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By prettiestziam

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Aos dezessete eu aprendi a verdade Que aqueles de nós com rostos feios Desprovidos de encantos sociais Des... More

I
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítul0 Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
II
Capítulo Treze
Capitulo Quatorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e Cinco
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Capítulo Vinte e Nove
Agradecimentos

Capítulo Vinte e Seis

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By prettiestziam



O barulho que os adolescentes faziam no horário do intervalo poderia tirar a paciência de qualquer professor, exceto Harry. Ele sabia que podia ficar na sala de aula com alunos bagunceiros e fazê-los se acalmar ou passar por um grupo de adolescentes pela cantina da escola sem comprimir o rosto e reclamar da vida.

Porém, naquela tarde, ele estava um tanto impaciente com as vozes que vinham do lado de fora da janela da sala dos professores, arrumando as pastas com as provas do fim do semestre no armário e pensando nos últimos acontecimentos de sua vida e, principalmente, no que o retorno de Louis à Jersey interferiu em sua maneira de ver as coisas.

Dois dias antes, quando Louis saiu de sua casa, Harry viajou em seus pensamentos, questionando o porquê de sua vida ter dado uma reviravolta tão estranha e principalmente o que fazer dela. Parecia que todos os anos haviam sido apagados. Todas as formas que ele achou de manter seu coração em paz, todos os sorrisos, as formas de encarar as coisas ruins racionalmente.

O problema dele estava justamente em suas formas de viver; Harry passou por muitas provações até que conseguiu deixar os sentimentos de lado e passou a viver em torno do que lhe deixava seguro. Porém, estar seguro, em seu ponto de vista era estar sozinho e isso simplesmente não era o certo.

A solidão pode ser uma arma que se carrega nos bolsos todos os dias e ela espera o ponto em que você está realmente para baixo para instigá-lo a usá-la contra você. Harry estava realmente perto de acabar com seus problemas de forma drástica, mas a vontade íntima que ele tinha de ter mais uma chance de ser feliz o impedia.

Ele estava na sala sozinho, alheio ao fato de que fora, um grupo de professores comemoravam o aniversário de um deles, e terminava de selecionar arquivos em ordem alfabética no armário, quando a porta se abriu e seu amigo Nick surgiu com um prato e um copo na mão.

"Trouxe bolo e refrigerante para você", o rapaz disse.

Harry sorriu e ia virar-se um pouco mais para agradecê-lo melhor, mas acabou derrubando as pastas que segurava no chão, bufando por isso.

"Sou um desastrado! É um fato!", falou sem graça, procurando uma maneira de se abaixar. Devido o seu estado, isso era algo complicado de se fazer.

Nick apenas sorriu de forma simpática e colocou o que segurava em uma mesa, se aproximando.

"Deixe que eu faço", riu, abaixando e apanhando as folhas e pastas espalhadas. Harry o esperou e sorriu quando Nick colocou as coisas em suas mãos, corando um pouco ao sentir as mãos do colega sobre as suas quando ele o fez.

Ele virou-se para o armário novamente e colocou as coisas no lugar, transtornado um bocado por Nick estar do seu lado enquanto ele o fazia. Quando algo constrangedor acontecia com ele, nem que fosse besteira, Harry ficava muito desengonçado.

Quando terminou de arrumar tudo, ele esquivou-se do amigo e foi para perto da mesa dos professores, olhando o pratinho com um bolo cheio de glacê e cerejas e pensando que aquilo não era algo que ele realmente gostasse, mas não podia afirmar aquilo para Nick, que tinha sido tão atencioso com ele.

"Está realmente bom?", perguntou, passando o dedo por cima do glacê e provando-o um pouco, sentindo o doce suave espalhar-se facilmente por sua língua.

"Sim", Nick respondeu, chegando-se mais. "Harry..."

Nick ficou olhando para Harry, os olhos muito baixos e a respiração lenta. Admirava-o secretamente como o fez por muito tempo, escavando seu amor naquela amizade e tentando, dessa maneira, mantê-lo perto de si de alguma forma.

Amava Harry. Amava tanto e de forma tão sincera e pura que não se atrevia a querer ser amado em troca. Harry era algo inalcançável por razões óbvias para o apaixonado e desiludido rapaz: Harry ainda amava alguém de seu passado e isso era muito óbvio à sua vista atenta.

Ele sempre soube que havia um limite entre o que ele podia ou não esperar de Harry, mas naquele dia em especial, algo fez seu coração saltar e ele esperar que, de alguma forma, pudesse ir além do que sempre foi. Nick quis, ao menos uma vez, saber como era ter Harry para si um pouco.

"O que?", perguntou, sequer olhando para Nick quando respondeu.

Talvez por isso ele não teve tempo de ter alguma reação, quando o colega simplesmente enlaçou-o pela cintura e o beijou. Não foi algo forçado, não como se ele tivesse feito aquilo com Harry por fazer. E também não foi um beijo cheio de segundas intenções - Harry sabia como era beijar daquela maneira - e talvez por isso ele não havia entendido o beijo muito bem.

