A Marca dos Caídos - Livro I...

By RWSaint

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O mundo em que vivemos é repleto de mistérios que meros olhos humanos não poderiam compreender. Anjos, demôni... More

Prólogo
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
CAPÍTULO III
CAPITULO IV
CAPÍTULO V
CAPÍTULO VI
CAPITULO VII
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO VIII.I
CAPÍTULO IX
CAPÍTULO X
CAPÍTULO XI
CAPÍTULO XII
CAPÍTULO XIII
CAPÍTULO XIV
NOTA
CAPÍTULO XV
CAPÍTULO XVI
CAPÍTULO XVII
CAPÍTULO XVII
CAPÍTULO XIX
CAPÍTULO XX.I
CAPÍTULO XXI
CAPÍTULO XXII
CAPÍTULO XXIII
CAPÍTULO XXIV
CAPÍTULO XXV
CAPÍTULO XXVI
CAPÍTULO XXVII
CAPÍTULO XXVIII
CAPÍTULO XXIX
CAPÍTULO XXX
Agradecimentos
Recadinho

CAPÍTULO XX

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By RWSaint

Alan

Um mês depois...

Alguém bate na porta do escritório. Mando entrar e vejo o Tayler com alguns papeis na mão. Nessas semanas ele tem me ajudado bastante com as questões relacionadas ao Clã, o Aydan ainda estava preso e não tinha falado nada ao Jesse, que dispõe de algumas horas por dia para tentar fazê-lo dizer algo. Não podia mentir, eu não tinha ido vê-lo desde aquele dia em que mandei prender, não conseguiria ver meu irmão sendo torturado mas também não podia deixar ele dando informações ao Clã sobre nossas atividades.

- Eu tenho uma novidade - ele parecia igualmente feliz e isso me fez desconfiar.

- Então fale.

Ele espalha os papeis pela mesa e eu percebo que são mapas. Mapas de uma ilha. Me levanto e contorno a mesa para ver melhor.

- Esse mapa é da Ilha do Clã - ele aponta para uma pequena área - descobri o por que de não conseguimos localizar a ilha.

- O que!? - engasgo - como descobriu isso?

- Eu tinha um conhecido que me devia um favor, que conhecia alguém que devia um favor e por ai vai - ele gargalha - a ilha é flutuante e se as informações estiverem corretas, o tal bruxo Meliorn faz com que ela seja quase inrastreável.

- Quase? - pergunto confuso.

- Sim. Podemos rastrear a ilha se alguém estiver dentro.

Ele me olha com ar de expectativa.

- Mas não podemos mais rastrear a Emy, nem falar com ela.

Ele abre um sorriso igual ao do gato em Alice no País das Maravilhas.

- E quem disse que é a Emily? - ele começa a andar de lá para cá, raciocinando - falei com a Úrsula e para conseguir o que eu estou planejando é preciso de um ritual com a participação de vários feiticeiros e...

- OOWWW!! - o interrompo - do que estamos falando?

Ele revira os olhos.

- Podemos não conseguir rastrear a Emily mas podemos rastrear o Eric.

Começava a ficar claro o seu plano. Era tudo muito arriscado mas precisaríamos tentar.

- Temos que falar com os sobrenaturais daqui. Saber se eles lutariam por nós.

- Já fiz isso - Tayler se senta e cruza as pernas - noventa por cento segue você se decidir agir.

Retorno para a minha cabeça e me sento pesadamente. Eu teria que levar dezenas de sobrenaturais até a Ilha e deixar que se sacrificassem por mim e pela minha irmã?

- Eu não posso pedir isso - esfrego os olhos frustrado - não posso pedir que se sacrifiquem por mim.

- Na verdade, eles não estão fazendo por você. Acho que todos eles perderam algum familiar, amigo ou conhecido e querem se vingar. Todos tem motivos.

Quando ia retrucar, alguém invade o escritório. Tayler e eu nos levantamos num pulo enquanto vemos um Jesse esbaforido vir na nossa direção.

- Não me mate - ele fala para mim - acho que eu peguei um pouco pesado com seu irmão.

  Saio apressado da casa em direção ao porão onde tinha algumas celas. Quando eu comprei a casa nunca me passou pela cabeça que eu usaria essas celas, mas o momento é que faz o caçador. Puxo as correntes e desço até o cômodo precário, dava para sentir a umidade e o mofo entrando pelo meu nariz e oprimindo meus pulmões, ainda bem que eu não precisava respirar. A visão de um vampiro era mil vezes melhor do que a de um ser humano então eu não demoro muito para achar o corpo do Aydan caído do lado de uma cadeira, provavelmente o Jesse deve tê-lo desamarrado. 

