Carol - Ao seu lado encontrei...

By Mikalves19

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LIVRO REGISTRADO- PLÁGIO É CRIME. Carol perdeu a família em um acidente de carro aos dez anos de idade e desd... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5- Parte 1
Capítulo 5- parte 2
Capítulo 6
NOVA HISTORIA
Capítulo 7
Capítulo 8
AVISO
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capitulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23- parte I
Capítulo 23- parte II
Capítulo 24
Capítulo 25
Bônus Camila
Capítulo 26
capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 28-parte II
Bônus Cristiano
Capitulo 30
Bônus Jonas
Capitulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Pausa temporaria
Capítulo 34 - FIM
Epílogo
Nova Historia -Prólogo

Capítulo 29

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By Mikalves19

Oi queridxs!

Como eu já deixei avisado, a minha frequência de postagens agora é de dez em dez dias. Eu sei que vocês ficam ansiosos, e eu estou fazendo o possível para agilizar as postagens, mas meu tempo anda corrido demaaaisss. Fica complicado.

Hoje teremos descobertas reveladoras. Espero que gostem.

Deixe sua estrelinha e comentem.

Beijinhos e até mais.

SEM REVISÃO

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Heitor

Eu caminhava com passos firmes entre as pessoas no shopping. Não ousava parar, nem falar, nem ver o que acontecia ao meu redor. Eu só tinha um objetivo na mente e era chegar no meu carro. Me concentrei nisso, porque sabia que se desviasse a minha atenção eu voltaria para aquele atelier e daria mais uma surra naquele fotógrafo pilantra. Desgraçado, safado, vagabundo. Eu já sabia que ele estava querendo a Carol. Eu disse isso para ela, eu pedi para ela não se aproximar do pilantra, mas não, ela bateu o pé para ficar perto daquele vagabundo. Agora eu entendia o porque. Os dois estavam me fazendo de trouxa. Só estavam aguardando um dia que eu não fosse naquela porcaria de seção para ficarem se agarrando.

Meu coração estava doendo com aquela cena dos dois e meus olhos ardiam, denunciando as lagrimas que estavam por cair. O que eu faria agora? Depois de flagrar a Carol se agarrando apenas de lingerie com outro homem. Aquilo era algo que eu nunca imaginaria vindo dela. Eu realmente acreditava que ela era a mulher certa para mim, que eu havia encontrado o meu amor. Eu era mesmo um otário.

-Heitor!- escutei uma voz feminina me chamar, mas continuei andando, sempre olhando para a frente.

Marchei em direção ao estacionamento. Quando finalmente cheguei onde os carros ficavam eu fui até o meu veloster, abri a porta entrei no veiculo e dei a partida. Sai do estacionamento cantando pneu e a cada metro que o carro andava meu peito doía mais. Eu já havia sido traído antes, afinal de contas quem nesse mundo não foi traído um dia? Mas confesso que a ver a Carol se agarrando com aquele fotografo me machucou mais do que qualquer traição que eu já havia sofrido, nem mesmo quando eu vi a Melanie aos beijos com o chefe dela a dor foi tanta. Eu só não conseguia entender o porque da Carol ter feito aquilo? Eu a amava tanto e ela sabia disso. Eu estava disposto a ter uma família com ela, de fazer dela a minha mulher, mas ela tinha jogado tudo fora.

Eu dirigia completamente desnorteado e possesso, quase avancei o sinal e atropelei um homem que passava na faixa. Foi no reflexo que eu freiei p carro bruscamente. O homem levou um susto e deu um pulo para trás.

-VOCÊ FICOU MALUCO CARA. NÃO VIU O SINAL?- o homem gritou.

-Desculpa.- eu pedi.

-DESCULPA O ESCAMBAU.- ele gritou e e veio em direção a janela do motorista.

Eu passei a mão pelo rosto e respirei fundo. Hoje realmente não era meu dia, estava me segurando para não descer do carro, porque com a raiva que eu estava era capaz de faer merda. O homem começou a bater no vidro do carro enquanto xingava e me mandava descer.

-QUE CARALHO CARA! VOCÊ QUER QUE EU DESÇA ENTÃO EU VOU DESCER!-eu gritei e destravei a porta, mas quando fui descer do carro o Afonso apareceu atras do cara e o segurou.

-QUE ISSO?! ME SOLTA!- o homem gritou.

-Calma ai rapaz.- o Afonso disse e o arrastou para o passeio.

O Afonso o soltou e o cara saiu andando enquanto xingava. Nessa hora o sinal abriu, mas quando eu fui arrancar com o carro a Agatha apareceu na minha frente e colocou a mão em cima do capô.

-Desce desse carro Heitor.-ela disse.

-Sai da minha frente a Agatha.- eu pedi me segurando para não gritar.

-Não. Minha mãe pediu para que eu te levasse em casa.

-Eu não preciso de babá Agatha. Sai da frente para que eu possa arrancar.

-Você não tem condições de dirigir Heitor.

-QUE PORRA!...SAI DA MINHA FRENTE AGATHA. TIRA ELA DAÍ AFONSO.- eu gritei.

Eu queria sair logo dali, antes que fizesse uma besteira.

