A Marca dos Caídos - Livro I...

Por RWSaint

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O mundo em que vivemos é repleto de mistérios que meros olhos humanos não poderiam compreender. Anjos, demôni... Mais

Prólogo
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
CAPÍTULO III
CAPITULO IV
CAPÍTULO V
CAPÍTULO VI
CAPITULO VII
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO VIII.I
CAPÍTULO X
CAPÍTULO XI
CAPÍTULO XII
CAPÍTULO XIII
CAPÍTULO XIV
NOTA
CAPÍTULO XV
CAPÍTULO XVI
CAPÍTULO XVII
CAPÍTULO XVII
CAPÍTULO XIX
CAPÍTULO XX
CAPÍTULO XX.I
CAPÍTULO XXI
CAPÍTULO XXII
CAPÍTULO XXIII
CAPÍTULO XXIV
CAPÍTULO XXV
CAPÍTULO XXVI
CAPÍTULO XXVII
CAPÍTULO XXVIII
CAPÍTULO XXIX
CAPÍTULO XXX
Agradecimentos
Recadinho

CAPÍTULO IX

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Por RWSaint

Emily

Acordo com uma brisa leve no rosto, percebo que estou no meio de uma clareira cercada de árvores enormes e com flores silvestres dos mais variados tipos me cercando, sinto a grama molhada sob meus pés.
Como eu vim parar aqui? .Eu lembro que eu estava no meio de uma floresta, mas era essa floresta ?
Reparo que algo se projeta por cima das árvores, sigo naquela direção. Pássaros cantam alegremente pulando e voando por cima de mim, sorrio deles querendo chamar a minha atenção. Continuo andando até chegar de frente a um velho Templo grego, era gigantesco e com oito colunas sustentando o Frontão, estava quase em ruínas. Algo me levava a entrar nele, passo pelo Pronau até chegar na Cela, o que é estranho é que não deveria haver luz no recinto já que não tinha janelas, mas uma luz fraca e fantasmagórica rodeava o local.

Olá criança

Procuro ao redor pela voz. Uma sensação estranha de reconhecimento me assalta de repente.

- Quem está ai? - minha voz faz eco.

- Você não sabe quem eu sou, mas reconhece a minha voz. Certo ?

Ele estava certo, era a mesma voz que eu tinha escutado pela primeira vez na sorveteria. Um barulho vem da estatua a minha frente , um pequeno terremoto balança a estrutura e pedaços de gesso se desprende dela. A estatua ganha vida.

Você só pode estar brincando comigo!

- Se aproxime criança.

- Quem é você ?

- Eu tenho vários nomes - ele sorria.

- E aonde eu estou ?

- Isso aqui é conhecido como o Limbo.

Limbo? Puta que pariu. Eu estava ... morta ?

- Eu estou morta ? - minha voz sai fininha.

- Não. Você esta fazendo a passagem.

- O QUE? - grito - não!! eu não posso deixar o Alan e o resto ... não!!

Ele balança a cabeça e gira a mão, um redemoinho aparece ao lado dele e uma imagem se forma dentro. Eu estava no sofá da sala mas havia sangue por todo o meu vestido; o Alan estava encostado na parede oposta olhando para mim com lagrimas de sangue escorrendo pelo rosto, parecia desolado; no batente da porta estava o Tayler, olhando para mim como se estivesse perdido ou havia perdido.

- Por que ? Como ?

-Você foi envenenada querida. Aquela bala que acertou você estava envenenada com Roza Negra. Mortal a anjos, mas não somente a vocês.

- Não! Eu preciso voltar, o meu irmão...

- Seu irmão ? - ele se levanta, chegava a mais de cinco metros - não era você que ficava falando para quem quisesse ouvir que ele não era o seu irmão ?

Ele tinha razão, eu não devia ser tao hipócrita.

- Eu sei, eu sei.

- Ele sempre ficou do seu lado, não importava o quanto magoasse, ele sempre esteve lá cuidando de você.

Olho para o redemoinho novamente, ele ainda estava la na mesma posição.

- Sim.

- E o irmão que tanto ama, mentiu para você. Ele está vivo certo?

Olho na direção dele que volta tranquilamente para o trono.

- Quem é você? - pergunto desconfiada.

- Eu já disse quem era.

- Olha, eu preciso voltar. Você precisa me ajudar!

- E por que - ele ergue uma sobrancelha - você acha que eu teria esse poder? Não gostaria de ficar aqui?