   Chego até ele e vejo que ele respira com dificuldade, sua camisa estava um farrapo e ele tinha alguns cortes, mas fora isso, ainda parecia o Aydan. Viro ele de barriga para cima e seus olhos amarelos saltam, ele segura o meu braço com força, suor brotando em suas têmporas.

- A nuca-a - ele gagueja - está queimando. D-deus me matem.

- Tayler! Jesse! Tragam água agora!! - ordeno para os dois, que estavam parados na porta estáticos.

   Eles correm para providenciar o que eu pedi. E eu seguro o Aydan como se ele fosse uma criança. Como quando ele tinha caído de uma pedra perto do lago na aldeia em que crescemos e esfolou o joelho inteiro. Ele tinha apenas 5 anos e eu 10, tive que carrega-lo no colo até a nossa cabana e cuidei dos seus ferimentos. Mas que inferno, eu sempre cuidei dele e agora ele está assim por minha culpa.

   Ele continua a resmungar sobre a nuca estar queimando,ponho a mão na sua testa e percebo que ele estava ardendo em febre. Ele agarra os meus ombros e tenta se levantar, mas o empurro para que permaneça deitado.

- Precisa ficar quieto.

- Eu sinto muito - ele fala roucamente - eu queria contar tudo, mas não consigo. Não... não me deixam.

- Como assim não te deixam?

- Não... não - ele estava delirando. Ele grita segurando a cabeça.

- Ora porra, onde está essa água?? - grito e vejo o Tayler se aproximando com água numa vasilha e toalhas.

- Eu demorei por que estava tentando fazer com que a Lívia não me seguisse. O Jesse ficou com ela - ele explica.

  Banho as toalhas na água fria, uma eu coloco em sua testa e a outra eu tento posicionar atras do seu pescoço, mas quando tento ele se estica como se tivesse sido eletrocutado. Tayler segura meu pulso e balança a cabeça pedindo para que eu pare, ele gentilmente vira a cabeça do Aydan e arregala os olhos. Na parte posterior da cabeça havia um circulo negro, do tamanho de uma moeda com veias negras e vermelhas sobrepondo, parecia pulsar no ritmo de um coração, ponho o dedo em cima e o Aydan grita de dor.

  Mas que porra é essa?

- Ligue para o Dr.Hayes agora, peça para ele vir correndo. Mande o Jesse procurar a Úrsula e peça para nos encontrar no meu quarto - ele acena e eu ponho o Aydan no ombro.

  Saio do porão e vou para a porta traseira anexa a cozinha, assim caso a Lívia estivesse lá, ela não veria o estado dele. Ele balançava enquanto o carregava pelas escadas, isso significava que não estava mais consciente. Abro a porta do meu quarto que eu quase nunca utilizava e o ponho sobre os lençóis brancos da minha cama. 

  Escuto alguém engolir em seco e quando olho para a porta, vejo um vulto de cabelos negros passar por mim na direção dele. Lívia. Reviro os olhos, por que eu achei que podia despista-la? Ela vai até ele e retira seus sapatos e cuidadosamente retira sua camiseta, fico observando tudo enquanto ela vai até o banheiro e pega as toalhas que estavam dobradas e as encharca de água. Volta carregando tudo nos braços e começa a limpar as pequenos cortes que tinha.

- O torturaram ? - ela pergunta contidamente. Aceno com a cabeça. Ela engole em seco e continua a cuidar dele, silenciosamente - por que? Ele é seu irmão!

- Era preciso - murmuro baixinho.

- Alan ? - Jesse chama do corredor. Úrsula estava com ele  visivelmente confusa. Faço sinal para que se aproximem.

- Úrsula, o que acha que é isso ? - viro o Aydan mostrando o pequeno calombo. Ela suga o ar espantada.

- Pelos Deuses! - ela toca o local mas retira a mão como se tivesse sido repelida - isso é magia negra pura.

- Mas o que é? - eu tinha um gosto amargo na boca, algo me dizia que eu não ia gostar da resposta.

-Isso, em latim, é um Daemonum iussis ou Ordenador Demoníaco. Faz com que a pessoa que está com essa.. essa coisa vire submisso ao feiticeiro - ela pega uma colher que estava na cabeceira da cama e poe em cima da marca, fazendo com que se movesse - viu ?

- Então tem um demônio nele? - Lívia pergunta com a voz esganiçada.

- Sim, mas tem algo errado. É como se ele estivesse tentando repelir, por isso está tão inflamado.

- Ele me disse que queria contar a verdade mas que não conseguia - digo.

- Sim. Ele teria que fazer o que foi ordenado e creio que não revelar nada seja uma dessas coisas. Mas, ele quer contar e isso está indo contra o demônio ordenador - ela suspira - ele está batalhando contra ele.

