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Von prettiestziam

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Aos dezessete eu aprendi a verdade Que aqueles de nós com rostos feios Desprovidos de encantos sociais Des... Mehr

I
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítul0 Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
II
Capítulo Treze
Capitulo Quatorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Agradecimentos

Capítulo Vinte e Nove

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Von prettiestziam



Zayn e Liam decidiram passar juntos alguns dias. Longe de tudo e de todos, eles se trancaram em uma das propriedades de Liam - que deixou os filhos com a ex-mulher, inventando para eles uma desculpa qualquer. Não que Justin não soubesse que eles estavam ficando com a mãe para o pai poder ficar com Zayn.

Quando o jogador se viu finalmente sozinho com Zayn, ele pôde sentir o coração bombear sangue com força e o corpo perder o controle total. Os dois se jogaram na cama sedentos, tocando um ao outro como se o mundo estivesse se acabando janela afora.

Foram várias vezes de sexo seguidas, cada uma mais feroz e mais cheia de toques e sussurros baixos, saliva e suor, amor em cima de amor. Quase não havia palavras a serem ditas diante da necessidade que os corpos tinham de se expressar sem nenhuma voz.

E então, de tão cansados e conformados que realmente estavam juntos, eles passaram a fazer amor lentamente, apenas se dando prazer da melhor forma que sabiam. Zayn podia jurar que, quando Liam subiu em cima de seu corpo, que sua virgindade parecia estar intacta e que Liam a estava tirando novamente e novamente e novamente...

Cochilavam em meio a ofegos recentes do sexo que haviam feito a pouco, um colado no outro, um ouvindo o coração do outro em um silêncio confortante. Zayn acordou assustado de seus cochilos nos primeiros dias e demorava mais do que minutos para abrir os olhos e ver que era realmente Liam quem estava ao seu lado. Liam apenas beijava a sua testa pequena e marcada e lhe dizia que estava tudo bem, fazendo Zayn se acalmar e dormir tranquilamente a partir de então.

Eles conversaram sobre a vida que levaram nos últimos anos, abafando certas coisas desnecessárias. Liam falou para Zayn que não havia se relacionado com muitas pessoas e Zayn preferiu deixar em anônimo o fato de que havia se envolvido sexualmente com alguns homens os quais sequer lembrava o nome. Não que qualquer um deles se importasse com o passado enquanto estavam juntos. O presente lhes era muito satisfatório.

Tudo parecia ir bem na vida dos dois, que se entendiam de forma fantástica e estavam muito felizes juntos. Liam decidiu que Zayn moraria com ele em sua casa na Califórnia por um tempo para que os dois se adaptassem a vida juntos e Zayn concordou, não achando tão dramático mudar-se da Inglaterra para os Estados Unidos. Sorte que ele estava livre de compromissos com a sua banda, que havia decidido que eles precisavam de uma pausa para descanso depois de anos de turnê.

Mas nem tudo foram flores para eles. Na verdade, apenas o fato deles estarem juntos havia gerado um conflito na família de Liam. O jogador juntou os dois filhos na sala com Zayn e resolveu contar para os meninos que ele e Zayn estariam juntos a partir daquele dia. Justin não disse nada, pois já sabia, porém, Scott...

O garoto gritou e surtou por alguns minutos com o pai e com Zayn, dizendo coisas maldosas e lhes apontando o dedo. Liam não soube lidar muito bem com isso e gritou com o filho, tendo Zayn e Justin para lhe aconselhar e tentar lhe controlar, pois Scott era apenas uma criança e estava confuso.

Tudo piorou quando o menino se trancou em seu quarto e colocou o som no máximo do volume, não saindo do local por dois dias nem mesmo para comer. Liam teve que ligar para a ex-mulher para que ela o ajudasse com isso.

Foi engraçado para Zayn ver Cloe depois de dez anos. Ele pensou que seria uma situação muito tensa e que aconteceria aquele embate eterno entre pessoas que se relacionaram com o mesmo homem; porém, a mulher quando o viu, o abraçou e lhe desejou sorte com o ex marido. Zayn ficou até constrangido por ter pensado mal dela, que parecia muito verdadeira com suas palavras.

Cloe, no entanto, não estava naquela casa para falar com Zayn ou com o marido. Ela foi até a porta do quarto do filho e bateu algumas vezes, ouvindo gritos como resposta. Após ameaçar Scott e dizer que se ela abrisse a porta em vez dele fazê-lo, as consequências seriam piores, o menino abriu e a mãe entrou no local, ficando com ele por algum tempo.

