Alex estava ao lado de Cloe, em pé, esperando Liam acordar, um dia depois do incidente no quarto de Scott. Ela havia sido comunicada por uma das empregadas do acontecido e pegou o primeiro avião de Cancun para a Califórnia para ver como estavam os filhos e o ex-marido.
Quando ele mexeu-se em sua cama, o médico que estava presente sentou-se ao seu lado e, seguindo o protocolo, o ajudou a acordar e testou seus reflexos, verificou alguma contusão e receitou alguns comprimidos.
Quando ele foi embora, Liam respirou fundo e esperou que os dois que sobraram com ele no quarto começassem a indagá-lo sobre o acontecido, e Cloe começou.
"Alex, poderia me deixar a sós com ele?", pediu, ao que foi obedecida. Quando ele saiu do quarto, a moça sentou-se ao lado de Liam na cama e o observou por um tempo. "Quando a Nora me ligou e me contou do acontecido, eu não acreditei", disse. "E eu me perguntei: meu Deus, o que pode ter acontecido para o Liam surtar com os filhos? Aí então eu conversei com o Scott, que me entregou esta foto", ela mostrou para Liam a foto e ele suspirou, afirmando com a cabeça. "Jesus, Liam, eu pensei que você tinha deixado esse passado para trás."
Ele pegou dela a foto e segurou-a com força, quase que com medo que ela novamente saísse de sua posse.
"Eu também pensei. Pensei que não poderia mais me estressar com isso ou que não poderia sofrer por isso. Mas, como na maior parte das vezes, eu estava errado."
Cloe torceu os lábios vermelhos no que parecia uma careta e acarinhou seus joelhos descobertos pela saia curta. Piscou algumas vezes os olhos, ao que pensava e virou-se mais de frente para Liam.
"Sabe, quando eu casei com você, eu sabia que você ainda gostava dele. Eu nunca soube por que vocês terminaram nem nada, mas eu sabia que você não poderia me amar desde o começo. Porque eu te amava, Liam. E eu pensei que, com o tempo, você pudesse me amar, ao menos a metade que você parecia amar o Zayn", ela parou e sorriu nostálgica. "Deus, como eu tinha inveja dele. Eu nem fui ao baile de formatura, porque fiquei sabendo que ele iria com você... Eu não aguentaria vê-los juntos... A forma como vocês se olhavam era tão intensa e apaixonada... verdadeira mesmo."
Ele deu um sorriso de escárnio, negando para si o que ela dizia. Tudo o que ele podia saber sobre o passado com Zayn era que tudo fora mentira. Que Zayn o enganou para poder ser popular e nunca o amou.
Ao que ele viu no quarto de seu filho as fotos de Zayn com aquela banda estranha do que parecia Rock, ele pensou que no fim era aquilo mesmo que Zayn era, um grande pôster que só servia para fazer marketing de si mesmo. Que ele sempre quis a atenção de todos e sempre quis ser conhecido.
"Como vai ser, Li?", ela perguntou, franzindo a sobrancelha. "Você tem que superar isso. Pelos nossos filhos, por você."
"Eu vou", ele disse sem certeza.
"Olha...", ela pegou a sua bolsa e abriu, tirando de dentro dela um papel colorido. "...fui convidada para a festa dos veteranos da nossa escola. Eu, você e todos daquele nosso tempo. 10 anos fora daquela instituição, por Deus, só temos o que comemorar", ela disse sorrindo.
"Eu sei dessa festa", comentou Liam aleatoriamente. "Alex todo ano vai, mas eu nunca me dei ao trabalho", disse.
"Soube que os Frogs vão tocar em Jersey no mesmo período", Cloe falou, pigarreando um tanto ao que continuou. "Por que você não vai lá e tenta encontrar o Zayn?"
"Você está louca?", ele disse, afastando-se dela e levantando da cama. "Por que eu iria fazer uma idiotice dessas, Cloe?"
"Porque você só vai conseguir superar toda esta situação se encarar o seu passado sem medo."
"Você fala como se fosse fácil..."
"E na verdade é, Liam. Eu consegui superar o fato de que você nunca me amou e que sempre foi apaixonado por um homem e que, pelo visto, ainda é. Talvez você não enxergue, mas tudo também foi difícil para mim", ela respondeu, levantando da cama dele e arrumando a sua camisa encolhida. "Tudo o que eu sei é que você tem dois filhos que estão apavorados com você. Eles precisam de ti, mais do que de mim. Faça alguma coisa ou eu corto sua cabeça fora."