A Agatha me olhou incrédula, mas logo em seguida ficou vermelha de raiva. Ela tirou as mãos do capô e veio até a porta do motorista.

-Abre essa porta.- ela mandou batendo no vidro.

-Agatha...

-ABRE ESSA PORTA AGORA HEITOR.- ela me interrompeu aos gritos.

A Agatha nunca gritava e aquilo era sinal de que ela estava muito nervosa. Ha algumas semanas atrás ela havia me contado que estava grávida e eu não queria deixa-la estressada. Aquilo não era bom para o bebê.

-Que porra!- eu xinguei.

Os poucos  carros que estavam atras de mim começaram a buzinar e mesmo com uma vontade enorme de ignorar a Agatha e dar a partida eu destravei a porta do carro. Ela abriu a porta, me pegou pelo braço e me puxou para fora do veiculo.

-Que merda você está fazendo Agatha?!

-Merda foi você que fez. Você ficou maluco de gritar comigo seu moleque? Esqueceu das surras que eu já te dei?! Grita assim comigo outra vez para você ver o que te acontece.- ela falou e começou a me dar tapas no braço.

O Afonso começou a rir e a minha irritação aumentou, mas eu não revidei. Apenas comecei a me desviar da Agatha. Eu sempre apanhava mesmo, mas era porque se eu nunca ousaria levantar a mão para uma mulher. Na única vez que eu dei um tapa na Agatha meu pai me deu uma surra que eu nunca vou esquecer, até porque aquela foi a unica vez que ele me bateu. Alem do coro eu tive que  escutar um sermão daqueles por ter batido na Agatha, depois desse dia eu nunca mais levantei a mão para ela, nem para mulher nenhuma na minha vida. Mesmo em situações como aquelas.

-Para com isso Agatha.- eu pedi enquanto tentava desviar dela.

-Isso não é nada perto do que eu quero fazer com você. Quem você pensa que é para falar daquele jeito comigo? Hein? Da próxima vez eu arranco a sua língua.- ela falou sem parar de me bater.

-Essa gravidez está te deixando doida nanica. Você ficou maluca de vez garota. Para de me bater.- eu falei e segurei suas mãos.

Ela puxou as mãos com força e me olhou com os olhos serrados.

-Como é? Você me chamou de nanica e doida?-ela perguntou em voz baixa.

-Não foi isso que eu quis dizer.-eu tentei me explicar.

-Nanica é isso que você carrega entre as pernas, idiota.- ela falou e mesmo estando com raiva e irritado eu comecei a rir.

Apesar dela estar errada eu tinha que admitir que aquela tirada tinha sido boa. Quando eu comecei a rir ela ficou mais irritada, tanto que até avançou em mim, mas eu fui mais rápido. Antes que ela me acertasse, eu a peguei no colo e a levantei do chão.

-Me solta Heitor. Me larga agora.-ela pediu se debatendo no meu colo.

-Calma maninha.

-Maninha nada. Na hora de tirar sarro da minha cara eu não sou sua maninha né? Não vem querer me adular agora.-ela falou exaltada.

-Eu não tirei sarro de você Agatha. Nanica é um apelido carinhoso. É quase igual pequena. Você não acha bonito quando o nosso pai chama a nossa mãe de pequena? Então, você deveria gostar quando eu te chamo de nanica.-eu disse.

-Nanica não é apelido carinhoso é bullyng.- ela disse exaltada.

-E ser chamado de vara pau é elogio né? Vai você pensando que eu me esqueci desse apelido.- eu retruquei irritado.

Pois é, quando eu era adolescente era alto e magro feito um bambu. Sempre que brigávamos ou sempre que a Agatha estava de TPM ela me chamava de vara pau, na época o apelido viralizou entre os nossos primos e eu vivia escutando piadinhas e para me vingar eu comecei a chama-la de nanica. Para o azar dela eu fiquei forte e ela continuou baixinha. Meu apelido então sumiu, mas o dela eu fazia questão de manter.

-Você é um babaca Heitor. Eu estou querendo te ajudar e você me trata mal assim.- ela falou e começou a chorar.

Os carros começaram a  buzinar mais ainda e eu senti meu sangue ferver.

-PARA DE BUZINAR CARALHO. SE ESTÁ COM PRESSA PASSA POR CIMA PORRA!- eu gritei com raiva.

-PARA DE GRITAR.- a Agatha gritou no meu colo.

Eu respirei fundo para controlar a raiva que eu estava sentindo, contei até dez e olhei para a Agatha. "Ela está gravida Heitor, tenha paciência." Eu falei para mim mesmo.

Mulher era mesmo um bicho complicado. Minha irmã estava se debulhando em lagrimas, com certeza aquilo era culpa dos hormônios da gravidez. O Lucas mesmo havia me dito que ela estava mudando de humor de cinco em cinco minutos, agora eu entendia a aflição do coitado. Como eu não acompanhava a Heloísa eu quase não peguei aquela fase, mas presenciar a Agatha chorando feito uma manteiga logo apos de quase ter me matado me fez ter uma noção de como o negócio funcionava. O jeito era domar minha raiva e entrar na dança.