- Não, eu quero voltar e concertar as coisas.

- Saiba que para voltar, a sua essência tem que querer isso. Caso contrário ficará presa entre os mundos eternamente

- Irei correr o risco - por fora eu estava mais segura do que por dentro.

- Ótimo. E quando volta, se voltar, ainda estará com veneno correndo nas veias. Boa sorte!

Ele levanta a mão e uma dor rasga meu peito, tão rápido que grito e tusso muito. Sinto alguém me segurar e me chacoalhar , por instinto empurro a pessoa para longe.

- Tá ficando doido?

- Emily!? - a voz do Alan me desperta de vez, mas me sinto fraca para ter alguma reação. - você está bem?

- Sim e não. Estou com sede.

- Eu pego - Tayler fala.

Tento me levantar mas não consigo, o Alan me ajuda e me apoia no braço do sofá, um copo é posto na minha boca e eu bebo a água avidamente. Levanto o olha e percebo que ambos estavam me encarando assustados, Alan com vestígios das suas lagrimas rubras no rosto. Memórias do encontro com o Aydan e do que a estatua falou me vem a mente, eu estava dando valor ao irmão errado. Se fosse verdade o que eu pensava, o Aydan tinha nos traído e o Alan fôra o único que tinha permanecido do meu lado apesar de tudo.

Por que eu demorei tanto tempo para notar isso?

Um turbilhão de emoções entram em conflito dentro de mim e lágrimas caem livremente, Alan olha para mim assustado. Eu não o culpo, tinha virado uma bebê chorona. O abraço forte mas ele permanece quieto.

- O que? - olho para ele - desaprendeu a abraçar?

Ele olha para mim e me puxa para um abraço de urso.

- O que aconteceu com você hoje? Eu fiquei tão preocupado. Pensei que tinha perdido você também - sua voz fica embargada e mais lágrimas descem.

Abro os olhos e vejo o Tayler nos observando, estico a mão e ele a pega sorrindo. Alan me afasta.

- O que aconteceu?

- Eu fui envenenada.

- O que!? - Tayler se senta no chão próximo a mim.

- Aquela bala que me atingiu, estava envenenado com Roza Negra.

- Roza Negra? - Tayler me encara chocado.

- O que é isso? - Alan o encara.

- Um veneno letal não só para anjos como também para qualquer outro Sobrenatural, produzido por um bruxo que atualmente está no Clã.

- Como sabe disso tudo? - pergunto.

- Um sentinela já foi morto por isso.

- Então não tem antídoto ?

- Não que eu saiba.

- Que ótimo!! - esfrego o resto.

- Emily? - olho na direção do Alan - o que aconteceu na floresta?

Engulo em seco. Falo a verdade? Ou descubro por mim mesmo?

- Acho que ... - minta. A voz da estatua volta a mente - que... Que vi Monroy.

- Monroy? O que ele estava fazendo aqui?

- Não sei - balanço a cabeça.

- Agora sabemos quem invadiu a propriedade.

- Fomos invadidos? - me levanto, meu corpo doía como se eu tivesse sido atropelada .

- Sim - Tayler se levanta - mas nada que tenha com que se preocupar, agora você precisa descansar. Eu levo você para o quarto.

- Ele está certo, eu vou procurar Stifen para falarmos sobre essa invasão e sobre um modo de achar um antídoto - Alan fala, acaricia o meu rosto, sorrir e sai.

Tayler me pega no colo e sobe as escadas em direção ao meu quarto.

- Eu ainda posso andar.

- Eu prefiro carregar - ele olha para mim com seus olhos verdes.

Meu coração acelera, e pensar que eu poderia nunca mais ver esses olhos. Ponho a mão no seu rosto, ele para e me encara.

- O que pensou quando achou que eu tinha morrido?

- Pensei que tinha falhado novamente. - ele me põem no chão.

Novamente?

- Você esta mesmo bem?

- Sim - abro a porta. Eu era apenas o trabalho dele, não deveria ter segundas intenções. Ou deveria? - Só quero tomar um banho.

- Tudo bem, estarei no meu quarto qualquer coisa.

- Certo.

Ele começa a se afastar mas volta.

- Amanhã as famílias dos sentinelas chegam, acho que nas suas condições você deveria adiar o treinamento.

- Eu já disse que estou bem. Boa noite.

- Sabe, pode ter enganado o Alan mas você não pode me enganar.

- Como assim?