Esperar do lado de fora deixou Liam ansioso. Zayn estava ao seu lado, se sentindo muito culpado pela situação e até havia conversado com Liam sobre ir embora, mas o jogador não aceitou a situação.

"Eu estive esperando por você por dez anos. Não vou deixar que nada nos separe, Zayn. Nada. Eu não estou fazendo nada de errado com você e meu filho tem que aceitar isso. Eu quero ser feliz e não acho que possa desistir de nós dois agora que provei o quão bom é estar verdadeiramente com você."

Zayn assentiu para isso e beijou Liam no rosto, encostando o rosto em seu ombro e pensando em como a situação poderia melhorar para os dois.

Cloe saiu do quarto com o filho depois de mais de uma hora, uma mala na mão e o menino abraçado à sua cintura. Liam quis falar alguma coisa, mas a mulher meneou a cabeça e disse que o levaria para casa e que seria melhor assim. Pediu a ele um pouco de tempo e paciência, pois apenas assim ela poderia tentar resolver tudo isso.

Já em casa com a mãe, Scott ficou completamente introspectivo e deslocado, mas sempre demonstrava estar com a cara feia para tudo. O padrasto tentava conversar com ele, mas Scott não gostava do homem e se trancava no quarto que Cloe havia projetado na casa para os filhos passarem as férias com ela.

A mulher encarava o menino e puxava assunto com ele de vez em quando, ouvindo apenas sussurros e palavras monossílabas como resposta. Ela não falou com ele por três dias diretos, sendo interrogada pelo marido pela sua negligência com o assunto.

"Eu sei o que estou fazendo", falou Cloe, retocando a maquiagem. "Ele precisa esquecer essa raiva primeiro para poder conversar sobre o pai. Estou lhe dando tempo. O tempo cura tudo."

E ela estava certa. Cloe sentou-se numa cadeira ao lado de Scott depois de um tempo em que pareceu que ele estava mais relaxado e comentou sobre a escola e sobre alguns jogos de vídeo game. Após enrolar em alguns assuntos aleatórios, ela começou:

"Scott, sobre o seu pai..."

"Não quero falar sobre ele. Não quero."

"Você não vai falar sobre o Liam, eu vou", disse e o marido, que estava sentado numa poltrona recuada lendo jornal, olhou para a cena.

"Pode falar, eu não sou obrigado a ouvir", Scott fez que ia levantar e Cloe segurou seu braço, o forçando a sentar. "Você não pode me forçar!"

"Você vai ouvir o que eu tenho para falar, Scott James, pois eu sou sua mãe e você está morando comigo. Eu te alimento, te deixo ficar na internet até a madrugada e te tirei da casa de seu pai depois de você surtar, então acho melhor o senhor me respeitar ou então vai receber as consequências de suas atitudes mal criadas."

O garoto bufou e se sentou, cruzando os braços contra o peito e virando o rosto para o lado contrário da mãe. Cloe não se importou, apenas virou-se para ele e colocou os cotovelos sobre as coxas.

"Seu pai e eu nos casamos bem depois da escola", ela falou e deu um sorriso. "Eu estava grávida de você e do Justin. Havia uma barriga saliente debaixo do meu caro vestido de noiva."

Ela observou o filho se remexer de forma inquieta no sofá e continuou:

"Mas antes de nós dois ficarmos juntos, Liam teve esse... namoro com o Zayn. Eles se conhecem dos tempos de escola e realmente se gostavam muito, meu filho."

"Eu sei que eles se conhecem da escola", falou Scott de forma irritada. "Eu vi o anuário."

"Oh, sim?", fez Cloe, dando uma risada. "Aquele anuário... havia tantas boas pessoas naquele período. Eu acho que já gostava do seu pai na escola, mas não ligava muito sobre ter ou não tê-lo. Quer dizer, eu queria estar com o Liam, mas acho que não era muito sobre amor. Eu apenas... era uma garota que se interessou por um garoto, entende?", Scott não disse nada. "Mas Liam e Zayn... uau, eles davam inveja. Davam mesmo", parou e pareceu pensar sobre isso, como se relembrasse o passado bem em frente a seus olhos. "Eles caminhavam juntos pelos corredores de mãos dadas e as pessoas cochichavam maldosas. Falavam coisas com eles, mas eles não estavam nem aí. Liam sempre estava sorrindo e ele tinha um sorriso tão bonito. Dava até gosto de olhar", ela olhou para o filho, que havia soltado os braços e parecia pensar. "Você costuma ver seu pai sorrindo, filho?"

