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By olimpia_valdez

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๐จ๐ง๐ž, choice
๐ญ๐ฐ๐จ, had not notice
๐ญ๐ก๐ซ๐ž๐ž, fair
๐Ÿ๐จ๐ฎ๐ซ, liar
๐Ÿ๐ข๐ฏ๐ž, fault
๐ฌ๐ข๐ฑ, fear
๐ฌ๐ž๐ฏ๐ž๐ง, empty promises and apologies
๐ž๐ข๐ ๐ก๐ญ, count on me
๐ง๐ข๐ง๐ž, audience
๐ญ๐ž๐ง, sober
๐ž๐ฅ๐ž๐ฏ๐ž๐ง, illusory euphoria
๐ญ๐ฐ๐ž๐ฅ๐ฏ๐ž, hope
๐ญ๐ก๐ข๐ซ๐ญ๐ž๐ž๐ง, trust
๐Ÿ๐จ๐ฎ๐ซ๐ญ๐ž๐ž๐ง, invisible barriers
๐Ÿ๐ข๐Ÿ๐ญ๐ž๐ž๐ง, jealousy
๐ฌ๐ข๐ฑ๐ญ๐ž๐ž๐ง, failed love
๐ฌ๐ž๐ฏ๐ž๐ง๐ญ๐ž๐ž๐ง, relapse
๐ž๐ข๐ ๐ก๐ญ๐ž๐ž๐ง, shame
๐ž๐ฌ๐ฉ๐ž๐œ๐ข๐š๐ฅ, 50k!
๐ง๐ข๐ง๐ž๐ญ๐ž๐ž๐ง, save him
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ, mirror
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐จ๐ง๐ž, time traveller
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐ญ๐ฐ๐จ, good luck
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐ญ๐ก๐ซ๐ž๐ž, useless
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐Ÿ๐จ๐ฎ๐ซ, favorite person
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐Ÿ๐ข๐ฏ๐ž, selfish
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐ฌ๐ข๐ฑ, darkness

๐ž๐ฌ๐ฉ๐ž๐œ๐ข๐š๐ฅ, 100k!

1K 125 170
By olimpia_valdez

Oi gente! Tudo bem com vocês?

FINALMENTE AS FÉRIAS CHEGARAMMMM

Nossa, que saudades de ter tempo livre KKKKKK (rindo para não chorar, porque só Deus na causa)

Mas enfim, antes de qualquer coisa, MUITO OBRIGADA PELOS 100K DE LEITURAS!! Juro, WYB significa o mundo e mais um pouco para mim e só tenho a agradecer vocês pelo carinho por essa história, gratidão ETERNA ♥︎

Inclusive, esse capítulo deveria ter saído um tempinho atrás, mas a rotina não estava permitindo escrever, ter aula de manhã e a noite além de trabalhar a tarde estava bem apertado! Agora, vou ter um tempo melhor para administrar e voltar a atualizar não só aqui, mas também as minhas outras histórias, fiquem de olho 👀

Espero que gostem desse capítulo!












🔥





5 ANOS ATRÁS
BAILE DE FORMATURA






Faz quase um mês que Kazutora não ia pra escola e não é como se ele pudesse se importar menos. Assim, teve que ir até lá no contraturno só pra fazer duas provas finais, mas só isso, e sinceramente, se pudesse escolher, nem teria feito essas provas, mas não é como se pudesse atrapalhar a média final do boletim que estava para ser lançada.

Depois que tinha denunciado o seu pai para polícia, sentia que a sua vida estava virando de cabeça para baixo, com as investigações acontecendo a todo vapor, mesmo que da forma mais discreta que conseguissem, afinal, Jacob é extremamente importante para a política da cidade de Los Angeles e ele e Maddy ainda são menores de idade.

Agora, em maio, o auge da primavera dominava a cidade, com as árvores mais verdes do que nunca e um clima fresco quase convidativo para sair de casa. Além de tudo isso, estava perto de se formar no ensino médio e mesmo com todos os desafios, é um marco na vida de qualquer um.

