozinha,Daniel. -Ele falou e subiu novamente os degraus até o trono,suas vestes longas farfalhando atrás de si. -Desde que tudo chegue até mim em perfeita condição. -Ele se sentou e encarou Daniel com expressão ilegível.

-Sim senhor.

-E,-Interveio,antes mesmo que seu servo pudesse sair. -Não me perturbe mais com esses assuntos de cozinha. Isso é a útima coisa que me interessa e, a esta altura você já deveria saber o que fazer com essas novatas.

-Sim senhor.

-E apresse-se com essa investigação sobre essa intrusa,tudo e todos neste lugar me devem satisfações. Logo,ela também.

-Sim senhor.

Quando Daniel saiu,Casser mergulhou novamente em mil pensamentos sobre aquela tal intrusa.

Ela se sentia tonta após horas caminhando por aquele lugar desconhecido,não se parecia nem de longe com o lugar onde estava a pouco com seus amigos

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Ela se sentia tonta após horas caminhando por aquele lugar desconhecido,não se parecia nem de longe com o lugar onde estava a pouco com seus amigos. Carol não sabia como alguém podia se perder tanto após um desmaio no meio da floresta. Tampouco, se fora realmente a doença o que lhe havia feito perder os sentidos. Agora,caminhava pela floresta desconhecida em busca de encontrar o local onde estava com seus amigos,mas a cada passo que dava, parecia impossível que ele sequer tivesse existido. Jhon. Ele sentiria sua falta e viria atrás dela;claro os outros também. Mas Jhon era mais atento,ele sentiria logo sua falta. Caminhou até se sentir cansada demais para continuar,então se apoiou em uma árvore.

Como podia ter dormido e acordado em um lugar que parecia totalmente diferente? Por quanto tempo dormira? Carol ainda se sentia sonolenta,aquilo só podia ser parte de um sonho- ela pensou. O barulho agudo que ouvira mais afundo na mata a fizera voltar para a realidade,se é que aquilo poderia ser considerado realidade. Ela se recostou um pouco mais no tronco da árvore,a fim de se ocultar ali.  Mas afinal,porque ela estava se escondendo? devia ser apenas um caçador e....

Ela bateu o nariz no peito rijo de alguém ao deixar seu posto,levantou rapidamente o olhar para se deparar com um alto rapaz de olhos azulados .Seus cabelos castanhos caíam-lhe na testa e próximo das orelhas,usava uma roupa apropriada para caça. Ele estava sério e ainda sim conseguia ser extremamente bonito,as feições do rosto dele era leves,ela piscou quando ele a sacudiu por um dos ombros pequenos.

-Quem é você? -Ele perguntou firmemente. -Nunca a vi por aqui.

-Eu... -Carol se afastou involuntariamente,aquele rapaz era muito mais alto que ela. -Na verdade,talvez você pudesse me ajudar?

Ele a encarou sério,seus olhos azulados percorrendo-lhe todo o rosto. Quando ele olhou para as roupas dela,Carol também o fez disfarçadamente e só então percebeu que usava um longo vestido branco. Diferente do curto florido que vestira para o piquenique. Algo estava errado,muito errado. Aquilo só podia ser um sonho.

-Eu estou perdida. -Falou por fim. -Estava a pouco na entrada da floresta com meus amigos e...

-Amigos? -Interrompeu o rapaz,olhando ao redor a procura de mais alguém.

Carol assentiu ansiosa,as mãos pequenas nervosas.

-Sim,estávamos planejando fazer um piquenique na entrada da floresta. -Contou -Mas eu me afastei e... -Suspirou -Bom,me perdi deles.

O rapaz a encarava inexpressivelmente.

-Tem costume de vir aqui? -Ele perguntou.

-Poucas vezes estive aqui. -A jovem respondeu docemente,seus olhos negros reflexivos como se buscasse entender algo.

O rapaz parecia não comprendê-la,como se ela estivesse falando outro idioma.

-Preciso voltar ou meus amigos ficarão preocupados. -Falou -Você pode me ajudar com o caminho de volta? sabe como chego novamente á entrada da floresta?

Foi então que ela viu o brilho de algo passar por aqueles olhos azuis.

-Não posso te ajudar a retornar. Mas sei quem pode.

Rei Das Cinzas. (Livro 01)Where stories live. Discover now