Scott olhou para a mãe e nada disse e ela tirou uma mechinha de cabelo que estava sobre os olhos meio molhados do menino. Aproximou-se um tanto mais e o puxou para um abraço.

"Por que você não pode aceitar que seu pai namore com o Zayn? É por Zayn ser um menino? Você nunca pareceu ter preconceito algum, andava até com umas camisas meio atrevidas sobre igualdade entre as pessoas... será que as vestia apenas para fazer média?"

"Não", respondeu. "Eu não sou preconceituoso."

"Então o que é, Scott?", Cloe insistiu, segurando o ombro dele. "Eu sei que você é fã da banda do Zayn e que gosta muito de seu pai. Por que você está agindo dessa maneira?"

O menino se remexeu um tanto mais e olhou para os pés, frisando a boca e meneando a cabeça.

"Scott?"

"É que... eles são... entende?", questionou a mãe, vendo ela menear a cabeça negativamente. "O Zayn é meu ídolo e eu não acho certo. Eu não quero dividir meu pai com ele. E não quero dividir o Zayn com o meu pai. Não me parece justo... eu... eu não quero ter que dividi-los. Não acho certo...", choramingou, recebendo um afago de sua mãe. "Por que logo o Zayn? Não podia ser outro?", reclamou, molhando a camisa clara de Cloe com lágrimas. "Ele é meu pai..."

"Eu sei meu querido, eu sei...", ela disse. "Mas se você o ama, vai ter que aceitar que os dois estejam juntos", ela o consolou por alguns instantes e o afastou para ele lhe olhar. "E imagina só como você é sortudo! Seu pai e seu ídolo estão juntos. Você já imaginou como é ser pego na escola por um astro do rock? Seus amigos vão pirar!", ela falou e Scott ergueu as sobrancelhas, pensando no que ela acabara de falar. "Ser filho de Liam Payne e enteado de Zayn Malik. Não soa incrível para você?"

Ela viu seu filho levantar e ir para seu quarto com o rosto confuso e o seu marido se aproximou dela, o jornal sendo segurado em suas mãos dobrado displicentemente.

"E então?", ele perguntou e Cloe deu uma risadinha.

"Ele volta para a casa do Liam amanhã, garanto a você", e encostou a cabeça no ombro dele, que deu de ombros.

Ela acertou em cheio. No outro dia, lá estava ela deixando seu filho na porta de Liam. Ela havia ligado para ele avisando que Scott estava voltando e ele não pôde se sentir mais feliz e aliviado, comentando com Zayn e Justin sobre isso.

Quando seu filho pisou em casa com o olhar desconfiado, todos resolveram encarar a situação como se nada tivesse acontecido, para que Scott se sentisse completamente à vontade ao retornar ao lar. Mas Justin não podia deixar a situação barata e resolveu implicar com o irmão.

"Ah, o filho pródigo retorna ao lar", zombou, fazendo Liam pigarrear e Zayn rir sentado no sofá. "Aproxime-se, Scott, pois temos que conversar sobre as novas regras de nossa casa."

"Do que você está falando?", perguntou o menino, cruzando os braços.

"Quero deixar algumas coisas bem claras: o Zayn agora é meu padrasto e claro, meu amigo. Tivemos uma boa convivência nesses últimos dias e nem te conto! Ele é super inteligente. Me ensinou algumas coisas que eu não sabia da escola e agora eu o considero parte de minhas propriedades."

"Cala a boca, Justin! Saiba que eu comecei a gostar dele primeiro! Eu sou fã do Zayn há muito mais tempo e ele é... ele não pode...!"

"Você saiu de casa, você perdeu a chance e prioridades. Agora eu que mando aqui", o outro riu e Scott olhou para Liam, como se o questionasse sobre aquilo tudo. Percebendo que o pai não faria nada, pegou sua mala e foi para o quarto indignado.

"Isso não fica assim!", gritou e correu para os corredores.

Justin apenas deu uma risada e foi para perto de Zayn, que havia entendido o que acabara de acontecer ali.

"Psicologia reversa?", Zayn perguntou e Justin piscou para ele. "Faz o Scott mudar o foco de sua frustração com o nosso namoro e pensar em como voltar a gostar de mim e de seu pai independente de nosso relacionamento?"

"Você entendeu. Parece-me que teremos uma grande parceria aqui", disse e Liam olhou para a cena com a testa franzida.

