POV Dinah.
A primeira coisa que senti quando acordei na manhã seguinte foi um saco frio de ervilhas do meu lado. Tirei-o de perto de mim e me sentei para fitar a proprietária do saco de ervilha. Normani ainda estava dormindo, com o braço do pulso machucado contra seu peito e seus cabelos espalhados no travesseiro.
Enquanto eu olhava com carinho para ela, uma de suas orelhas se contraiu. Ela havia sido abraçada por mim, o que provavelmente era a explicação de como acordei na posse dos legumes congelados. Ao examinar seu pulso, lembrei-me do que eu tinha que fazer.
Levantei-me da cama, deixando a menina gatinho ainda dormindo e peguei meu telefone, indo para a sala de estar ligar para Allyson. Eu precisava achar uma maneira de verificar o pulso da menina mais nova, e mesmo que Allyson usasse o raio-X com animais, ela ainda tinha acesso a uma máquina dessas.
Allyson atendeu a ligação no último toque, eu já estava pensando que ia cair na caixa postal -Eu não tenho muito tempo...-
-Allyson!- eu disse rapidamente -É a Dinah...-
Allyson riu -Eu tenho identificador de chamas, sabe...-
-E você ainda me cumprimenta daquela maneira?- eu disse ofendida -Mas, de qualquer maneira... Eu meio que preciso de sua ajuda novamente.-
-Você não está amarrada no chão com a Lauren de novo, está?- Allyson suspirou.
-Não!- eu a assegurei rapidamente, rindo -Nada a ver com isso, eu preciso de sua ajuda com Normani...-
-Ela decidiu que os seres humanos são perdedores e quer viver com alguém que é muito mais legal e parecido com ela?- Allyson riu.
-Pare de tentar adivinhar!- eu exigi -Você é péssima nisso!-
-Se eu sou péssima, eu acho que você não precisa da minha ajuda então, não é?- Allyson retrucou.
-Não, eu realmente preciso!- eu disse rapidamente.
Allyson suspirou -Dinah, são oito e meia da manhã. Eu tenho que ir para o trabalho!-
-Na clínica veterinária, certo?- eu questionei.
-Sim...- ela falou lentamente, suspirando.
-Onde é?- eu continuei.
-Fica do outro lado da rua do banco que fechou e...- ela começou a explicar.
-Tudo bem, eu sei onde é!- eu disse, a interrompendo e preparando para me explicar -Normani machucou o pulso e, bem... Ela não é como você, ela não tem uma certidão de nascimento... Eu não posso levá-la a um médico de verdade, entende?-
-Ela é uma pessoa, Dinah...- Allyson disse lentamente -Eu não sei o que você está pensando, mas ela não pode ir a um veterinário!-
-Eu sei que ela é uma pessoa!- eu exclamei -Normani se parece com uma pessoa, só que ela tem um conjunto extra de orelhas de gato... Em cima da cabeça dela... Uh, falando das orelhas, os ouvidos normais de Normani...-
-Funcionam?- Allyson riu -Provavelmente não. Os meus não, meus ouvidos não têm nenhum canal auditivo, é apenas pele.-
-Isso é tão estranho...- eu murmurei -Eu me pergunto se Camila é assim também. Nunca pensei que...- fui interrompida.
-Tenho certeza de que os ouvidos humanos de híbridos não funcionam!- Allyson bufou -Agora me diga por que você quer trazer Normani à clínica veterinária?-
-Podemos usar ilegalmente o seu raio-X?- perguntei de uma vez.
-Você está tentando me fazer ser demitida?- Allyson perguntou, incrédula.
-Não!- eu gemi -Eu estou tentando ajudar a Normani... Seu pulso... Ela continua dizendo que está doendo e eu...-
-E você é um ser humano sem coração que está cansada de ouvi-la se queixar?- Allyson disse, tentando adivinhar.
-Você precisa parar, sério, você é péssima adivinhando!- eu rolei os olhos -Não, eu não gosto de ouvi-la dizer que está com dor quando não posso fazer nada para ajudá-la. Eu não gosto quando as pessoas em geral estão com dor, mas isso é pior para mim quando se trata de Normani!-
-E se eu fizer o raio-X do pulso... E estiver quebrado... O que você vai fazer?- perguntou Allyson.
