Unpredictable Love

By RayaneMorais1

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Lauren Jauregui acabara de voltar para Miami depois de passar três anos em Los Angeles, onde convivia com pes... More

Previsibilidade
Atletas
Achados e Perdidos
Sueño
Campeonato (Part I)
Campeonato (Part II)
Festa
Acampamento
Ato Inesperado
O Trato
O Encontro
Não minta!
Desculpa!
Sentir-se bem
Você quer?
Mais um dia
Viagem
Diversão
Jogo
TPM?
Calma, Camila!
A Faça Sua
Planos Futuros
Exames Finais
Vida Universitária
Sem tempo
Você é minha!
Praia
Inseminação
Lembranças
Aceitação
Cuidados
Inseguranças
Tentação
Provação
Olhos
Amigos
Dentinhos
Dia de Lua
Treze Anos
Não consigo evitar...
Casamento
Cumplicidad
Ações
Alexa
Sorrisos
Medos
Crescendo
Decepção
Perder
A Verdade
Juntas
Incrivelmente Maravilhosa
Dificuldades
Surto
Milagre Natalino?
Amor Imprevisível
Bônus

Não dá mais!

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By RayaneMorais1

Hey lindos e lindas, o que eu tenho pra dizer a vocês simplesmente é... Sofram com esse capítulo senhoras e senhores... hihihih

Comentem, plys, é importante. Boa leitura :D

____________________________________________________

Quatro meses depois...

Arregalei os olhos assim que me dei conta do barulho presente na casa. Olhei a hora no celular, constatando que já estava quase na hora do almoço, o que significava que eu tinha perdido a hora. Praticamente pulei da cama, vestindo minha calça de moletom e saindo do quarto, já que estava vazio. Deparo-me com Dinah e Lucy preparando o almoço enquanto Vero cantarolava alguma música e arrumava a sala.

- Meu Deus do céu, como eu to atrasada! – Falei e as meninas prestaram atenção em mim. – Por que não me acordaram?

- Nós tentamos, fui ao seu quarto duas vezes e você me respondeu com resmungos, achei que levantaria. – Lucy explicou dando de ombros.

- Mandava a Vero me acordar então. – Bufei passando as mãos pelo cabelo.

- Pensei que odiasse quando te acordava. – Veronica disse divertida.

- E odeio, porque você tem a mania de subir em cima do meu pau. – Rosnei indo até o banheiro e me jogando lá dentro, pronta para tomar meu banho.

- Ih, deu pra trocar de fruta agora foi Vero? Esperava mais! – Escutei Dinah provocando como de costume sendo retribuída por xingamentos de Veronica enquanto Lucy tentava intervir na provável discussão que as duas começariam.

Tomei banho em tempo recorde, vestindo uma saia jeans e um cropped top preto. Escutei o barulho do meu celular vibrando e o peguei dentro da calça de moletom que estava jogada no chão. Olhei e vi que era uma mensagem de Camila, e havia mais duas anteriores a que acabara e receber.

[Camz] – Bom dia, meu amr. Espero que tenha acordado na hora que disse que acordaria, te deixei dormir mais um pouco porque vc foi dormir muito tarde ontem.

Camila tinha me visto ficar até tarde para fazer um trabalho que precisava ser entregue amanhã, felizmente era outro daqueles trabalhos em dupla, mas estava atolada na matéria e precisava muito passar e não podia perder tempo.

[Camz] – Lolo? Já ta acordada?Viu? Eu disse pra vc não ir dormir tarde ontem, sei que está atolada de trabalhos pra fazer, amr, mas precisa descansar, me responda quando tiver um tempo livre.

Ela ficara me mandando dormir muitas vezes, mas fiquei até muito tarde e consequentemente perdi a hora hoje pela manhã.

[Camz] – Acabei de dar aulas pra os garotos. Estou cada vez mais apaixonadas por eles, Lo, quase tanto quanto estou por vc. *-* Te amo!