"Pressinto uma panelinha se formando", reclamou e os dois riram. Ele se aproximou da dupla e se sentou ao lado de Zayn, que parecia pensar um pouco.

"Justin", ele disse e o menino o olhou. "Aliás, nunca falamos sobre isso, mas... você não vê problemas em minha relação com seu pai? Quero dizer... você aceitou muito bem isso."

O menino encheu o peito de ar e levantou do sofá, virando para os dois homens com um sorriso debochado no rosto.

"Claro que não. Essa coisa de ter dois pais vai me servir de experiência. Imagina só o quanto não vou aprender com essa formação estranha familiar", Liam ia falar, mas ele continuou. "E também, eu posso usar a relação de vocês no futuro para justificar algum trauma que possa me ocorrer, culpando-os de uma, quem sabe, delinquência juvenil."

O jogador fez uma cara esquisita e Zayn deu um tapinha em sua coxa, encostando as costas no ombro de Liam.

"Claro que sua tentativa será falha, já que você acabou de entregar o seu plano."

"Droga", bufou Justin. "Sabia que você tinha um defeito, Zayn, e seu defeito é ser tão inteligente quanto eu", todos riram, com exceção de Justin, que resolveu continuar. "Bem, pelo menos essa experiência de ter pais gays irá me fazer refletir muito mais sobre a minha vida e será bem menos complicado para mim se um dia eu descobrir que sou gay. Não haverá julgamentos", Liam ficou confuso mais uma vez e Zayn segurou mais uma risada. "Se bem que as chances de eu ser gay são muito pequenas, eu tenho atração por peitos. Acho que quem vai ser gay é o Scott."

Um grito foi ouvido por todos.

"Você falou o quê, Justin?", Scott saiu enfurecido dos corredores, o rosto queimando de raiva.

"Pense bem, mano, você tem um ídolo gay, um pai gay e anda com essas camisas socialistas. Isso não pode soar muito bem. Você é um futuro gay, admita."

"Justin, eu te mato!", Scott avançou no irmão, que correu pela casa. Liam apenas ficou ao lado de Zayn, rindo daquilo e conversando sobre amenidades.

Zayn viveu um período doméstico muito feliz na casa de Liam. Ele cuidou de acompanhar as duas primeiras idas dos meninos ao psicólogo - precaução de Liam, por medo de eles ficarem com algum trauma do que aconteceu em Jersey e de sua relação com Zayn - e manteve a sanidade intacta ao manter contato com a família e os amigos.

Sua mãe ficou muito satisfeita em saber que ele estava com Liam e estava muito feliz por poder voltar para a Escócia para os braços do marido solitário. O pai de Zayn havia agradecido mentalmente por poder ter finalmente a esposa só para si e Trisha com certeza se sentia aliviada por não carregar mais tanta responsabilidade com o filho adulto.

Os meninos da banda também sempre falavam com Zayn por telefone e pela internet e discutiam coisas aleatórias como projetos e novidades sobre música. Eles estavam curtindo as férias que tiraram, arrumando namoradas e pensando sobre o que eles fariam com a banda futuramente.

Outro com quem Zayn sempre falava era Harry e isso o deixava confortável e um tanto curioso; o amigo havia começado uma nova fase de sua vida e estava deixando Zayn a par de tudo de uma forma muito engraçada.

Harry mandava emails para Zayn quase todos os dias e ele acompanhava a rotina amorosa de Harry, como eles faziam quando eram adolescentes. Parecia que a amizade deles havia voltado com força e eles tinham que estar falando um da vida do outro para poder soltar risadas e dar conselhos.

Zayn ficou sabendo, por exemplo, que Harry saiu com um amigo professor chamado Nick e que eles tiveram dois encontros consecutivos. No segundo, Zayn soube que Harry havia tentado dormir com o tal professor, mas os dois haviam se sentido tão desconfortáveis que apenas riram e ficaram na casa de Harry assistindo televisão. Eles descobriram que eram amigos demais para ter um relacionamento.

O que deixou Zayn realmente surpreso fora o fato de que Louis havia resolvido, do nada, passar uma temporada em Jersey e que ele havia visitado Harry algumas vezes. Harry contou a Zayn que se sentia à vontade com isso, pois todo o problema que ele tinha com o ex havia sido sanado.

O que Zayn não ficou sabendo foi que Harry e Louis tiveram convulsos encontros, onde, de uma forma estranha, a empatia que eles tinham no passado havia dominado os corações e eles grudaram um no outro sem conseguirem se soltar. Só depois de muito tempo fora descoberto que eles dois haviam reatado o namoro.