-Tudo o que tiver de fazer para corrigir isso, qualquer coisa!- eu respondi imediamente.
Allyson ficou em silêncio por um momento -Encontre-me na clínica em 30 minutos. A clínica só abra as dez, mas eu sempre chego mais cedo para limpar as gaiolas e outras coisas. Ninguém mais deve estar lá além de nós.-
-Obrigada mesmo, Allyson!- eu engoli em seco -Eu tenho certeza que eu nunca vou poder te pagar por tudo que você fez por mim nesse curto espaço de tempo, então eu só...-
-Não fique sentimental comigo, você está me enjoando- Allyson brincou -É só me encontrar na clínica.-
Ela desligou antes que eu pudesse responder. Então corri para o meu quarto cantarolando em voz alta -É hora de acordar, gatinha!-
Normani fez um som de fungado e pressionou o rosto em seu travesseiro. Usei a falta de resposta como tempo para procurar roupas para nós duas. Normani usaria calcinha branca e sutiã também, uma saia preta na altura do joelho, uma blusinha branca e um suéter. Eu vesti uma calça jeans, uma blusinha vermelha e um suéter preto. Rapidamente peguei meias para nós e então me sentei na cama com a garota.
-Manz...- cutuquei delicadamente a menina.
-Normani está c-com sono...- a menina murmurou, virando-se para pressionar seu rosto contra minha coxa.
-Temos que nos apressar e ir ao encontro de Allyson no trabalho dela- eu expliquei, passando a mão pelo seu cabelo e acariciando suas orelhas aveludadas, fazendo-a se contorcer.
-Cócegas- ela riu.
-Você vai colocar essas roupas que eu deixei aqui, enquanto vou pegar algo para nós comermos no caminho, okay?- eu perguntei, inclinando-me para depositar um beijo no canto de sua boca. Normani virou a cabeça um pouco, dando-me um beijo desajeitado de volta.
-Sim!- Normani se sentou, apoiando-se com a mão boa -Normani vai tentar se vestir...-
Eu fiz uma careta -Oh sim... Você pode ter algumas dificuldades se estiver usando apenas uma mão. Levante os braços, amor.-
Normani sorriu para mim e ergueu os braços acima da cabeça, eu tirei sua camisa com cuidado.
-N-não dói!- proclamou alegremente.
-Fantástico!- eu beijei sua testa -Agora vamos colocar essa blusinha... Talvez não devêssemos colocar o suéter...-
-N-não! Normani q-quer o suéter- Normani fez beicinho -Normani vai tentar colocá-lo- ela pegou a blusinha e cuidadosamente passou pela cabeça com a mão machucada. Então, colocou um braço em uma manga, mas quando foi tentar fazer o mesmo com a outra mão, não conseguiu, por causa do amontoado de tecido em seu ombro -Uh... Normani está presa...-
Eu ri, indo ajudá-la -Pronto!-
-Suéter- Normani estendeu a mão para o material, prestes a cometer o mesmo erro que fez com a blusinha.
-Pobre gatinha machucada...- eu suspirei, estendendo a mão e ajudando-a a puxar o suéter e afaguei seus cabelos -Agora, a parte mais fácil. Vou deixar você calçar as meias e ir ajeitar nosso café da manhã.-
Normani assentiu e eu corri para a cozinha, encontrei algumas barras de cereais de granola com gotas de chocolate, acho que isso daria para comer no caminho da clínica veterinária. Normani veio pulando para cozinha e eu coloquei o leite em copos de viagem. Ela deslizou pelo chão com seus pés nas meias e seus olhos se arregalaram de surpresa.
-Veja Di!- exclamou alegremente, deslizando no chão novamente.
Eu ri -Minha irmã e meu irmão adoram fazer isso também! Cuidado para não cair, você não quer machucar seu outro pulso, não é?-
Normani deslizou até mim, balançando a cabeça em negação, mas ainda sorrindo. Ela corajosamente segurou meu rosto com as mãos e me deu um beijo na minha testa, como eu sempre fazia com ela -Normani ama Dinah!-
Eu ri novamente -Obrigada pelo beijo, Manz. Dinah ama Normani!-
Normani correu para a sala de estar para pegar seu gorro e eu segui atrás dela com as nossas barras de granola, o leite, as chaves do carro e a carteira que eu coloquei no meu bolso da calça jeans. Ela puxou seu gorro na cabeça e estava sentada no chão, tentando colocar o Converse preto nos pés -Dinah vai ajudar Normani?-
-Sim!- ri -Vou ajudá-la, gatinha!-
Eu coloquei nosso café da manhã na mesa de centro e me sentei ao lado da menina, desamarrei os cadarços do tênis e o coloquei em seus pés, amarrando o cadarço novamente. Ela sorriu para mim e eu coloquei meus próprios sapatos e me levantei para ajudá-la a vestir seu casaco.