A ultima veio com uma foto anexada sua sorrindo mostrando-me como ela estava vestida hoje já que não tive oportunidade de vê-la pela manhã, pois saíra para dar aula na escola em que estagiava. Camila usava uma saia preta rodada e uma camisa branca listrada que deixava sua barriga de fora. Muito linda! Iria responder sua mensagem, mas fui interrompida por batidas na porta.

- Laur, Mike me ligou, quer que você dê uma passada na concessionária antes de ir pra faculdade. Ele disse que você não estava atendendo ao celular. – Informou Veronica. – E ah, eu vou com você. – Saí do banheiro ás pressas. Estava realmente atrasada e ainda teria que passar na concessionária.

- Certo! Dinah você vai de metrô hoje, tudo bem? – Avisei-lhe pegando uma maçã na fruteira e minha bolsa em meu quarto vendo a Jane bufar frustrada por perder a carona pra Vero. – Vamos, Veronica.

- Mas vocês precisam almoçar. – Lucy disse atenciosa. – Camila me falou que você não tem se alimentando direito, Laur, precisa comer. Veronica faça sua amiga ficar. – Mandou a garota.

- Desculpe, Luh, mas não posso perder a carona, preciso falar com Mike também. – Vero disse dando-lhe um beijo rápido e me seguindo, logo saímos do apartamento, pegando o elevador enquanto comia a maçã. Mal chegamos à frente do prédio, depois de passarmos por Tom que se ofereceu para nos acompanhar, o que negamos e joguei a chave do carro para Veronica. – O que? Eu vou dirigir seu carro? – Perguntou surpresa e assenti. Ela sorriu animada e se jogou por cima do veículo, sem abrir a porta. Me pus ao seu lado, logo retirando o notebook da minha bolsa e continuando a fazer o trabalho. – Você não pode fazer isso depois? – Neguei com a cabeça, começando a procurar links que me ajudassem na pesquisa sobre coisas que envolvessem empresas que aproveitavam recursos renováveis.

Um bom tempo havia passado desde que as coisas começaram a ficar movimentadas. Nada mudou pelo visto. A vida continuava a ficar ainda mais agitada.

Quando chegaram às férias, o que achávamos que nos deixaria mais livres por hora, mas foi puro engano. Nem mesmo em meu aniversário pude comemorar direito com as minhas amigas, não com todas elas, não ao mesmo momento pelo menos. Não havia faculdade, porém havia trabalhos.

Mani tivera um musical grandíssimo para se preocupar nas férias e por isso vivia ocupada. Lucy também estava tentando fazer testes pra uma peça importante e auxiliando isso com seu emprego que conseguiu em uma pizzaria. Dinah trabalhava em uma loja de roupas e frequentemente teve que viajar para visitar sua família de muitos irmãos. Ally tinha arrumado um estágio em um hospital e passara boa parte de seu tempo nas férias lá e Camila por ter tido mais tempo livre sem a faculdade, conseguiu mais aulas durante a semana. Vero foi à única que ficara mais ao meu lado, por não se preocupar muito com dinheiro já que seu pai depositava em sua conta todo mês e mesmo assim não ficamos muito tempo juntas já que tive férias apenas da faculdade e não do curso de mecânica, o que ocasionou em ainda ter a noite ocupada e durante o dia, meu pai havia me convencido a estagiar em uma de suas muitas concessionárias, no momento a que o deixava mais perto do prédio principal da MTJ – Miller's Jauregui's Technology. Em todo caso, havia pouco tempo para passarmos juntas. Foi frustrante!

- Vero! – A adverti vendo-a acelerar mais o carro. Veronica Iglesias não era lá muito boa em direção. Ela apenas deu de ombros voltando a dirigir enquanto eu digitava meu trabalho.

Quando as aulas voltaram, as coisas continuaram apertadas. Ally desistiu do estágio, pois não tinha tempo de conciliar os dois. Mani tinha finalizado muito bem o musical recebendo boas criticas. Lucy não conseguira o papel no final das contas, mas ela não se decepcionou por isso, continuava batalhando por seu sonho de ser atriz e desistiu por completo do emprego na pizzaria. Dinah não pôde manter o trabalho, o perdeu por ter faltas demais já que passara boa parte do tempo visitando sua família e não dando explicações á sua chefe, bem, vivendo e aprendendo. E Camila apenas diminuiu a quantidade de aulas durante a semana, voltando a ficar com três e não todos os dias.