Harry não se sentiu à vontade com aquilo e não retribuiu àquilo, e quando as bocas, que estavam apenas unidas, se separaram, ele olhou para Nick com um misto de choque, expectativa e dúvida. Nick entendeu as perguntas nos olhos claros do outro e acariciou seu rosto lentamente, não obtendo, assim como no beijo, a reação que esperava.

"Por que você fez isso, Nick?", Harry perguntou, segurando a mão do rapaz, que ainda estava em seu rosto.

Nick suspirou e continuou lentamente o afago, mesmo que por debaixo da mão de Harry e deu um sorriso amargo, mastigando a sua vontade de colocar tantos sentimentos secretos para fora e tantas palavras guardadas por tantos anos, mas não queria assustar Harry e muito menos estragar tudo.

"Porque eu amo você", declarou, fazendo os olhos de Harry saltarem em órbitas. "E eu mal sei por que você parece tão surpreso, se eu fui tão claro em meus sentimentos por tantos anos. Eu sempre gostei de você, desde que entrei nessa escola e te vi a primeira vez", riu um pouco. "Sempre fomos amigos, mas eu só me permiti estar nessa posição porque eu não podia ser mais do que isso para você e também porque você já tinha alguém", abaixou o rosto e soltou o ar pela boca em derrota. "E pelo visto ainda tem."

A confusão de Harry não podia ser maior. Ele tentava balbuciar coisas, mas não conseguia. Mexeu a cabeça, os olhos bem abertos e olhou para Nick, que exalava sinceridade e não podia simplesmente falar algo que destruísse o coração do amigo. Ele não era esse tipo de pessoa.

"Nick, eu... eu nunca imaginei. Eu estou tão surpreso", sussurrou. "E não é por eu ter alguém, você está enganado, porque eu não tenho, é porque você é meu amigo."

"Harry, a quem você quer enganar? Todos estes anos você viveu como se esperasse que algum milagre acontecesse em sua vida ou que seu ex-namorado voltasse de sua turnê pelo mundo de volta para seus braços!", falou, mas não tinha exaltação em sua voz, apenas frustração. "É tão... claro para mim que você o esperou todo esse tempo. Que ainda o ama. Eu posso ver em seus olhos que você ainda o ama. Eu vejo isso quando você está sentado sozinho e pensando ou quando...", suspirou. "Eu vi isso quando te beijei e você não demonstrou nada. Nada."

"É complicado", Harry disse, tentando não ficar mais perturbado do que já estava. "Acho que você não sabe o suficiente da minha vida para dar palpites. Eu perdi tanta coisa, eu me machuquei além do que podia suportar. Eu perdi coisas irreparáveis, irremediáveis, Nick. E tudo porque eu amei demais. Não me diga o que eu sinto, pois você não faz idéia do que é perder alguém como eu perdi."

"É claro que eu sei sobre perder alguém", Nick afirmou, retirando a mão da face ligeiramente corada de Harry. "Eu perco você todos os dias", declarou, a afirmativa saindo frágil. "Mas sabe o que é pior? É ver todos os dias que, além de não poder ter você, Harry, eu tenho que te ver sozinho e triste, e por que? Por quê você perdeu uma perna num acidente? Isso não te faz pior do que ninguém! Você é perfeito!"

"Nick, não me force a crer em coisas..."

"Você tem que me deixar falar", pediu em tom ameno, muito menos tenso do que antes, com sua declaração de amor. "Harry, eu só quero te ver feliz. Não é pedir muito para alguém que nunca esperou nada como eu. Eu sei que você sofre por estar longe do Louis e eu sei que ele está na cidade. O que te impede de ir até ele e tentar novamente?"

"Tudo!", Harry quase gritou. "Ele... ele foi tão... ele... Nick, ele...", parou, ao não saber o que dizer.

Harry sabia o quanto doía e tudo o que Louis havia lhe feito, mas mesmo assim não conseguia afirmar que não gostava dele, no entanto. Como esperar que seu coração acalmasse no peito, se ele mesmo não lhe dava a necessária tranquilidade? Era como se ele se auto torturasse com suas verdades e dores, pensando que daquela maneira, o sofrimento o faria mais feliz.

Era tão acostumado com o fato de que não era feliz que pensava que simplesmente não podia e assim ia esquivando-se das possibilidades de dar-se mais uma vez uma chance - ou uma chance ao outro - ou mesmo permitia-se perdoar.

Perdoar não é fácil. É algo doce de se fazer, digno, admirável. Porém, as mágoas geralmente ficam, mesmo quando se está determinado a ceder ao impulso de seu coração de fazer o que era o certo, o bom, o bem; certas vezes, esse bem de perdoar é confundido com o dom do esquecimento. Eles não existem num mesmo espaço.

Harry estava nesse impasse, olhando seu colega e olhando ao mesmo tempo para o reflexo de sua vida, tendo que tomar milhares de decisões ao mesmo tempo; sim? Não? Eu posso? Eu devo? É assim? Por quê?

Então ele percebeu o óbvio, o claro, aquilo que desde o começo ele deveria ter percebido, mas estava cego e revoltado para não enxergar. Esta verdade veio em sua mente e em seu coração como um doce afago, uma salvação para seus problemas e um aviso. Ele só esperava que este aviso fosse algo bom para ele.