- Não foi um vampiro que estava na floresta e sim um lobisomem, eu senti o cheiro. Não sei se foi por causa da preocupação que ele estava com você ou algo mais, ele não se ateve a esse detalhe mas eu sim. O que esta escondendo?

Ele cruza os braços esperando minha resposta. O que eu iria falar? Que o irmão que eu julguei morto estava andando por ai? Que eu agora via fantasmas? Se é que era um fantasma.

- Ele estava acompanhado - respondo simplesmente.

- Hum - ele estreita os olhos na minha direção - não me convenceu mas vou deixa-la descansar. Repetindo, estarei no meu quarto qualquer coisa. Boa noite.

Não espero ele se afastar para fechar a porta do quarto. Caramba, por que ele era assim? Ponho a mão no peito e espero meu coração desacelerar. Vou para o banheiro e ligo o chuveiro para encher a banheira, dispo o lindo vestido que agora estava arruinado e o jogo diretamente no cesto de lixo. Meu corpo estava dolorido mas minha mente estava mais desperta do que nunca, vejo pela visão periférica o meu celular.

Quinze chamadas não atendidas e dezenas de mensagens.

Todas das meninas. Elas deviam estar preocupadas mas não tinha cabeça para respondê-las agora. Finalmente a banheira termina de encher, ponho os sais aromáticos e me deito para relaxar, eu teria que fazer investigações sobre o lobo que eu tinha visto e sobre como eu iria concertar as coisas. E para piorar eu tinha veneno de um bruxo do Clã correndo pelas veias. Como em poucas horas tudo tinha virado de cabeça para baixo?
Termino meu banho e me visto, olho para a cama e ela não me convida a um sono tranquilo, vou para a janela e vejo o Alan entrando na casa acompanhado do George e do Jesse, aposto que eles iriam para o escritório. Olho para a floresta e visualizo a casa de treinamento.
É isso!
Ponho um casaco e pego minha espada, mas se eu saísse pela porta o Tayler saberia e iria querer vir comigo, eu confiava nele apesar do pouco tempo de convivência mas eu precisava de um tempo sozinha para descarregar minhas energias. Abro a porta que dava para a varanda e deixo minhas asas saírem das costas pelo casaco que tinha rasgos estratégicos para isso, como era boa a sensação de leveza e liberdade, levanto vôo e subo cada vez mais alto como se eu pudesse alcançar a lua. Não me demoro muito e chego na casa, tiro o casaco e vou para a parede de armas, escolho uma espada leve e que me permitia um fácil manejo.
Vou para o outro lado e ligo o som, sempre escutava musica enquanto treinava. O som celta de Eluveitie explode pelos alto falantes, começo o aquecimento com manobras simples dos braços e do tronco. Tínhamos um sistema incrível que o Alan tinha conseguido do exercito e isso me permitia fazer um treinamento que os militares estavam acostumados.
Treino até meus músculos reclamarem. La fora a luz do sol começava a aparecer. Volto para o meu quarto e não vejo a sombra do Tayler , o que significava que ele não tinha percebido a minha escapada. Tomo outro banho e antes que o meu corpo toque o colchão, eu já estou dormindo.

Sinto um chão duro e frio sobre as minhas costas, um cheiro podre e rançoso se infiltra pelo meu nariz, a luz fraca de um candelabro é tudo o que eu tenho para me guiar. Um corredor longo e estreito se faz ver a minha frente.
Onde eu estou?
Barulho de pegadas me dizem que eu devo correr. Mas por que eu tenho que correr? De quem estou fugindo? Escuto ao longe o que parecia ser um sino, ouço gritos e ordens em uma língua que desconheço, passo por longos corredores com portas trancadas, havia uma janela próxima. Corro para lá.
Era noite, estava claro o bastantes para ver que eu me encontrava no alto de uma torre, cercada pelo que eu achava ser o rio ou o mar. Começo a me afastar mas me detenho quando vejo meu reflexo no espelho, que na verdade não era eu. Cabelos loiros até abaixo dos seios, pele branca e olhos igualmente verdes me encaram, levanto a mão e o reflexo faz exatamente a mesma coisa. Essa não era eu. Mas os olhos eram familiares, escrevo o nome da cidade na janela para que quem quer que fosse essa pessoa, pudesse me encontrar.

- Ei, você! Parada ai! - um homem de mais ou menos 1,80 corre na minha direção. Não penso duas vezes, abro a janela e pulo.

