Secrets Segunda Temporada

By sweetcabello21

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Quatro anos após o casamento, Lauren e Camila decidem aumentar a família e dar a David, o primogênito do clã... More

Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVI
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXIX
Capítulo XXX
Capítulo XXXI
Capítulo XXXII
Capítulo XXXIII
Capítulo XXXIV
Capítulo XXXV
Capítulo XXXVI
Capítulo XXXVII
Capítulo XXXVIII
Capítulo XXXIX
Capítulo XL
Capítulo XLI
Capítulo XLII
Capítulo XLIII
Capítulo XLIV
Capítulo XLV

Capítulo XVIII

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By sweetcabello21

Como prometido, vou postar uma pequena maratona, mas... Vamos sacudir um pouco esse casamento, espero do fundo do coração que não me matem, mas eu tento a todo custo levar essa estória a um ponto real, e qualquer relacionamento não é só um mar de flores... O eterno conto de fadas só existe em livros, a vida é uma puta... Então não me odeiem, mas elas precisam desses momentos (que durarão alguns capítulos) para amadurecerem como pessoas e perdoarem erros que nunca perdoaram mesmo com esse tempo juntas... Às coisas não serão fáceis, mas faz parte de viver e estar casada com alguém.

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Lauren POV

Minha boca percorria todo o corpo daquela mulher que tremia em baixo de mim, pequenos espasmos se apossavam do corpo dela, passei os lábios pelo vão de seus seios tendo com o foco chegar aos seus suculentos lábios, mordi lentamente seu queixo, enquanto ela estava de olhos fechados aproveitando as caricias de meus dedos por sua lateral.

Camila estava ofegante, com a respiração descompassada, esmaguei meus lábios contra os dela em um beijo urgente e apaixonado, nossos quadris nus movendo-se lentamente, impus minha língua contra seus lábios e ela rapidamente me deu total acesso a sua boca, o gosto de sua boca misturava-se com o seu gosto, que a pouco eu havia degustado. Beijar Camila depois de tê-la como mulher era totalmente inexplicável.

Possessivo, dominante, apaixonante, quente, urgente e entregue.

- Isso... – ela puxou o ar com força tentando formular uma frase. – Foi... Foi... – eu brincava a ponta do meu dedo direito por sua barriga, percorrendo aquela pele quente e saliente. Meus olhos totalmente hipnotizados por aquela mulher latina que ofegava abaixo de mim, seus cabelos desgrenhados, seus lábios entreabertos enquanto ela buscava as palavras certas para descrever nosso momento, o sorriso no meu rosto foi inevitável e instantâneo.

- Eu te amo. – disse por fim, sem palavras para descrever aquela mulher e o que acabara de acontecer, meu coração batia sem ritmo, totalmente louco por ela, era totalmente surreal o quanto pertencia a ela e não a mim, como meu corpo respondia a cada gesto dela, entregue e submisso.

Camila puxou mais uma vez o ar tentando normalizar a respiração e assim que conseguiu, sorriu em resposta. Seus dedos se enrolaram em meu pescoço e ela me puxou para um beijo.

- Eu também te amo muito... – ela respondeu com os lábios colados aos meus, sua respiração quente aquecendo meu coração, minha alma transbordando de sensações e cores, eu era o arco-íris. Camila roçou nossos lábios, seus dedos acariciando minha nunca e enviando vibrações por meu corpo. Sem pressa, sem afobação e como se o tempo fosse nosso, ela colou nossos lábios e iniciou um beijo calmo em que nossas bocas se moviam em sintonia e entrega. Ela sem nenhuma pressa girou um pouco a cabeça e pediu acesso a minha boca com sua língua, que logo permiti. Sua língua aveludada tocava a minha com delicadeza e cuidado, uma mistura entre explorar e acariciar, dominar e ser dominada, pressa e calma, nós dançávamos em um ritmo silencioso.