-Desculpa, eu estou nervoso. Acabei de ver a Carol se agarrando com aquele vagabundo. Você queria que eu estivesse calmo!

-Isso não te dá o direito de me tratar assim. Você é um babaca Heitor.- ela disse aos prantos.

- Eu sei. Eu sou um babaca mesmo e você é linda maninha.- eu disse e dei um beijo no seu rosto.

-Eu não quero beijo seu. Você não vai me comprar com elogios.- ela disse enquanto tentava enxugar o rosto.

-Eu sei, você só se vende por comida.- eu brinquei, mas ela permaneceu seria.

-Você está me chamando de gulosa ?

-Não, longe disso.-eu me defendi.

-Foi sim. Você sempre fala do tanto que eu como.- ela disse chorando.- Você só sabe tirar sarro com a minha cara.

- Por favor, se acalma Agatha. Eu não estou com paciência para isso.- eu disse me segurando.

-Então me solta. Eu não quero mais falar com você. Esquece que eu existo. Não quero mais que você seja padrinho do meu bebê.-ela disse e se debateu mais.

-Ótimo. Vai embora então. Você vai estar me fazendo um favor.- eu falei perdendo a paciência.

Eu ali cheio de coisa na cabeça e ainda tinha que ficar aguentando chilique de irmã? Não tinha saco para isso não. Eu queria mesmo aliviar minha raiva socando a cara daquele safado do Bryan, mas ao invés disso estava ali suportando as mudanças de humor da Agatha.

Eu coloquei ela no chão e ela saiu quase correndo enquanto tentava enxugar o rosto.

-Você foi muito duro com ela Heitor. Sua irmã só quer te ajudar.- o Afonso chamou minha atenção.

Eu olhei para Agatha andando em direção ao carro do Afonso e senti minha consciência pesar. Respirei fundo e fui atras dela.

-VOCÊ NÃO E O DONO DA RUA CARA. SAI LOGO DA FRENTE.- um dos motoristas gritou, mas eu não dei atenção.

Continuei indo em direção a Agatha.

- ME DESCULPA. TÁ LEGAL? DESCULPA..-eu pedi.

-Vai embora e não me chama mais de nanica.- ela falou sem me olhar e sem parar de andar.

Corri um pouco para alcança-la e a peguei pelo braco com cuidado.

-Espera gatinha. Eu não queria ter falado aquilo. Minha mãe te pediu para me levar para casa, então me leva.- eu tentei concertar a situação.

-Eu não quero mais.

-E se nós parássemos em um carrinho de cachorro quente durante o caminho?- eu propus.

Ela parou de andar, me olhou de lado e diminuiu o choro.

-Cachorro quente? Aquele do centro que vem com molho, mussarela, vinagrete e duas salsichas?-ela perguntou fungando.

-Esse mesmo. Eu estou precisando esfriar a cabeça, não quero ver a Carol agora. A gente pode parar para comer e conversar um pouco antes de ir para a casa. Vai ser o nosso segredo,  ninguém vai saber se você se entupir de salsicha.- eu me forcei a brincar para diminuir a tensão  e tive a satisfação de tirar um sorriso dela.

-Você é um idiota Heitor, mas eu aceito. Só porque minha mãe pediu para te acompanhar até em casa, porque senão eu te deixaria sozinho.

-Então vamos. Eu quero sair logo daqui.- eu falei cansado.

-Vamos.- ela disse e deu meia volta.

Nós fomos caminhando de volta para o carro em silencio e quando chegamos la a Agatha entrou pela porta do motorista e se sentou atras do volante.

-Eu vou dirigir.- ela disse seria.

Eu apenas assenti e entreguei a chave para ela. Não tinha mais ânimo para discutir, eu só queria sair rápido dali.

-Eu vou seguindo vocês.- o Afonso disse e foi para o carro dele.

Eu entrei no carro, me sentei no banco de passageiros e passei o cinto. A Agatha deu a partida e saiu com o carro. Enquanto ela dirigia eu permaneci em silencio. Minha cabeça não parava de rebobinar a cena da Carol de calcinha e sutiã enquanto o tal Bryan estava pregado no seu pescoço. 

-Heitor?- a Agatha me chamou.

Eu olhei para ela e só então notei que ela havia parado com o carro.

-O que foi?- eu perguntei.

-Vamos descer para comer.- ela disse.

A Agatha abriu a porta do carro e desceu. Eu respirei fundo e desci atras dela. Ela fez os pedidos e nós nos sentamos em uma das mesinhas que estavam no passeio. Comíamos em silencio enquanto eu observava as pessoas passando na rua, até que a Agatha voltou a falar.

-Você não quer conversar?- ela perguntou.

Eu neguei com a cabeça e voltei a olhar para as pessoas. Algumas andavam apressadas, outras calmamente, mas todas paravam para reparar em nós dois, sentados naquela mesa com um segurança armado atras. EU sempre soube que tinha tido sorte de ter nascido rico, eu me orgulhava de ter os pais que eu tinha e amava a minha família, mas confesso que quando adolescente sempre me peguei pensando como seria se eu não fosse um Fênix. A minha vida toda as pessoas se aproximavam de mim por interesse na fortuna da minha família, como a Heloísa, a Melanie eu só não esperava isso da Carol.

