CAPÍTULO XXV

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Emily

Algumas semanas depois...

Desço as escadas indo direto para a porta da frente, assim que passo por ela George me aborda ao lado de uma vampira, muito bonita por sinal.

- Emily com tudo o que aconteceu nesses dias, eu não tive a oportunidade de apresentar a minha esposa - ele sorrir afetuosamente para ela que parece tímida e sem jeito.

- Muito prazer - ela sussurra.

- Uma vampira? - pergunto mas logo mordo a lingua por ser tão insensível.

- Sim, uma vampira. - ela responde suavemente.

- Me desculpa por ser rude - peço

- Está tudo bem. - ela me olha profundamente e me sinto desconfortável por um momento, como se ela estivesse lendo a minha alma.

- Querida, não faça isso - George pede, cortando nosso olhar.

- Desculpe, é hábito - olho para eles sem compreender e vendo que eu estava confusa, ela explica - meu dom, leio as pessoas. E você Emily, é uma pessoa interessante de se ler.

- Por que diz isso?

- Porque aqui - ela toca a minha cabeça - você é velha e sábia, já viu muito do mundo e do que ele é capaz mas aqui - ela aponta para o meu coração - é tão jovem e inocente ainda que não sabe como controlar o que está sentindo, não é?

Não respondo. Eu estava boquiaberta, todo o meu corpo tinha esfriado. Gaguejo alguma resposta qualquer e vou em direção a minha moto em passos rápidos. Pesco as chaves no bolso da jaqueta e meu olhar é involuntariamente atraído para uma das janelas da casa.
Tayler me olhava la de cima, as mãos nos bolsos casualmente, a expressão fria e vazia. Sem mais a ameaça do Clã, ele não precisava ficar me seguindo como Sombra, na verdade ele não falava comigo desde a nossa conversa no escritorio. Depois de alguns segundos, ele fecha as cortinas e se afasta me deixando olhando para onde estava. Eu não deveria ficar magoada pois eu tinha transformado a nossa situação mas meu coração parecia não querer saber disso.
O ronco da moto quando a ligo me tira dos devaneios, acelero a toda para chegar na estrada. As árvores eram um borrão ao meu lado, não muito distante dava para se ouvir as ondas quebrando na parede rochosa do precipício. Não podia evitar que os meus pensamentos vagassem para o precipício da Ilha do Clã, quando o Alan...

' Chega Emily, não fique remoendo mais isso!! '

Mas eu não podia deixar de pensar na carta. A Estátua havia o visitado, mas como? E se o Alan havia visto o que iria acontecer então por que não evitou? Tudo isso estava muito mal contado. Eu tinha um plano pré formado antes mesmo de sair de casa, eu precisava falar com a Estátua. Mas como eu faria isso?
Bato no guidon da moto frustrada. Em que momento minha vida havia virado de cabeça para baixo? Alan, Tayler, a Estatua... É demais para mim.

Freio bruscamente.

No meio das copas das árvores uma luz se fazia ver mas não era uma luz qualquer, era a luz de uma presença celestial. Ponho a moto entre dois salgueiros e desço, a luz tremulava como se tivesse se mexendo, vou cautelosamente naquela direção e me deparo com uma grande clareira cercada de madressilvas, os vagalumes davam um ar místico ao lugar e bem no centro, um anjo com as asas abertas.

Não... não era um anjo. Era um arcanjo...

- Miguel? - sussurro. Minha marca começa a latejar assim que ele se vira.

A Marca dos Caídos - Livro I (COMPLETO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora