CALÍOPE MARINO
Os dias passou como um flash. Decidimos tirar a sexta para descansar e aproveitar a companhia do grupo.
— Então, qual os planos para as festas de final do ano? — Ryle questionou animada.
— A Jenna e o Christopher fazem questão que passamos junto á eles. — respondi, dando um gole na bebida.
— Meus pais vão vir para cá, já até imagino ter que fazer ceia e aguentar a presença insuportável do meu irmão. — Ryle murmurou frustrada.
— Você tem irmão?! Como eu não sabia disso?
— Achei que tivesse te contado sobre ele... mas enfim, ele não é tão importante.
Ryle riu da minha surpresa. — É, tenho um irmão mais novo. Ele é um pouco... complicado, mas no fundo, a gente se entende. Enfim, sobre as festas, parece que cada um tem seus planos. — Ela comentou, observando o movimento ao nosso redor.
Conversamos animadamente sobre os planos para as festas de final de ano, tentando deixar de lado as preocupações do cotidiano. No entanto, algo estava prestes a interromper momentaneamente nossa descontração.
Enquanto estávamos no meio da conversa, meu celular vibrava suavemente. Uma notificação de mensagem chamou minha atenção, e ao abrir, deparei-me novamente com o misterioso aviso do cronômetro: "Tic-Tac - Restando 48 horas."
A confusão e preocupação que senti anteriormente retornaram com força. Ryle percebeu minha expressão perturbada e, com um olhar inquisitivo, perguntou:
— Calíope, está tudo bem? Parece que viu um fantasma.
Hesitei por um momento, tentando encontrar as palavras certas. Finalmente, decidi compartilhar o que vinha me perturbando.
— Recebi outra mensagem estranha do tal cronômetro. Agora diz que só restam quarenta e oito horas. Não faço ideia do que isso significa, mas está me deixando inquieta.
Ryle franziu a testa, absorvendo a informação.
— 48 horas para quê? Calíope, isso está começando a soar assustador. Parece até aqueles filmes de suspense, em que algo vai acontecer assim que o cronômetro zerar.
— Quê? Não, isso deve ser alguma brincadeira de mal gosto que algum idiota fez, nada de mais. — Ryle deu de ombros.
— Ainda sim, isso tá muito estranho... você já contou pra ele? — Ryle apontou para Killian.
— Não achei necessário, é apenas um link idiota que colocaram e eu apertei sem querer, relaxa.
— Acho que você deveria contar, vai que ele consegue te ajudar com isso.
— Tá doida? Ele vai achar que isso é coisa do Dave, não iria sossegar até descobrir o que é. Era capaz dele colocar seguranças atrás de mim.
Ryle deu de ombros.
— O que tanto vocês conversam aí, hum? — Killian e Dexter se aproximaram, molhados por conta da piscina. Cortando meu assunto com Ryle.
— Apenas discutindo sobre as festas de final de ano, não é, Ryle? — encarei a mesma, esperando que a ela concordasse.
— Ah, sim! Meus pais vão vir pra cá.
— Seu irmão continua sendo um bundão? — Killian brincou
Ryle riu e concordou:
— Sem dúvida. Ele é um eterno adolescente irritante.
Killian olhou para mim, notando minha expressão séria.
— O que foi, Calíope? Parece que tem algo te incomodando.
Eu hesitei por um momento, ponderando se deveria compartilhar ou não sobre as mensagens misteriosas. Decidi minimizar a situação.
— É só trabalho e alguns probleminhas, nada demais. Vamos aproveitar o dia, esquecer as preocupações.
Killian observou-me por mais um instante, parecendo não estar totalmente convencido, mas, por enquanto, aceitou a explicação.
O resto do dia foi preenchido com risadas, brincadeiras e mergulhos na piscina. Tentei deixar de lado as mensagens inquietantes e aproveitar o momento com meus amigos. No entanto, a sensação de que algo estava se desenrolando no fundo da minha mente persistia.
— Ei, tá tudo bem? — Killian se aproximou, tocando levemente em meu braço.
— Sim, por quê não estaria? — sorrir simples.
— Você parece tensa, não sei definir exatamente o que você tem...
— Não quero estragar o clima, estamos aqui para nos divertir, certo?
Killian assentiu, embora sua expressão mostrasse que ele ainda estava preocupado. Optamos por seguir o fluxo da noite, participando das atividades do grupo.
A noite avançou, e decidimos encerrar o dia com uma caminhada à beira da praia. O som suave das ondas, sob a luz da lua, trouxe uma calmaria que contrastava com a turbulência que sentia interiormente.
Enquanto caminhávamos, a conversa fluiu entre risadas e histórias compartilhadas. No entanto, mesmo naquele cenário sereno, a contagem regressiva do cronômetro continuava ecoando em minha mente.