Depois que a Agatha comeu os dois cachorro quentes, nós voltamos para o carro e partimos para a casa. Chegamos em casa e a noite já havia caído, a minha mãe e a Carol ainda não haviam chegado e meu pai provavelmente estava no escritório. Eu deixei a Agatha na sala e sai em direção ao lago que ficava na lateral da casa. Me sentei sozinho em um dos bancos que ficavam na margem e tentei esfriar a cabeça. Fiquei sentado ali por mais de uma hora, até que senti alguém se sentando do meu lado.

-Sua mãe acabou de chegar com a Carol.- meu pai falou.

Eu continuei em silencio.

-Elas trouxeram o Cauã.

-Como?- eu perguntei.

-Elas trouxeram o garoto. Sua mãe disse que a prima da Carol entregou o menino para ela.- meu pai explicou.

Eu passei a mão pelos cabelos e suspirei. Como é que o menino ia ficar nessa historia agora?

-Você não ficou feliz com a noticia?- meu pai perguntou.

-Fiquei sim, fiquei muito feliz. Só que agora eu não sei mais o que fazer.

-Como assim não sabe Heitor? Você mesmo me disse que iria adotar o garoto e leva-lo para morar com vocês. Você mudou de ideia?

-Não é isso. Eu quero muito que isso aconteça, mas não sei mais se é possível. Eu e a Carol brigamos hoje e acho que não tem volta.- eu respondi.

Confesso que senti uma pontada no peito ao dizer aquelas palavras em voz alta, mas era a verdade. Se tinha algo que eu não perdoava era traição. Para mim aquilo era a pior coisa, tanto que eu nunca havia traído a Carol nem nenhuma das namoradas que eu tive na vida. Eu não acreditava em um relacionamento sem respeito e confiança.

-Sua mãe me disse o que aconteceu.- meu pai falou.

-Então você já sabe que ela estava se agarrando com o fotografo quando eu cheguei no atelier.

-Eu acredito que as coisas não são bem assim. Sua mãe me falou que a Carol não teve culpa.

-Como não teve culpa pai?! O cara é um vagabundo, mas duvido muito tenha tirado a roupa dela a força. A Carol estava só de lingerie quando eu cheguei!- eu falei exaltado.

Meu pai me olhou sem esboçar reação nenhuma e eu me calei. Voltei a olhar para o lago e nós ficamos em silencio por um tempo, até que meu pai voltou a falar.

-Você é um homem brilhante Heitor, mas tem um defeito que é terrível para todas as áreas da vida. Você é impulsivo demais.- ele falou.

-Pois é. Eu não sou de aço como o senhor.- eu respondi irritado.

-E quem disse que eu sou de aço? Eu sinto, e sinto até demais, só que eu aprendi a ser assim: controlado, racional, e até mesmo frio as vezes. Você teve uma infância completamente diferente da minha. Eu quis deixar você e a sua irmã livres para se expressarem, mas você não é mais um adolescente. Você não tem mais idade para agir impulsivamente. Um homem quando age sem pensar, quase sempre faz merda. 

-E você acha que eu deveria ter feito o que? Visto os dois me fazendo de trouxa e bater palmas? Queria ver se fosse o senhor no meu lugar!

-Eu com certeza teria feito pior com o desgraçado, mas diferente de você, eu teria dado uma chance para sua mãe se explicar.- ele disse e colocou a mão no meu ombro.- Eu vou te contar uma coisa que aconteceu ha muitos anos atras comigo. Quando eu comecei a namorar sua mãe, bem no começo mesmo, se não me engano nós tínhamos apenas três meses de namoro. Nós fomos em uma festa, e durante a noite eu fui buscar uma bebida e deixei sua mãe sozinha. Pois bem, quando eu voltei encontrei ela e um desgraçado juntos. Ele segurava no braço da sua mãe e estava tão perto que os dois estavam prestes a se beijar. Quando vi aquela cena imaginei mil coisas e fui logo pensando que a sua mãe estava me traindo.

-Você nunca tinha me falado disso! O que você fez?!- eu perguntei surpreso.

-Parti para cima do desgraçado é claro, mas disso eu nunca me arrependi. O desgraçado merecia ter ter levado bem mais, eu só me arrependo de uma coisa naquela noite: eu acusei a sua mãe, pior do que isso, eu gritei com ela na frente de todos. Eu estava de cabeça quente na hora, mas depois que eu parei para raciocinar e mesmo desconfiado eu fui atras da sua mãe. Eu dei uma chance para ela se explicar e foi naquela noite que ela disse que me amava pela primeira vez. Veja uma coisa Heitor, eu também agi por impulso, isso acontece com qualquer um, porque nós somos humanos. Você não é de ferro, eu também não sou, mas eu tento me controlar, eu busco pensar antes de agir. Agir por impulso é humano, mas acreditar cegamente em tudo que vê e não ir atras dos fatos e burrice. Nem sempre o que a gente vê é o que realmente aconteceu. Você está inseguro, eu entendo isso, porque quando comecei a gostar da sua mãe me sentia assim, só que a insegurança faz a gente ver coisas onde não tem. Heitor, foi você que entrou em uma boca cheia de traficante para buscar a Carol. Você teve coragem de arriscar sua vida por ela, e vai jogar fora a relação de vocês por conta de um safado qualquer? Não seja burro de condenar a Carol sem antes ouvir a versão dela dos fatos.- meu pai falou.

