Secrets Segunda Temporada

Da sweetcabello21

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Quatro anos após o casamento, Lauren e Camila decidem aumentar a família e dar a David, o primogênito do clã... Altro

Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVI
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXX
Capítulo XXXI
Capítulo XXXII
Capítulo XXXIII
Capítulo XXXIV
Capítulo XXXV
Capítulo XXXVI
Capítulo XXXVII
Capítulo XXXVIII
Capítulo XXXIX
Capítulo XL
Capítulo XLI
Capítulo XLII
Capítulo XLIII
Capítulo XLIV
Capítulo XLV

Capítulo XXIX

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Da sweetcabello21

Lauren POV

O nascimento de um filho é um presente de Deus. Um pequeno anjo colocado por Ele para sempre permanecer em sua vida. A proximidade do nascimento traz inúmeras expectativas e anseios. Camila estava prestes a dar à luz, seu corpo estava totalmente preparado para entrar em trabalho de parto. Barriga grande, seios fartos, pele brilhosa e cabelo mais vivo. Exalando beleza e maternidade com um barrigão que me fazia babar a cada segundo.

Eu assinava minha carteirinha, sem vergonha nenhuma, de mãe mais babona, e minha princesa ainda não tinha nascido.

Sentia-me invadida por uma grande mistura de emoções e ansiedades, eu não sabia o que pensar, meu corpo trabalhava de modo automático enquanto minha mente processava a ideia de que dentro de menos de vinte quatro horas eu teria minha filha em meus braços.

Os dias voaram, saltaram a cada passo que Anabella se desenvolvia na barriga da Camila, cada pequeno desenvolvimento foi capturado por meus olhos, meu coração e minha alma. Na fase que eu vivia Camila, todos os problemas e dificuldades se transformem em amor, e minha família irradiava sorrisos.

David estava tão ansioso quanto eu para ter a irmã em seus braços, acabou por frequentar alguns dias do curso para pais de primeira viagem comigo e aprendeu a segurar um recém-nascido, a trocar fraldas e dar banho. Cada vez que fomos no pré-natal e ouvimos o coração da nossa pequena batendo ou quando sentimos seus movimentos na barriga, um turbilhão de sentimentos alastrava o meu corpo, sentimentos que não conseguia descrever.

Estava às vésperas do nascimento da minha filha e me sentia uma pilha de nervos, verificando a cada minuto se tudo estava arrumado para a ida da Camila ao hospital. Às vezes o medo de não ser uma boa mãe ou não conseguir cuidar da minha família do jeito certo me invadia, nesses momentos Camila apertava minha mão e sussurrava que ficaria tudo bem e que no fim, eu saberia muito bem o que fazer.

Mas as perguntas vinham e voltavam em minha mente como ondas revoltas. Eu ficava imaginando, com quem ela pareceria? Suas atitudes, como seriam? Se ela gostaria de mim? Se ela torceria para o mesmo time que David e eu? Se gostaria de esportes? Ou seria um poço de sedentarismo? Se ela preferiria praia ou montanha? Se ela seria estudiosa ou não gostaria disso? Fechada ou brincalhona? Tagarela ou tímida? Aventureira ou medrosa? Questionava-me também se seria boa mãe ou se teria dinheiro suficiente para lhe dar uma boa vida. A dúvidas e receios se amontoavam, mas em outra pilha tinha os sonhos, os planos e o desejo irrefreável de ter minha filha em meus braços.

- Amor... – Camila murmurou sonolenta, em meus braços.

- Hey... – acariciei seus cabelos. – Te acordei? – perguntei preocupada.

- Por que está acordada? – bocejou.

- É amanhã. – Camila faz um pequeno barulho nasal, quase um sorriso.

- Dorme, meu amor. – pediu, aproximando ainda mais nossos corpos. Dormíamos de conchinha por causa do seu barrigão. Desci minha mão do seu braço até sua barriga, acariciando levemente, um hábito adquirido. – Você já está uma pilha de nervos, não quero você passando mal por não ter dormido direito. – disse preocupada.

- É difícil dormir quando meu pinguinho de gente está para nascer. – confidenciei, cheirando seus cabelos em seguida. Camila sorriu, ela insistia porque queria, eu era um caso perdido de ansiedade, na última semana passava mais tempo velando seu sono e conversando baixinho com minha filha do que dormindo. – Mamãe é muito ansiosa... – tamborilei meus dedos pela barriga, massageando logo depois. – Na madrugada de amanhã espero tê-la em meus braços, por isso, não demore a sair. – pedi. – Você devia dormir... – disse a Camila. Ela se remexeu novamente, tentando achar outra posição confortável.

- Com essa barriga é meio difícil. – brincou, logo entrelaçou nossos dedos em cima de sua barriga. – Canta para mim? – pediu manhosa.

- O que você quiser docinho...

- Canta em meu ouvido. – bocejou.