Zayn sentia-se estranho na maioria das vezes. Liam havia voltado a treinar, mas nunca abandonava a família e o namorado sozinho em casa, mas havia algo em Zayn que o incomodava mais que tudo; o que Liam via. O que Liam fazia. Como Liam era perfeito para ele.

O sexo era uma das coisas que o deixavam confuso. Liam o olhava de uma maneira tão sentimental, que Zayn sequer podia acreditar no quanto era amado. E no quanto ele amava aquele homem que era seu parceiro. Que era a sua alma gêmea.

Mas Zayn ainda sentia-se esquisito e Zayn sabia que algo ainda faltava. Mesmo com duas crianças intransigentemente incríveis, um namorado apaixonado e uma vida fantástica, ainda tinha aquela sensação de que não estava tudo certo para ele.

E foi por isso que ele decidiu se separar de Liam.

O jogador não aceitou isso de bom grado e meio que forçou Zayn a ficar em casa com ele, mas o rapaz apenas disse que precisava de um tempo. Os meninos choraram para Zayn não ir e ele chorou no banheiro algumas vezes por não aguentar a pressão de ir embora, prometendo que voltaria, mas dizendo que precisava pensar um pouco.

Liam não pôde prendê-lo e deixou-se ser abraçado e beijado na saída de Zayn de sua casa. Resolveu que esperaria, afinal, o que mais poderia fazer? Era sempre assim, ele esperando e Zayn indo.

Zayn ligou nos primeiros dias e conversou um pouco com Liam e os meninos, que estavam ansiosos para ouvir sua voz. Ele havia dito que iria passar um tempo com os pais na Escócia e que não tinha previsão de voltar. Isso deixou Liam deprimido e triste, mas ele não reclamou.

Porém, alguns dias se passaram e Zayn não ligou mais. Liam ficava sentado no sofá de sua casa ao lado do telefone esperando ele tocar, mas nunca era Zayn e ele apenas ficava pior. Ele nunca demonstrava a sua frustração na frente de seus filhos, mas eles notavam isso claramente.

O natal havia os alcançado e Zayn não dera notícia. Liam passou o dia com os filhos na casa de Cloe, alheio a tudo o que era comentado sobre a data. Trocou presentes de um improvisado amigo oculto e recebeu conselhos da ex esposa, os quais preferiu ignorar.

Ele estava em casa no dia seguinte ao natal, um cabo USB na mão e um Ipod na outra e tentava mexer no computador e passar algumas músicas, falhando miseravelmente. Não era bom em tecnologia e estava em um estado emocional deplorável, e isso não o ajudava em nada.

Scott viu o pai sacudindo o monitor sensível do computador e se aproximou, tomando o cabo de sua mão e agachando para conectá-lo direito na CPU.

"Deixa que eu faço isso, levanta daí", Liam cedeu o lugar ao filho que, em poucos minutos, estava conseguindo passar as músicas para o aparelho do pai. "Música country? O melhor do cinema? Sério pai?", questionou e Liam apenas deu de ombros.

"Eu gosto desse tipo de música", respondeu e Scott riu. O menino fez sinal com a mão e o pai se ajoelhou em sua frente, o olhando. "O que foi, Scott?"

"Ele vai voltar, pai", falou e passou a mão pelos fios do cabelo do jogador, que suspirou. "Ele não ia deixar a gente esperando para sempre, não é? E eu acho que ele te ama, bem, eu apenas acho", corou um pouco e deu um sorriso. "Nós vamos ser uma família ainda, não vamos? Com o Zayn?"

Liam o puxou para um abraço e beijou o rosto de Scott com carinho, emocionado com sua preocupação e inocência.

"Eu espero que sim, meu amor, eu espero que sim."

Então o dia da esperada ligação chegou. Um dia antes do ano novo, Liam recebeu uma ligação e seu coração deu saltos e mais saltos, o fazendo ficar nervoso e assustar os filhos. Não fora Zayn quem ligou, mas Trisha, e ela o havia dito uma palavra que o chocou e preocupou de imediato. Zayn estava em um hospital.

Ele pegou o endereço do local - e para sua surpresa, era em Nova Iorque - e embarcou em um vôo fretado solicitado com urgência. Justin pedia para o pai ter calma e esperar eles chegarem no local antes dele entrar em desespero, mas Liam já estava ao ponto de chorar.