Piscou algumas vezes e suspirou, separando-se de Nick e pegando sua pasta, que estava no lugar de sempre e saiu da sala dos professores sem mais uma palavra e nem precisava: Nick sabia para onde ele havia ido. E sabia também que era definitivo o fato que jamais teria o seu amor recíproco. A recepcionista do hotel olhou para Harry por quase dez minutos enquanto decidia se ligava ou não para o quarto de Louis. Não que Harry a culpasse; Louis era um artista e dezenas de pessoas queriam sua companhia. Talvez por isso que ele tenha hesitado em ir àquele hotel por cerca de uma hora do lado de fora, refletindo sobre coisas aleatórias.

"Como é mesmo seu sobrenome?", a moça perguntou com uma falsa doçura que Harry entendeu como chateação.

"Styles", respondeu, olhando para os lados e vendo o ambiente agradável do salão do hotel enfeitar seus olhos verdes. Quando voltou a olhar para frente, a moça não estava mais atrás do balcão e acabou assustando-o, pois ela já estava ao seu lado e com um sorriso muito estranho.

"Senhor Styles, por favor, espere um instante sentado, o Sr. Tomlinson já está descendo", pediu com uma cortesia extrema. "Quer que eu segure sua bengala e sua pasta?"

"Não, estou bem assim", respondeu incômodo e se sentou, mas teve que se levantar quase instantaneamente, pois Louis havia chegado ao local de forma assustadoramente rápida.

Ele olhou para Harry ofegante, confuso e não sabia o que falar ou fazer. A última conversa que ambos tiveram havia parecido algo tão definitivo que Louis não acreditava que haveria uma próxima. E quando a recepcionista disse que Harry o aguardava, seu coração se encheu de esperanças tolas e o fez crer que talvez algo pudesse ser salvo daquilo.

Harry suspirou, pois sabia que Louis não falaria nada e tomou uma atitude:

"Podemos conversar em seu quarto?"

"Claro", Louis quase gaguejou, pegando a pasta de Harry e acompanhando-o ao elevador.

Eles ficaram em um silêncio muito constrangedor nos minutos que estiveram sozinhos no local metálico; às vezes, Louis olhava pelo reflexo de Harry nos espelhos laterais, vendo que, em todo ângulo que o via, o seu rosto parecia não ter defeitos.

Talvez por ele ser impossível, seus olhos faziam Harry ser mágico, algo de outro mundo. O coração de Louis lhe respondia que não era por isso, no entanto: era porque Harry realmente era divino, tão singelo e tão estranhamente infantil, que era impossível deixar de admirá-lo.

Harry, por sua vez, sentia a face esquentar com os olhares nada discretos do homem ao seu lado e agradeceu aos santos nos quais não acreditava quando a porta do elevador se abriu e ele pôde sair, respirando muito mais ar do que aquele que compartilhava com Louis forçadamente.

Louis indicou a ele o seu quarto e eles entraram, ambos encabulados. Louis estava querendo falar, mas não tinha muita coragem, mas Harry estava com todos os argumentos na boca. Todo o discurso não decorado, mas vindo do coração num momento decisivo. Ele sabia que aquele era o momento, a única chance que teria na vida para resolver a sua situação e, como se algo tivesse aceso em sua mente, ele apenas resolveu que não iria parar.

Hush now, don't you cry, wipe away the teardrop from your eye. You're lying safe in bed. It was all a bad dream spinning in your head.

Precisou que Nick lhe empurrasse para que funcionasse como sempre era. Precisou ouvir verdades que ele nunca cogitou. Quando Harry conseguiu calar Zayn sobre quem perdeu mais, por exemplo, ele se sentiu no direito de ser a pessoa que mais sofria no mundo porque achava que sua dor era maior do que a de todos.

Que mero engano; a dor de ninguém é igual. Seja ela por um machucado, por um acidente, pela perda de uma parte do corpo ou pela perda de um amor. Dores. É tão fácil falar de dores, como se fosse simples. Falar é fácil. Sentir é que é completamente desconfortável e frágil.

Então, Harry, que fez o papel de vítima muito bem por muito tempo, recebeu uma 'chacoalhada' do seu amigo - e declarado apaixonado - e pôde perceber que não era vítima de nada. Que sua dor era apenas dor e não mais ou menos dor. Que doía em todo mundo. Doía em Zayn, doía em Louis, doía em seus pais e em Nick, que o amava tanto e ele nem sabia por quê.

Your mind tricked you to feel the pain of someone close to you leaving the game of life. So here it is, another chance wide awake you face the day...Your dream is over... or has it just begun?

Em sua mente tinha avisos vindos de cada parte: Hey, você é como qualquer pessoa! Você pode mudar tudo! Você ainda pode ter o controle de sua vida! Tudo passou, tudo mudou, você não parou no tempo! Por que você não pode dar uma chance a si mesmo de dar o próximo passo?

Ele sorriu, olhando para Louis, que o encarava de volta esperando que ele falasse algo.

Colocou a bengala apoiada na parede e se aproximou de uma poltrona, se sentando. Louis sentou em outra e pousou as mãos em suas pernas, ansioso.