- Seu desejo é uma ordem... – levantei um pouco o rosto para beijar sua bochecha. - Love me tender, love me sweet – comecei a cantar baixinho. - Never let me go – tamborilava meus dedos em sua barriga, acompanhando levemente o ritmo da música. - You have made my life complete and I love you so... - ouvi Camila suspirar baixinho, cheirei seus cabelos antes de continuar. - Love me tender, love me true – uma paz preenchia meu peito enquanto cantava, a ansiedade pela proximidade do nascimento de minha princesa estava diminuindo. - All my dreams fulfill – Camila entrelaçou nossos dedos e beijou levemente o dorso da minha mão, seus movimentos estavam mais lentos, indicando que estava prestes a voltar a dormir. - For my darlin' I love you and I always will... – algumas suaves batidas na porta me chamaram a atenção.

- Mães? – ouvi a voz sonolenta do David, vinda do lado de fora do quarto. Pensei em levantar lentamente para não acordar Camila, que já estava quase dormindo.

- Oi meu anjo. – ela respondeu totalmente grogue.

- Posso entrar? – ele pediu manhoso.

- Claro. – disse após uma pequena espera, fiquei na dúvida se ela estava pensando ou tinha cochilado momentaneamente.

David abriu a porta lentamente, Camila se levantou com muito esforço, gemendo de dor pelo desconforto da barriga.

- Aconteceu algo? – perguntou preocupada. Ele negou com a cabeça e mordeu o lábio inferior sem jeito. – O que foi?

- Lembra quando a senhora ia no meu quarto dormir comigo? – perguntou timidamente, Camila assentiu. – Eu era um menino valente e a senhora tinha medo dos monstros e dormia comigo para eu proteger a senhora. – Camila sorriu com a lembrança. – Eu acordei preocupado...

- Algum pesadelo? – perguntei em alerta, ele apenas negou.

- Eu vim verificar se a senhora não quer que eu te proteja dos monstros debaixo da cama... – eu continuava deitada, apenas observando, David estava usando pijamas com desenhos dos Minions, meias dos Smurfs e tinha na mão seu edredom, que arrastava no chão. – Sei que a Mama Lauren é ótima em proteger porque às vezes eu peço para ela dormir comigo para não ter sonhos ruins, mas só eu sei como proteger a senhora direitinho dos monstros, meu abraço afugenta todo tipo de monstro.

- Você quer dormir conosco? – perguntei sabendo que todo aquele discurso era porque ele estava com vergonha de pedir.

- Mas só para proteger a Mama Camila, Anabella chega amanhã e a Mama precisa dormir bem! – Camila girou o corpo esperando meu parecer.

- David você não é mais um bebê, não é legal ficar dormindo conosco... – falei calmamente, por mais que me doesse dizer aquilo, não era legal os filhos ficarem dormindo com os pais depois de certa idade, crianças precisam dormir separadas para se desenvolverem física, psíquico e socialmente.

Depois que frequentei o curso para pais de primeira viagem aprendi que os pais precisam ensinar aos seus filhos comportamentos que os façam independentes, ou seja, mesmo que quisesse meu filho sempre debaixo da minha asa, ele precisava aprender sobre privacidade e seus limites pessoais, para construir sua individualidade.

As crianças quando passam a dormirem sozinhas aprendem, praticam e desenvolvem a ordem, a rotina e os limites. Um ponto importante que foi muito frisado durante os debates sobre dormirem separados, pais e filhos, é que a criança se torna capaz de desenvolver uma dimensão psicossexual apropriado à idade dela, pois aprendem que os papéis sexuais dos pais são reservados a adultos com compromisso de afetividade e de formar uma família. – Seu quarto é seu lugar de descanso, fora que a cama ficaria muito apertada para nós quatro. – ele colocou um bico na cara.

- Só hoje. – implorou. – Porque a Mama precisa dormir bem e eu posso contar uma história... – olhou para Camila procurando por socorro, a permissão dela.

- Você ouviu sua mãe, meu anjo. – Camila e eu havíamos estabelecido que não divergiríamos da opinião uma da outra, para que nossos filhos não crescessem escolhendo o lado que mais favorecesse. Se eu dizia não, ela também reafirmava minha palavra, se eu permitia e ela achava que não devia permitir, conversávamos em particular até chegar em um consenso. Isso fortaleceu ainda mais nosso laço e trouxe firmeza para a criação do nosso filho.

- Por favor, Mama Lauren e Mama Camila... – seus olhos estavam marejados. – Batatinha nasce amanhã e hoje é a última noite que posso dormir com ela ainda na sua barriga. – sua voz estava bem apelativa, um pouco frustrada também. Camila olhou rapidamente para mim e seus olhos pidões indicaram que ela tinha tomado partido dele, mas esperava um posicionamento meu, rolei os olhos, nunca resistiria ao olhar pidão da minha mulher e do meu filho, quase golpe baixo.

- Apenas hoje. – disse pro fim, David pulou de felicidade e parou abruptamente quando viu o olhar severo de Camila por causa do barulho. – Comporte-se! – avisei, ele sorriu sem jeito. Camila voltou a deitar na cama, se espreguiçando até achar uma posição confortável, David esperou ela se acomodar e deitou entre ela e eu, seu braço rodeando a barriga de sua mãe.