O beijo foi quebrado apenas quando o ar se fez necessário, Camila o encerrou com alguns selinhos, no rosto um sorriso puro, ela possui inúmeros sorrisos e caras, mas aquele sorriso com o qual ela me presenteou fez meu coração falhar, ela sorriu com ternura e esse sorriso sempre aparecia quando estava relaxada e feliz, era tão simples e infantil, que me peguei admirando-o e palavras não era capaz de expressar aquele sorriso tímido, era como se ela rejuvenescesse alguns anos e voltasse a ser a adolescente sonhadora que eu via nos vídeos caseiros, na casa de sua mãe, em Miami.

- Quer comer algo? – ela perguntou timidamente, os anos poderiam passar a vontade, mas ela sempre ficaria encabulada quando eu perdia meu olhar em seu sorriso, sorri terna, mas neguei com a cabeça, tudo que eu queria era ficar em silêncio apreciando aquela mulher, ela pensou em dizer algo, mas a interrompi com uma sequência de beijinhos, meu corpo apenas pedindo, implorando pelo corpo dela, por tocá-la e beijá-la. – Amor, para de me olhar assim! – resmungou manhosa, puxando meu corpo para que me aproximasse e ela pudesse esconder seu rosto na curva do meu pescoço. – Você sabe que sempre que me olha assim eu fico vergonha e já não tenho mais idade para ficar vermelha por causa dos seus olhos, sinto-me como se fosse sugada para um mundo verde, misterioso e apaixonante.

- Eu amo te deixar vermelha. – disse, inspirei profundamente, sentindo-me relaxada com o cheiro de seus cabelos. – Você fica extremamente encantadora e mais apaixonante quando está com vergonha, eu sou escrava da sua vergonha, pois ela aparece em raros momentos e quando sei que sou responsável por essas bochechas coradas e esse sorriso encabulado, eu me sinto a mulher mais foda do mundo, meu coração vibra e eu sei que estou fazendo as coisas certas. – afastei delicadamente seu rosto da curva do meu pescoço, Camila voltou a encostar a cabeça na cama, eu a olhei no fundo dos olhos e prossegui. – A outra coisa que me deixa louca... – sussurrei roucamente, senti Camila tremer levemente abaixo de mim. – quando te deixo vermelha e sem palavras depois que te chupo todinha! – comentei de forma arrogante e mordi o lábio inferior para provocá-la ainda mais, Camila engoliu em seco e abriu a boca duas vezes, mas nada saiu de sua garganta, quando as palavras estavam para se libertarem, eu toquei com o indicador em seus lábios. – Não diga nada meu amor, eu apenas quero vê-la totalmente entregue, vermelha e ofegante, é a melhor resposta que pode dar, quero que seu corpo responda para mim... – não esperei que ela processasse minhas palavras, ataquei violentamente seus lábios com urgência, sede e desejo. Meus dedos desfilaram por sua barriga por pouco tempo e logo desceram para aquecer-se onde eu tanto almejava, sem enrolação ou provocações, eu deslizei meus dois dedos, que escorregaram facilmente, para dentro dela. Camila gemeu entre meus lábios enfurecidos, que sugavam sua língua com paixão e dominância.

- Geme do jeito que eu gosto. – ordenei assim que nossos lábios se afastaram. Meus dedos saindo e entrando fortemente, penetrando-a com intensidade enquanto meu polegar estimulava seu clitóris inchado. Nossos corpos movendo-se no ritmo das minhas estocadas.

Meu corpo vibrava de prazer a cada gemido que recebia de minha mulher, correntes elétricas passavam do corpo dela para o meu sempre que a tocava profundamente e sua respiração se descompassava. Dar prazer a ela era formidável, meu corpo respondia a cada resposta do corpo dela, e eu me sentia uma maestra responsável por aquela sinfonia. Assim que percebi que ela estava à beira do precipício, próxima ao seu momento máximo, eu aumentei o ritmo e esperei que ela se jogasse e ela o fez. Seu corpo entrou em frenesi dando pequenos espasmos, Camila fechou os olhos e eu a beijei enquanto chegava ao meu momento, então eu removi meus dedos e flexionei minhas pernas, sem forçar meu corpo sobre o dela, de forma que nossas intimidades se tocaram, ela gemeu audivelmente como resposta. Nossos corpos tremiam e moviam-se ritmado, enquanto eu sentia uma explosão acontecer ao meu redor, as cores misturavam-se e preenchiam o ambiente, e de repente me senti tomada por descargas elétricas, meu corpo todo tensionado para um súbito relaxamento, eu não sentia mais minhas pernas, era apenas um pedaço de gelatina buscando forças para não cair exausta em cima de Camila. Deitei ao seu lado e inspirei profundamente, perdendo noção de tudo ao meu redor e incapaz de pronunciar uma palavra, a respiração descompassada e o suor escorrendo pelo rosto.

Eu nunca me cansaria de fazer sexo com aquela mulher ao meu lado, Camila era um pecado da qual eu me orgulhava de cometer.

[...]

- Amanda? – abri a porta da minha sala e coloquei a cabeça para fora.

- Sim, senhora Jauregui? – ela respondeu tirando os olhos da tela do computador e ajeitando seus óculos, levando com o indicador até o nariz.

- Encomende a maior pizza que tiver, quero metade calabresa e metade portuguesa, passe no meu cartão e peça para entregar em minha casa por volta das vinte horas. – ela acenou em concordância e eu voltei a arrumar minhas coisas, pois estava oficialmente me dando um pouco mais de tempo, resolvi sair mais cedo e olhar algumas lojas de roupas infantis antes de pegar David na escola, estava com algumas ideias de roupas diferenciadas na cabeça e estava disposta a rodar todas as lojas possíveis até comprar o que desejava, se Camila estava achando que nossa filha será uma cópia dela, ela está terrivelmente equivocada, já sonhava em andar com Anabella de vestidinho, de jaqueta e um All Star nos pés ou talvez botas de combate. Sorri largamente ao imaginar. Sabia que estava muito cedo para essas roupas, mas nada me impediria de procurar roupas de recém-nascido ao meu estilo, David ficaria mais encantado pela irmã.

Após organizar meus documentos, que precisava ler, em minha pasta, desliguei meu computador e me espreguicei, peguei as chaves do carro e meu celular em cima da mesa, depois da noite maravilhosa que havia tido com minha mulher, meu humor estava radiante e nada tirava meu sorriso da cara, o dia está passando perfeitamente bem, sem imprevistos ou dores de cabeça, até a audiência de conciliação que fui pela manhã foi maravilhosamente tranquila.

- Amanda, caso a Camila ligue para o escritório diga que...

- Lauren. – Henry entrou e me cumprimentou com um aceno, interrompendo minha fala. – Hoje estamos querendo fazer uma social depois do escritório... – colocou as mãos no bolso. – A galera quer repetir a vez passada, mas para você menos álcool dessa vez. – tirou a mão direita do bolso e coçou a nuca e eu rolei os olhos com a lembrança. – Eu fiquei encarregado pelo convite, Pietro acha que eu ou a Rayssa somos os únicos que conseguimos te arrastar para socializar. – rolei os olhos novamente. – Qual é! Foi legal, você só precisa se relembrar como bebe assim não fica alegrinha facilmente e não começa a tagarelar sem parar sobre a Ane... – começou a gargalhar.

- Uma mãe não pode ficar extremamente feliz com o nascimento do filho? – perguntei indignada.

- Claro que pode, longe de mim dizer o contrário. – levantou as mãos em rendição. – Mas acho que o garçom não gostou muito de você ficar chamando-o de cinco em cinco minutos para mostrar as imagens da ultrassonografia da Ane, como você disse mesmo? - coçou o queixo. – Ah, lembrei, as primeiras fotos da princesa Cabello-Jauregui!