E ela saiu do quarto, deixando Liam sozinho olhando para o papel com um pouco de temor.
***
Trisha estava sentada na pracinha em frente ao prédio onde Zayn morava. Ela via as crianças brincando pelos caixotes de areia e as mães um tanto desatentas lendo revistas e conversando entre si sobre amenidades.
Mal sentiu quando Louis sentou-se ao seu lado e lhe deu um bonito sorriso, segurando a sua mão. Eles não notaram quando algumas das mulheres do local os olhavam com surpresa e certa inveja; inveja de Trisha estar com um homem tão bonito e surpresa porque ela aparentava ser bem mais velha que ele.
Os dois ficaram calados por um tempo, sem realmente saberem por onde começar a falar. Eles tinham muito a dizer um para o outro, mas era tão difícil falar quando se tratava do passado - e de Zayn - que isso geralmente os deixava mudos.
"Sabe", Louis foi o primeiro a falar, chamando a atenção de Trisha. "Eu não acho que seja uma boa idéia ele ir à Jersey. Mesmo depois de tantos anos, de tantas coisas e dele dizer que já superou. Aquela cena que ele fez, jogando as garrafas em mim dizem justamente o contrário. Que ele ainda pensa naquilo e que ainda sofre por aquilo."
Trisha mexeu sua cabeça, fazendo que sim. Fincou seu olhar em uma criancinha sentada parada num canto do parquinho. Era um menininho loiro, de olhar perdido e rosto marcante. Ele tinha algumas sardas nas bochechas e aparentava ter uns oito anos.
Ele olhava para as outras crianças com certa dúvida. Quem sabe o que ele pensava? Por que estava sozinho? As respostas surgiram quando uma das meninas que brincavam juntas foi até onde ele estava e lhe jogou terra nos cabelos, rindo debochada e correndo do local, deixando-o novamente.
Não havia razão para ele estar só. Não havia razão para ele ser ignorado e não havia razão para aquela criança ser desprezada. E assim como a razão explica muita coisa, ela também deixa dúvidas em outras.
"O Zayn sempre foi um ótimo filho", falou a mulher depois de longos minutos de silêncio. "Eu e meu marido nunca nos decepcionamos com ele. Eu sempre soube que ele tinha poucos amigos na escola, que sofria bullying e que às vezes ele chorava por isso. Mas ele nunca me falou nada, em absoluto. Quando eu perguntava: Hey, querido, seus olhos estão vermelhos? Ele me respondia: Nah, está precisando de óculos? Lhe empresto os meus!", Trisha disse, com os olhos um tanto marejados.
Louis segurou a sua mão com um tanto mais de força, como se a apoiasse em seu depoimento.
"No dia em que eu o vi daquela maneira, Louis, com o rosto deformado e aquelas expressões de dor... eu me senti tão culpada, tão...", parou e fungou um tanto. "Eu desejei com todas as forças que eu tinha no meu coração estar em seu lugar. Tirar toda a sua dor. Arrancá-la fora com um grande alicate imaginário e deixar o meu pequeno livre dela. Mas não era possível e nunca foi. E durante todos esses anos eu o vi definhar aos poucos e perder o seu brilho."
Ela olhou para o rapaz ao seu lado, que estava bastante emocionado e suspirou, continuando:
"E sabe o que é pior?", perguntou, fazendo Louis menear a cabeça. "É que ele ainda esconde os seus olhos vermelhos para mim. Ele ainda pensa que pode me enganar. E pior ainda: agora ele pensa que me tratando mal e tratando mal a você ele vai conseguir ter um pouco de sossego no seu coração acabado. Mas não vai ser assim que ele vai conseguir isso", afirmou, passando a sua mão livre pelo rosto molhado.
"E como ele vai conseguir, Tia Trisha?", Louis perguntou, olhando-a de forma séria.
"Voltando para aquela cidade. Encarando os fatos que lhe aconteceram. Ele nunca fez isso, nunca falou a respeito. Claro que nós dois sabemos quem ele culpa pelo que foi feito com ele, mas ele nunca tomou uma providencia, por Deus!"
"E se ele piorar?", Louis indagou, soltando a mão de Trisha apenas para enxugar seus olhos.
"Você acha mesmo que ele pode ficar pior do que está?", ela perguntou. "Zayn é quase um alcoólatra, tem uma vida devassa, um rosto desfigurado que se recusa a arrumar, usa tinta artística para poder abrir a porta e ainda tem picos de humor a cada cinco segundos", falou um tanto nervosa. "Não posso esperar o dia em que ele corte os pulsos novamente, Louis. Não posso perdê-lo. E se as respostas para os problemas de meu filho estão em Jersey, é para lá que ele deve ir."
"A senhora está certa", Louis sussurrou com um sorriso triste. "Afinal, o passado é um grande problema para ele."
"Para nós", Trisha afirmou, fazendo Louis erguer os olhos. "E espero que você também saiba lidar com isso."
Ele a abraçou, sendo retribuído. Fechou os olhos por um momento e soube que podia usar as palavras dela para si, como se os problemas de Zayn também fossem seus, mesmo ele tendo seu próprio problema.
E soube que seria duro encarar o passado. Mas soube que sem isso jamais poderia viver o presente.
***
Liam quis se redimir com os filhos e então decidiu levá-los para um passeio no Shopping, dizendo estar com o cartão de créditos ilimitado para qualquer coisa que eles quisessem comprar.
Justin foi facilmente comprado pela idéia, já havia até feito uma lista de coisas que compraria, como livros e comic-books. Já Scott estava indo à contragosto, a pedido de sua mãe, que disse que Liam estava arrependido e que ele devia perdoá-lo. Ele disse que tudo bem, mas estava com a cara mais emburrada que podia fazer.
O irmão puxou Justin pelo braço e indicou a ele a loja de CDs, pois não queria pedir ao pai para ir até ela, e Justin, como porta-voz, apenas anunciou a Liam aonde eles estavam indo.
Quando eles entraram na loja, Liam parou na entrada e observou os pequenos visores de música que passavam clipes das bandas mais ouvidas, rolando os olhos para tamanha vulgaridade.
"Hey, você não é aquele jogador dos Iron Men? Liam Payne, não é?", um dos vendedores da loja perguntou, com um sorriso.
"Sim, mas fale baixo", Liam pediu. "Estou com minhas crianças", e indicou os filhos, que estavam com fones de ouvidos e seguravam alguns CDs.
"Pode me dar um autógrafo?", o vendedor pediu e Liam assentiu, assinando a folha que o rapaz lhe entregou. Logo o vendedor também pediu uma foto com ele e Liam bateu sem se queixar.
Ele estava até com um sorriso no rosto, enquanto o rapaz, que se declarou um fã dele, conversava animadamente. Mas seu sorriso se dissolveu quando ele desceu a vista para a camisa que o rapaz vestia.
"White Frogs?", pronunciou quase com nojo.
"Sim, minha banda favorita!", disse o moço. "A melhor da atualidade. Eles são fodas!"
"Oh, sim", Liam ironizou, mesmo que o rapaz não tivesse entendido. Observou os filhos por um tempo até que o seu olhar se encontrou com o de Justin e ele o chamou com um leve movimento da cabeça. "Pegue com Scott todas as coisas que escolheram e vamos embora, não me sinto muito bem."
Justin assentiu e chamou Scott, cochichando algo em seu ouvido, fazendo com que ele olhasse em direção ao pai. Percebeu que ele estava um tanto pálido e resolveu obedecer sem mais delongas, indo ao caixa e passando todos os CDs que escolhera com o irmão.
Scott fitou o pai desconfiado todo o caminho até o estacionamento. Não havia esquecido do que aconteceu, mesmo que já tivesse perdoado as atitudes dele. Afinal, não é todo dia que se pode comprar tantas coisas no shopping num dia só.
Mas ele realmente estava curioso e bastante aflito para saber sobre o porquê das reações do pai quando soube que eles mexeram em suas coisas e principalmente, quando ele mencionara Zayn Malik.
Ele sabia que o pai conhecia o garoto, sabia que eles no mínimo eram próximos na época da escola - por causa da foto - só não entendia o que podia ter acontecido para que o pai odiasse Zayn Malik. Claro, porque, devido aquela reação ele só podia odiá-lo.
Quando eles entraram no carro de Liam, Scott pediu para colocar algum dos CDs novos que comprou, mas Liam apenas disse que estava com muita dor de cabeça e o filho jogou-se contra o banco, cruzando os braços contra o peito.
"Ao menos liga a rádio, esse silêncio é uma merda!"
"Olha a boca, Scott", falou Liam, mesmo assim, ele ligou o aparelho de rádio de seu carro em uma estação qualquer.
Tocava alguma música animada na rádio, fazendo até com que Liam sussurrasse parte repetitiva da letra recém aprendida. Quando a canção acabou, o radialista começou a falar um tanto sobre a letra da música e entrou em uma parte de notícias.
"Bom dia Califórnia! É um ótimo dia para ouvir música! Eu adoro essa música que acabou de tocar. Adoro o fato de que a Lady Gaga lançou novo cd também", pausa. "E agora uma notícia quentíssima para nós, os norte-americanos! Depois de anos de espera, muitas petições de shows e um grande anúncio no site da banda... foi confirmado o show dos White Frogs em New Jersey!"
Liam pisou com força no freio do carro, parando-o bruscamente e fazendo com que o carro que vinha atrás do seu buzinasse e o ultrapassasse, o motorista deste falando dezenas de xingamentos. Os filhos haviam se segurado nas laterais, e como usavam cinto, nada sofreram além de um susto.
"Puta que pariu, você quer nos matar?", Scott disse, com a mão sobre o coração.
"Pai, você está bem?", Justin perguntou, ignorando o irmão histérico e viu o seu pai tirar o cinto e descer do carro, fazendo o mesmo. "Pai?"
Liam caminhou até a calçada e colocou as mãos sobre os joelhos, inclinado para frente como se a respiração faltasse. Justin estava ao lado dele, segurando seu braço ao que dizia para Scott deixar de ser inútil e ligar para alguém.
"Calma pai, você vai ficar bem..."
O jogador, que estava em frente a uma loja de eletrodomésticos, olhou para a vitrine de TVs e notou que nelas passava o rosto de Zayn; ele estava cantando no que parecia um clipe de sua banda.
Ele riu em ironia, pensando que, puta merda, como eu sou azarado. E enquanto ouvia seu filho lhe dando algum conforto, estava decidido a fazer algo que já deveria ter feito há muito tempo.
"Scott", falou, chamando a atenção do filho, que já discava algum número em seu celular. "O que acha de ver o show dos Frogs?"
***
"Você o que?!", Alex perguntou, ao que viu Liam jogar uma grande mala de viagem em cima de sua cama.
"Vou viajar. New Jersey. Está sabendo da festa dos veteranos, não é?", disse, abrindo o seu closet e escolhendo algumas roupas.
"Sim, eu sei, mas... Liam, você nunca quis ir para esse evento", rebateu Alex, um tanto admirado.
"Sempre é dia para mudar de idéia", falou, jogando um monte de cabides dentro da mala.
"E os jogos? E a empresa? E as crianças?"
"Já falei com meu treinador, a idéia de eu sair em semi férias foi dele mesmo. Só haverá jogos em dois meses e eu posso manter a forma física, afinal não vou passar em Jersey tanto tempo assim. A empresa não vai sair do lugar e as crianças vão comigo."
"Mas..."
"Mas o quê?"
Alex estava estupefato com a atitude de Liam. Nos últimos anos ele não fazia nada de muito excepcional, nem se entregava a atitudes surpresas e muito menos mencionava Jersey, Alex sabia muito bem por que.
E sabia também por que tinha que se preocupar com isso; mesmo sabendo que muitos anos passaram, o que aconteceu a dez anos naquela cidade, na escola onde estudaram, ainda era um fato anônimo para Liam - e por Alex continuaria sendo.
Ele se lembrava do dia em que viu Liam após a escola terminar. Lembrava de como ele estava abatido, depressivo, magro e apático. Nem de longe lembrava o rapaz feliz que era quando namorava aquele... garoto.
A atitude de Liam, revigorante, determinada, preocupava Alex, que pensava ter a vida do atleta sob controle. Trabalhava no cargo de maior confiança em sua empresa, cuidava de seus filhos, de sua vida de atleta... Liam comia em sua mão e se Alex quisesse podia acabar com a vida dele apenas com um piscar de olhos.
Mas ele não pensava em fazer isso. Nunca pensou. A mente de Alex trabalhava de uma maneira que ele mesmo não a dominava, o que deveria ser uma coisa preocupante para Liam, se ele soubesse disso.
"O que fez você querer ir para Jersey, Liam?", Alex perguntou, realmente temendo pela resposta.