- Isso machucar... – Camila reclamou, ele retirou a mão rapidamente, bem arrependido. – Não precisa se explicar... – ela o acalmou quando viu a cara de pânico dele. – Sua irmã está quase na posição para nascer, por isso minha barriga está mais baixa, então um pequeno toque sem medir a força dói. – David arregalou os olhos em compreensão.

- Batatinha, desculpa... – pediu a irmã. – Não quis te machucar, nem a mamãe. – eu deitei no pouco que tinha na cama e David se aninhou ao meu corpo. – Amanhã você vai estar no meu braço... Guarde na memória esse dia, o último dia que dorme escondida na barriga da Mama. – informou.

- David. – o chamei. – Tente dormir, já é tarde e sua mãe precisa dormir, ela nem devia estar acordada essa hora. – reclamei.

- Espero que a cama não quebre. – Camila brincou, quase pulei da cama em preocupação. – Tente dormir amor, farei o mesmo. – pediu. – Boa noite, meus anjos!

- Boa noite, amor.

- Boa noite, Mama.

Enquanto meus dois amores voltavam a dormir, minha mente voou para meu último dia de aula para pais de primeira viagem, fomos apresentadas a uma médica obstetra que falou um pouco sobre parto normal e cesariana, sobre as contrações da grávida, sobre o trabalho de parto.

- Como eu sei que minha mulher pode fazer parto normal ou cesárea? – Diego, um colega de turma foi o primeiro que se arriscou a perguntar.

- É preciso fazer um exame ginecológico, para avaliar o colo uterino. - ela começou explicando, ele fez uma careta involuntária e a turma sorriu.

- Eu não entendo muito disso. – disse dando a entender que queria uma explicação mais detalhada. – Que tipo de exame?

- É um exame para avaliar se o colo está grosso ou se já está se preparando para o nascimento do bebê. Além disso, ele avalia também a posição da criança.

- Se ela está alta, encaixada, sentada ou transversa. – Amanda, uma outra mãe complementou a resposta.

- Isso mesmo. – a doutora confirmou. - E também analisa se existe desproporção cefalo-pélvica, ou seja, se a cabeça da criança é muito grande para passar pela pélvis da mãe. – completou. Diego maneou a cabeça, demonstrando estar acompanhando a explicação. – Mas o bebê sempre acaba mudando de posição, por isso, é importante analisar as condições fetais enquanto se espera para fazer o parto.

- Qual a vantagem de um parto normal? – arrisquei-me a perguntar, o ginecologista da minha mulher já havia explicado muita coisa, mas ainda queria muitas informações, todo tipo de informação sobre, eu gostava de ler e ouvir, pois Camila já tinha decidido que queria um parto normal.

- O parto é normal, a criança nasce por via normal, sem ninguém interferir. – começou, concordei coma cabeça, acompanhando atentamente tudo que ela dizia. - No parto normal, em três dias a mulher já está – fez aspas com a mão. - "nova". A compressão que o tórax da criança sofre ao passar pelo canal de parto ajuda a eliminar o líquido amniótico... – pausou, bebeu um gole de água e prosseguiu. - Sem contar que a ligação mãe e filho é maior, porque o trabalho dela é ativo, participando do nascimento. – cada informação que eu julgava ser interessante fazia uma anotação ou rabisco em bloco de notas, meus olhos vidrados na explicação enquanto minha mão escrevia freneticamente sobre pontos relevantes que não me recordava ou não tinha lido, Camila apenas prestava atenção, às vezes se desligava para focar sua atenção no celular, acabava sempre por reclamar com ela quando ela fazia isso. Como resposta, minha mulher fazia cara de desdém.

- Quais são os estágios do parto? – uma mulher na casa dos quarenta perguntou, tentei lembrar seu nome, mas nada me veio à mente. – Minha médica me falou sobre, mas gostaria de reforçar isso, pois é tanta informação que me sinto bombardeada e que na hora não saberei o que fazer.

- Apenas inspire e expire e vai dar tudo certo. Seu nome?

- Laura.

- Respondendo a sua pergunta Laura. As fases são, e me refiro ao parto normal, a dilatação do colo do útero, período expulsivo e a saída da placenta. E não se preocupe quanto a lembrar disso, na hora sua obstetra irá lhe dizer o que fazer. – a tranquilizou. - Lembra que eu falei em inspirar e expirar? – Lauren acenou em concordância. – A primeira fase do trabalho de parto é a dilatação como já disse, então você sentirá contrações irregulares e consequentemente, dores, por isso, para diminuir as dores deve-se inspirar de forma lenta e profunda durante cada contração, como se estivesse a cheirar uma flor e expirar como se estivesse apagando uma vela.

- Inspirar como cachorrinho. – Marcos brincou, a turma riu da descontração, rolei os olhos. Não suportava esse cara, pois passava o curso todo fazendo piadinha e tentando chamar a atenção como pai descolado e brincalhão, sempre atrapalhando a aula com perguntas desnecessárias e comentários inapropriados. – Mas falando sério, por que as mulheres sempre falam – sacudiu a cabeça algumas vezes. - A bolsa estourou?