- Você veio aqui apenas para me irritar? Caso tenha sido, pode se retirar. – virei o rosto e olhei para Amanda que digitava algo fingindo não acompanhar nossa conversa, ela era bem discreta e eu gostava disso. – Amanda, por favor, se Camila ligar avise que não terei nenhuma reunião e que poderei pegar David na escola. – informei e ela concordou com a cabeça e um sorriso polido.

- Camila não liga para seu celular? – Henry perguntou.

- Sim, mas às vezes o esqueço no carro ou longe de mim e acabo por não atender, então muitas vezes ela liga direto para o escritório para falar comigo e como hoje avisei que tinha um cliente e fiquei de confirmar se pegaria o campeão, ela pode acabar ligando para Amanda a fim de falar comigo... Só que a senhora Thomas acabou desmarcando e isso me deu um final de tarde livre!

- Isso é bom, então vai socializar conosco.

- Eu queria, mas tenho que pegar David na escola!

- Você pode sair mais cedo. – respondeu como se fosse óbvio.

- Eu queria ir comprar umas coisinhas...

- Você compra depois. – interrompeu-me, aproximou-se de mim e tocou em meus ombros. – Vamos lá Jauregui, não será nada demais, apenas vamos conversar e tentar relaxar um pouco, tanto eu como você e os outros sabemos que às vezes nossos clientes nos tiram a paciência ou o quanto aqui se torna cansativo. – sorriu como se fosse óbvio. – Por que você não liga pra Camila, quem sabe ela não consiga uma babá para ficar com David e vocês duas possam ficar mais tempo. – suspirei ponderando a situação.

- Camila está no escritório, hoje ela tem uma reunião com seus sócios e acho que ela sairá tarde, por isso eu fiquei de pegar o David!

- Então você vai conosco, fica um pouco e depois está liberada para pegar o filhão!

- Não sei... – falei em dúvida.

- Vai ser legal. – ele insistiu novamente, afastando-se e se aproximou da mesa da minha secretária. – Você poderia me ligar a sala 213, por favor. – olhou para mim e prosseguiu. – Vou avisar ao Pietro que você vai, vamos já sair, que horas você precisa pegar David?

- Às dezessete e meia. – olhei em meu relógio de pulso, faltava quase duas horas.

- Você fica com a gente por duas rodadas e te liberamos... Alô – voltou a atenção ao telefone. – Missão comprida, Lauren vai conosco...

- Eu não confirmei nada. – resmunguei.

- Passa na minha sala – ele ignorou meu protesto. - e pega minha pasta, liga pra Keana, quando eu estiver descendo vou ligar pra Rayssa, ela vai nos encontrar lá. – duas rodadas de cerveja não me faria atrasar, eu raramente saia com eles, então eu podia socializar um pouco e depois pegar meu filho.

Eu me sentia confortável com eles, além de me convidarem sempre, Camila saia com as meninas e mesmo gostando muito de todas, eu queria ter meu grupo de amigos, e eu me sentia assim nas poucas vezes que saí com eles, não faria nada de errado.

- Certo, eu vou com vocês!

Henry sacudiu o braço direito em comemoração. E eu neguei com a cabeça, ele conseguia ser bem irritante quando queria, mas era o palhaço da turma e todos o adoravam.

Não demorou muito e todos nos encontrávamos em um barzinho próximo ao escritório, os outros frequentavam o lugar sempre, como me disseram, e por isso já tinham intimidade com os garçons. Assim que chegamos, Pietro, Henry, Keana, Daniel e eu, fomos logo pedindo alguns aperitivos enquanto esperávamos Rayssa chegar e ela não demorou muito. Henry logo pediu a primeira rodada e disse que seria por conta dele e todos logo comemoraram.

- Que bons ventos trazem você aqui Jauregui? – Keana perguntou. – Sempre recusando nossos convites e na vez passada que foi eu não pude, até achei que esse milagre não aconteceria novamente. – bebericou a cerveja do seu copo.