O jogador o olhou com determinação e franziu a testa, largando mais uma remessa de roupas em cima da mala e pousou as mãos na cintura como se estivesse se preparando para uma confissão.
Puxou Alex para que sentasse ao seu lado na cama e abriu a gaveta do criado mudo, tirando a foto que estava dentro dele e estendeu para o amigo.
"Você se lembra de Zayn Malik?"
Bastou. Alex levantou-se da cama com uma pressa que pairou ao desespero, olhando fixamente para a foto. Muitas imagens voltaram à sua mente, imagens que ele escondia em seus mais profundos pensamentos e isso o deixou assustado.
"O que... o que... o que tem ele?", questionou, apertando a foto entre os dedos.
"Ele foi o amor da minha vida", Liam confessou, fazendo Alex fechar os olhos com força. "Você me consolou quando ele foi embora, lembra?"
"Como esquecer...", sussurrou o outro entre dentes, tentando manter a calma.
"Eu pensei que havia superado tudo o que ele significou na minha vida, Alex. Mas agora eu vejo que não. Eu ainda sinto como se tudo tivesse acontecido ontem, sabe? A mesma dor... a mesma sensação de traição."
Liam parou por um momento e Alex se virou, notando que ele estava com o rosto um tanto molhado de lágrimas. Respirou fundo, contando até três e sentou-se novamente na cama, entregando a Liam a foto e pousando a mão sobre o ombro do amigo.
"E então?"
"Eu descobri que ele... que ele tem essa banda, sabe? Meu Deus, Alex, eu não podia imaginar e... e então o Scott é fã desta banda, acredita?", Liam disse em tom de incredulidade, dando uma risada curta.
"Uma banda? Sério?", Alex falou, em falso tom surpreso.
"E eu penso que isso não pode ser coincidência. Eu sei que ninguém te contou o motivo do meu surto...", disse, fazendo Alex assentir, "...foi porque o quarto do Scott tava cheio de pôsteres do Zayn, que loucura, não acha?"
"Não brinca..."
"E eu soube que... que essa banda dele, eles vão tocar em Jersey ainda este mês. E eu pretendo encontrar com o Zayn."
Alex deu uma risada, como quem não acredita no que ouve. Liam o olhou bastante sério, questionando-o do por que ele ria.
"Depois de tudo o que ele te fez?", Alex indagou. "Ele foi embora e te deixou, Liam. Você fez tudo por ele, lembra? Brigou com a sua mãe, com seu pai, ia deixando o futebol de lado e as empresas... e você vai atrás dele? Como pode isso?"
"Não me entenda mal!", Liam enfatizou. "Não vou atrás de um romance, Alex, por favor! Eu só preciso de uma explicação, só isso. Não posso viver assim, tenho que pular essa parte da minha vida e conseguir vivê-la em paz. Mas para fazer isso eu tenho que saber por que ele me deixou, por que fez aquilo..."
Alex pôs as mãos sobre o rosto, acariciando as têmporas em movimentos que tentavam não fazer a sua cabeça explodir em mil pedaços. Ele se via em meio à um temporal, sob trovões e relâmpagos e era realmente difícil de acreditar no que ouvia.
"Fique calmo", Liam disse baixo. "Sei que você se preocupa comigo, mas vai dar tudo certo, eu juro."
Ele deu dois tapas no ombro do amigo, que engoliu em seco para sorrir para Liam, como se concordasse com sua afirmativa. Incrédulo de toda aquela situação, ele apenas pensava no quanto estava fodido e numa forma de conseguir com que Liam não conseguisse ver Zayn.
Alex não soube como conseguiu chegar em sua casa. Durante o caminho, ele quase bateu o carro quatro vezes e ultrapassou vários sinais, sabendo, portanto, que teria muitas multas a pagar por isso e pelo excesso de velocidade.
Mas ele não estava nem pensando sobre isso. Perto do que ele tinha na cabeça esses problemas não eram nada. Ele estava tão perturbado e sem noção das coisas que não conseguia sequer se sentar para pensar, ficava andando de um lado para o outro enquanto suas mãos acariciavam seu rosto suado.
Era um pesadelo para ele. Não, pior que um pesadelo, era a certeza de uma condenação pelos seus atos - que ele não achava criminosos, porque era completamente desequilibrado - do passado e isso estava deixando ele em um estado de nervosismo como nunca esteve nos últimos anos.