"Eu vivi muito tempo em torno do que fui um dia", falou baixo e claro. Sua voz soava muito calma e muito tranquila. "Eu acho que fiz isso porque eu precisava desesperadamente que tudo voltasse a ser como era antes e que eu ainda fosse aquele garoto que tinha tudo o que sempre sonhou."

Parou e olhou para Louis, que havia abaixado sua cabeça.

There's a place I like to hide, a doorway that I run through in the night. Relax child, you were there but only didn't realize it and you were scared.

"Eu tinha um melhor amigo que me amava, um namorado perfeito, eu estudava no curso que eu tinha escolhido cursar e tinha uma casa que me acolhia como braços de mãe todos os dias quando voltava da rua. Com o tempo eu consegui um emprego maravilhoso na área que eu queria, eu consegui status no meu trabalho, eu tinha você cantando para mim nas madrugadas, músicas que diziam sobre seu amor por mim e tinha também aquela sensação de completude que apenas os apaixonados podiam ter."

Ele parou, respirou fundo e não permitiu que lágrimas ou lamúrios atrapalhassem a sua narrativa. Tinha tanto a dizer, tanto a desabafar e estava com o coração tão aberto naquele momento que sabia, tinha certeza absoluta que aquilo o faria realmente bem no final.

"Então do nada... do nada tudo virou do avesso; eu fui perdendo toda a mágica do meu mundo. Perdi meu amigo, perdi meu namorado aos poucos... bem aos poucos e perdi uma perna. Isso acabou comigo, Louis. Acabou comigo. Eu vi tudo o que eu tinha desabando ao meu redor e não conseguia, sei lá, pensar que isso era algo que eu merecia, porém, o que eu fiz? Eu abaixei a minha cabeça e posei de coitadinho a vida inteira, sendo digno de uma admirável pena que todos disfarçavam como superação. Isso foi tão errado. Tão, tão errado. Eu não merecia isso. Aliás, ninguém mereceria nada desse tipo".

It's a place where you will learn. To face your fears, retrace the years And ride the whims of your mind.

Louis fez menção de falar, mas a voz não saiu. Harry sorriu novamente e olhou para os próprios pés por um momento, erguendo a cabeça novamente com um brilho no olhar que trazia lágrimas e revelações. Certezas e uma velha agonia que ia embora de seu corpo com todas as palavras.

"Eu busquei culpados na minha história. Culpei o Zayn por ter ido embora, você por ter me abandonado, você por ter me trocado por uma banda e você... você, Louis, por eu ter me acidentado naquele carro. Eu sempre dizia que não era sua culpa, mas droga, eu te culpei toda a porra do tempo! Sempre! Todos os dias! E isso era insuportável de admitir! Admitir para mim, por todos estes anos, que o homem que eu amei como sequer amei a mim mesmo tinha acabado com a minha vida!"

Parou e deu uma risada. Uma grande risada e Louis não entendeu aquilo da maneira correta. Pensou que Harry zombava dele, que estava jogando coisas agressivas em sua face e que queria vê-lo mal e sofrendo, mas não tinha a coragem de revidar. Achava que merecia. Mas estava errado, como sempre esteve.

Commanding in another world, suddenly you hear and see this magic new dimension.

"Mas não havia culpados", mais calmo, Harry continuou. "Não foi culpa do Zayn, nós dois sabemos. Também não foi sua culpa ter sido seduzido pela única chance que você tinha de ser quem você queria ser. Nem de deixar de me amar", Louis fez que ia falar, Harry fez que não. "Nem foi sua culpa eu me acidentar. Não foi. Foi culpa, sei lá, do destino? Do motorista imprudente? Quem sabe? Quem sou eu para apontar culpados? Louis, hoje eu vejo que eu agradeço o fato de você não ter ido me buscar, porque se você tivesse comigo naquele táxi ao meu lado, você podia ter morrido. Isso teria encerrado a minha vida. Eu não suportaria saber que você não estava mais neste plano, mesmo que eu já tivesse te perdido, de qualquer forma."

Ofegou, buscando por ar. Louis estava chorando, chorando muito, com muita vergonha e com tanto medo das verdades que ouvia que parecia estar em uma concha, de tão encolhido. Como alguém o julgaria além do que a vida o fez fazer isso consigo mesmo? Como alguém poderia lhe apontar o dedo?

Essa foi a compreensão de Harry: Louis não precisava mais ser julgado e não lhe devia nada. A culpa que ambos carregavam era o vazio do que restou deles do passado - que era quase nada. Talvez ainda houvesse um pouco de amor, de rancor, de dor, de tudo, mas nas medidas contáveis do suportável. Havia tanto mais a se viver do que aquilo. Havia tanto mais pelo que chorar e sorrir. Tanto mais a se dizer e a se fazer.

"O que isso quer dizer?", Louis questionou muito baixo, a voz bem fraquinha.

"Quer dizer que eu te perdôo", disse. "De coração, eu te perdôo."