- Henry me irritou tanto...

- Mentira. – ele levava o copo a boca para beber sua cerveja, mas o tirou rapidamente para reclamar e colocou o copo de uma vez na mesa, fazendo parte da bebida derramar. – Merda. – gritou afastando-se rapidamente para que a cerveja não escorresse da mesa para sua calça.

- Que desastrado. – Pietro reclamou. Keana negou com a cabeça e levantou a mão para chamar a atenção do garçom. – David amigão limpa essa bagunça aqui. – Pietro pediu.

- Seu nome é David? – ele sorriu e acenou em concordância. – Meu filho também se chama assim, ele tem dez anos. – comentei orgulhosa.

- Lauren nem bebeu ainda e já ativou a mãe coruja. – Rayssa zombou, bebi um gole de meu copo me sentindo desconfortável, eu adorava falar dos meus filhos e não via problema nisso, talvez eles não gostassem nesses momentos ou eu que estava acostumada com as meninas falando e falando de cada pequena aventura ou peripécia dos filhos.

Começamos a engatar uma conversa descontraída sobre lugares exóticos que conhecíamos, ou destinos que estavam em nossos planos para conhecer, assim que todos terminaram de beber a primeira rodada, Henry se ofereceu gentilmente para pagar a segunda, coisas que todos comemoraram euforicamente.

- Camila sonha em conhecer o Brasil, mas nunca dar certo, quando conseguimos conciliar nossas férias com as de David, ele pediu para ir a Londres, acabamos que fizemos uma viagem de três semanas para rodar pela Europa, nessas férias ele disse que já escolheu nosso roteiro, ele quer que dediquemos um bom tempo explorando a Itália. – peguei meu copo assim que chegou e bebi um gole. – Mas não sei, Bella será muito pequena. – dei de ombros.

- O Brasil é lindo. – Rayssa disse. – Henry e eu passamos a lua de mel no Rio de Janeiro e a três anos atrás voltamos. Conhecemos a cidade da Bahia no carnaval... – gesticulou com as mãos mostrando sua animação ao lembrar da viagem.

- O carnaval brasileiro é insano, todos dizem que o país para e é totalmente verdade, é algo inexplicável, exótico, encantador e um pouco assustador para quem não é acostumado.

- Bem assustador. – Rayssa frisou. – Mas eu amei e pretendemos voltar novamente!

- Fiquei curioso agora. – Daniel falou, levando o copo a boca e bebendo um grande gole e acabando com toda a bebida. – Terminei. – bateu o copo na mesa. – Vamos bebendo, vamos logo... – incentivou batendo palmas e olhando para nossos copos. – Quero pedir a próxima rodada e descobrir que será a alma boa que pagará! – puxei meu celular e bati com a mão na testa, me praguejando por ter esquecido de carregá-lo, estava quase descarregado.

- Eu preciso ir. – informei colocando o celular de volta no bolso da calça.

- Não bá... – Pietro disse com a boca cheia de batata frita.

- Eu prometi ficar até a segunda rodada, preciso pegar meu filho. - bebi o último gole, acabando com a bebida do meu copo.

- Fica. – Keana tocou meu braço. – Eu pago a próxima rodada.

- Oba! – Daniel levantou o copo para chamar a atenção do garçom.

- Quem sabe em uma próxima. – respondi educadamente.

- Mais uma rodada. – ela insistiu.

- Deixe a Lauren ir, não se pode deixar um filho esperando. – Rayssa pegou uma batata frita e mordeu. – Foi um prazer tê-la conosco, espero que isso se repita com mais vezes. Na próxima traga Camila, sinto que ela está nos dando bolo como você fazia! - sorriu.

Despedi-me de todos e fui para meu carro, assim que entrei procurei logo porta-luvas por alguma bala ou chiclete, David vivia deixando lá e esquecendo, não queria pegá-lo com um cheiro de cerveja. Achei umas partilhas de menta, que logo tratei de colocar na boca.