Eu estendi o casaco para Normani, enquanto ela passava os braços por dentro, e depois o abotoei com cuidado. Antes de eu colocar meu próprio casaco, reposicionei seu gorro. Peguei nosso café da manhã e abri a porta.
Normani saiu e eu fiz o mesmo, virei-me para fechar a porta e trancá-la. Ela andou ao meu lado por todo o caminho até o carro e, quando entrou no lado do passageiro, eu lhe entreguei as barras de granola e leite antes de fechar a porta e caminhar para o meu lado.
Enquanto eu me sentei no banco do motorista, olhei para Normani. Ela estava puxando o plástico da barra de granola com os dentes, confusa sobre como abri-lo. Eu estendi minha mão para ela e ri -Aqui, gatinha. Ele exige as duas mãos, deixe-me abrir para você.-
Olhei para o relógio e eram 08:58 AM. Rapidamente o devolvi para Normani sua barra de cereal já aberta, abri a minha e liguei o carro. Dirigi com uma mão enquanto comia a barra de granola, e olhei para Normani, certificando-me de que ela estava com o cinto.
Depois da terceira viagem de carro, Normani passou a gostar do cinto de segurança. Acho que é porque a faz se sentir segura. Tive que mostrar a ela como abrir e beber o leite do seu copo, e quando ela descobriu como fazer, ficou brincando com a tampa.
Finalmente chegamos à clínica às 09:15 AM. Allyson estava de pé na porta da frente, saí do carro e Normani correu atrás de mim, deixando seu copo lá dentro. Ela se apertou ao meu lado enquanto caminhávamos para a clínica.
-Eu achava que você não ia aparecer- Allyson riu. Ela estava vestindo um uniforme azul escuro em vez da jaqueta preta de couro de costume, mas sob as mangas curtas de seu uniforme, ela usava uma camisa de mangas compridas da cor preta -Felizmente, ainda não há ninguém aqui, vamos fazer isso rápido.-
Normani olhou para mim em confusão, mas seguiu Allyson que nos levou por um corredor para uma sala -Onde e-estamos indo?-
-Estamos indo verificar se o seu pulso não está quebrado, amor- eu expliquei gentilmente.
A sala cheirava a cachorro e gato e tinha uma mesa grande de metal no centro. Allyson fez um gesto para Normani ir em direção a ela -Tire sua imobilização e coloque seu pulso sobre esta mesa, Normani.-
Normani olhou para mim com medo por um momento, antes de eu acariciar suas costas -Está tudo bem, é seguro- cuidadosamente retirei sua imobilização e a fiquei segurando.
Normani timidamente foi até ela e colocou o braço sobre a mesa, os olhos de Allyson se arregalaram -Definitivamente machucado...-
Ela pegou suavemente o pulso de Normani em sua mão, fitando o machucado. Franziu o cenho e balançou a cabeça, se afastando. Ela puxou uma coisa circular estranha até Normani, torcendo-a para focalizar o braço dela. Allyson sorriu para a menina mais nova -Você fica mais quieta que um labrador.-
-Normani n-não gosta de cachorros- os olhos de Normani se estreitaram.
-Acho que eu ouvi algo sobre isso antes- Allyson riu, afastando-se para apertar um botão ao lado da porta.
A coisa circular fez um zumbido e então algo fora da sala buzinou duas vezes. Normani arregalou os olhos e sua expressão era de medo. Allyson, no entanto, acenou para a menina -Você está bem! Já realizamos o exame e deve estar processando, vou imprimi-lo e buscá-lo. Você pode colocar sua atadura de volta.-
Normani se virou e correu para meus braços. Eu dei um beijo em seu cabelo e sorri -Vamos imobilizar seu pulso novamente, okay?-
Normani estendeu o braço enquanto cuidadosamente o imobilizei, e depois ela me abraçou apertado. Sem demora Allyson já estava de volta com o raio-X impresso em sua mão. Ela apertou um botão ao lado de um quadro branco, e uma luz atrás da placa se acendeu. Allyson colocou a impressão do exame ali que revelou uma imagem clara do que pareciam ser os ossos de Normani.