"Você está voltando para mim?", perguntou a Harry, apertando a sua própria pele com os dedos frios. Este sorriu antes de responder:

"Não", disse, mantendo o sorriso. "Eu estou voltando à vida. Estou me dando mais uma chance de continuar. Não é justo que todos pareçam tão cheios de passos a seguir e eu só olhe para os passos perdidos. Meu caminho ainda pode ser trilhado, Louis. Ainda pode me trazer felicidade. Talvez você esteja na minha nova trajetória, talvez não. Mas acho que isso não é algo com o que eu deva me preocupar. Vou deixar acontecer."

I will be watching over you. I am gonna help you see it through.

Harry decidiu que, a partir daquele dia, ele não deixaria mais de aproveitar. Que não abriria mais mão do que lhe faria feliz. Que sua vida não estava no fim, mas apenas no começo. E apenas passando por cima de tudo o que ele guardava no peito e pisando tudo isso, quebrando, despedaçando é que conseguiria levantar a cabeça novamente e caminhar os rumos de sua vida.

Ele levantou-se, indo até Louis, que soluçava muito forte. Agachou-se um pouco, de forma difícil e beijou os cabelos dele, puxando-o para perto. Louis o abraçou, temendo que o contato não fosse suficientemente satisfatório e pediu desculpas em seu silêncio.

"Está tudo bem, Lou... Está tudo bem", parou um tanto. "Eu te liberto da dor...", Harry sussurrou, acariciando o topo da cabeça de Louis. "Eu desculpo você", ele se abaixou um pouco mais e fez Louis o olhar. Selou-lhe os lábios de forma doce e deu um sorriso. "Você é livre."

Livre de toda a dor, livre do amor que te fazia sofrer. Você é livre das promessas que fez e das ligações no meio da noite. É livre para sorrir e para aproveitar os dias de felicidade sem medo de alguém te censurar. Você é livre para amar novamente, é livre para perdoar novamente. Você pode viver a sua vida finalmente. Não estamos mais dependentes um do outro.

I will protect you in the night. I am smiling next to you, in Silent Lucidity.

"Estamos livres agora."

***

As vozes não paravam. A porta era aberta o tempo inteiro, interrogações surgiam, as pessoas queriam satisfações, decisões, queriam alguma atitude de Zayn, que estava estagnado na cama, as costas sob a cabeceira e o olhar perdido.

"Zayn, nós precisamos voltar para a Inglaterra."

"Zayn, o que você pretende ficando neste hotel todos esses dias?"

"Seu pai me ligou, meu filho, ele quer que eu volte para a Escócia. Ele sente a minha falta e eu a dele. Te mandou um beijo."

"Zayn, o que você vai fazer?"

"Zayn..."

Mas ele não ligava. Estava longe demais para levar tudo em consideração. Como se importar com a música que não compôs, com o show que deixou de ir ou com o pai que estava longe, se seu coração estava em um abismo, prestes a despencar? Zayn era egoísta o suficiente para saber seu direito de sentir, mesmo que ele sentisse certas coisas de forma exageradamente brutal.

O seu problema acabou se tornando o fato dele estar sentindo justamente o contrário: seu coração disparava lentamente, lembrando das doces memórias de suas noites com Liam e da última vez que estiveram juntos. Ele podia jurar que os lábios um tanto rachados do jogador ainda estavam estigmatizados nos seus e que o gosto deles não saía por nada, nem que ele quisesse.

Sentia o cheiro de Liam em sua roupa; um cheiro de colônia masculina e de shampoo e sentia o cheiro de sua pele macia, que era único. Sentia o ardor de ser possuído sem muitos preparativos, os baques surdos da cama contra a parede, o ir e vir dos corpos; podia sentir o prazer indo e vindo de forma literal e mortalmente real.

Ele sentia seu corpo antigo de volta. Sentia como se ainda fosse jovem e cheio de expectativas no amor. Não negava que estava se sentindo carente de Liam e que o queria - realmente o queria e não sabia porquê - mesmo que isso fosse racionalmente errado.

O que mais mexia com seu emocional, talvez, fosse seu coração estar tão vulnerável e inclinado a perdoar; sua alma estava tão calma e aquele velho ódio que ele carregava do mundo já não parecia existir. Quem sabe, tanto amor acumulado e esquecido tenha tomado conta de seu ser e ele já não podia conter tanto sentimento.

Era lindo. Zayn fechava os olhos e quando os abria, o tempo não era presente nem passado, o tempo já não era tempo. Ou era apenas tempo - tempo de recomeçar, de deixar acontecer, de ser ele mesmo antes que sua carcaça protetora tomasse conta de seu corpo definitivamente.

No seu quarto aquecido, ele estava em estado de espera. Esperava por muito, e este muito podia vir com poucas coisas e palavras. Ele olhava para a porta e não esperava ninguém mais que não fosse Liam batendo nela. Ele soube, depois de muito pensar, que aquilo não era surpresa para ele, tanta vontade e tanta paixão.

Zayn tinha uma vida, uma vida completa e fascinante, uma vida cheia de sonhos realizados, mas o seu maior e primeiro sonho era o que mais lhe frustrava e esperar por ele por anos não parecia ilusório depois dos dias que passou em Jersey. Por mais que ele remoesse os machucados externos e internos, de alguma forma, jamais deixou de amar aquele homem perfeito de seus sonhos juvenis, e naquela altura de sua vida, estava pouco ligando para o quão pouco convencional aquilo era.