Quanto a mim, bem, por incrível que pareça, continuava com o estágio na concessionária, meu pai entendia que tinha várias obrigações, por isso me deixava ir lá apenas quando tivesse tempo, era chamada de "vendedora turista", pois quase nunca aparecia para trabalhar, mas o deixava feliz mesmo assim quando me esforçava para ir. Então ele estar me chamando na concessionária deveria significar que houvera algum problema com uma das minhas vendas, só podia ser isso! E sim, eu estava fazendo três coisas ao mesmo tempo. Concessionária quando podia pela manhã, faculdade à tarde, curso a noite. Se eu estava me sentindo pressionada? Um pouco, mas conseguiria sobreviver, assim esperava.

- Chegamos! – Vero disse estacionando o carro em frente ao grande prédio da MTJ. Guardei meu notebook na mochila depois de salvar o trabalho agora quase concluído e saímos do carro indo para o prédio ao lado onde havia uma concessionária. Alguns funcionários que já me conheciam me cumprimentaram assim como a Veronica e logo avistamos meu pai vindo em nossa direção feliz por nos ver. – Mike!

- Vero, não esperava te ver aqui. – Ele a abraçou.

- É! Preciso resolver umas coisas e quero começar comprando um carro, então queria sua ajuda pra escolher um modelo. – Ela explicou me fazendo ficar surpresa. Veronica nunca tinha se interessado por carros. Apenas dei de ombros e fui abraçar meu pai.

- To meio sem tempo, o senhor pode me dizer logo qual compra saiu errada? – Perguntei checando as horas, se corresse, ainda daria tempo de chegar á aula sem atrasos.

- A gente sempre tem tempo, Lauren, depois quando ficamos velhos que começamos a dar valor a coisas mínimas, coisas que podíamos ter deixado pra lá mais que demos importância demais porque somos jovens e temos as cabeças cheias de tolices. – Ele filosofou me fazendo sorrir sem graça, pois realmente estava com pressa. – Mas é claro que você não vai entender agora, resumindo, não teve nenhum problema com suas vendas, aliás, você aparece pouco, mas quando aparece vende muito. – Sorri orgulhosa, pelo menos pra alguma coisa tinha talento. Boa lábia devia contar. – O real problema é que um cliente apareceu com problemas técnicos no carro e você vendeu a ele o único carro da linha Miller que tínhamos nessa concessionária, então não podemos compará-los a outros e ver qual é o real problema. Pensei em chamar alguns mecânicos, mas o comprador disse que quando você vendeu parecia conhecer muito bem todas as funções do carro, então decidi ir direto a você. – Ele explicou andando para mais fundo da concessionária repleta de carros caros e de pessoas que pareciam ter muito dinheiro ali pra gastar com aquilo.

- Tudo bem. – Falei ao encarar o carro a minha frente, me abaixei, ficando deitada embaixo dele onde tinha uma rampinha ali, retirei duas peças fundamentais na parte debaixo e logo saí ali. – Prontinho. – Meu pai e Vero me encararam admiradas. – Esse modelo é raro e como era o único carro na concessionária significa que demorou a ser vendido, até que o fiz, mas ele ficou um bom tempo parado o que deixou algumas peças frias e sem uso. Infelizmente a montadora Miller apesar de ser bastante apreciada por seus modelos finos e caros, parece ser meio... – Ponderei as palavras. – Sem noção quando se trata das peças. Fazem os carros com peças caras e difíceis de ser encontradas. – Peguei um caderninho que havia ali e anotei alguns nomes. – Se fossem pegar as peças originais demorariam muito a achar ou a produzir, isso se tivessem elas guardadas por ai, gastaria tempo e mesmo assim elas voltariam a pifar porque não batem com a idade com que as outras peças do carro foram montadas, prejudicariam o funcionamento do veículo. – Conclui. – Compre essas e mande trocar, servirão por muito mais tempo. É isso. – Finalizei limpando as mãos em um pano que tinha por ali.