- O corpo emite sinais para informar que está entrando em trabalho de parto, um deles é como a expulsão do rolhão mucoso – Marcos fez cara de nojo. -, que é a saída de um líquido gelatinoso, rosado ou acastanhado pela vagina e a rotura da bolsa das águas, que é quando começa a sair o líquido amniótico transparente. Por isso parece que a mulher mijou, mas é apenas a saída desses líquidos, que ficou conhecido por essa expressão...

[...]

Acordei assustada, meu coração batia freneticamente, levantei o troco da cama, esticando o corpo para pegar meu celular, passavam das sete, inspirei lentamente enquanto me espreguiçava, expirando para relaxar o corpo. Apesar das poucas horas de sono, meu corpo estava totalmente desperto, bocejei fortemente, Camila se remexeu na cama, mas não chegou acordar, apenas o corpo procurando por uma posição confortável enquanto dormia. Olhei para o quarto em busca de meu filho e não o achei, coloquei os pés para fora, ainda relutante de deixar meus amores sozinhos, por mim não desgrudava o olho nenhum segundo de Camila, mas estava a fim de preparar um delicioso café da manhã bem nutritivo para a grávida mais linda do mundo.

Saí da cama e fui em direção ao banheiro para fazer minha higiene pessoal, ao me olhar no espelho percebi que tinha um enorme sorriso no rosto e uma sensação gostosa de formigamento na barriga, meu corpo estava agitado, eu sentia meu peito bater em desordem e inúmeros sentimentos se misturando como uma vitamina misteriosa. Após a minha higiene desci direto para cozinha, não queria demorar muito porque Camila podia acordar a qualquer momento. Assim que cheguei lá encontrei David, ele esteva em cima de uma escada pequena, que dava a ele acesso aos armários mais altos. Ele pegava sua caixa de cereal.

- Bom dia. – disse calmamente para não o assustar, ele virou o rosto e sorriu.

- Bom dia mamãe. – desceu das escadas e serviu sua tigela com uma quantidade generosa de cereal. – Estou fazendo um café para a mamãe. – disse animado.

- Cereal? – perguntei assustada. Ele negou com a cabeça, um sorriso divertido brilhando na cara, seus cabelos estavam parecendo que ele havia levado um choque, me perguntava como ele achava bonito andar com todo aquele emaranhando assanhado.

- O cereal é para mim, para ela vou fazer sanduíche com presunto de peru e pão integral, suco de laranja e um copão de leite. – colocou leite em sua tigela. – Mama está acordada? – perguntou subitamente e deixou um pouco de leite cair em cima da pia, colocou o leite na pia e resmungou pela bagunça que fez, abri a geladeira e peguei uma maçã, David pegou um pano para limpar a sujeira.

- Ela ainda dorme. – mordi a maçã e me aproximei dele. – Desci para fazer o café dela também. – completei logo depois de engolir minha mordida.

- O que a senhora que fazer? – perguntou, pegando uma colher na gaveta e sua tigela. Ele foi até a bancada, que ficava no meio da cozinha, e pulou para sentar nela, girando o corpo para olhar em minha direção, neguei com a cabeça, reprovando aquele comportamento. David sabia que tanto eu como Camila detestávamos quando ele sentava na bancada, mas ele continuava com aquele péssimo hábito. – Desculpa! – pulou da bancada, indo em direção à mesa como um garoto civilizado, educado.

- Pensei em levar café com leite, do jeito que ela gosta...

- Com caramelo. – David disse o final da minha frase junto comigo, cansado de ouvir Camila falar sobre o quanto delicioso era café com leite e caramelo. Ele levou a colher cheia de cereal a boca.

- Sanduíche também é uma boa ideia, pensei em levar uma fatia da torta de morango que comprei ontem, ela não parou de frisar o quanto estava gostosa e passou a ser a comida favorita dela.

- Mamãe é exagerada! – exclamou de boca cheia, antes de engolir o bolo alimentar.

- Fala como se não tivesse herdado isso. – debochei. – E, por favor, não fale de boa cheia. – pedi bem devagar para ver se ele entendia. – Não quero ser chata logo cedo e começar a brigar. – ele sorriu amarelo e continuou comento desesperadamente o cereal. – Devagar, amor, se não vai se entalar. Não precisa essa pressa, nem come direito... Assim não saboreia a comida e nem mastiga o alimento. – resmunguei.

Enquanto David tomava o café da manhã, eu fiz café e bebi uma xícara para realmente poder dizer que estava acordada, fiz torradas e sentei para comer junto com meu filho, que fez vitamina de banana e morango, após comer seu cereal. David tinha o total domínio dos aparelhos eletrônicos da cozinha, ele apenas não tinha autorização para cozinhar sem a supervisão de um adulto, mas sabia fazer sanduiches, torradas, vitaminas e sucos.

[...]

- Amor? – chamei por Camila, que ainda dormia tranquilamente. – Amor? – tentei mais uma vez, aumentando um pouco a voz. – Está na hora de acordar meu anjo... – acariciei seus cabelos, colocando algumas mechas atrás da orelha. Camila resmungou baixinho. – Amooooor... – chamei de forma manhosa. Camila abriu os olhos e sorriu timidamente ao me ver segurando uma rosa vermelha. – Pensei que fosse hibernar. - brinquei. – Bom dia, minha princesa. – selei nossos lábios. Camila escondeu o rosto do travesseiro.

- Eu estou sentimental, não me acorde assim, eu choro... – sua voz saiu abafada por conta do travesseiro. Ela tirou o travesseiro e com certa dificuldade levantou, gemendo assim que sentou.

- O que foi Mama? – a voz de David se fez presente, Camila olhou atrás de mim e o viu segurando a bandeja do café. Olhei para trás e ele parecia preocupado.

- Meu Deus e esse príncipe segurando essa linda bandeja recheada com coisas deliciosas.

- Nós fizemos um café da manhã especial! – comentou animado, se aproximando e colocando a bandeja na cama. – Bom dia, Mama. – beijou sua bochecha. Camila o abraçou pelo pescoço e lotou seu rosto de beijo.

- Eu tenho os melhores amores do mundo. – disse com David ainda preso em seu abraço. Soltou o garoto e pegou um morango, mordendo em seguida.

Passamos parte da manhã jogados na cama na cama, apenas conversando, tirando fotos, contando piadas e brincando desde mímica até jogando cartas. Foi um tempo maravilhoso, e eu sentia uma energia tão boa irradiando. Era nosso laço familiar se fortalecendo cada vez mais.

Eu tentava manter uma conversa duradoura, mas acaba olhando no relógio querendo comprar o tempo, apenas para ter minha menina em meus braços. Camila sempre ria quando eu me desligava do mundo olhando para as horas.

Depois da manhã na cama, enquanto eu limpava a cozinha, David levou Camila para dar uma volta no quarteirão. Conversamos com o nosso obstetra e ele indicou um pouco de caminhada após a trigésima oitava semana para ajudar a iniciar o parto. Guilherme falou sobre o uso de remédios caso quiséssemos induzir o parto. A indução é a maneira farmacológica de adiantar um parto, mas ele falou sobre outras coisas e uma delas nos interessou bastante, que ajudaria ao bebê se posicionar.

O aumento das relações sexuais na fase final da gestação também favorecia as contrações uterinas e o trabalho de parto, então ele sempre aconselhava as mulheres que desejavam o parto normal investir nessa técnica, ou seja, fazer muito sexo. Camila e eu não reclamamos dessa ideia e acabamos aprendendo muito mais sobre a outra, principalmente a lidar com a barriga enorme, acabamos descobrindo posições sexuais que tornam o contato íntimo mais fácil para o casal, experimentamos muitas posições, sempre buscando o conforto dela. O sexo era maravilhoso e nossa conexão surreal, eu achava que não podia ser mais feliz, mas cada dia que se aproximava do nascimento, eu conseguia absorver uma poderosa bola de felicidade.

- Água. – Camila pediu assim que entrou na cozinha.

- A senhora está muito sedentária. – David brincou, corri para abrir a geladeira e servi Camila, não queria que ela ficasse muito tempo sem se hidratar.

- Aqui amor. – ofereci, ela sorveu goles grandes enquanto tentava recuperar o fôlego. – Parece que você correu uma maratona... – beijei sua testa e senti um gostinho de suor. – Foi só um quarteirão sua dramática... – apertei sua bochecha e selei nossos lábios, segurando sua cintura.

- Vai começar... – David desdenhou, fazendo uma cara como se fosse vomitar. – Alerta de glicose, vou para meu quarto, não quero virar diabético.

- Quando se apaixonar, você vai queimar a língua rapazinho. – Camila aumentou o tom de voz, rindo do seu comentário, para que David ouvisse, pois já tinha saído do ambiente.

- Me pergunto onde ele aprende essas coisas. – rocei nossos narizes.

- Internet, escola, televisão, com o convívio social... – apertou minha bochecha. – As crianças de hoje já nascem bem espertas porque são bombardeadas de informações... Às vezes o acho um meninão para a idade dele outras ele parece ser mais velho do que é, mas ele está crescendo no ritmo dele.

- Só quero que ele não pule nenhuma fase.

- E não vai pular. – tranquilizou-me, selando nossos lábios mais uma vez, iniciando um beijo terno.

[...]

- Amor, você não está sentindo nada? – perguntei pela terceira vez em menos de meia hora.

- Você vai me enlouquecer. – Camila resmungou, sem tirar os olhos do filme. Estávamos na sala, assistindo filme e esperando pela pizza que eu pedi. O relógio passava das seis e meia, mas nada da bolsa da Camila estourar. Minha ansiedade beirava a loucura segundo ela, mas eu me corroía por dentro, por mim já a tinha levado para o hospital a fim de induzir o parto, mas ela sempre me tranquilizava, que no momento certo a natureza seguiria seu ciclo. – Vai ligar para sua irmã, sua mãe, sei lá... Jogar vídeo game com David, já despachei ele pro quarto porque tagarelava, vou fazer o mesmo com você. – avisou. Baixei a cabeça, não havia nada que pudesse fazer, eu precisava controlar os fogos de artifícios que estavam prestes a explodir. Camila estava totalmente concentrada no filme, enquanto eu estava totalmente em alerta para algum sinal de que ela estava entrando em trabalho de parto. – Lauren... – pulei do sofá ao escutar seu gemido.

- O que? – perguntei assustada. – Estourou? – perguntei esperançosa. – Vou pegar a bolsa, chamar o David...

- Eu estou com fome. – completou ignorando meu pequeno surto, olhei para ela e ela continuava encarando a televisão, não era a primeira vez que surtava, então ela simplesmente ignorou minha loucura antecipada. – Se eu levantar vai ser uma luta para sentar e achar uma posição confortável. – colocou um biquinho na cara.

- O que você quer comer?

- Uma vitamina de banana, maçã e morango... – pediu dengosa, seus dedos deslizando por meu braço, me causando um pequeno arrepio.

- Volto em menos de dez minuto. – beijei sua testa. – Não saia daqui.

- Como se essa barriga deixasse eu me mover. – brincou, aspirei o perfume dos seus cabelos.

- Como estão as contrações? – perguntei mais alto enquanto saia da sala.

- Agora estão como cócegas. – comparou. – Antes que pergunte... – ouvi seu grito. – Não são ritmadas. – suspirei frustrada, minha mente trabalhando, programando cada ação para quando ela entrasse em trabalho de parto.

Abri a geladeira e peguei as coisas para fazer a vitamina, David apareceu correndo.

- Oi mãe. – disse assustado. – Achava que estava assistindo filme. – abriu a geladeira e pegou suco de pêssego.

- Sem beber no gargalo... – informei, enquanto cortava bananas. David abriu o armário e pegou um copo. – Vamos perder essa mania horrível. – pedi, sem noção de quantas vezes já o tinha repreendido por isso. – Gostaria de saber com quem aprendeu esse hábito?

- Com o tio Chris e o tio Siope. – deu de ombros, rolei os olhos, imaginando que para tal hábito horrível só podia ter sido eles. – Mama está bem? – mudou de assunto rapidamente. Eu cortava as bananas em fatias dentro do copo de liquidificador.

- Sim, está tranquila assistindo ao filme, não me deixa dar um pio, diz que estou a atrapalhando. – lavei os morangos e comecei a cortar em poucas fatias.

- Vai ser expulsa do recipiente como eu fui. – debochou, servindo-se de mais suco.

- Mas ela não vai me mandar para o quarto como fez com você. – revidei, deixei a faca e me aproximei para fazer cócegas nele.

- Se a senhora falar demais aposto que ela faz isso, e a senhora vai para o quarto também, bem zangadinha por estar de castigo. – implicou, arqueei a sobrancelha desacreditada do que ouvi.

- Vou te mostrar a zangadinha, pirralho... – ameacei com um sorriso maquiavélico no rosto. Minhas mãos indo em direção a seu corpo, David começou a se afastar lentamente.

- Eu estava brincando... – disse com uma cara de medo, aumentei meu sorriso. – Mama, era só brincadei...

- LAUREN. – o grito da Camila se fez presente, David e eu corremos para a sala. Meu coração começou a bater freneticamente, assustado com o grito, imaginando as piores coisas.

Camila estava em pé uma segura o braço do sofá e a outra o pé da barriga, seus olhos estavam fechados e ela parecia tentar respirar fundo.

- Mama... – David gritou assim que chegou.

- O que foi amor? – perguntei alarmada, corri para que ela, para fazê-la se apoiar em mim, rodeando meu braço em sua cintura.

- Hmmm, acho que Anabella resolveu fazer acrobacias... – gemeu, ela apertou minha mão com força.

- A bolsa estourou? – David perguntou visivelmente preocupado, ele já estava ao lado da mãe, para caso eu precisasse de auxílio.

- Não... Ainda não, mas essa contração veio muito forte. – resmungou. – Bem na melhor parte do filme.

- Não sei como ainda pensa nesse filme. – resmunguei.

- Deixe de ser rabugenta, se não estivesse falando toda hora teria prestado atenção e visto que o filme é muito bom!

- Vamos ao médico? – meu filho questionou.

- Ainda não amor, a bolsa não estourou. – Camila tranquilizou. – Eu só quero sentar e achar uma posição confortável e quem sabe tomar minha vitamina. – explicou, David e eu a ajudamos a sentar. David sentou ao lado de Camila, ele começou a fazer um leve carinho em sua barriga, seus dedos moviam-se levemente e com certo receio, talvez medo de machucá-la. – Apenas me assustei com a forte contração...

- Sua irmã está se posicionando para nascer... – tentei explicar, me agachando em frente a Camila e ficando entre suas pernas. – Princesa, você nos assustou... – disse olhando a barriga de Camila. – Vou fazer a vitamina que sua mãe pediu, por favor, nada de movimentos bruscos!

[...]

As coisas aconteceram de uma hora para outra, tudo foi tão rápido que não sabia explicar com palavras o que exatamente aconteceu, na verdade não conseguia colocar em ordem as coisas conforme ocorreram. Passava-se das dez da noite, estávamos no quintal, David e eu sentados na borda da piscina com os pés mergulhados, e Camila deitada na espreguiçadeira.

- Ai... – ela resmungou. – A bolsa estourou... – disse calmamente, seus olhos fixos no fluído que escorria por sua perna. Levantei rapidamente, em questão de segundos David e eu estávamos ao seu lado, a ajudando a se levantar. – Ai... – gemeu assim que ficou de pé.