Pela primeira vez, ele quis apenas que tudo desse certo e que ele se sentisse amado mais uma vez - nem que fosse mentira. Ele aguardava calmamente, os olhos muito pesados, exaustos e o corpo mole, que vestia apenas uma calça cinza e as tatuagens que o enfeitavam.

Talvez por estar realmente esperando, Zayn não se surpreendeu ao ouvir o telefone tocar e a atendente lhe dizer que Liam o aguardava na recepção. Talvez por querer tanto, ele apenas disse para ela que indicasse ao seu visitante o caminho, para ele ir ao seu encontro no quarto.

Ele levantou da cama e foi para frente da porta, encarando-a até que, sem mesmo bater na madeira esbranquiçada, Liam entrasse e o encarasse ainda do lado de fora, uma das mãos mantendo a porta aberta e a outra caída ao lado do corpo, cansada, assim como a sua aparência.

Liam encarou Zayn por alguns minutos, seduzido com a oportunidade de estar tão perto novamente e com tudo o que via; no último contato que teve, mesmo que muito íntimo, ele não havia notado o quão bonito o corpo de Zayn havia se tornado e como as inúmeras tatuagens que ele tinha o faziam ficar realmente encantador. Assustadoramente encantador.

Zayn era um homem feito, mesmo assim, Liam o via curiosamente jovem, sem nada. As tatuagens pareciam sumir quando ele se aproximou, jogando a porta e fazendo-a se trancar com um baque não muito forte e o rosto de Zayn, que não parecia vazio, parecia conter alguma espécie de imã para o seu.

Bem perto, Liam o puxou pela nuca e encostou seu rosto no de Zayn, que entrelaçou a sua cintura gentilmente, em um abraço absurdamente carente. Zayn ofegou, acariciando o tecido da roupa do jogador e apertou os panos entre os dedos, como se estivesse impedindo Liam de ir a algum lugar.

Mas Liam não iria para lugar nenhum. Ele estava ali e aquele era o único lugar onde pensava que podia estar. Ele beijou o cabelo de Zayn - tão fino, fazia cócegas em sua boca - e deslizou os lábios pela testa do garoto, o afago fazendo caminho pela cicatriz do local.

Zayn fechou os olhos com certa força, adorando tudo aquilo. Não pensava em provar nada, apenas em ter o que queria: ele queria Liam. E se tivesse que sofrer de alguma forma, ele achava-se impossível de parar agora. Quando sentiu seus olhos fechados serem beijados docemente, adornou a nuca de Liam com a ponta dos dedos e sussurrou baixo:

"Eu estava te esperando."

"Eu sei", Liam respondeu sem medo. "Eu ouvi o seu chamado."

Zayn assentiu e encostou a boca na de Liam, beijando-o da forma mais entregue. Foi correspondido com uma paixão sobrecarregada de saudade, as mãos grandes de seu companheiro tocando a sua pele com ansiedade e cuidado, temendo fazer algo errado e aquilo tudo acabar.

Liam segurou Zayn com firmeza e o arrastou cegamente para a sua cama, jogando-se com o pequeno nela sem medir espaço, acabando por ficar os dois metade de fora.

Eles se beijaram, se tocaram, ofegaram nomes e coisas sem razões. De repente, como se uma cortina escura os cobrisse, tudo virou do avesso e eles entraram em um mundo de sonhos, onde apenas eles e suas vontades podiam reinar. Não havia medo. Não havia dúvidas. Tinha tudo para dar certo, quando os dois apaixonados entregaram seus corações e suas histórias sem medo de serem felizes ao menos uma vez.

O corpo de Zayn foi invadido; o de Liam acolhido e os dois se tornaram um. Um beijo selou aquele momento, quando nenhum deles sentia nada além da certeza de que não podiam viver mais separados. Havia uma promessa ali. Algo muito além das palavras e dos acontecimentos que passaram com o vento e as horas.

Zayn podia jurar que estava fora de seu corpo quando sentiu o maior prazer que já sentira na vida e ele manteve os olhos fechados como da primeira vez que fez amor com Liam - ele não queria comprovar a si que o momento maravilhoso que estava tendo era apenas parte da ilusão que guardava de que podia dar conta desse relacionamento mais uma vez.

O pequeno músico acabou cochilando, sentindo o corpo rígido de Liam sobre o seu e ouvindo algumas palavras aleatórias sussurradas perto de seu ouvido. Dormiu guardando apenas estas:

"Se pudéssemos continuar tudo, independente de tudo... se pudéssemos esquecer e apenas... sermos felizes, você daria uma chance para nós? Nós poderíamos esquecer e tentar mais uma vez?"

Porém, quando Zayn abriu os olhos, com a intenção de responder, Liam já havia ido embora.

***

Harry estava saindo do quarto de Louis quando avistou Liam no corredor do hotel. Ficou surpreso, apreensivo e Louis, que o havia acompanhado até a porta, quis ir tomar satisfações com o jogador, mas Harry o impediu apenas com um olhar e foi se aproximando de Liam, que estava esperando um elevador.