Desperto com alguém no quarto perto da minha cama, agarro o braço do invasor e dou uma chave de perna ficando por cima dele, a adaga que eu sempre deixava embaixo do travesseiro agora estava em mãos. Quando ia golpear, sou impedida e isso é tempo suficiente para que eu desperte e veja o Tayler com os olhos arregalados segurando o meu braço.

- Está ficando doida? - ele respira tão rápido quanto eu.

- Eu? O que está fazendo aqui no meu quarto?

- Você não acordou então vim ver se estava viva - estreito os olhos e ele faz a mesma coisa - você poderia sair de cima de mim ?

Reviro os olhos e me deito ao lado dele, ele se ergue nos cotovelos e olha para mim.

- O que estava sonhando?

- Eu não sei - bocejo - que horas são?

- Quase três da tarde.

- Nossa! Eu dormir muito.

- O que queria? Aconteceu muita coisa ontem . - ele olha para mim e sorrir maliciosamente - e você terminou de gastar o resto das suas energias na sala de treinamento.

Sorrio.

- Não dá para esconder nada de você, não é?

- Não. Por isso eu sou o melhor sombra do mundo.

- Cretino convencido.

Covinhas aparecem no canto das suas bochechas. Ele estica a mão e tira o cabelo que tinha caído sobre os meus olhos.

- De que cor eles eram?

- O que? - pergunto confusa.

- Seus olhos.

- Ah! Eram azuis.

- E por que ficaram dessa cor?

Dou de ombros.

- Não sei. Eles estão assim desde da morte do Aydan.

Desde a falsa morte do Aydan, cada vez mais eu me convencia que ele estava vivo e cada vez mais eu ficava com raiva.

- E os seus sempre foram dessa cor? - pergunto para fugir desse assunto

- Sim. É de família. Mas a cor se intensificou durante a transformação.

A palavra família me pega de surpresa e uma parte do sonho volta. Os olhos. O Tayler tinha os mesmos olhos da garota. Mas como? Me aproximo mais dele para ver seus olhos mais de perto, ele fica petrificado onde esta.

- O que está fazendo? - ele sussurra.

Sim, eram idênticos.

- Você teve uma irmã?

- O que!? - ele se afasta de mim - por que?

- Só me responda.

- Sim.

- E ela ainda está viva? - precisava saber se era uma visão do futuro ou do passado.

- Viva não é bem a palavra, já que ela é uma vampira.

- Qual o nome dela?

- Jennipher - então a Jenny que ele e o Jesse tinham falado era a irmã dele? Eu tinha sonhado com a irmã dele?

- Ela não seria loira, seria?

- Sim, ela é. Puxou a nossa mãe. Por que essas perguntas Emily?

- Acho que eu sonhei com sua irmã

- O que? - ele volta a se sentar na cama - o que viu? Ela estava bem?

- Eu não lembro bem, acho que ela estava fugindo e - outra parte do sonho volta - a meu deus! Ela pulou!

- Pulou? De onde!?

- Ela estava num local úmido e muito fedorento, ela começou a correr e... Droga! Eu não lembro bem. Era um lugar alto e tinha um sino - minha cabeça latejava - eu não lembro.

- Calma - ele me segura e me faz deitar - não se esforce muito.

- Sinto muito por não lembrar de muita coisa.

- Não se preocupe, minha irmã é esperta e vai saber se virar.

- Você se preocupa com ela?

- Claro que sim - ele franze o cenho - me preocupo do mesmo jeito que o Alan se preocupa com você.

Sorrio tristemente.

- É, eu sei. Eu estava errada Tayler.

- Em que parte?

- Como assim em que parte? - dou um soco no ombro dele - eu quase nunca estou errada. Mas é em relação ao Alan.

- Entendo. Esse lance de irmãos nunca é fácil - ele revira os olhos - principalmente os mais novos.

Olho para ele e parecia que realmente entendia. O abraço. Porque parecia certo, porque eu tinha vontade, não sei. Ele fica encabulado.

- Obrigada - me levanto e vou escolher uma roupa. Ele se dirige para a porta.

- Antes que eu me esqueça, as famílias já chegaram.

- Tudo bem, daqui a pouco eu desço.

A porta se fecha e eu começo a me preparar. Hoje começaria a mudança e mesmo se eu morresse por causa do veneno, deixaria tudo pronto para que eles lutassem e vencessem.

Sim, esse é meu novo objetivo!


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