Ele deu um tapinha no meu ombro e se levantou do banco. Enquanto eu olhava ele caminhar de volta para casa eu pensava no que ele havia dito. Meu pai estava certo, eu tinha que conversar com a Carol antes de tirar conclusões e eu faria isso agora.

Levantei-me do banco e entrei para a mansão. Subi as escadas e estava caminhando pelo corredor em direção ao meu quarto, quando a Heloísa abriu a porta do quarto dela.

-Boa noite gatinho.- ela desejou.

Eu não respondi e continuei a andar, mas a Heloísa entrou na minha frente.

-Você parece nervoso. O que aconteceu?- ela perguntou.

-Isso não é da sua conta Heloísa. Me dê licença.- eu pedi

Voltei a andar, mas ela me segurou pelo braço.

-Brigou com a namoradinha?- ela perguntou. - Foi isso né?  Pelo que eu vejo esse noivado não vai vingar. Eu ouvi seus pais conversando. A sua noivinha já te passou para trás pelo jeito. Eu te avisei, eu te disse que esse tipinho de mulher eram um bando de vagabundas. Abrem as pernas para qualquer um, ainda mais para um homem rico.- ela falou passou a mão pelo meu peito.- Eu sei que você não merece, mas se quiser dar o troco na neguinha, a gente pode relembrar os velhos tempos.

Eu senti meu sangue subir para a cabeça,  puxei meu braço com força e encarei a Heloísa com raiva.

-Você acha mesmo que eu sou burro de ir para cama com você outra vez, depois de descobrir o tipo de mulher mesquinha que você é? Se enxerga Heloísa. Mesmo se a Carol ficasse com metade do mundo, nem que você fosse a ultima mulher na face da terra eu cometeria a burrada de transar com você outra vez.  Pode ter certeza de que a unica mulher nessa casa que pode se enquadrar no patamar de vagabunda é você. A Carol nunca precisou de artifícios, nem de se se oferecer como um pedaço de carne para me fazer ter tesão. E outra coisa, fique você sabendo que todas as vezes que a gente transou foi na "neguinha"que eu pensei, desde a primeira até a ultima vez.- eu falei entre dentes e sai andando firme.

Escutei a porta do quarto da Heloísa batendo com força, mas não me virei para ver. Caminhei até o fim do corredor e abri a porta do meu quarto com cuidado. Apenas a luz do abajur estava acessa, e a Carol dormia abraçada ao Cauã na cama. Eu me aproximei um pouco mais, e mesmo com a pouca luz eu consegui ver que o lábio do Cauã estava machucado. Eu me sentei na cama ao seu lado e passei a mão pelo seu rosto com cuidado.

-Heitor?- a Carol chamou com voz de sono.

Eu olhei para ela e a encarei serio.

-A gente precisa conversar.- eu falei.

Ela assentiu, deixou um beijo na testa do Cauã, tirou os braços dele da sua volta e se levantou da cama com cuidado.

-Vamos conversar lá fora.- ela disse.

Eu me levantei da cama e nós seguimos para fora do quarto. A Carol saiu na frente, eu fui logo em seguida e fechei a porta com cuidado assim que estávamos do lado de fora. Eu olhei para a Carol e cruzei os braços.

-Eu quero saber que merda foi aquela que eu vi.- eu falei serio.

-O Bryan me agarrou a força...

-Ah, faça me o favor Carol. Quer dizer que ele tirou sua roupa a força?- eu a interrompi.

-Não...

-Então você tirou a roupa porque quis?- eu perguntei com raiva

-Eu tirei a roupa porque estava me trocando para ir embora.

-Então me explica o porque ele estava agarrado em você. Me diz... Sinceramente Carol, eu não esperava isso de você.

-Quer saber de uma coisa Heitor. Cansei desse seu chilique. Você me chamou para conversar, mas não está me ouvindo. Você está me julgando. Eu já disse que o Bryan me agarrou, eu nunca teria coragem de te trair. Agora se você pensa isso de mim, eu não posso fazer nada. Não vou ficar implorando para você me perdoar por algo que eu não fiz. Eu vou voltar para o quarto e dormir, porque meu dia foi longo e eu não quero deixar o Cauã sozinho por muito tempo. Pensa direito no que você quer e se for o caso amanhã mesmo eu saio daqui com meu menino.- ela falou e abriu a porta do quarto.

-Espera Carol.- eu pedi a segurando pelo braço.

- Eu já disse que chega por hoje Heitor. Solta meu braço.- ela pediu sem me olhar.

-Carol...

-Me larga.- ela tornou a pedir e eu a soltei.- Tenha uma boa noite.

A Carol entrou para o quarto e fechou a porta na minha cara. Burro, idiota, era isso que eu era. Tinha ido ali para resolver a situação e só piorei as coisas. Agora quem estava com raiva era a Carol, e eu começava a desconfiar de que ela estava certa. A Carol era uma péssima mentirosa, eu sempre sabia quando ela mentia para mim, e pela firmeza e raiva que ela tinha na voz quando falou comigo era certo de que ela estava irritada e ela sempre ficava irritada quando alguém a acusava de algo que ela não havia feito. Pelo jeito eu tinha enfiado os pés pelas mãos... aquilo era uma merda, eu odiava o fato de não conseguir pensar direito quando o assunto era a Carol. Agora eu teria que arranjar uma maneira de me desculpar. Eu olhei para a porta e fiquei tentado em entrar no quarto, mas descartei a ideia. O Cauã estava dormindo e ter uma DR com a Carol enquanto o menino estava por perto não era a melhor coisa a se fazer. Decidi ir dormir no quarto de hospedes que a minha mãe havia preparado para a Carol. 

Entrei para o quarto, me despir e entrei para o banheiro. Tomei um banho quente para diminuir a dor no corpo por causa da briga e me deitei na cama de cueca. Olhei para o teto e me xinguei mentalmente outra vez. Eu tinha que aprender a me controlar, e seria isso que eu faria a partir daquele momento.

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Acordei na manhã seguinte e soltei um gemido de dor. Meu corpo estava dolorido e minha boca inchada. Eu me levantei com cuidado, me sentei na cama e passei a mão pelo rosto. Aquela noite havia sido horrível, eu detestava dormir brigado com a Carol. 

Levantei-me da cama, fui para o banheiro, lavei o rosto e escovei os dentes. Me vesti com a mesma calça da noite anterior e sai do quarto. Parei em frente a porta ao lado e entreabri a passagem, coloquei a cabeça para dentro e percebi que a Carol e o Cauã ainda dormiam. Eu entrei no quarto devagar e fui até o closet sem fazer barulho e peguei um dos ternos. Me troquei rapidamente, calcei meus sapatos e ajeitei os cabelos. Demorei menos de dez minutos no processo e quando terminei a Carol ainda dormia com o menino. Eu fui até os dois, deixei um beijo na testa de cada um e sai do quarto da mesma maneira que eu entrei.

Desci as escadas e fui em direção a sala de jantar. Encontrei meus pais na mesa juntamente com a Agatha e o Lucas e o café estava posto.

-Bom dia.- eu desejei.

-Bom dia.

-Heitor, o que é isso no seu rosto?! Você está machucado!- minha mãe exclamou.

-Não é nada mãe.

-Venha cá. ME deixe ver isso.- ela pediu.

-Não precisa...

-Agora menino.- ela mandou seria.

Eu fui até ela e me sentei do seu lado. Ela analisou o corte na minha boca e logo em seguida me deu um tapa no braço.

-Onde você estava cm a cabeça para fazer aquilo?- ela perguntou.- Você poderia ter se machucado feio.

-Também não é para tanto Camila.- meu pai falou.

-Você fala isso porque não presenciou a briga Cristiano. O Heitor estava parecendo um selvagem. Foi horrível.

-Você fala isso de toda briga que acontece. Toda briga para você é um duelo de morte.

-Eu estou falando serio. O seu filho deixou o rapaz desacordado. A Charlotte teve que leva-lo para o hospital!- minha mãe disse exasperada ficou desacordado 

-Isso você não me contou Heitor.- meu pai disse.

-Eu nem sabia disso, mas se vocês querem saber, eu achei muito bem feito.

-Concordo. Fez certo filho, eu faria o mesmo.- meu pai falou enquanto tomava o café.

-Cristiano! Não acredito que você está dando apoio para isso?!- minha mãe exclamou.

-Camila, se um homem agarrou uma mulher a força merece uma surra mesmo. Quem sabe assim ele não aprende a respeitar?- meu pai disse simplesmente.

-Concordo com você tio. Um sem vergonha desses tem que apanhar.- o Lucas se manifestou.

-Está aí. Pelo menos hoje esse garoto falou algo que presta. Continue assim e você vai longe Lucas.- meu pai respondeu.

O Lucas inflou o peito e abriu um sorriso, só que a Agatha falou alguma coisa no seu ouvido e ele murchou na hora. A minha irmã vendo a reação do noivo começou a  gargalhar sem parar.

-O que foi Agatha?- meu pai perguntou confuso.

-Eu só disse para o Lucas não se empolgar demais, porque quando o senhor descobrir que ele me engravidou não vai ficar tão manso assim.- a Agatha falou.

-O que você disse?- meu pai perguntou incrédulo.

-É isso mesmo que o senhor ouviu. Eu ia te contar ontem durante o jantar, mas com os acontecimentos foi impossivel. Eu estou gravida. Você vai ser vovô.- ela disse com um sorriso.

Meu pai parou com a xícara no ar e a olhou com os olhos arregalados.

-Vo..você...mas...mas como?

-Serio que eu vou ter que explicar para o senhor como se faz um bebê?- ela perguntou debochada.

Meu pai se levantou da cadeira dele, foi até a Agatha e a olhou por alguns segundos, Logo em seguida a pegou no colo e a tirou da cadeira.

-AH.- ela gritou de surpresa.

