Reencontro

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Chegando em casa, foi de imediato o clima que começou a pesar. Pai e filho não se falaram desde a saída do aeroporto. Pedro para o carro e vai abrir a garagem. Guilherme desce e vai para dentro de casa. Foi questão de minutos até que os dois estivessem cara a cara, na sala de estar.

- Então, Guilherme. O que você tem a me dizer? - Pedro disse, quase bufando de raiva.

- Nada. - Guilherme cruzou os braços.

- Como assim, nada? Você acabou de jogar fora a chance da sua vida! A troco de quê, hein?

- Para voltar ao lugar onde me aceitaram e me entenderam! - Guilherme exclamou.

- Você deixou de construir um ótimo futuro para querer voltar ao meio do nada, cercado de animais e plantas? Eu não acredito!

- Acredite! - Guilherme que estava sentado no sofá, se levantou. - Lá eu fui tratado como gente! Lá foi onde realmente se importaram comigo! Diferente daqui, não é mesmo, Pedro?
- M-Mas... Se cale, Guilherme! Você não tem voz nenhuma aqui! Quem manda sou eu. Eu não tô afim de continuar essa discussão, vá para seu quarto!

- Eu não vou! - Guilherme se lembrou das palavras de Igor. Ele deveria enfrentar seu pai. - É assim que você quer resolver suas coisas? Como sempre? Nunca parou pra me ouvir ou saber como estava, e quando começava algo, sempre fugia das conversas como agora!

- Você não tem direito de falar assim comigo! Eu sou seu pai! E você mora em minha casa, segue as minhas ordens! - Pedro estava vermelho. O estresse e nervosismo o consumiam. Não seria fácil sair daquela discussão agora.

- Tenho! E você tem a obrigação de me ouvir! - Guilherme estava trêmulo. - São anos e anos que isso me incomoda. Vivendo sem atenção daquele que o cria? Que apenas dar as coisas materiais é o suficiente? Que nunca, jamais, sequer veio perguntar como eu estava, ou tentou me ajudar a resolver problemas?

- Mas eu te dei tudo, Guilherme! Olha seu quarto, a escola onde você estuda, as roupas que você veste! Nada disso importa?

- Não. Não se eu não tiver a atenção e o carinho daquele que carrega o nome de pai. O meu pai! Desde pequeno sempre foi assim... Você nunca me deu a atenção que eu queria. São contadas nos dedos as vezes que você fez algo do tipo! Tantas vezes que eu saí de casa, procurando distrair minha mente, e o senhor sequer procurou saber onde eu estava! Essas coisas... Eu sinto! Eu não sou um bicho que você dá o que ele precisa pra viver e deixa lá! Eu sou humano. Eu sou o seu filho!

- Você tem que agradecer porque a única pessoa dessa família que quis receber você, foi eu! Sua mãe, nem está aí, seus avós, muito menos! - Pedro também estava trêmulo. Ele jamais esperava essa atitude de Guilherme.

- Eu não ligo! Eu ligo para o que está comigo, todos os dias!

- Isso não é motivo, Guilherme! - Pedro estava tentando contornar a situação. Ele já não aguentava mais ouvir as verdades que seu filho dizia. - Mas o que é que te atrai tanto naquela fazenda? Me diga!

- Eu já falei isso! - Guilherme suspirou. - Lá eu achei alguém que me completasse! Que me fez eu me sentir alguém de verdade!

- Quem? O que? - Pedro soou irônico.

- O Igor! O filho do seu irmão!

- O que tem ele?

- Se quer saber, ele é meu... - Guilherme fechou as mãos e respirou.

- Seu o que? Não me diga, que...

- Sim! Ele é o meu namorado!

Pedro gelou na hora. Ficou pálido e sua voz trancou. De tudo que ele tinha ouvido, para si, aquilo foi o que mais chocou.

Uma nova vida (Romance Gay/Em revisão)Where stories live. Discover now