Liam, quando o viu, deu um sorriso sem graça e passou as mãos pelos cabelos, olhando para trás e vendo que Louis o encarava com certa raiva. Harry olhou para trás também e ergueu as sobrancelhas, fazendo assim Louis sumir dentro de seu quarto.

"Hey", disse Harry. "Você por aqui."

"Oi", Liam disse, torcendo as mãos e realmente não querendo conversar. Estava confuso e precisava sair e espairecer um pouco mais, mesmo que nos últimos dias isso tenha sido apenas o que ele tinha feito.

"Você veio do quarto do Zayn?", perguntou. "Ah, que pergunta idiota. Só pode ter vindo de lá", riu e Liam pareceu ficar muito mais constrangido do que já estava. "Parecemos dois groupies, eu e você, saindo de quartos de rock stars."

Deu uma risada e o elevador se abriu. Duas senhoras estavam dentro e Harry perguntou se o elevador iria descer. Recebendo a resposta afirmativa, ele e Liam entraram e ficaram em silêncio, apenas observando as senhoras com suas conversas aleatórias.

Uma parada e elas saíram do elevador, deixando-os a sós novamente e Harry respirou fundo, tendo a sensação de que devia falar algo com Liam. Desde a conversa que teve com Zayn em sua casa, ele ficou com uma espécie de cisma, como se algo naquela história deveria ser feito para resolver a situação dos dois.

"Liam", chamou, ganhando a atenção dele. "Será que podíamos conversar?"

"Agora?", Harry assentiu. "Eu estava indo para minha casa. Já faz dias que não vejo meus filhos."

"Seria algo rápido, eu prometo", pediu. Sabia que insistir não era algo educado e odiava ser intransigente, mas realmente queria conversar com Liam sobre Zayn.

"Tudo bem", o jogador cedeu, olhando para o relógio. "Onde você gostaria de conversar?"

"Poderia ser na antiga casa do Zayn?", perguntou e Liam o olhou muito surpreso, corando violentamente e olhando para frente completamente desconcertado. "Hey! Não precisa ficar assim. O Zayn me contou que esteve lá e... e que a casa está como era antes. Eu só gostaria de entrar naquele lugar mais uma vez. Aquela casa era meu lugar favorito na infância e adolescência", até você roubar o Zayn de mim, completou mentalmente, dando uma risada fraca.

Liam assentiu a contragosto, sentindo seu rosto quente e repreendeu Zayn internamente. Por que diabos ele teve que falar disso com alguém? Ao mesmo tempo, pensou que era algo bom, pois Zayn havia falado dele de alguma forma. Não era como se Zayn não pensasse nos dois e isso o deixou, talvez, um pouco mais tranqüilo.

Foi com Harry até seu carro e eles foram em silêncio até a antiga moradia dos Malik. Harry, ao avistar a casa ainda do lado de fora, deu um sorriso e saiu do automóvel excitado.

Entraram na casa, Liam primeiro e Harry depois. O professor sobressaltou-se, abrindo a boca e dando uma risada curta ao chegar-se perto de uma mesinha velha e tocando-a com a ponta dos dedos. Achava que Zayn tinha exagerado quanto à visita na casa, mas olhando-a como estava, ele entendeu o porquê dele ter ficado tão desorientado.

"Cristo, está igual", sorriu, olhando para Liam. Caminhou até a cozinha e apoiou a mão numa parede, olhando o interior do lugar, que também permanecia igual. "É incrível", disse. "Parece que... a qualquer momento a tia Trisha vai sair da cozinha e oferecer biscoitos."

Liam entendeu o que Harry queria dizer. Manteve a casa daquele jeito justamente pela sensação familiar que ela lhe transmitia. Não era apenas por Zayn, mesmo que basicamente fosse por causa dele; Liam amava fazer parte daquele ambiente, era tranquilo e acolhedor.

Ele sentia-se em casa quando pisava na humilde casa de Zayn e passava as tardes ali. Ele e Zayn geralmente iam para outros lugares, mas quando estavam naquela casa, eles não precisavam esconder nada ou fingir. Trisha era maravilhosa, o pai de Zayn, que nunca estava, não pareceu se importar no dia que viu Liam sentado em seu sofá com o filho quase caído em seus braços.

Era até difícil de se aceitar; o que Liam viveu em menos de um ano mudou a sua vida para sempre e ele nunca experimentou tal sensação de liberdade depois que rompeu com Zayn. Talvez naquele dia, no qual horas antes havia feito amor com Zayn depois de 10 anos, a sensação tenha quase aparecido novamente, mas ele não sabia se podia confiar naquele momento.

Harry o encarava curioso, rodando a vista pela casa e tocou o papel de parede com os dedos, sentindo a velhice da textura fazer cócegas sobre eles e começou a falar, quase como se fosse apenas para si:

"Eu adorava esse lugar", falou, suspirando. "Eu me lembro de passar as tardes com o Zayn apenas assistindo desenhos ou brincando de batalha naval", riu e Liam o acompanhou, cansado. "Era incrível porque... éramos melhores amigos. Nada parecia nos atingir. Essa casa era como... sei lá, como devia ser a minha própria. Sabe como é, a grama do vizinho sempre é melhor."