-Meu Deus... isso...isso não é possível! Minha princesinha vai ter um bebê... É serio mesmo? - ele perguntou.

-Seríssimo.- ela respondeu.

-Isso...isso é fantástico!- meu pai falou, começou a rir e olhou para minha mãe.- Você ouviu Pequena? A Agatha vai ter um bebê. Nós vamos ser avós!

-Pois é. Nós vamos ser avós.- minha mãe confirmou com um sorriso.

-E eu vou ser tio.- eu disse.

-E padrinho.- a Agatha completou.

-Graças a Deus ele gostou.- o Lucas soltou aliviado.

Todos na mesa começaram a rir, menos meu pai. Ele encarou o Lucas e nesse momento o sorriso no rosto dele se desfez.

-Não pense que vai ser fácil para você garoto. Eu quero ter uma conversa seria com o senhor no meu escritório depois do café.- meu pai falou serio.

-Sim senhor.

-Ótimo... Agora me fala mais filha. De quantos meses você está?- meu pai perguntou com um sorriso.

-Então acho melhor o senhor me colocar no chão.Eu queria voltar a tomar o café. Estou morrendo de fome.

Meu pai gargalhou e colocou a Agatha no chão.

-Puxou sua mãe mesmo. Nunca vi comer assim.- ele disse.

-Estou gravida. Tenho que me alimentar bem.- a Agatha falou e voltou a se sentar.

Nós voltamos a conversar e meus pais estavam em um estado de animação que dava até gosto de ver. Ficamos por alguns minutos assim, até que a Carol apareceu de mãos dadas com o Caua. Assim que o menino me viu veio correndo em minha direção.

-HEITOR.- ele gritou e pulou no meu colo.

-Oi Cauã.

Ele me abraçou com força e colocou a cabeça no meu ombro.

-Eu tava com saudade.- ele disse me apertando.

-Eu também.

-Agola eu vou molar com você e com a Cacau sabia?

-Eu sei. Você vai ser nosso filho agora.- eu respondi e olhei para a Carol.

Ela virou o rosto e se sentou ao lado da Agatha. Pelo jeito ela ainda estava chateada comigo e eu me senti um idiota porque ela tinha razão. Eu havia sido um babaca de não ter confiado nela, mas ela também tinha culpa pô. Eu tinha pedido para ela não se aproximar daquele cara. Eu havia avisado para ela que aquele fotografo queria leva-la para a cama. Eu pedi para ela falar com a minha tia para trocar de fotografo, mas  ela insistiu em continuar com o pilantra. 

-Posso te falar um coisa?- o Cauã perguntou baixinho e me fez desviar a atenção da Carol

-Pode.- eu respondi.

-Eu posso comer também?- ele perguntou.- Eu tô com fome.

-É claro que você pode comer. Pega o que quiser.

Ele olhou para a mesa e hesitou, parecia estar com vergonha. O Cauã estava retraído, parecia estar com medo de alguém xinga-lo se ele pegasse algo.

-Você quer que eu pegue para você?- eu perguntei e ele assentiu com a cabeça.

Eu peguei um pedaço de bolo de chocolate e um copo de leite e dei a ele. O Cauã voltou a se sentar no meu colo e começou a comer. O restante do café foi tranquilo. Minha mãe conseguiu fazer com o que o Cauã falasse e todos estavam contentes com a noticia da gravidez da Agatha, mas a Carol continuava me ignorando. Estávamos terminando a refeição quando uma voz conhecida soou pela sala.

-Vejo que cheguei tarde para o café, mas faço questão de esperar pelo almoço.- o tio Marcos disse.

-Bom dia Marcos.- minha mãe desejou.

-Bom dia. Eu vim avaliar o nosso amiguinho Cauã, mas vejo que ele está bem. 

O Cauã o olhou desconfiado e apertou meu braço. 

-Não precisa ficar com medo Cauã. Ele é amigo.- eu disse.

-Foi muito bom você ter chegado Marcos. Eu preciso ter uma conversa seria com seu filho e quero que você esteja presente.- meu pai disse e se levantou da mesa.- Nos acompanhe até o escritório por favor.- meu pai pediu serio.

-Ih, já vi que é coisa seria.- meu tio brincou.-Vamos lá então Cris. Depois eu examino o garoto.

Meu pai arrastou o Lucas para o escritório, e o restante de nós fomos para a sala de estar.

Estávamos conversando sobre o bebê que a Agatha esperava, quando a Luíza e a Heloísa apareceram com as malas na mão. Eu fui o primeiro a vê-las, mas assim que todos notaram a presença das duas se calaram e se levantaram dos lugares.

-Podem voltar a se sentar. Não precisam se incomodar por nossa causa. Só estamos de passagem. Estamos partindo como a senhora Fênix gentilmente nos pediu ontem.- a Luíza disse o sobrenome com deboche.

-Pois vão tarde.- a Agatha sussurrou do meu lado me fazendo rir.

A mãe da Heloísa me olhou com ódio, mas logo em seguida sorriu com frieza.

-antes de ir eu queria entregar algo para a dona da casa.- ela falou.

A mãe da Heloísa foi até a minha mãe, tirou um envelope pardo da bolsa e a entregou.