Olhou em volta para os seus móveis italianos e recostou-se contra o sofá, encarando os pés e o seu redor. Não sabia como se livrar da situação em que se metera e estava para agüentar as conseqüências de seus atos.
E tudo em que ele pensava era Zayn Malik. Ele não achava, tinha total certeza que Zayn era o causador de todos os seus problemas - tanto sentimentais quanto financeiros - e que por causa dele, ele era um frustrado.
Mas na verdade Zayn nunca soube que havia causado frisson em Alex. Na verdade, em todos os anos que se passaram, Zayn nunca havia parado para pensar que Alex fez o que fez com ele porque o odiava de verdade, mas pelo motivo que ele alimentou como verdadeiro: que Alex fez tudo aquilo com ele a mando de Liam.
Nem a fome que Alex sentia o fazia se mover para isso, nem a dor de cabeça que aparecia em sua testa ou o coração batendo forte a cada minuto. Seu estado de espírito louco o estava alimentando de alguma forma.
Ele parou por um segundo para respirar fundo e mentalizar que era um homem inteligente, rico e poderoso e que podia lidar com toda essa situação, que daria um jeito. Ele sempre deu um jeito, porque não continuaria dando?
Ergueu-se e caminhou pelos corredores da sua silenciosa casa, parando no quarto de hóspedes que ele usava para guardar objetos pessoais que não usava com freqüência e acendeu a luz, olhando o espaço atentamente para se lembrar onde ele havia guardado o que procurava.
Visualizando a grande caixa embaixo da cama, foi até ela e a puxou, sentando sobre o colchão e rasgando a fita adesiva que a vedava, finalmente abrindo e vendo o seu conteúdo; havia dezenas de revistas com os White Frogs na capa, jornais impressos, alguns ingressos. A grande maioria das coisas eram endereçadas à Liam, que tinha a assinatura de um monte de coisas.
Quando ele dava falta de alguma revista ou Jornal, Alex dizia que havia pego e que depois o devolveria - mentindo. Durante os anos ele aprendera a observar tudo o que tinha a ver com Zayn desde que ele havia formado a sua banda, quando Alex tomou conhecimento dela, num dia qualquer.
Mas ele nunca imaginou que um dia Liam descobriria sobre Zayn, pois ele tentou de toda forma fazer com que ele nunca soubesse. Mas como ele poderia prever o futuro, se ele é incerto? Estava bem na cara dele, Scott com aquelas músicas esquisitas e camisas de bandas, como ele não havia pensado que Scott podia gostar logo dos Frogs?
Começou a rasgar as revistas, uma a uma, fazendo uma força tão grande - devido o grande volume de páginas de algumas delas - que sua palma se feriu, mas ele não parou. Rasgava com o ódio que sentia da situação, como havia feito com o rosto de Zayn há anos atrás, como ainda queria fazer algo com o garoto mesmo depois de tanto tempo.
"Maldito Zayn Malik", sussurrou, olhando uma foto ainda intacta em sua mão. "Por que você não morreu, seu filho da mãe, hm? Por que teve que sobreviver?", negou algumas vezes com a cabeça e jogou tudo o que havia rasgado de lado, finalmente colocando algumas idéias em ordem.
Revirou um tanto mais a caixa e achou um embrulho laranja escondido no fundo, desenrolando-o e segurando o que ele guardava. O brilho da calibre 38 ofuscou sua vista e ele deu um meio sorriso estranho, contrastando com seu estado de espírito.
Como ele podia fazer algo a respeito? Apenas de um jeito: fazendo do jeito que havia feito a primeira vez, com ajuda de alguns idiotas. E ele sabia como encontrá-los.
Discou alguns números que tinha, alguns não servindo. Brian, não conseguiu. Troy? Também não. O último número tocou mais de três vezes antes da pessoa atender, com a voz ligeiramente embargada.
"Turner?"
***
Gentem, uma coisinha. Sobre a cicatriz no rosto do Zayn, imaginem algo como assim.
E NÃO DEIXEM DE LER MINHA NOVA SHORTFIC, PAPILLON! ELA É ZIAM E LARRY!
LOUIS, É LOUISE, A PROSTITUTA MAIS DESEJÁVEL DE PARIS, E HARRY É APAIXONADO POR ELE. E ZAYN É O PUPILO DE LIAM <3
PROMETO QUE ELA É LEGAL :)