- Por que eu sinto que tem um 'mas' nessa frase - Lívia a encara.

- É uma magia muito poderosa. Ele pode não resistir - ela se dirige para a porta - vou falar com os outros feiticeiros para ver se há algum ritual.

  Todos ficam em silencio com a resposta. Lívia retira os cabelos dele da testa molhada de suor e acaricia suavemente seu rosto. O destino deveria estar de brincadeira comigo. Tayler chega com o Dr. Hayes, ele o examina e diz que pelo que constatava os  batimentos cardíacos e a pressão do Aydan estava tudo bem, então o pago e ele vai embora.

  Anoitece e peço para Nurya providenciar algo para Lívia comer, já que ela não fazia menção de se mover de perto da cama. Me aproximo tocando seu ombro, fazendo com que ela pule de susto.

- Desculpe, não quis assusta-la.

- Sem problema, eu estava distraída - ela olha para o Aydan - acha que ele vai ficar bem ?

- Ele é forte, espero que sim. Você deveria ir para casa.

- Não. Eu não vou sair daqui - ela balança a cabeça veementemente.

- Seus pais irão ficar preocupados.

- Não vão, pedi para a Anne me cobrir - ela balança o celular. 

- Então pelo menos desça para jantar - aponto para a porta, onde Nurya estava parada.

  Ela olha para o Aydan inconsciente e depois para mim, então suspira e se levanta saindo do quarto. Me sento onde antes ela estava e pego a mão dele, estava fria o que era completamente estranho para um lobisomem. Eu tinha falhado duas vezes, não consegui proteger a Emily e nem ele. Que especie de irmão mais velho eu sou ? 

- Você lembra do dia em que encontrou a Emy? - falo - claro que lembra, ela estava toda machucada mas você queria cuidar dela, disse que ninguém ia machuca-la. Acho que foi nessa hora que eu percebi que não podia protege-lo mais, você tinha virado um homem, o orgulho do pai. Quando ela acordou foi pior, você passava o tempo todo com ela e a chamava de irmã, era como se eu tivesse perdido meu posto. E então eu a odiei, a odiei com todas as minhas forças. Porque ela tinha tomado meu lugar - suspiro - que coisa mais idiota, foi infantil. Eu falhei com vocês dois...

- Você é um babaca - olho para baixo e vejo ele acordado - eu sempre serei seu irmão do mesmo jeito que a Emy sempre será a NOSSA irmã.

- Sim, eu sou um idiota - gargalho e aperto sua mão - como você está?

- Parece que tomei um tiro, tive uma overdose e fui atropelado - ele tenta se levantar mas falha - tudo ao mesmo tempo.

- A Lívia está aqui - ele empalidece e eu arqueio uma sobrancelha - o que? 

- Ela é diferente, me sinto estranho perto dela - ele dá de ombros e faz uma careta - a propósito, como vim parar aqui? Pensei que estivesse preso.

- Você desmaiou e eu te trouxe até aqui - não iria contar nada por enquanto, até que a Úrsula achasse um modo de reverter o feitiço.

- Que fracote que eu sou - ele resmunga e eu soco seu braço.

- Tem fome? 

- Muita. Me ajuda a levantar? 

- Tem certeza? - ele se apoia na beira da cama e eu o ajudo -  teimoso.

  Descemos as escadas e encontramos Lívia e Nurya conversando na cozinha. Quando Lívia percebe que o Aydan está comigo, ela se levanta e corre para abraça-lo, que surpreso demora um pouco para retribuir. Pego um prato e ponho um pouco da sopa que Nurya tinha feito e coloco o bastante para o Aydan. Ele se senta todo sorridente e eu reviro os olhos para ele.

- Você está bem? - Lívia pergunta olhando para mim. Balanço a cabeça avisando silenciosamente para não falar nada, ela acena e se vira para o Aydan.

- Sim, só faminto.

  Meu celular vibra e eu me afasto, deixando os dois a sós. Uma mensagem recebida. Anne.

Anne :Lívia me contou o que houve com seu irmão. Você está bem? Ele está bem? Precisa de algo? 

  Sorrio largamente enquanto digito.

Eu : Sim, estou bem. E ele melhorou mas não o suficiente.

Anne : Me deixe a par da situação.

Eu : Ainda com medo de mim ?

  Se passa alguns segundo até que vejo ela digitando novamente.

Anne : Eu não tenho medo de você. Tenho medo do que eu estou começando a sentir e isso me assusta mais que qualquer coisa.

Eu : Entendo.

  Fecho o celular. Parecia a coisa certa a fazer, eu não iria por mais ninguém em risco. As próximas semanas seriam cruciais e eu poria todo o meu empenho estrategista para invadir o Clã. 

  Eles que se preparassem.


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