A brisa passava por ali. Os dois garotos ainda estavam abraçados.
- Igor... Eu não sei o que dizer.
- Não fala nada, Gui. - Igor suspirou. - Esse é nosso momento. Eu já não aguentava mais, e aposto que você também não. - Ele riu.
Uma lágrima cai do olho de Guilherme.
- Me perdoe Igor, me perdoe por eu ser tão... Assim... Você sabe.
- Não se preocupe. Eu apenas quero ver o garoto carinhoso e amável que se esconde aí dentro.
Os dois se separam lentamente do abraço. Igor põe a mão no ombro de Guilherme e sorri novamente. Guilherme, estava calado, mas sua mente estava confusa.
- Que tal irmos pra casa? - Guilherme falou.
- Sim, já está na hora! - Igor disse. - E sobre agora...
- Não se preocupe. Nosso confidente é essa árvore e esses pássaros que estão passando. - Guilherme olhava para o céu.
Igor vestiu sua camisa e Guilherme pegou seu caderno. Os dois voltaram para casa, juntos. A proximidade deles agora era diferente. Os dois se sentiam livres o suficiente para dar as mãos e andarem. Eles trocavam sorrisos, olhares apaixonados. Igor finalmente conseguiu fazer o que seu coração mandava. Depois daquele beijo, acabava de nascer um novo Guilherme e um novo Igor.
- Chegamos! - Igor fala, num tom de voz alto.
- Bem vindos de volta! - Irmão os recepciona. - Como passaram o dia? Foi bom?
- Sim, foi muito bom. - Guilherme responde.
Igor olha para Guilherme e solta uma risadinha.
- O que houve, Igor? - Irmão pergunta.
- Nada não, pai. Nada não.
- Bem, sua mãe está preparando a janta. É melhor vocês tomarem banho. - Irmão já estava saindo. - Ah, esqueci! Amanhã vou trazer o Thor, e quero que vocês arrumem um lugar para ele no celeiro.
Os olhos de Igor brilharam. Era notável a alegria dele.
- Thor? - Quem é Thor? - Guilherme estava confuso.
- Ele é meu cachorro de estimação. - Igor respondeu freneticamente. - Eu estava com tantas saudades dele! Ele está melhor, pai?
- Está num estado sensível, assim digamos. O veterinário disse que era melhor terminar os cuidados dele aqui em casa. - Irmão baixou a cabeça.
- O que aconteceu com ele? - Guilherme queria saber. Igor nunca tinha dito antes que ele teria um cachorro.
- Bem, depois eu te conto, Gui. - A alegria que Igor estava, sumiu um pouco.
- Ta certo...
- Bem, vou ajudar Lady a terminar a janta. Vão logo se arrumar meninos! - Irmão deu as costas e saiu.
- Vamos, Gui? - Igor perguntou.
- Vamos, vamos... Preciso de um banho.
- Precisa mesmo, está com um cheiro diferente, hein. - Igor estava provocando. - Brincadeira, viu Gui?
- Você nunca muda, né?
Guilherme foi na frente.
- Vou primeiro! Você vai depois!
- Ta certo! - Igor pôs a mão na cabeça e mexeu nos cabelos. Ele ainda não assimilou os acontecimentos desse dia.
Depois de um tempo, os dois já estão prontos, e descem para a cozinha. Eles se sentam na mesa.
- Boa noite! - Lady estava alegre, como sempre.
- Boa noite, mãe! - Igor respondeu.
- Boa noite, Dona Lady! - Guilherme também respondeu.
- Vou servir vocês daqui a pouco. - Lady completava sua fala.
Irmão, estava sentado e observando tudo. Ele estava sério e pensativo.
- O que houve, pai? - Igor perguntou, preocupado.
- Nada não, Igor. Faz quanto tempo que o Thor está com a gente? - Irmão estava ansioso.
- Bem, desde que eu me conheço por gente, que ele está aqui... Ele já era um adulto praticamente.
- Pois é... - Irmão não concluiu sua fala.
Igor já se mostrava mais preocupado.
Depois da janta, Guilherme e ele sobem para o quarto.
- Enfim, cama! - Guilherme se jogou na cama.
- Sim... - Igor estava sério.