Por que aquilo estava acontecendo? Por que Trisha não lhe deu informações o suficiente pelo telefone? Por que Zayn estava internado e por que haviam demorado tanto a entrar em contato com ele?

Então algumas más sensações o abraçaram e ele sentiu um formigamento na barriga e informações maldosas de sua cabeça confusa: e se Zayn havia ido embora para morrer longe dele? E se Zayn tinha alguma doença e não havia lhe dito nada? Era isso? Então era o fim?

Ele chegou ao hospital com o coração na mão de tanto ter remoído hipóteses e correu até o número do quarto indicado pela recepcionista pouco atenciosa. Passou os leitos e mal leu as placas por onde andava. Viu de longe Trisha, Harry e Louis e em vez de parar para ouvir o que eles tinham para falar, ele simplesmente invadiu o quarto onde Zayn estava e abriu os olhos em surpresa ao olhá-lo.

Zayn estava sentado na cama e seu pai estava ao seu lado. Ele estava com o rosto coberto por faixas e usava uma camisola azul claro, o corpo coberto por um lençol branco limpinho e fino. Quando ele olhou para Liam na porta, seus olhos - única parte descoberta do rosto junto com os lábios - brilharam num sorriso visual.

"Hey", falou e estendeu o braço. Seu pai levantou e pediu licença para Liam, passando por ele e saindo do local fechando a porta. "Vem aqui."

Liam se aproximou confuso da maca e segurou a mão estendida de Zayn, o rosto em um vermelho intenso devido à corrida.

"Eu... não entendo", disse e Zayn apertou a sua mão firmemente.

"Calma", Zayn lhe falou com doçura, tirando o lençol de cima de suas pernas e, com a ajuda de Liam, sentando na maca, colocando as pernas para fora dela e encarando o seu nervoso namorado. "Eu vou te explicar..."

"Eu acho que preciso mesmo de uma explicação", riu sem graça e Zayn acariciou seu rosto. Ao sentir o toque, Liam fechou os olhos e inclinou-se um tanto para a palma quente e macia do pequeno.

"Eu vivi os melhores momentos dos últimos dez anos com você e seus filhos em sua casa, Li. Tudo foi maravilhoso. Você, o Scott, o Justin, a casa perfeita, os momentos perfeitos que passamos juntos... nada faltou. Mas tinha ainda essa coisa que me mantinha fora dos eixos. Essa coisa que eu mantive em mim como alimento de minha raiva e de minhas frustrações com a vida", parou e deslizou os dedos pelo rosto de Liam. "As minhas cicatrizes."

"Não era fácil para mim viver olhando nos espelhos como o meu rosto ficou deformado pela violência que, eu pensava, o cara que eu amava havia me proporcionado. Não era fácil olhar para as pessoas com suas caras espantadas ao me ver cheio de pontos pelo rosto ainda inchado pelas pancadas. Eu sofri muito pela estética, mas o que doía eram as cicatrizes internas, que sempre mantinham meu ódio desperto. E então, Li, tudo mudou. As verdades foram contadas e as feridas internas que ainda sangravam... estancaram. Nosso amor reviveu a minha alma e por dentro... nada mais restou além do que sinto por você. E então eu me via ao seu lado e acordava pelas manhãs, olhava para o meu rosto e percebia que eu mantinha os rastros do passado com essas cicatrizes inúteis. Eu não queria manter mais nada. Eu queria apenas arrancá-las fora e assim poder viver em paz com você."

A respiração um tanto alterada de Liam havia se tranquilizado enquanto ele ouvia a voz de Zayn e ele o abraçou com força, sentindo o cheirinho de seu pescoço exposto enquanto o apertava. Ele ainda se sentia confuso, mas pelo menos sabia que Zayn estava ali e estava com ele.

"Eu podia ter estado com você. Eu podia ter segurado a sua mão até o momento em que você entrasse na sala de cirurgia. Por que você não me contou? Por que você fez tudo sozinho?"

Zayn o afastou um pouco e engoliu em seco.

"Porque eu precisava estar sozinho. No dia em que eu acordei num hospital todo remendado, eu estava sozinho e triste e nada e nem ninguém podia recompor o que eu era. Eu estava acabado", ele tocou os ombros de Liam, o mantendo perto e continuou. "Eu entrei nesse hospital para me recompor para você. Para poder mudar meu rosto e minha vida, para nós dois podermos ficar juntos", fechou os olhos por um momento e sentiu Liam pegar a sua mão e beijá-la. "Mas eu não podia olhar para o meu rosto depois da cirurgia sozinho. É aí que você entra."