"Sim, eu sei", Liam assentiu. "Eu me sentia assim também."

Harry olhou para as escadas e para Liam, como se perguntasse se podia subir. Liam fez que sim e Harry subiu devagar os degraus, sendo seguido pelo jogador, que se mantinha muito calado.

Pararam no quarto de Zayn e então Harry deu um longo ofego, encarando cada parte com os olhos marejados. Colocou uma das mãos no rosto, sem acreditar realmente naquilo. Olhou para os pôsteres velhos, as cômodas e os lençóis bagunçados, quase com medo de se aproximar de algo e descobrir que tudo é fruto da sua imaginação.

"Esse quarto", Harry disse. "Sabia que eu colei a maioria desses pôsteres nas paredes? A tia Trisha ficou louca!", riu. Liam estava apenas apoiado na parede com os braços cruzados. "Sabe..."

"Harry, o que você quer falar comigo exatamente?", Liam perguntou, impaciente. "Sabe, não é muito bom para mim estar aqui e ouvir coisas de um passado o qual eu também fiz parte e..."

"Quando eu tinha uns 12 anos...", Harry cortou Liam literalmente, fazendo-o se calar, "...eu ganhei uma máquina fotográfica do pato Donald", falou, ignorando o fato de que Liam estava irritadiço em seu lugar. "Eu fiquei eufórico e a única coisa que eu podia fazer com ela era mostrar para o meu melhor amigo. Zayn", adicionou. "Um dia, quando eu estava lanchando, eu procurei a máquina e ela não estava em minha bolsa. Cara, eu lembro de ter surtado."

"Harry, eu não estou entendendo onde você quer chegar."

"Então eu corri pela escola atrás do Zayn para ele me ajudar a procurar por ela, então eu... eu o vi", deu um sorriso nostálgico e caminhou até perto do pôster do Iron Maiden, cuja ponta estava um tanto solta. "Zayn estava em cima de um banco, olhando para a sala de artes por uma portinhola de vidro - você sabe, ele era baixinho - e estava batendo fotos constantemente. Na hora eu fiquei irritado pra caramba porque, poxa, filmes eram muito caros, mas aí eu notei, quando me aproximei um pouco dele..."

Parou e encarou Liam. Respirou fundo e virou-se até o pôster, arrancando-o da parede e mostrando para Liam o que tinha atrás dele, fazendo o jogador entreabrir a boca. Eram várias fotos suas, em vários períodos de sua vida. Liam garoto, sorrindo, sério, nos treinos. Inúmeros ângulos, e Liam ficou tão surpreso com aquilo quanto com o fato de que ele nunca havia notado que tinha alguém batendo fotos suas naquele tempo.

"Zayn estava sempre batendo fotos suas. Ele fazia isso por onde você passava. Cristo, ele me irritava com isso, gastou todos os meus filmes e depois disse que ia pagar pela revelação e me compraria novos, mas eu não liguei muito pra isso. Como ligar? Ele era tão... tão apaixonado por você, Liam. Ele podia morrer por você."

"Eu... eu não entendo...", Liam sussurrou, se aproximando.

"Eu que não entendo! O que diabos aconteceu para vocês terem se separado? Por que vocês não estão mais juntos? Eu estava sempre por perto e você parecia amá-lo de verdade, então..."

"Ele foi embora, Harry", Liam falou um pouco alterado. "O Zayn foi embora de Jersey!"

"E o que você faria se estivesse no lugar dele?", perguntou, também alterado. "Depois de tudo o que ele passou?"

"Do que você está falando?"

"Do baile?!", perguntou irônico. "Do Zayn ter apanhado feito um filho da puta naquele dia? Do Zayn ter ficado todo... deformado porque espancaram ele como um cachorro? Como você pode agir como se não soubesse de nada?!"

Liam parecia estar completamente desorientado com aquilo. Harry percebeu e ficou tão desorientado quanto, aproximando um pouco de Liam e colocando uma mão em seu ombro.

"Você... você não sabia?", Liam fez que não.

"O que aconteceu com ele? O que..."

"Meu Deus... Liam... no dia do baile, o Zayn foi comigo e o Louis, porque ele te esperou na casa dele por mais de uma hora e você não foi. Supus que, sei lá, talvez ele tivesse entendido errado e o certo fosse te encontrar lá. Então chegamos lá e nos separamos para te procurar, e foi por questão de minutos... minutos. O Zayn estava jogado no chão e todo cheio de sangue e se não fosse o Brian ter contado para a diretora que viu..."

"Brian? Que Brian? Brian Thompson? Do time de futebol?"

"Sim. Foi ele quem contou tudo. Ele viu o que estavam fazendo com o Zayn."

"Onde está o Brian? Você sabe onde ele mora? Ele ainda está em Jersey?"

"Por que?"

"Onde está o Brian, Harry?"

"Na... igreja central de Jersey. Ele é padre, se formou e... Li... Liam! Onde você vai? Liam!"




Vish, é agora. Chegou o momento que todos esperavam...
E estamos nos últimos capítulos...

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