- Igor? O que houve? Você não está como de costume. Te fiz algo? - Guilherme perguntou.
- Não Gui, é nada não. - Igor sentou-se na cama.
Guilherme o abraça por trás. Era como se os dois já fossem íntimos.
- Ai Gui, já disse que eu gosto quando você fica perto de mim? Me sinto tão em paz...
- Não, não... - Guilherme corou.
- Bem, sobre hoje... Você gostou?
- Eu... - Guilherme solta Igor e se senta. - Eu não tenho palavras para descrever... Foi tão maravilhoso...
- Entendo... Me desculpa te pegar de surpresa assim. Mas sabe... - Igor se virou para ele. - Desde que você chegou eu senti meu coração bater mais forte. Era incrível o jeito que você me fez sentir. E me faz sentir.
- Eu digo o mesmo... Me sinto culpado por ter tratado você tão mal, eu estava passando por um momento difícil. - Guilherme baixa a cabeça. - Eu assumo, desde que te conheci, me sinto extremamente ligado a você. Eu... Eu estou...
- Apaixonado por você. - Igor falou. - Sim, eu estou, Gui. Não consigo me conter. O beijo foi prova disso.
Guilherme gelou. Pela primeira vez ele estava sentindo essa sensação.
- Igor, eu também estou. E muito. Eu estava tentando disfarçar, mas agora não dá mais.
Igor vai em direção a Guilherme. Põe a mão no seu pescoço e o beija novamente.
- Quero fazer isso infinitas vezes. Você despertou o melhor de mim. Eu não sabia que eu poderia me sentir tão assim. - Igor olhou nos olhos de Guilherme. - Eu nunca tinha sentido isso antes. Obrigado Gui.
- Eu que diga, Igor. - Guilherme se sentia de todas as cores possíveis. Era a primeira vez que aquilo lhe acontecia. - O que eu mais quero é estar com você.
- Eu também, Gui. Que fiquemos juntos. Vamos escrever nossa história.
- Vamos.
Os dois se deitam e começam a olhar para o teto.
- Igor... Você está com um semblante preocupado. O que houve? Tem a ver com o Thor?
- Sim, tem. - Igor falou com um tom triste.
- O que houve com ele?
- Então Gui... - Igor começou a falar. - Ele foi meu amigo aqui na fazenda. Desde pequeno que eu adorava brincar com ele. Mas agora, ele não está como antes. Ele está um pouco velho... Quando eu era menor, ele já era um adulto.
- Entendo, Igor.
- Antes de você chegar, ele foi levado ao veterinário e foi internado, com algumas complicações. Isso é devido a velhice dele. Eu estou tão preocupado. Meu pai disse que ele vai busca-lo amanhã, o veterinário falou que era melhor.
- Sei... - Guilherme compartilhava do mesmo sentimento de Igor.
- Estou com tantas saudades! Espero que ele esteja melhor!
- Vai sim, Igor. Com certeza.
- Obrigado Gui.
Os dois se viram e ficam um de frente para o outro.
- Já está na hora de dormir, não? - Guilherme estava bocejando. - Amanhã temos afazeres.
- Verdade, temos. - Igor se levanta e apaga a luz. Ele se deita novamente na cama. - Posso dormir aqui hoje?
- Pode sim, Igor. - Guilherme sorriu.
A noite passa e um novo dia começa. Como de costume, Igor abre a janela e acorda Guilherme.
- Vamos, mocinho! Se levanta! Vamos tomar café!
- Igor! Deixa eu dormir mais um pouco!
- Não, não! Vamos logo. - Igor estava animado.
- Tá bom, tá bom! - Guilherme se levanta.
- Não me obrigue a te levar no braço, Gui.
Guilherme sorriu. Os dois tomaram café e foram para o celeiro. Irmão também saiu de carro para a cidade ali perto.
- Vamos organizar isso aqui! - Igor pôs as mãos na cintura.
- Você parece seu pai, fazendo isso! - Guilherme riu.
- Só um pouco! Hahaha!
Igor e Guilherme começaram a arrumar as coisas. Improvisaram um lugar para o cachorro que estava para chegar.
Do lado de fora da fazenda, descia de uma caminhonete um pouco velha, uma garota de cabelos trançados e pretos, composta num vestido azul. Ela vai em direção à porteira.