Dirigia tranquilamente, a escola de David ficava um pouco longe do meu escritório, mas já conhecia um caminho sem muito trânsito, na verdade com menos trânsito que os outros, pois Nova York não parava, bastava ter asfalto já tinha um carro ou moto ocupando o espaço.

Assim que virei à direita tendo acesso à avenida, meus olhos se arregalaram com a quantidade de carros, totalmente incomum àquele horário, olhei no meu relógio de pulso e suspirei ainda chegaria antes do sinal tocar, mas perderia alguns minutos presa naquele engarrafamento.

Os poucos minutos se tornaram dez, depois vinte, trinta. Suspirei frustrada ao ver que meu carro mal havia andado após trinta minutos, olhava as horas constantemente, o sinal estava para tocar e eu estava totalmente longe da escola. Resolvi pegar meu celular para ligar para Camila a fim de informar que estava presa em um engarrafamento, liguei o rádio para distrair minha cabeça.

- Merda. – praguejei assim que descobri que meu celular havia descarregado totalmente. E para piorar o cara na rádio informou que a avenida em que me encontrava estava totalmente bloqueada por causa de um acidente entre um caminhão e um carro, tendo apenas uma única mão para evasão dos carros. Olhei para trás e bati na cabeça ao ver vários carros atrás de mim e muitos outros em minha frente, xingando mentalmente por estar totalmente fechada, quase atrasada e incomunicável. O dia estava incrivelmente maravilhoso e, de repente, eu estava sufocando dentro do meu carro, sentindo-me claustrofóbica presa entre tantos carros dentro da minha sardinha enlatada.

- Merda... Merda... Merda! – repeti enquanto meu carro moveu-se um pouco, mas quase nada. – Andem seus filhos da puta! – apertei os dedos com força no volante, vendo os nós dos dedos ficarem vermelhos. – Mas que porra. – disse frustrada e deixei a cabeça cair no volante não me importando com o barulho da buzina. – Meu filho está me esperando. – resmunguei sem forças. A buzina soando em meus ouvidos como o julgamento de Camila ao tentar me ligar e não conseguir se comunicar comigo.

Os minutos viraram horas, uma, duas, três horas presas no engarrafamento, até que consegui fugir daquele lugar infernal, não sentia mais minhas pernas, minha cabeça latejava e eu me sentia com o estômago revirando.

Dirigi até a escola, meu coração pesando por saber que meu filho me esperava há horas. Assim que cheguei não vi mais ninguém, pois a mesma estava fechada, xinguei inúmeras vezes sem imaginar onde meu filho podia ter ido, mas estava totalmente incomunicável e frustrada como meu dia se encaminhava para o inferno. Desci do carro e fui até um segurança e o mesmo informou que não havia ninguém além dos zeladores, pois até os alunos que estavam com advertência e ficavam um horário a mais, já haviam ido embora. Respirei fundo sentindo meu peito afundar numa tensão de não saber onde meu pequeno estava. Sem muita ideia do que podia ter acontecido e tentando manter a calma, agradeci ao segurança e voltei ao carro, querendo correr para minha casa apenas par ter certeza que meu filho estava lá, salvo, seguro, largado no sofá.

Eu queria que a dor que crescia em meu peito diminuísse, mas cada vez que me aproximava de minha casa, meu peito se comprimia mais e mais. Era como se o ar me fosse tirado, meu coração fosse apertado cruelmente, minhas mãos suavam e um nó estava formado em minha garganta, respirar era incômodo.

Estacionei o carro de qualquer jeito e assim que entrei em casa fui recebida bom uma Camila impaciente caminhando de um lado para o outro.