-Hm...- Allyson resmungou, estudando o raio-X. Fomos até ela, para olharmos mais atentamente. Allyson falou -Bem, eu não acho que está quebrado. Entorse talvez... Mas não quebrado.-
Eu suspirei de alívio -Isso é muito bom!-
-Normani n-não está quebrada?- Normani perguntou esperançosamente.
-Não!- eu beijei sua testa -Você não está quebrada, amor!-
Normani sorriu largamente -Ótimo!-
Allyson riu -Yeah... Seu pulso deve começar a ficar melhor daqui um ou dois dias. Tem certeza de que não quer vir morar comigo, Normani?-
Eu olhei para a menina mais jovem, esperando sua resposta, e ela suspirou -N-não, Allyson. Normani q-quer ficar com Dinah.-
-Okay então- Allyson deu de ombros.
-O que devo a você por isso?- eu perguntei, voltando a encarar a loira.
Ela empurrou as mangas de sua camisa, revelando várias tatuagens, e deu de ombros novamente -Nada.-
-Não, sério...- eu balancei minha cabeça -Isso tem que custar alguma coisa...-
-Nada!- Allyson insistiu -Honestamente, você é uma conhecida... Normani é uma amiga, isso foi de graça.-
-Allyson...- tentei protestar.
Allyson me deu as costas, voltando sua atenção para Normani, que havia se afastado para examinar alguns frascos em um armário no canto da sala -Os seres humanos podem ser tão burros, Normani. Por que você insiste em viver com um?-
-Tudo bem!- exclamei -Tudo bem, não vou pagar nada!-
-Obrigada!- Allyson retrucou.
Normani franziu a testa, retornando ao meu lado, olhando hesitante para nós duas. Afaguei sua cabeça vestida com o gorro -Vamos fazer compras, Manz?-
Normani acenou com a cabeça para Allyson e me seguiu. No entanto, quando entrei no lobby, Allyson parou na frente da porta que dava para o canil para que Normani pudesse espreitar e ver alguns gatos.
-P-podemos ir vê-los?- ela perguntou a Allyson, animada, e Allyson riu.
-Nós vamos entrar e olhar a primeira gaiola, se irmos mais longe a câmera irá nos ver- Allyson explicou.
Eu ri baixinho ao ver Normani concordar alegremente, esperei pacientemente para que as duas voltassem. No entanto, para meu completo horror, um homem de cabelos grisalhos se aproximou da porta da frente e entrou. Ele congelou quando me viu, e uma expressão de raiva se formou em seu rosto.
-Quem é você? O que está tentando roubar?- ele perguntou.
-Não, senhor!- eu tentei explicar, balançando a cabeça em negação freneticamente -Eu não sou uma ladra, eu só...-
O homem pegou uma enciclopédia de cavalos que estava em uma mesa, provavelmente, daquelas para as pessoas lerem enquanto esperavam seus animais. Antes que eu tivesse tempo de reagir, o livro lotado de páginas e pesado estava sendo lançado contra minha cabeça, senti uma dor aguda explodir contra meu crânio, e apaguei.
Quando voltei a mim, foi porque senti algo quente e úmido escorrendo no meu rosto e mãos suaves estavam acariciando o meu cabelo. Minha audição foi lentamente voltando e eu ouvi várias vozes familiares. Lauren estava com Camila e Allyson conversava com um homem que estava se desculpando.
-Dinah!- gritou uma vez que eu estava começando a reconhecer melhor. Uma voz que eu gostava de ouvir. Os olhos grandes e castanhos de Normani estavam me olhando, apavorados e cheios de lágrimas.
-Ai, caralho...- eu murmurei, tentando me sentar porque eu estava esparramada no chão de costas. Mas assim que me sentei, senti mãos afagando minhas costas.