- Não sei o que seria sem você. – Meu pai falou agradecido me dando um abraço. Beijei-lhe na testa e me afastei. – Certo, você precisa ir, Laur... – Chamou sua atenção. – Não suma, ok? – Assenti com a cabeça e caminhei para fora da concessionária vendo Vero encarar com muita atenção cada modelo dali. Entramos no carro e mais uma vez joguei a chave para Veronica que a pegou, ligando o veículo.

- Ei, aquele ali não é o chatinho? – Vero apontou para a porta do prédio MJT e avistamos Brad, vestindo um terno muito bem alinhado em seu corpo e finalmente deixando aqueles cabelos revoltos dele penteados. Ele nos viu e Veronica por ser muito atrevida acenou em sua direção, ele semicerrou os olhos e nos mostrou o dedo do meio, entrando num carro e saindo dali em seguida – Pelo visto continua sem educação. – Murmurou saindo dali com o carro. – Então, o que acha da ideia de comprar um carro?

- Desde quando quer um carro? – Perguntei voltando minha atenção para o trabalho.

- Desde quando tomei uma importante decisão. – Ela me sorriu vitoriosa. – Confrontarei meu pai de uma vez por todas. Irei visitá-lo e jogarei todas as verdades em sua cara, desde o dia em que praticamente me abandonou e me jogou pra escanteio. – Disse orgulhosa de si mesma como se tivesse escolhido bem o momento pra esclarecer isso.

- Fico feliz que tenha decidido tomar essa decisão, Vero. – Comentei realmente orgulhosa por ela. Desde que ela e Lucy discutiram por Lucy querer que ela a apresentasse ao seu pai, Veronica vem agido diferente, tornou-se mais aberta conforme esse assunto e agora sabia o motivo, ela queria finalmente falar com ele, depois de tantos anos fugindo e sabia que não seria fácil pra ela, mas a apoiava. – Estarei aqui pra o que precisar. –Lhe assegurei e ela me sorriu agradecida. Paramos pra comprar alguma comida, paguei hambúrguer para mim e Vero. Logo chegamos á sua Universidade, deixei-a ali e fui para a minha levando 40 minutos contando o tempo que saí de casa para a concessionária, finalmente estacionei em frente a faculdade, praticamente correndo para aula, estando até meio atrasada. Cheguei á sala avistando a professora copiando coisas no quadro, logo fui para os fundos acenando para Nina que copiava algo em seu caderno com uma mão e na outra devorava um cachorro quente de uma forma que parecia que ela queria o matar. – Tudo bem?

- Não! – Disse séria mordendo mais um pedaço. – Ian e eu brigamos, ele me culpa por estar ocupada e não ter tempo pra ele.

- Sei bem como é, Camila ás vezes faz isso. – Falei sincera vendo-a acabar com o cachorro quente e logo pegar um pedaço de pizza de sua bolsa que nem sabia que ela tinha ali. Uau! Meu celular vibrou e vi que era uma mensagem de Camila.

[Camz] – Sds *-*. Amor? Tá ai?

Foi apenas isso e uma foto anexada que iria abrir quando...

- Essa atividade vale nota, melhor fazer. – Nina me avisou fazendo-me desviar minha atenção da mensagem e ir copiar a atividade que precisava ser entregue, já que também não tinha notas muito boas nessa matéria.

Passado algum tempo, Nina entregou sua atividade e me disse que iria ao banheiro. Não demorou muito para que entregasse a minha também e pegasse minha mochila saindo dali e indo procurá-la no banheiro já que ainda estava cedo e podíamos ficar por ai de bobeira. Ao chegar ao banheiro à única coisa que consegui escutar foram sons de vômito.