- ONDE VOCÊ ESTÁVA? – gritou assim que me viu e arremessou o telefone em mim, meus reflexos foram mais rápidos e eu me abaixei e escutei o baque do aparelho preto sendo colidido com a porta que eu acabara de fechar. – EU TE LIGUEI MAIS DE CEM VEZES. – urrou, enquanto se aproximava, suas mãos acertando tapas em meu corpo e eu me defendi da forma que podia. – VOCÊ ESTÁ COM CHEIRO DE ÁLCOOL SUA VAGABUNDA. – aumentou ainda mais o tom de voz. – VOCÊ NÃO IMAGINA TODOS OS ACIDENTES QUE PENSEI QUANDO TE LIGUEI E VOCÊ NÃO ATENDIA, VOCÊ SABE COMO FIQUEI QUANDO O DAVID LIGOU PREOCUPADO DIZENDO QUE ESTAVA TE ESPERANDO HÁ UMA HORA. – acertou um tapa próximo a minha cara, que eu protegia com os braços como escudo, e eu senti sua unha raspando rapidamente meu rosto.

- David está em casa? – perguntei em meio a chuva de tapas, meu coração querendo ouvir uma boa notícia para poder processar a situação que me encontrava e resolvê-la da forma mais diplomática, se não acabaria morta por uma grávida com os nervos à flor da pele.

- Eu mandei ele a casa da Normani – puxou o ar com força. - Guilherme, Siope e Troy estão reunidos em uma competição de vídeo game, pedi pra Mani buscá-lo na escola e tranquilizá-lo porque ele não parava de perguntar por que você não apareceu e se estava bem. – senti meu peito bater acelerado ao saber que meu filho estava em boas mãos, protegido e seguro. Camila se afastou, mas parou bruscamente e girou os calcanhares, a fúria estampada em seus olhos assim que me encarou, seu castanho parecia ofendido, magoado e irado.

- Eu posso...

- Calada. – levantou a mão e o indicador ao alto, me silenciei rapidamente.

Engoli em seco, não seria nada fácil explicar o que aconteceu.

– Não fala, não quero ouvir sua maldita voz, não quero imaginar a desculpa que pretende inventar. – tentei me defender, mas ela não deixou. - Não fale Lauren. Eu liguei para seu escritório e Amanda avisou que você já tinha saído e que pegaria nosso filho e de repente você some do mapa, não atende nenhuma ligação e me chega aqui essa hora com cheiro de álcool impregnado em seu corpo como se fosse um perfume barato daqueles que fixa rapidamente.

- Amor...

- Não me chama de amor sua vagabunda, você esqueceu nosso filho.

- Eu não fiz isso. – retruquei indignada. – Você pode me deixar falar ou pretende ficar criando inúmeras teorias mirabolantes... – minha respiração estava falha.

- Eu não quero ouvir porra nenhuma... Não há desculpas. - berrou, me encolhi com seu tom. - No fim você continua a mesma irresponsável de sempre. – acusou, senti um soco acertar meu estômago. – Você precisava pegar nosso filho e o que vai fazer? Vai beber com os novos amiguinhos do escritório... – debochou, passei as mãos pelo cabelo totalmente afrontada e acuada com suas palavras. – Sempre irresponsável... Eu não acredito que deixou nosso filho para ir beber. – bufou. Irresponsável. Aquela palavra martelava fortemente em minha cabeça. – Você me fez imaginar que havia sido sequestrada, assaltada, que estava no hospital – apontou o dedo. – e você estava bebendo, vou estava curtindo a vida como se fosse uma adolescente, sendo irresponsável, desligada... – senti meu peito ser rasgado novamente ao ouvir àquela palavra pesando. – Quando você vai aprender a ser mãe de verdade? – e o mundo caiu, as pernas falharam e um buraco se abriu sugando tudo que estava ao meu redor, eu tentei puxar o ar, mas minha garganta estava presa, o ar me era roubado por aquelas duras palavras.

E lá estava eu jogada naquela turbulência de emoções e pensamentos, que chacoalhavam minhas estruturas. Eu me senti pequena, insignificante e descartável. Irresponsável. A palavra rasgava lentamente minha pele como uma navalha pronta para perfurar cada canto do meu corpo. Eu era a escuridão, a fraqueza, o medo e a raiva. Eu era a raiva. No fim, eu não era nada, nem a carne e nem o verbo, nem como pó pronto para retornar a terra eu me senti. Um pequeno vazio no espaço ocupando um corpo, que havia ficado oco.

