Prólogo

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Século IX d.C

Em algum lugar no mediterrâneo

- Na hif galic, mintsa - está tudo pronto, traduzi mentalmente.

Do alto do penhasco onde nos encontrávamos podíamos ver claramente a cidade abaixo em toda a sua gloria, com suas construções altas e com suas ruas desertas. Suas altas muralhas fortificadas e as dezenas de sentinelas impossibilitava qualquer exército humano de invadi-la, isso seria suicídio.

Pena que não somos humanos...

A invasão começaria por ar, eu iria sobrevoar as muralhas e abater os sentinelas acordados, abriria os portões para os outros.Hoje eu estaria no comando, hoje eu teria que matar e não apenas assistir a investida.

- Esta tudo bem, é por uma boa causa - falava baixinho repetidamente, quem sabe assim esse mal pressentimento passava.

- Esta tudo bem, irmãzinha? - Virei o rosto e Aydan estava lá,como sempre esteve e sempre estaria. Havia vincos de preocupação ao redor dos olhos verdes, mas aquele sorriso idiota que ele sempre tinha estava lá. Ele era moreno com longos cabelos castanhos que chegava aos ombros. Na minha opinião feminina, ele era extremamente atraente.

- Você sabe que eu odeio quando me chama assim, principalmente na frente dos guerreiros - falei, mas não pude deixar de sorrir para aquele babão - O que você diria se eu chamasse você de Lobinho na frente dos outros lobisomens?

Sua gargalhada me aliviou por um instante.

- E então ? - insistiu ele

- Sim, estou bem. Só estou com um mal pressentimento.

- Entendo. Também estou, mas creio que seja por causa do nervosismo ou da adrenalina, não sei. Nunca invadimos uma alcatéia tão poderosa.

- Não é só por causa disso... - falei, não... Eu tinha certeza, não era isso.

Não era apenas uma cidade de lobisomens, existiam humanos e pelo que nos foi informado, eles os escravizavam . Pelo menos, foi isso oque nos disseram.

- Acho que não deveríamos fazer isso, temos que investigar mais e ... - eu batucava com os dedos na espada nervosa

- Emily, você é a comandante agora, você não faz ideia de quantos deles querem o seu lugar - ele aponta para os guerreiros no pé da colina - e se você mostrar que está em duvida, eles irão mata- lá. Você mais do que ninguém sabe disso.

Ele tinha razão, eram todos sobrenaturais desgarrados,Renegados,que não foram aceitos pela própria espécie e que só estavam no Clã por causa do poder e da liberdade de agir como bem entendesse que lhes eram proporcionados. Eu tinha que fazer isso.

Inocentes...

- Há inocentes lá irmão - falo para o Aydan - Eles serão mortos se eu não poderia fazer nada.

- Eles sempre morrem, irmãzinha - ele diz sério.

Antes que eu pudesse responder, ouvimos a trompeta avisando que era chegada a hora. Aydan me da um sorriso e um abraço e volta para o pé da colina, fiquei surpresa pelo abraço já que ele não era de demonstrar intimidade em publico e tive a impressão de ter escutado ele pedir perdão. Será? Mas pelo o quê? Olho para a tatuagem que tínhamos iguais.

Tudo vai dar certo, penso

Relaxo os ombros e logo as asas aparecem, brancas,macias e lustrosas como sempre; a única que existia no Clã. Levanto vôo e a sensação de paz e alivio que sinto me enerva por um momento e então logo observo que os outros estão atrás de mim,esperando minhas ordens.

A Marca dos Caídos - Livro I (COMPLETO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora