Destino MotoCiclista

By 3ricautora

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+ 18 | Completo | Há quem acredite em providência divina, propósitos ocultos. Igor não é uma dessas pessoas... More

• Notas da Autora •
• Personagens •
• Destino •
• Prólogo • Siga em frente •
1 • Parada obrigatória
2 • Proibido acionar buzina ou sinal sonoro
3 • Passagem obrigatória
4 • Declive acentuado
5 • Área de estacionamento
6 • Proibido trânsito de bicicletas
7 • Aeroporto
8 • Mão dupla
9 • Circulação exclusiva de caminhão
10 • Área escolar
11 • Pista escorregadia
12 • Pedágio
13 • Curva em S
14 • Área com desmoronamento
16 • Trânsito de ciclistas
17 • Circulação exclusiva de bicicletas
18 • Proibido trânsito de motocicletas
19 • Junções sucessivas
20 • Sentido circular na rotatória
21 • Estreitamento de pista
22 • Animais
23 • Hotel
24 • Pista sinuosa
25 • Largura limitada
26 • Comprimento limitado
27 • Semáforo à frente
28 • Sinal verde
29 • Cruzamento de vias
30 • Passagem sinalizada de pedestres
31 • Sentido proibido
32 • Proibido ultrapassar
33 • Sinal vermelho
34 • Depressão
35 • Serviço mecânico
36 • Pronto socorro
37 • Proibido estacionar
38 • Rua sem saída
39 • Cruz de Santo André
40 • Proibido retornar
41 • Sentido único
42 • Obras
43 • Informação turística
44 • Bonde
45 • Abastecimento
46 • Dê a preferência
47 • Velocidade máxima permitida
48 • Ponto de parada
• Agradecimentos •

15 • Sinal amarelo

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By 3ricautora

"Apesar de qualquer vestígio de atração que meu corpo possa sentir por você, meu cérebro sabe o que é melhor."

"Gossip Girl" (2007), prod. Josh Schwartz e Stephanie Savage

Antes tivesse deixado a desgraçada enchendo a cara no bar ou tombando de qualquer jeito, toda entrevada, no próprio apartamento. Teria me poupado da tortura de vê-la em minha sala, quase sem roupa, sob a luz natural do sol que entrava pela varanda e realçava até suas perfeitas imperfeições.

Na bendita manhã seguinte, fora difícil ser um homem evoluído. O desejo enorme de ignorar a ressaca e terminar o que havíamos começado me revirava.

Mas eu tinha meus limites. Os princípios do seio familiar dos Asimov me impediram de cair de boca no familiar seio da Nkosi.

Agora, trocando em miúdos, nenhum limite podia ofuscar os níveis astronômicos de tesão aos quais Amanda me conduzira. Algo assim só tinha uma solução. Uma deliciosa solução.

Sim, adoraria fodê-la. Na força do ódio, rangendo a cama, descontando cada batida que ela dera na minha porta. E mais, com direito a dedo no cu e gritaria, apenas gemidos permitidos. Caso ela abrisse a boca para me aporrinhar, eu arranjaria uma coisa interessante para preenchê-la. Nada de sermão fora do horário do expediente.

Como eu adoraria... Flagrei-me fantasiando toda sorte de sexo intenso e sórdido, com troca de xingamentos e muito mais, com toda a raiva suprimida vindo à tona. Vi a mim fissurado em uma peça decotada, cavada em todos os lugares certos. E na espetacular mulher que a vestia. Ali era dentro.

O conjunto da obra me pegou de um jeito que jamais imaginei que pudesse acontecer. Daria para remediar minha atual situação se ela tivesse me tratado com frieza ou mesmo se a moleza da ressaca tivesse lhe deixado grogue. Mas não. Nem esse benefício ela me concedeu.

Assistir a um mulherão daqueles sair do meu apartamento — inteira e levemente bem-humorada, por incrível que pareça —, praticamente nua, depois de rolarem apenas uns beijinhos, sem nem ter chegado nas preliminares, não tinha remédio certo. Era uma ofensa grave. O pior dos castigos impostos por ela até então.

Naquele dia, motivado pela indignação, oficialmente revoguei minha sentença de desinteresse (decretada com tamanho vigor a princípio). Valia a pena, sim, investir todas as minhas energias em alguém que só de existir já me revirava do avesso de tanto ódio.

Já não me importava com as inúmeras pedras no caminhos ou com o gigantesco "porém" interposto entre nós. Eu a queria. Nem precisaria de um pacote de biscoito para passar o mês. Com ela, seria só boceta e água.

Na semana seguinte, revirado pelos desejos evocados pela Amanda Gêmea do Bem, cacei outro caminho após a saída do trabalho. Visitei outro tipo de casa noturna, parte de um conglomerado de boates de strip-tease temáticas.

O Rainha do Mar era meu refúgio quando eu traía o Hoffmann. Certos desejos não se satisfariam no ambiente familiar do Risca Faca.

Naquela noite, não queria me deparar com espertalhonas interesseiras, despedidas de solteira, grupos de universitárias barulhentas ou herdeiras entediadas (Juninho que me desculpasse).

Naquele momento, precisava de ares diferentes. Eu buscava Iara, Janaína, as Sereias dos sete mares: as melhores atrações do clube.

O negócio de Gilberto Bragança, o empreendedor mais esperto e versátil da década, não era qualquer boate de strip-tease. Tratava-se de um dos diversos estabelecimentos dele que, espalhando-se pela avenida — maior do que um estádio de futebol —, compunha um parque de diversões só para grandinhos.

Para ser mais específico, o Rainha do Mar era O especial entre os especiais. "Celebrando a beleza da mulher negra", seu slogan. Contava com diversas tonalidades de pele preta e corpos para todos os gostos — magros, gordos, modestos, curvilíneos, altos, baixos, mas, acima de tudo, dispostos a ficarem seminus (ou nus) pela quantia certa.

Como esperado, era um prato cheio para os fetichistas. Mas esse não era meu caso. Não fora nenhuma crença obtusa, herança de séculos passados que também devia ter sido abolida, que me levara até a boate. Eu tinha um propósito bem claro em mente.

Chegando lá, fui recepcionado pelo magnata em pessoa, que mais parecia o Poderoso Chefão pirateado com gravação direto do cinema.

O anel no mindinho me pegava desprevenido todas as vezes. Ficava me perguntando se deveria beijá-lo e pedir-lhe a bênção enquanto profano o casamento da sua filha.

Então, depois da cerimônia de recepção, ele me fez a clássica pergunta de sempre: "Qual a boa de hoje?"

Eu não pensei duas vezes antes de confessar o meu desejo. Não havia dúvidas quanto ao que eu queria.

Acomodei-me numa das salas exclusivas, aguardando o show privado — pelo qual tive de pagar em espécie, como faziam os antigos Maias (visto que o Poderoso Bragança não aceitava cartão).

Esperei pela maioral por um tempo que me pareceu infinito, ajeitando a roupa aqui e ali, estalando dedos, checando a hora no relógio. Em verdade, passaram-se menos de 5 minutos no intervalo entre a minha entrada no amplo cômodo e o suave chocalhar de búzios da cortina que dava acesso ao palco.

Para um homem desesperado para amenizar sua tensão, o tempo distorcido era parte do desmantelo. Outra eternidade se passou até o show começar, mas, quando começou, a espera provou-se ter valido a pena.

A rotina de Janaína era pura poesia.

No início, trajava um vestido branco, longo, com uma cauda enorme, uma coroa com um véu de pérolas recobrindo seu rosto e um espelho em mãos.

Ao fim, com uma olhadela fatal enquanto ela jogava os longos cabelos pretos para o lado, restavam apenas cordões de pérolas, que se acomodavam convenientemente entre seus seios, e um fio dental cintilante que não tapava nada.

Aquela tentação em forma de mulher me instigou a forçar a barra e perguntar se ela toparia estender o expediente comigo, numa espécie de hora extra. Remunerada, claro.

Quando ela aceitou, pude ouvir os anjos cantando ao fundo. O consolo que me faltou na noite anterior enfim me alcançaria nesta. Janaína me livraria da maldição das noites sem foda.

Esperei-a cumprir seu horário. Matei o tempo no bar externo, onde as sereias se apresentavam. Contemplei o público indo à loucura com o espetáculo burlesco da Pequena Sereia live action — no qual as conchas do sutiã ficavam menores a cada segundo e a cauda seguia a mesma tendência. Entretive-me durante o recreio.

Ao término das performances, com a casa fechando aos poucos, fiquei aguardando à porta do camarim da Janaína — de onde ela saiu mais vestida do que entrou.

Grande parte do encanto se quebrou ao vê-la de jeans e camisa de manga. No fim das contas, ela era uma mortal, não a deusa das danças sensuais.

No entanto, já havia pagado pelo brunch. Não deixaria de comer só porque o prato não viera com uma apresentação 10/10, digna do MasterChef.

Passava das 2 horas da manhã quando chegamos ao meu apartamento. Fui logo esvaziando os bolsos e largando as roupas pelo caminho. Não queria perder tempo.

"Tempo é dinheiro", esse era o lema do sr. Bóris Asimov. Era o meu também — e não pelos mesmos motivos.

Ao menos ela entendeu o recado, constatei quando me virei e a avistei de calcinha, vindo em minha direção, quase como a vi no clube. Ênfase no quase. Igual, igual, infelizmente não estava.

O cabelo longo era peruca, fazia parte da fantasia. Uma pena. Teria adorado testar minhas habilidades com fios mais compridos do que os de costume. A título de conhecimento, óbvio. Não que eu estivesse querendo fazer meus cálculos e me preparar para uma certa mulher do cabelão loiro. Jamais.

Eu havia voltado sozinho com ela, abrindo a exceção das exceções. Torcia para nunca mais repetir a dose. Começar a planejar como, quando e quem eu como era pedir demais. Ainda mais sendo uma mulher só.

Com isso em mente, concentrei-me, procurei me dedicar e dar o máximo nesse evento inédito. É bom você fazer valer, Asimov. Não inventa de pensar besteira uma hora dessas — recomendei a mim mesmo.

E assim fiz. Até o sol raiar e chegar a hora de dizer tchau.

— Quer saber de uma? — Janaína pronunciou-se, depois do mais sepulcral (e desejado) silêncio, enquanto vestia as roupas. — Eu teria vindo mesmo sem aqué. Você tem a metade da idade e o dobro da beleza dos frequentadores de clube. Coisa rara.

Quando eu abri a porta para a stripper seguir seu rumo, tive uma agradável surpresa — além do gentil adeus de Janaína, que optara por descer as escadas. Uma agradável surpresa vestida de um moletom desagradável de se olhar, pronta para se exercitar pontualmente às 5 horas — como em todas as outras manhãs.

Ai, ai, a autora ama odiar (odeia amar) o próprio protagonista 🤭 

Se tiver gostando, não se esqueça de votar e comentar pra ajudar a autora (✿◠‿◠)

Beijos mil! ✨

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