-Dinah!- Normani soluçou -Dinah, Dinah, Dinah...-
-Você está bem, DJ?- perguntou a voz de Lauren -Você pode me ouvir?-
-Sim, Laur- eu olhei para a garota de olhos verdes, que estava em cima de mim.
Normani parecia ser a única pessoa sentada no chão comigo. Eu deixei minha atenção cair sobre a menina mais jovem que estava em pânico -Manz, gatinha! Está tudo bem...-
Abri os braços para a menina mais nova e ela se arrastou com cuidado para o meu colo, ainda soluçando -Dinah está m-machucada? Q-quebrada? Dinah sente d-dor?-
-Talvez um pouco...- eu respondi suavemente, tentando enxugar as lágrimas da menina com a ponta de meus dedos -Mas eu estou bem, amor!-
-Normani estava t-tão assustada!- ela chiou através de um soluço abafado.
O homem que havia me batido com a enciclopédia colocou a mão em meu ombro, mas rapidamente a removeu quando Normani lhe deu um olhar de puro ódio -Você está bem, filha?-
-N-não fale com Dinah!- Normani berrou -Você é um homem m-mau!-
-Sinto muito...- ele murmurou, e eu não tinha certeza se ele estava falando comigo, ou com Normani, ou com ambas.
-Quanto tempo eu estive apagada?- eu perguntei, puxando a menina que ainda fungava em um abraço apertado. Ela estava tremendo, mas enterrou seu rosto em meu pescoço, fazendo um som calmo que era semelhante ao ronronar.
-Dinah, Dinah, Dinah, Dinah de Normani...- ela resmungava.
-Uns 45 minutos- explicou Allyson -Estávamos esperando mais cinco minutos para chamar a ambulância, se você continuasse inconsciente.
-Quando Allyson me ligou e contou tudo, fiquei com medo de que você tivesse uma concussão- Lauren começou -Mas Allyson checou você, e eu acho que ela sabe o suficiente para saber se alguém teve ou não uma concussão... Mesmo ela estando do lado animal da medicina.-
-Mas Allyson e o Brian aqui...- Camila apontou para o homem da enciclopédia -Disseram que seria ruim para o negócio se descobrissem que Brian acertou um cliente com uma enciclopédia de cavalo na cabeça.-
-Bem, isso e a ambulância não deixaria Normani ir com você- Lauren disse, insinuando que eles perceberiam que Normani não era normal, dando um tapinha gentil no ombro da minha menina. Normani simplesmente se aconchegou mais a mim.
Allyson assentiu -Eu estava achando que a garota só gostava de você por ter comida e abrigo, mas quando Brian veio correndo dizendo que ele havia acabado de matar uma intrusa de cabelos loiros, Normani explodiu em histeria!-
-Bem...- disse Camila na defesa de Normani -Até eu havia achado que Brian havia matado Dinah, essa é uma boa razão para ficar histérica!-
-Mesmo depois que ela descobriu que você estava apenas inconsciente, Normani ainda estava inconsolável. Ela reduziu o choro um pouco, mas o tempo todo que você esteve apagada, Dinah, Normani apenas se sentou no chão e embalou sua cabeça no colo dela- Allyson sorriu, olhando para a garota que estava aninhada em meu pescoço.
Eu passei a mão suavemente pelas costas da pobre menina traumatizada -Obrigada, Manz...-
Normani estremeceu em resposta, e eu pressionei meus lábios no topo de sua cabeça, infelizmente, com o gorro no meio. O homem da enciclopédia, supostamente chamado Brian, mordeu o lábio inferior devido ao nervosismo -Há algo que eu possa fazer por você? Check-ups gratuitos durante um ano ou algo assim? Eu sou o dono da clínica, eu sinto que eu deveria fazer algo...-
-Não, está tudo bem- eu assegurei a ele, percebendo que minha cabeça estava latejando, realmente eu só queria ir para casa e rastejar até minha cama -Eu estava aqui porque...-
-Elas são minhas amigas... E elas estavam pensando em adotar um gato, mas não teriam tempo para olhar mais tarde. Então... Eu as trouxe mais cedo. Elas estavam se preparando para sair, mas Normani e eu estávamos olhando para o gato laranja da primeira gaiola e Dinah estava no saguão à espera e... Bem, você sabe o resto- Allyson me interrompeu, mentindo rapidamente.
-Sinto muito...- Brian me disse e eu acenei com a mão, em sinal que estava tudo bem.
-Está tudo bem, você estava apenas tentando proteger sua clínica- eu respondi.
Brian estendeu a mão para apertar a minha, como um pedido de desculpas, mas Normani assobiou -N-não toque n-na Dinah de Normani!-
Brian puxou sua mão para trás lentamente, confuso a respeito de como Normani sabia o que ele estava fazendo, já que sua cabeça estava revestida com o gorro e cobria os olhos dela, além da cabeça dela estar enterrada em meu pescoço. Eu acariciava suas costas de forma carinhosa e murmurei para a menina mais nova -Você quer ir para casa? Podemos ir ao supermercado amanhã!-
Normani se afastou um pouco, seus olhos castanhos me encarando intensamente, e ela assentiu -Dinah p-precisa ir p-para casa e descansar!-
Sua mão subiu para afagar meu cabelo, e depois, hesitante, se dirigiu para o lado da minha cabeça, onde eu tinha sido espancada. Seus dedos roçaram lentamente sobre minha lesão, e eu suspirei de dor, a olhando.
Normani se assustou e tirou rapidamente a mão, por isso eu a acalmei -Não, não amor... Você não está me machucando. Minha cabeça apenas dói de modo geral, isso é tudo.-
-P-pobre Dinah...- Normani sussurrou, inclinando-se para beijar meu nariz.
-Ela está... Hm... Em choque? Perguntou Brian a mim -Ou ela sempre fala na...-
-Terceira pessoa?- completou Allyson -Ela é assim, ela não está em estado de choque.-
-Bem, isso é bom...- Brian disse, examinando a garota que ainda estava sentada em meu colo -Você pode me perdoar, Normani?-
-Normani vai pensar sobre isso- Normani se recusou a encontrar o olhar do homem.
-Vamos, Normani. Vamos levar Dinah para casa- Lauren riu.
-Espera, o quê?!- eu perguntei em confusão -Me levar para casa? Eu estou bem, Lauren, eu posso dirigir!-
-Nem pense nisso, Dinah- Lauren recusou -Eu vou levar vocês para casa e ficaremos lá, mais tarde Allyson leva seu carro de volta para o apartamento.-
-Todos vocês no meu apartamento?- eu suspirei.
-Bem...- Lauren encolheu os ombros -Normani vai precisar de ajuda para cuidar de você. Acho que ela pode lidar com todo o carinho, e eu vou alimentar a todas vocês.-
Olhei para a menina, que ainda não havia se movido do meu colo -Quer ir para casa e ficar abraçada comigo?-
Normani assentiu, saindo do meu colo e estendeu sua mão boa para me ajudar a levantar. Allyson estava calmamente atrás de mim, esperando para me segurar se eu caísse, Camila e Lauren foram para o carro.
Brian desapareceu para algum lugar da clínica, acho que era porque estava na hora de abrir. Allyson e Normani andaram comigo até o carro, mesmo depois de eu ter insistido com Allyson que eu estava bem.
Assim que eu entrei no carro, inclinei minha cabeça que doía contra a janela fria, Normani se aproximou de mim até estar em meu colo, eu apenas a abracei e a deixei se aconchegar a mim.
Devo ter cochilado, porque chegamos rapidamente ao meu apartamento. Lauren e Camila entraram primeiro, e Normani andava ao meu lado com cuidado, agarrada ao meu braço e me analisando.
Dei-lhe um sorriso reconfortante e ela me deu um sorriso forçado em troca. Assim que estávamos em casa, todas sem sapatos e casacos, e no caso de Camila e Normani, sem os gorros, fui para o meu quarto.
Normani me seguiu, eu retirei minha calça jeans e coloquei uma calça de pijama. Ela se arrastou para a cama comigo, aninhando-se contra o meu peito.
Eu roubei um beijo rápido de seus lábios -Obrigada por cuidar de mim, Manz.-
-Normani ama Dinah- Normani fungou, acho que ela ia chorar novamente.
Eu enterrei meu rosto nos seus cabelos entre suas orelhas e suspirei -E Dinah ama Normani.-
E com isso, entreguei-me a um cochilo tranquilo e indolor, com a garota traçando seus dedos suavemente contra a minha clavícula.