- David pegue as coisas da sua irmã no quarto. - ordenei, meu filho começou a se afastar. - Eu vou pegar a chave do carro... – disse me afastando.

- E eu vou ficar aqui sozinha? – Camila perguntou incrédula, bati na testa seguidas vezes antes de retornar até ela. – Respira, Lauren... – ela pediu.

- Amor, você que precisa respirar. – lembrei. – Puxa o ar com força, segura e depois solta.

- Minha mulher vai enlouquecer antes que a filha dela nasça. – jogou as mãos para o alto. – David, pegue o telefone e disque para Guilherme, o meu obstetra. – ela pediu. – Você. – apontou para mim. – Calma. – soletrou. – Me ajude, eu preciso de um banho... As contrações não estão ritmadas, então nada de se desesperar. – enlaçou nossas mãos. – Não estou sentindo dores fortes, então não surte!

O tempo até a chegada ao hospital consistiu de uma Camila muito calma. Ela conversou com o obstetra que perguntou sobre o rompimento da bolsa, sobre sangramento vaginal, sobre as contrações estarem ou não ritmadas. Camila tomou um banho, enquanto David pegava as bolsas para levar ao hospital e eu ligava para minha mãe e depois para os pais de Camila para avisar que estávamos indo ao hospital.

No caminho para o hospital Camila aproveitou para ligar para Sofia, Taylor e Christopher. Passei o percurso todo perguntando sobre dores ou sobre as contrações, mas minha mulher não parecia sentir nada. No banco de trás David tagarelava com sua melhor amiga, Rachel, sobre sua irmã está chegando. Próximo ao hospital Camila sentiu Anabella se mexer, e mostrar o bumbum, mas na além disso. Ela estava muito calma, enquanto eu surtava totalmente. Imaginava que estava preparada para o momento, mas meu mundo caiu com as últimas vinte quatro horas de espera, tudo que eu conseguia ansiar era por ter minha pequena em meus braços.

Era assustador, angustiante, mas também era excitante a espera, e, meu corpo formigava, eu queria ser capaz de ler o que passava na cabeça de minha mulher para comparar nossos níveis de ansiedade, não para eleger uma vencedora, mas apenas para entender tudo que se passava na cabeça dela nesse momento, o nascimento da nossa filha.

- Está sentindo algo? – estávamos no quarto do hospital, Camila se trocava.

- Um pouco de cólica e dores nas costas...

- Respira fundo amor... – pedi alarmada, as informações que tinha lido em livros, visto em vídeos e aprendido no curso chegavam embaralhadas a minha boca e eu estava sem saber o que falar, tentando processar tudo para saber o que melhor dizer, mas era claro que Camila estava mais calma que eu. – Respirar fundo ajuda a controlar as dores nas costas.

- As contrações estão mais próximas umas das outras, mas ainda não são regulares.

- Está sentindo o quê?

- É uma dorzinha, não é forte, ainda, mas... – tentou explicar. - Não sei explicar, parece o desconforto que você sente no braço quando tira a pressão... – fez uma analogia.

3 horas depois

Camila estava deitada, a enfermeira já havia checado, as contrações estavam ocorrendo de cinco em cinco minuto, ela não sentia dor, mas dizia que estava começando a ficar incomodada. David estava na sala, ele fazia pequenos filmes, enquanto ainda podia ficar. Minha mulher estava em uma cama sendo assistida por aparelhos que media suas contrações, seus batimentos cardíacos e o do bebê. Ela já estava reclamando de dores nas costas.

Após 30 minutos, as contrações estavam mais fortes tanto que ela não conseguia manter os olhos abertos. David massageava suas costas ou fazia carinho em seus cabelos sempre que a contração chegava. Camila resmungada de dor e dizia que seu útero estava dando um nó. O relógio caminhava em um lento badalar, à medida que as contrações ficavam mais fortes, ela tinha dilatado apenas um centímetro.

- Eu estou exausta... – choramingou. Tudo que eu queria ela colocar Camila no colo e retirar aquela dor, meu coração se apertava sempre que ela gemia de dor quando a contração chegava.

Os batimentos da Bella ecoavam pelo quarto e meu coração batia ritmado ao dela. O coração dela batia em perfeita saúde.

Após algumas horas Camila estava com quatro centímetro de dilatação, a enfermeira disse que era bom, pois significava que ela estava se encaixando e descendo. Camila foi posta de lado para ajudar a neném descer. A dor continuava cada vez mais forte e tudo que Camila sabia fazer era inspirar e expirar e depois reclamar de dor, minha mulher estava suando muito tanto que eu ficava limpando sua testa de tempos em tempos. Quando ela estava próxima do parto, David foi retirado da sala e ficou com Sofia, que já estava no hospital junto com o Allan. Camila tinha dilatado dez centímetros.

Minhas mãos tremiam, meu rosto suava, minha garganta estava seca, meu coração batia loucamente e as palavras não descreviam aquele momento. Eu me sentia renascer naquele momento, forte e invencível e ao mesmo tempo, a pessoa mais frágil de mundo. E mesmo sem tê-las nas mãos um laço inquebrável, um amor mais forte que tudo, mais obstinado que tudo, mais duradouro que tudo preenchia meu corpo.

- Eu consigo ver a cabecinha preta... – solucei, tomada por uma emoção inenarrável. - Ela é cabeluda. – comentei abobalhada ao ver a cabecinha dela cheia de cabelos, bem negros. Camila chorava de forma silenciosa enquanto fazia força para nossa pequena nascer.

Inquietação e certeza, aquilo era meu infinito particular.

Ela empurrou e fez bastante força, por cerca de quinze minutos, então uma linda mágica aconteceu, e a cabeça de minha pequena saiu, e, ela já não era mais minha imaginação, estava ali materializada ante meus olhos.

Uma grande mistura de emoções chacoalhava meu corpo.

- Força amor. – pedi, minhas mãos entrelaçadas com a dela, enquanto eu observava, não, eu contemplava a maravilha que a natureza produzia.

- Força, Camila, ela está vindo. – a enfermeira dizia.

- Meu Deus! – exclamei estupefata, meu coração vibrando em meu corpo, enlouquecido, transbordando de amor – Ela é perfeita... – minha voz estava chorosa, meu corpo formigava em felicidade. – Está perto amor... – disse quase como uma súplica. Camila chorava, um brilho lindo em seus olhos. – Oh meu Deus!

O som mais lindo se fez presente. Forte e alto, um aviso da sua força e bravura. Minha filha saiu e começou a chorar. Minhas mãos tremeram ao ver aquele pequeno ser arroxeado chorando fortemente. O obstetra a segurou com maestria, passando para a pediatra, que aspirou as secreções da boca e narinas, limpando a passagem de ar para que minha menina pudesse respirar sozinha pela primeira vez. Depois colocou rapidamente nos braços de Camila, que chorava tanto quanto nossa pequena.

- Mamãe está aqui. – Camila falava abobalhada. – Meu amor, finalmente está em meus braços... – ela foi coberta com um pano, ainda ligada ao cordão umbilical enquanto era limpa pela enfermeira, nos braços de Camila. – Mamãe está aqui... – eu não tinha palavras, meu corpo estava inerte diante daquela cena. – Eu te amo, minha pequena... Estou aqui! - minha mulher tocava em seus dedinhos, em suas mãozinhas, em seu nariz. Anabella continuava a chorar. – Você é tão linda, minha doce princesinha... Uma linda menina, forte e saudável... – uma das enfermeiras continuava limpando minha pequena. Eu queria falar, mas as palavras não se formavam, eu apenas olhava embasbacada para as mulheres da minha vida.

Medo, amor, força, preocupação, alegria, um coquetel se formava em meu peito, todos os sentimentos se misturando e transbordando em meu choro.

- Pronta? – a enfermeira chamou minha atenção para que eu cortasse o cordão umbilical, acenei ainda atordoada e peguei a tesoura, não queria desviar os olhos de minha pequena avermelhada, que chorava constantemente, assustada por ter saído do seu mundinho aconchegante. Depois que cortei foi feita a ligadura do coto umbilical.

- Amor... – falei com a voz baixa. – Ela é a sua cara. – completei ainda totalmente sem reação. Meu corpo se locomovendo sozinho e acariciando a cara de minha pequena, tão minúscula, tão fofa e tão doce. Um arrepio gostoso preencheu minha pele. Sentia um gostoso pinicar por meus dedos à medida que acariciava minha filha. Funguei tentando recuperar a respiração. – Eu posso... – pedi timidamente, meus olhos vidrados em cada pequeno movimento.

- Claro! – uma enfermei pegou Bella e cuidadosamente a pôs em meus braços, nos primeiros trinta segundos fiquei alarmada sem saber o que fazer.

- Oi princesa... – sussurrei. Era como se eu fosse a mulher mais forte do mundo, a mais resistente, inabalável, inquebrável e indestrutível. – Sou eu, a mamãe. – meus dedos acariciavam seu rosto, reconhecia cada pequeno detalhe. Ondas de leves choques preenchiam aquele contato, era nossa primeira conexão, mãe e filha. - Não precisa chorar, eu estou aqui... Mama Camila e eu estamos aqui, nada vai te fazer mal... – sentia meu amor tão intensamente por aquela pequena criaturinha que não cabia no peito. – Eu te amo tanto que meu peito dói... – sussurrei. Olhei para Camila, que assistia nossa interação. – Olha, amor... – a chamei assustada. Nossa filha tinha segurando meu dedo com força. – É a mamãe, meu amor... Que força você tem. – brinquei. – Não precisa chorar, estou aqui...

- Ela reconheceu sua voz... – Camila disse chorosa. – Aposto, olha a carinha dela. – pediu boba, babando assim como eu por aquele ser lindo.

- Nós estamos aqui... A Mama Camila e a Mama Lauren, nada vai te fazer mal, minha boneca de porcelana.

Anabella parou de chorar, seus dedinhos agarrando meu dedo como se fosse seu porto seguro. E eu queria, apenas, que aquele momento durasse para sempre.

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E aí, como estamos?

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