- Nina? – Chamei-a preocupada, mas a garota não respondeu, ouvi mais sons de vômito e alguém realmente parecia mal. – Nina?- Repeti cautelosa e abrindo de leve a porta do banheiro que estava destrancada, a vi ali ajoelhada no chão enquanto vomitava muito, logo corri para ajudá-la. Segurei em seus cabelos a auxiliando para que terminasse de vomitar. Nina colocava muita coisa pra fora e estava ficando pálida, ficava cada vez mais preocupada. Quando ela finalmente terminou, consegui levá-la até a pia, ajudando-a lavar sua boca e voltar a ficar apresentável. – Meu Deus, o que aconteceu com você? – Perguntei quando a vi me olhando triste.

- E.-Eu... Eu... – Pela primeira vez a vi nervosa, Nina encarava suas mãos como se fosse a coisa mais interessante ali.

- Me conta o que aconteceu, por favor... – Pedi tocando em seu ombro e fazendo-a me olhar, mas nada adiantou, naquele momento ela apenas teve tempo de correr ao banheiro novamente e começar tudo de novo. Passamos mais alguns minutos ali enquanto ela vomitava. Sua boca ficando roxa e seu rosto cada vez mais pálido. – Eu vou te levar a um hospital. – Falei depois de ajudar a se recompor novamente.

- L-Lau... Não pre-pre... – Suas palavras morreram enquanto ela colocava a mão na barriga ficando com uma expressão terrível de dor.

- Nem adianta reclamar, você não consegue nem falar. – Passei meu seus braços pelos meus ombros e segurei em sua cintura. – Vamos, pode se apoiar em mim. Vamos ao hospital. – Nina tentou protestar, mas com dificuldade consegui levar nossas mochilas e ela até o carro. Cuidadosamente a coloquei no banco do passageiro, dei a volta indo até o do motorista, liguei o carro e saí dali. Ao chegar a um sinal de transito tive que parar, meu celular vibrou novamente e o peguei vendo mais uma mensagem de Camila.

[Camz] – Lauren Michelle Jauregui Morgado, essa é sua ultima chance, odeio ser grudenta, mas isso não é normal! Estou preocupada com vc. Se vc n responder saiba q vamos conversar mt sério quando chegar aqui|!! ¬¬

Fiz uma careta vendo meu nome completo ali e conseguindo visualizar Camila pronunciar toda aquela mensagem com aquela expressão de raiva dela que me assustava. Iria digitar uma resposta rápida para Camila, apenas pra ela não ficar preocupada, mas...

- L-Laur... – Nina falou baixinho, olhei para ela ao mesmo tempo em que o sinal abriu, a garota apenas piscou os olhos uma ultima vez antes de desmaiar.

- Puta merda! – Murmurei arregalando os olhos e acelerando o carro. Eu precisava chegar ao hospital logo!

...

Nem sei descrever o quão louco foi tudo o que aconteceu ao chegar ao hospital. Parecia cena de filme. Alguns enfermeiros vieram correndo até meu carro enquanto buzinava sinalizando que algo estava errado. Levaram Nina sendo carregada pra dentro enquanto tentava controlar as batidas em meu coração que só aumentavam. Assim como nos filmes, esperava que acontecesse toda aquela coisa de ficar esperando em um corredor totalmente branco de hospital enquanto demoravam horas para acordarem Nina, mas o que aconteceu foi bem o oposto disso.

Não demorou muito para que conseguissem acordá-la, na verdade, não demorou nada, apenas deu tempo de ligar para seu namorado Ian e informá-lo sobre qual hospital ela estava, depois o médico apenas me chamou e agora estava sentada numa cadeira do quarto de hospital enquanto observava o homem de jaleco, cabelos negros bem penteados e olhar sereno, ajustar a cama numa posição mais confortável para minha amiga que encontrava-se ainda um pouco pálida, mas bem e respirando. Ufa!

- Então, agora que já está mais bem acomodada, Senhorita Dobrev. – Ele disse lhe sorrindo simpático. – Podemos falar sobre seu quadro. – Nina parecia extremamente nervosa quanto a isso. Não estava diferente, nunca achei que iria lidar com uma situação onde teria uma amiga desmaiando em meu carro e me deixando desesperada, sem saber o que fazer. – Bem, você desmaiou porque sua pressão caiu, referente a isso, tenho algumas dúvidas... Vou pedir um exame de sangue e alguns outros exames que poderão ser feitos pela senhorita depois que receber alta, mas pela minha pequena avaliação, foi por falta de comida em seu organismo.

- Mas ela comeu. – Rebati franzindo o cenho em confusão.

- Oh sim, ela comeu, entretanto colocou tudo pra fora porque fazia muito tempo desde que havia comido pela ultima vez. – Esclareceu me deixando ainda mais em dúvida. – Seu organismo não funcionou direito devido à falta de alimento e de repente sofreu com a quantidade que ela ingeriu de uma vez só e depois colocou pra fora. Já recebemos alguns casos como esse, Senhorita Dobrev... – Ele parecia preocupado. – Nós sabemos o quanto é difícil aceitar, mas o melhor é que isso ocorra o mais rápido possível para estabilizar o caso. – Pontuou. – Nós oferecemos todo apoio que precisar. Agora preciso dar uma checada em outros quartos aqui perto, já já volto para lhe dar alta, por enquanto ficará apenas recebendo soro. – Finalizou nos lançando um sorriso gentil e saindo da sala. Me aproximei de Nina que permanecia em silêncio, sentei-me em sua cama, ficando de frente pra ela.

- Você forçou o vômito? – Perguntei cautelosa e ela se remexeu nervosa na cama. – Nina...

- E-eu... Eu...- Tentou falar, mas nada saía de sua boca. Ficamos mais alguns minutos em silêncio em quanto minha cabeça rodava em pensamentos confusos. – Não conta pra o Ian. – Conseguiu emitir muito baixo, ouvi apenas porque o quarto estava em completo silêncio.

- Distúrbio alimentar. – Pontuei saboreando amargamente aquelas palavras em minha boca. Lembrei-me sobre as palavras de Veronica meses atrás. – Pessoas que sofrem com isso são as que não aparentam ter problema algum... – Nina ficou calada. – Não conseguem levar isso a sério porque não entendem como uma doença. Nina... – A olhei séria. – Isso pode matar! – Ela baixou o olhar. – Eu... Nossa... Eu nem sei o que falar mais. – Bufei frustrada. – Eu preciso que se cuide, eu... – Nosso momento foi interrompido pela porta que se abriu depressa, um rapaz alto, branco e de olhos azuis entrou, seus cabelos pretos desgrenhados quando ele nervosamente se jogou sobre ela, a abraçando enquanto murmurava que estava muito preocupado. Ela me encarou com uma expressão triste, não podia continuar com aquilo na frente dele. – Bem, eu vou indo, preciso terminar nosso trabalho. – A lembrei lhe dando um sorriso de canto. – Espero que fique bem.

- Pegue um pen drive na minha bolsa, tem a minha parte, você pode juntar as duas e terminar muito mais rápido. – Ela ordenou e fiz o que mandou. Ian me notou pela primeira vez ali e parecia agradecido só com o olhar, ele me abraçou depois de largá-la um tempo, conseguia ver o quanto se amavam. – Laur... – Nina me chamou antes de sair. – Obrigada. – Sorri assentindo com a cabeça e saindo dali, indo direto para o meu carro.

Enquanto dirigia para o curso só conseguia pensar em quão havia sido louco tudo isso com Nina. Ela poderia morrer. Ela tinha mesmo algum distúrbio alimentar? Seria bulimia? Anorexia? Ela iria ficar bem?

Tinha tantas coisas a pensar sobre isso que nem reparei direito na aula, depois de tomar banho no banheiro do prédio e tudo mais, nem havia comido, quando vi já estava na frente da porta do meu apartamento. Cansada por ter que aguentar tudo isso, entrei no lugar avistando Vero e Lucy deitadas no sofá, dormindo agarradas, Ally jogada no tapete enquanto Mani fazia carinhos no cabelo dela. Tudo em seu devido lugar.

Acenei com a mão pra elas que me lançaram sorrisos tensos. No caminho para meu quarto apenas escutei vozes vindo da área de serviço, deveriam ser de Camila e Dinah, as ignorei e fui para o quarto. Liguei o notebook e por fim terminei aquele trabalho, juntando as partes de Nina ao que tinha feito.