- Quando?

- Cala a boca. – gritei, ela pulou de susto e calou com minha repentina ira. Tentei manter a respiração estável, mas a adrenalina, a raiva, tudo me consumia lentamente. – Você tem noção da merda que falou? – Camila foi falar, mas eu não permiti, sentindo toda a dor de suas palavras me atingir. – Agora eu vejo tudo, eu nunca vou ser uma boa mãe como Camila Cabello é - repeti seu nome com deboche. -, não foi isso que disse. – enxuguei com o dorso da mão furiosamente uma lágrima de meu rosto, não permitindo que ela envergonhasse minha face. – Irresponsável. – repeti a palavra lentamente. – Pode ser passar anos, séculos e até vidas, mas no fundo eu sempre serei irresponsável, eu nunca serei boa o suficiente ou confiável o suficiente... Eu nunca serei vista por você como uma mãe, sempre serei a fracassada que não aprendeu a criar uma criança... Mas que merda Camila. – passei as mãos pelo cabelo totalmente frustrada. – Eu nunca esqueceria meu filho, mas você prefere acreditar que sou assim, mesmo convivendo comigo todos os malditos dias, do que ouvir a real história... – as lágrimas caiam furiosamente sem minha permissão, já me sentia sem dignidade, chorar era o menor dos meus problemas. – Eu nunca vou ser você e posso acertar noventa e nove vezes, quando eu errar uma você estará com todas as merdas para jogar em mim, para mostrar que sou uma ameba, é isso que acha de mim?

- Eu não quis dizer isso. – ela falou rapidamente, totalmente acuada.

- Mas disse... E disse com todas as letras, vírgulas e devidas pontuações... Eu estava na porra de engarrafamento e meu celular descarregou, mas não – neguei com a cabeça freneticamente. – Para Camila Cabello – apontei para ela. -, Lauren Jauregui é uma babaca que não sabe cuidar do próprio filho... Eu saí pra beber sim, duas rodadas de cerveja e depois fui buscar nosso filho porque – apontei o dedo indicador freneticamente para meu peito. – eu nunca esqueceria meu menino. Eu estava totalmente adiantada, mas fui pega de surpresa ao pegar uma avenida e descobrir que um acidente havia acontecido e ele pegou boa parte das mãos disponíveis, provocando um efeito gargalo, impedindo os carros seguirem um fluxo normal. – parei de repente, puxando o ar que me faltava, meu peito queimava. – Mas não vou ficar aqui gastando saliva porque sei que no fim dirá que é apenas mais uma desculpa minha...

- Eu acredito em você, meu Deus, eu acredito. – interrompeu-me.

- Agora acredita? – perguntei de forma irônica. – Alguns segundos atrás eu era a irresponsável que não fazia nada direito.

- Eu estava assustada, zangada, irritada, preocupada e acabei por dizer coisas que não era cabível ao momento.

- Sabe o que dizem? É no momento de ira que a verdade sai! – cuspi as palavras, sentindo-me exausta e abatida. – Bom, agora sabemos o que realmente pensa de mim. – comecei a caminha em direção a escada.

- Você está indo onde? – ela tentou tocar em meu braço, mas eu me esquivei.

- Vou ligar para David e conversar um pouco com ele, estarei no meu escritório caso não se sinta bem ou precise de algo – parei, mas sem olhá-la. - e não se preocupe em fazer o jantar, a irresponsável aqui mandou encomendar pizza!

- Lauren vamos conversar. – ela pediu chorosa.

- Agora sou eu que não quero ouvir sua voz! – respondi com a voz baixa sentindo-me emocionalmente destruída.

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Sejam sinceros, e aí como estamos?

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