-Como agradecimento pela estadia. Espero que goste.- ela disse seria.

-Não precisa me agradecer. Eu teria feito isso para qualquer um que necessitasse.- minha mãe respondeu.

-Mas eu faço questão. Pegue o envelope, tenho certeza de que ira gostar do que vai encontrar. -ela insistiu.

-Está bem. Obrigada.

- Então eu vou indo. Até logo.- a Luíza falou e deu as costas.- Vamos embora Heloísa.

A Luíza foi em direção a porta e a Heloísa nos encarou por alguns segundos antes de segui-la. Minha mãe analisou o envelope e a Agatha se aproximou para ver.

-O que é?- ela perguntou.

 Minha mãe abriu o envelope e olhou dentro.

-É um CD...parece que tem um álbum de fotos também.

-Deixa eu ver isso daqui.- a Agatha falou e pegou o CD.

Ela foi até a TV e colocou o CD no Blu-Ray. Minha mãe abriu o álbum e sorriu.

-Eu me lembro desa foto.- ela falou  e me mostrou.- Somos eu e seu pai... Olha como eu era, nem sabia ficar em cima de um salto. Essa foi a primeira festa que eu fui com ele. Foi nesse dia que a gente começou a namorar, ele tinha ido receber um premio e me convidou para acompanha-lo.-  ela falou.

Minha mãe voltou a olhar a foto e ficou pensativa.

-Isso faz tanto tempo. Essa noite foi inesquecível.- ela disse.

Ela passou para a foto seguinte e era outra foto dela com meu pai, mas na terceira foto era ela e um outro homem. Ela parecia mais nova ainda e suas roupas eram simples, o homem a abraçava por trás e tinha um sorriso largo, ele era negro e devia ter a mesma altura do meu pai. O sorriso da minha mãe se desfez e ela começou a tremer, foi nesse momento que o som da TV inundou a sala.

"-Cris."

A voz na TV chamou. Todos nós olhamos para a tela e eu franzi o cenhos quando vi a imagem que estava reproduzida. Parecia um filme amador bem antigo, porque a imagem era péssima e quase não havia iluminação. A unica coisa que era possível ver o contorno de um corpo na cama, mal iluminada com uma, provavelmente de um abajur. 

"-Cris."

A mulher voltou a chamar no vídeo, e eu me assustei quando vi o contorno de outro corpo entrar em cena e acertar um soco na mulher que estava deitada.

"-AI."- ela gritou de susto e dor.

"-SUA VAGABUNDA. PARA DE CHAMAR POR ESSE PLAYBOY."- o homem gritou.

Depois disso os sons de soco batendo em carne ficou constante, assim como os gritos da mulher que estava deitada na cama. De repente o contorno maior puxou a mulher pelo pé e jogou no chão. Os sons dos gritos foram substituídos por gemidos enquanto o som dos chutes tomaram o lugar dos sons de socos. Aquilo era um vídeo de tortura.

-Heitor, sua mãe não está bem.- a Carol falou aflita.

Eu me virei para minha mãe e percebi que ela olhava para a tela vidrada e não parava de tremer.

-Mãe- eu chamei, mas ela não se virou para mim.

De repente ela se sentou no chão, fechou os olhos com força, tampou os ouvidos com as mãos e eu me desesperei. Minha mãe não estava bem mesmo. Eu me agachei em frente a ela e tentei levanta-la do chão.

-NÃO ENCOSTA EM MIM.- ela gritou e começou a chorar.

De repente a mulher gritou alto no vídeo e os sons cessaram. 

 "Anjo? Fala comigo!-" o homem começou a pedir desesperado.  

-VAI EMBORA.-minha mãe gritou.

-Sou eu mãe.- eu disse.

-Me deixa ir, por favor... me deixa ir embora...- ela começou a repetir sem parar.

A Agatha se agachou do meu lado e também tentou fazer minha mãe acalmar, mas ela continuava igual. 

-Carol, chama meu pai.- eu pedi.

A Carol saiu da sala correndo e foi em direção ao escritório levando o Cauã pela mão. Alguns segundos depois meu pai apareceu correndo e desesperado, mas paralisou assim que ouviu a voz do homem na TV. 

-Pai.- eu chamei.-Minha mãe...ela não está bem.

Ele olhou para mim, e quando viu minha mãe sentada no chão correu até nós e parou em frente a ela.

-Camila.- ele chamou.

-Me deixa ir embora.- ela continuava repetindo.

Meu pai tentou tocar no rosto dela, mas ela se afastou.

-NÃO ME TOCA.- ela gritou.

-Sou eu Pequena. É o cris. Ele já foi embora.- ele falou com calma.- Abre os olhos Pequena. Sou eu. Olha para mim.

Minha mãe abriu os olhos devagar e quando o olhou seu choro intensificou. Meu pai pegou ela no colo e se levantou do chão. Ela se agarrou a ele e meu pai começou a leva-la em direção as escadas. Eu olhava os dois e não entendia o que tinha acontecido.

-Eu não entendi nada. Porque minha mãe ficou daquele jeito?- a Agatha perguntou.

-Porque era ela a mulher que estava gritando no vídeo.- meu tio disse atras de nós.

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