Zayn desceu da maca em um impulso e pegou a mão de Liam, o arrastando até o banheiro e ficando de frente para o espelho. Liam ficou atrás dele e abraçou a sua cintura, o olhando pelo reflexo.

"Você ainda não se viu?", Zayn negou. "Por quê? E por que demorou tanto para me ligar? Você poderia ter me chamado um dia depois da cirurgia. Faz tempo que você operou, não é?"

"Shh...", Zayn pediu e encostou sua cabeça no ombro de Liam. "Eu não te chamei logo porque meu rosto deveria estar terrivelmente inchado do procedimento. Eu queria estar cem por cento okay, entende?", Liam apenas franziu a sobrancelha. "E eu não me vi ainda porque o importante não é eu me ver. É você. Aliás, nós. Juntos. Como deve ser", ele desencostou-se de seu amado e fechou os olhos.

"Você está pronto?", questionou o jogador, as mãos indo até a nuca de Zayn.

"Estou. Tire as faixas."

A respiração de Liam bateu na nuca de Zayn quando ele depositou um beijo no local, adiantando sua mão no esparadrapo muito bem colado. Puxou um por um e segurou a ponta das gazes, cuidadosamente retirando a primeira volta. De repente, Zayn estremeceu e em sua mente, a visão de seus dezessete anos e o sofrimento de ter o rosto deformado veio em sua cabeça.

Ele abriu os olhos e viu Liam tirar mais uma volta das faixas e não soube se quis continuar com aquilo. Respirou fundo, sentindo os olhos marejar e quando Liam deu mais uma volta com as tiras apertadas, Zayn segurou sua mão.

"Espera", pediu e respirou fundo. Liam o olhou por um tempo e viu o pequeno abaixar a cabeça. "É só... bem, é só..."

Liam entendeu. Zayn estava com medo. Ele estava assustado pelo que veria ou pelo que já havia vivido. O garoto estava voltando no tempo em sua mente e em vez de aproveitar a mudança, pensava nos desastres que o assombraram a vida toda. Mas Liam mudaria isso.

"Olhe para mim", Liam mandou, encarando o espelho. Zayn ergueu a vista e o encarou de volta, gotinhas de água escorrendo por seus olhos bonitos. "Esteja com os olhos abertos para encarar a sua nova vida."

Um suspiro baixo foi solto por Zayn e as faixas foram sendo retiradas. Ao mesmo tempo, iam fugindo dele as dores e as más sensações. Tudo estava bem, e ele ia ficar bem também. Tudo tinha que ficar bem, pois ele merecia isso depois de tudo o que passou.

A última volta de gazes foi desfeita e Liam respirou fundo, olhando para o rosto de Zayn e quase tomando um choque de realidade; os olhos profundamente brilhantes e a beleza da pele rosada de seu amado destacaram-se forte em sua visão e o Zayn de dez anos antes parecia lhe encarar furtivo.

Zayn, ao mesmo tempo, sorriu para a sua imagem e para o homem que era dono de seu coração, vendo que seu rosto havia se transformado exatamente no que ele esperava: no rosto simples que mantinha as expressões de sua adolescência mágica. Aquele rosto, que poderia acalmar Liam apenas por encarar-lhe de volta.

"E então?", perguntou a Liam, que ainda estava embasbacado. "Estou menos horroroso?"

Liam colocou os curativos em cima da pia e fez Zayn se virar de frente para si, acariciando a sua bochecha - que agora não tinha nenhuma cicatriz - e sorrindo brandamente.

"Eu não me lembro do dia em que você foi feio", e o beijou. Um beijo simples, que não almejava muita coisa, mas dizia muito. "Vamos sair desse banheiro."

Os dois sorriram e caminharam de volta até o quarto. Liam abraçou Zayn e este disse que queria chamar a mãe e os amigos que estavam do lado de fora para verem seu rosto, já que ninguém ainda tinha visto.

Mas antes que ele tomasse tal atitude, Liam segurou o seu pulso com força e o olhou de forma engraçada.

"O que foi?", Zayn questionou.

"Você não acha que está me devendo algo, Malik?" Zayn rodou a vista pelo quarto e meneou a cabeça.

"Para você me chamar de Malik... deve ser algo realmente importante", riu e Liam tirou um aparelho de música de dentro de sua jaqueta, balançando-o para um Zayn confuso.

"Há dez anos atrás nós havíamos planejado uma dança fantástica na frente de toda a escola", parou e Zayn continuou sem entender. "Novembro já passou e estamos quase na virada do ano, então eu pensei: uau, esta é a minha última oportunidade de ter a dança da década com o Zayn."