Killian, percebendo minha distração, falou suavemente: — Calíope, se algo estiver te incomodando, não hesite em me falar.
A gratidão encheu meu coração pelo cuidado genuíno de Killian. No entanto, ainda hesitei em compartilhar a verdade completa sobre as mensagens, não querendo envolvê-lo em preocupações desnecessárias.
— Killian, eu realmente aprecio isso, mas é só uma coisa boba do trabalho que está me deixando inquieta. Vou resolver, não se preocupe.
Ele pareceu aceitar minha resposta, mas seus olhos revelavam uma mistura de curiosidade e preocupação.
A noite terminou com o retorno à casa, onde cada um seguiu para seus aposentos. Ao me deitar, não pude evitar revisitar as mensagens misteriosas. O cronômetro agora marcava as horas diminuído. A inquietação aumentava, mas uma parte de mim tentava desconsiderar a seriedade do aviso.
Se acomodei nos braços de Killian, procurando algum conforto e proteção.
[...]
No outro dia, o sol invadiu o quarto, dissipando parte da tensão da noite anterior. Ao acordar, Killian e eu nos deparamos com o familiar aroma de café da manhã. Ryle e Dexter, já na cozinha, preparavam uma refeição para todos.
— Bom dia, dorminhocos! — Ryle acenou com uma colher de pau enquanto mexia algo no fogão.
— Bom dia! — respondemos em uníssono, ainda um pouco sonolentos.
A mesa estava posta, e nos juntamos aos amigos para compartilhar risadas e planos para o dia. O café da manhã trouxe uma sensação de normalidade, um breve alívio em meio à incerteza que pairava sobre mim.
Depois de desfrutar da refeição, Killian e eu nos retiramos para o quarto para arrumar nossas coisas.
Com nossas malas prontas, nos despedimos de Ryle e Dexter, agradecendo pela hospitalidade. Enquanto o carro cortava a estrada de volta para casa, a seriedade do momento pesava sobre nós.
— Estava pensado, por que não viajamos no final de ano? — Killian questionou, quebrando o silêncio do carro.
— Acho que seria bom... um tempo longe disso tudo, seria ótimo. — sorrir simples.
Killian permanecia concentrado na estrada, enquanto meus pensamentos tumultuados estavam distantes.
Não demorou muito para chegarmos em casa, tirei as coisas do carro junto com Killian e entramos. Dando de cara com Jenna e Christopher na sala.
— Bom dia Jenna! — abracei a mesma.
— Bom dia querida, já estava ansiosa para vê-los. — Jenna sorriu.
— Qual motivo da ansiedade? — Killian questionou.
— Bom dia pra você também filho, não dormimos juntos. — Jenna declarou.
— Óbvio que não, seria estranho dormi com minha mãe.
— Mãe? — Jenna parecia surpresa. — Você me chamou de mãe?! — seus olhos brilhavam.
Killian pareceu surpreso, ele mesmo nao tinha notado o que tinha dito. Apenas ignorou a reação de Jenna, subindo as escadas.
— Não ligue pra ele, o Killian estava bem... estranho ultimamente. — Christopher abraçou Jenna.
— Sim, coisas da empresa, só isso. — Respondi vagamente. — Mas pensem pelo lado bom, ele já te chamou de mãe. Isso é raro.
— Sim... só queria ouvir isso mais vezes, sabe? — Concordei. — Killian mudou tanto depois... do Liam. — Christopher e Jenna se entre olharam.
— Desculpe Calíope, você deve estar confusa e se perguntando quem é "Liam".
— Um pouco... — minto. Talvez Killian não quisesse que eu contasse sobre isso com seus Pais.
— Ele era nosso primeiro filho, mas infelizmente perdemos ele em uma dessas corridas perigosas que ele o Killian iam. — Jenna soluço.
— Nossa, eu nem sei o que dizer... — Jenna limpou a lágrima que ousava cair.
— Só queria que ele saísse desse mundo, é algo perigoso, e ele não entende isso. — Jenna murmurou. — Calíope, eu sei que vocês estão proximos agora, por favor, ajude-o.
— Jenna, eu não posso prometer nada. Mas juro que vou tentar, tá bom?
Jenna e Christopher assentiram com gratidão.
— Bom, só queria avisar a você que na segunda, temos uma reunião importante com o pessoal do Canadá, por isso você e o Layon estão à frente. — Christopher avisou, deixando um sorriso orgulhoso escapar.
— Obrigada seu Christopher, isso avi ser muito importante pra mim! — apertei sua mão.
— Sem formalidades, aqui somos família. — o mesmo deixou um aperto no meu braço
O ambiente ficou repleto de uma mistura de emoções, desde a tristeza da perda de Liam até a determinação de enfrentar os desafios profissionais que se aproximavam. Deixei Christopher e Jenna na sala, rumando com Killian para o quarto.