- LAUREN! – Ouvi um grito na porta do quarto e arregalei os olhos vendo uma Camila completamente descabelada e de pijamas enquanto me olhava incrédula. – Eu não acredito que você nem sequer teve a decência de falar comigo quando chegou depois de ter ignorado minhas mensagens durante o dia todo. – Ela cruzou os braços embaixo dos seios enquanto negava com a cabeça.

- Camila, vamos conversar depois, me deixa só terminar isso aqui. – Falei voltando minha atenção para o notebook e apertando o botão de enviar o email para a professora com o nosso trabalho. Estava carregando.

- Vamos conversar agora, Lauren. – Ela rosnou batendo os pés com raiva no chão.

- Camz, espera, só um minutinho... – Falei olhando o email que ainda carregava, não tive muito tempo de processar tudo, só vi quando o notebook foi fechado com força nem sequer me deixando ver se o email havia sido enviado. – Qual é o seu problema? – Me levantei da cama com fúria nos olhos, meu tom de voz havia aumentado. – Eu só precisava enviar aquela droga daquele trabalho e minha atenção seria toda sua. Qual é?! Eu preciso de um milagre pra passar nessa matéria.

- Por que será? – Ela questionou brava. – Porque será que está mal na matéria? Por que será que não anda respondendo minhas mensagens? Por que será que não presta atenção em nada do que digo? – Ela falava mais e mais enquanto mexia nos cabelos de maneira frustrada. – Você por acaso se alimentou hoje?

- Eu... – Minhas palavras morreram quando vi seu olhar assassino. Liguei o notebook novamente, deixando-o na cama, passando por ela e indo até a cozinha, abri a geladeira retirando de lá uma caixa de suco de laranja e pegando algumas bolachas no pote junto com peito de peru. – Estou comendo agora. – Falei sarcástica fazendo-lhe uma careta e indicando a comida que prontamente comecei a colocar na boca.

- Falta de tempo. – Ela disse firme. – É isso que está acontecendo com você. Eu que pergunto, qual é o seu problema? – Ela aumentou seu tom de voz. - Você não dorme bem... – Abri a boca pra falar, mas ela apontou o dedo em minha direção, indicando que precisava ficar calada. Meu peito começando a ficar acelerado, meu corpo cansado pelo longo dia, meu humor não estava dos melhores. – Você não se alimenta direito. Você só trabalha e estuda. Você não tem tempo pra mim, você não se diverte, você não relaxa.

- Ei, eu tenho tempo pra você sim. - Respondi a contra gosto. –Sempre escuto as coisas que você fala.

- E o que ando falando ultimamente, Lauren? – Ela perguntou avançando em cima de mim, ficamos a centímetros de distância uma da outra. – Porque não vejo como você presta atenção em mim se nem minhas mensagens responde. - Seus olhos castanhos brilhando em ferocidade, seu tom de voz aumentando cada vez mais, eu não estava diferente. Suas acusações corroendo meu ser.

- Fica falando sobre as crianças da escola, a droga da sua faculdade e os clubes que participa e me enche o saco sobre aquela professora idiota de Linguística que pega no seu pé. – Cuspi as palavras de qualquer jeito me arrependendo assim que proferi-las, sentindo-me cada vez mais incomodada com a situação em que estávamos. Nessa altura do campeonato, as meninas já escutavam as nossas vozes elevadas.

- Desculpe se encho você com a droga da minha vida. – Ela rebateu magoada, sua voz querendo me ferir a qualquer momento. Fechei os olhos buscando paciência, mas já não a tinha. Neguei com a cabeça, tentando contornar a situação. Havia a magoado e sabia disso e não tinha mais volta. – É isso que se faz em relacionamentos. As pessoas dividem coisas de sua vida com as pessoas que ama, achei que já tinha entendido isso... – Segurei em seus ombros, mas Camila me afastou com desgosto. – Mas você é uma estúpida e eu sou ainda mais burra por me preocupar com você.

- Camila... – Ponderei tentando avançar, mas ela se afastou mais mantendo distância de mim. – Eu...

- NÃO! – Ela gritou me deixando estática. – Onde... Onde você estava quando te mandei aquelas mensagens? – Ela me perguntou tentando ficar calma, mas as lágrimas já escorriam por sua face, sua voz saindo cada vez mais fraca.

- Eu... De manhã eu estava com a Vero... Na concessionária com meu pai... – Ela fechou os olhos absorvendo a informação, sabia que havia ficado chateada por estar "trabalhando" quando ela me dizia que eu já estava lotada de coisas pra fazer.

– E á tarde? – Ela mordeu os lábios tentando controlar o choro, mas nada adiantava, suas lágrimas corriam por seu rosto e ela as limpava frequentemente.

- Eu estava com Nina e...

- A Nina. – Ela absorveu o nome da minha amiga como se fosse uma doença. – Claro, claro... – Sua voz completamente sarcástica. – E você não teve tempo de pegar a porra do seu celular e me mandar uma mensagem dizendo que estaria com sua... Amiga? – Ouvi respirações sendo trancadas em pulmões, o barulho das meninas ofegando na sala pôde ser ouvido assim como o meu próprio, o modo como havia falado era de se surpreender, ela não costumava xingar daquele jeito. Não consegui falar nada. Tive vontade de dizer a ela que meu dia foi um saco e que realmente não tive tempo de administrar o que ocorrera, mas sabia que ela tinha razão e não era de agora, avisos foram dados e ignorados por mim, ela não deixaria barato e em certo ponto estava certa. – Não dá mais... – Suas palavras foram proferidas em um tom tão baixo quando o som da minha garganta engolindo em seco pela informação que tentava processar.

- Camila, você não...

- Não! – Interrompeu-me novamente. – Eu não consigo aguentar isso, Lauren... – O fluxo de lágrimas praticamente banhava seu rosto enquanto meus olhos ardiam tendo vontade de liberar as minhas tanto quanto ela fazia, mas sentia dificuldade.

- V-Você... Está... Terminando com-comigo? – Perguntei sentindo meu corpo todo tremer, minhas mãos suarem e meu coração acelerar os batimentos conforme o silêncio que ficara na cozinha se prolongava.

Camila olhava o chão como se fosse a coisa mais interessante do mundo, fungando de vez em quando por suas lágrimas. Notei que as meninas já haviam saído da sala, até mesmo Lucy e Vero que dormiam, e agora estavam atrás de Camila parecendo tão em choque quanto eu em lidar com aquele silêncio. Camila mordeu os lábios, inspirando fundo e levantou seu olhar pra mim. Seus olhos castanhos sem vida me encarando como se pedisse desculpas por fazer aquilo, como se doesse nela tanto quanto estava doendo em mim, mas não conseguia descrever o que sentia. Ela imperceptivelmente assentiu, baixando a cabeça logo depois, com medo de me encarar.

- Lauren... – Ouvi a voz de Mani me chamando antes de sair dali e bater a porta do quarto, me afundando em minha cama, me entregando as lágrimas que sabia que viriam.

Não demorou muito e a porta foi aberta, Ally entrou no quarto indo até a cama de Camila e pegando as coisas dela e saindo do quarto, depois voltou com seu travesseiro e lençóis em mãos e os jogou na minha cama. Ela olhou para o notebook, me fazendo encará-lo, havia o aviso na tela de email enviado, mas aquilo era o que eu menos conseguia pensar agora, ela o desligou e o deixou em algum canto por ali.

- Laur... – Proferiu se inclinando em minha direção, mas me afastei indo parar perto da cabeceira da cama enquanto abraçava minhas próprias pernas deixando o fluxo de lágrimas descerem por meu rosto conforme a dor em meu peito apenas aumentava. Ally subiu na cama, puxando-me para um abraço que não tive forças para recusar, ela me deitou junto com ela enquanto me apertava e me ninava da forma que podia. – Eu estou aqui com você... – Foi a ultima coisa que a ouvi dizer conforme o sono chegava.

Só sabia de uma coisa sobre aquele dia terrível...

Camila e eu não estávamos mais juntas.


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