"Você está brincando?", perguntou o músico. "Estamos em um hospital e..."

"Nós vamos dançar, Zaynie. Exatamente aqui", puxou o corpo pequeno para perto do seu e colocou um dos fones no ouvido de Zayn, que riu. Depois, colocou o outro no seu próprio ouvido e mexeu um tanto no aparelho para escolher uma música. "Essa", disse, antes de colocar o Ipod no bolso e enlaçar o namorado.

Zayn bateu com a testa no peito de Liam, ouvindo as primeiras batidas da música e sorriu de forma boba.

"Você não existe."

"Eu sei", sussurrou Liam ao mexer-se um pouco com o músico, que apertou a sua roupa com as mãos fechadas e encostou o rosto em seu peito, sentindo as batidas leves de seu coração.

Zayn pisou com seus pés descalços em cima dos de Liam e subiu em cima deles para dançar, rindo do quão baixo ele era e Liam mexia os corpos juntos de forma aleatória e apertava o namorado sempre que podia em lugares estratégicos.

"É verdade que essas roupas hospitalares não permitem que o paciente use cueca?", questionou enquanto a mão escorregava pelas costas de Zayn.

"Não se atreva", o outro disse, dando uma risada gostosa.

Mas depois de um tempo, os dois ficaram apenas distraídos ao som da música bonita que lhes dizia muitas coisas, mesmo que eles não tivessem notado desde o começo.

"This years love had better last. Heaven knows it's high time. I've been waiting on my own too long... when you hold me like you do, It feels so right, oh no. I start to forget how my heart gets torn, when that hurt gets thrown...Feeling like you can't go on...Turning circles when time again, It cuts like a knife oh yeah. If you love me got to know for sure? Cos it takes something more this time than sweet lies before I open up my arms and fall, losing all control...Every dream inside my soul, and when you kiss me on that midnight street, sweep me off my feet, singing ain't this life so sweet... This years love had better last."

O amor deste ano deveria durar.

Zayn suspirou, pensando em como aquilo, há algum tempo atrás, lhe pareceria irreal e apenas parte de um sonho. E se sentiu feliz por perceber que foi corajoso o suficiente para correr atrás do único que poderia realmente fazê-lo feliz em sua vida solitária.

Percebeu que a vida não era um sonho particular, mas uma alegria dividida e que o amor tornava tudo mais bonito e satisfatório. Percebeu que suas feridas tinham sumido de tal maneira que ele sequer lembrava que elas haviam existido algum dia.

E agradeceu em sua mente a todos que fizeram parte do seu caminho até aquele momento, fazendo uma prece tola; agradeceu ao professor Williams por salvá-lo da morte e de si mesmo. Agradeceu à sua mãe pela paciência e ao seu pai por cedê-la. Agradeceu a Louis, à sua banda e a Harry pela amizade e agradeceu aos anônimos que o ouviam gritar e colocar para fora o que lhe oprimia no peito, transformando tudo em música e o transformando-o também.

E naquele dia, abraçado ao corpo quente e acolhedor de Liam, Zayn percebeu quem ele era e o que ele queria de verdade da vida, e não apenas no modo sentimental; ele mudou a sua visão de mundo.

Zayn descobriu uma verdade aos 17 anos; ele descobriu que o amor foi feito para belas princesas, e como ele não era uma, ele apenas se decepcionou com o rumo que o seu conto de fadas tomou.

Sofreu as piores dores, chorou pelas perdas e mais que isso: deu bem menos valor as suas conquistas - que não foram poucas - do que deveria e isso ia lhe corrompendo e corroendo aos poucos, transformando-o quase num ser vazio.

Mas aos vinte e sete anos, Zayn descobriu algo muito mais valioso: ele descobriu que poderia mudar tudo o que fez de errado, pois a vida era bem mais do que um histórico de perdas, a vida era um ensinamento diário. E ele havia aprendido muito bem cada lição e agradecia por poder ter tido mais uma chance, uma chance linda de aproveitar cada segundo.

E descobriu também que não era necessariamente uma princesa, mas que seu conto de fadas não perdia para o de nenhuma branca de neve ou bela adormecida. Ele era bem melhor, pois era real e incrível.

Pois, como ele havia descoberto anos atrás e a vida tratou de relembrá-lo, no seu conto de fadas particular... ele tinha somente para si um verdadeiro príncipe.

FIM

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