Foi uma comemoração sem fim, no final de abril, quando os e-mails de aceitação começaram a chegar e quando perceberam que todos do grupinho conseguiram entrar na UCLA, nossa, acho que foi a primeira vez que muitos dali deram PT, com ressacas infinitas após a festa que fizeram na casa de Mikey escondidos dos pais. Tudo parecia se encaminhar para novos momentos, dias completamente diferentes de antes, mas Kazutora não sentia que realmente estava livre de tudo que o passado dele representa.

E não sabe se realmente vai se libertar disso.

Respirou fundo ao se ajeitar no sofá da varanda, vendo o pouco movimento dos vizinhos a essa hora da tarde, tentando evitar de olhar a própria casa do outro lado da rua. Em teoria, já poderiam voltar a morar lá, mas Mary decidiu que só iriam pisar lá depois que o julgamento acontecesse, o que definitivamente é compreensível, mesmo que Kazutora não entendesse completamente o porquê da mãe não querer se livrar da casa.

Ajeitou o cabelo em um pequeno rabo de cavalo, tinha decidido a um tempo o deixar crescer e agora já conseguia o prender, além das mechas loiras que tinha retocado na noite anterior, as deixando ainda mais claras e com um contraste maior em relação a cor escura natural. Kazutora não tinha explicado muito o porquê de querer clarear ainda mais o cabelo, Senju só apareceu com o descolorante e a tinta na hora do jantar e não seria você quem o questionaria.

O moreno sorriu fraco ao te ver se aproximando da casa de mãos dadas de Madeleine que, mesmo com a opção de não ir mais pra escola até as férias de verão, preferiu continuar, gostava da companhia dos amigos. Geralmente, é Mary ou até mesmo Kazutora que iriam buscar a caçula, mas você logo se ofereceu para fazer isso no lugar deles e essa tinha sido a nova rotina nessas últimas semanas.

— Você tá ficando pesada, daqui a pouco não vou poder mais te segurar no colo — provocou a mais nova, que o beliscou no ombro.

— Então é só você começar a se esforçar mais na academia — reclamou, cruzando os braços na altura do peito.

Kazutora riu, antes de deixar um beijo na bochecha da irmã, e a colocou de volta no chão, observando o pequeno furacão adentrar na casa, perguntando pela mãe para poder contar sobre o dia.

— Tudo certo na escola?

— Além da chatice de sempre? — brincou, arrancando uma risada do seu melhor amigo, se sentou no sofá e o chamou para ficar ao seu lado — Tudo normal. Inclusive, até peguei o seu boletim.

— Já saiu?

— Até me surpreendi com a eficiência, acho que querem se livrar logo de nós.

Outra risada escapou da boca dele, enquanto abria o envelope com o boletim, metodicamente dobrado. Não se surpreendeu com as notas altas, poderia até ser considerado como um adolescente problemático e passado por muita coisa nos últimos anos, mas Mary sempre o incentivou a continuar estudando, principalmente por ver que os estudos são uma forma de liberdade, ela mesma se arrepende por não ter tentando entrar numa faculdade.

— Você não acha que é estranho pensar que daqui a pouco a gente não vai mais morar nessa rua? — perguntou, conseguindo a atenção dos olhos dourados para si.

— Um pouco, assim, a gente passou a vida toda aqui.

— Exato, já foi estranho quando o Mikey se mudou pra Bel Air, mas agora virou a nossa vez de sair também.

— A Maddy estava reclamando disso ontem.

— Da gente se mudar?

— Ela disse que está brava porque não vai ter ninguém pra irritar, mas sei que isso é ela sentindo saudade.

— Ela te ama demais.

— Acho que só não supera o tanto que eu amo ela.

Um sorriso apareceu nos seus lábios quando encostou a cabeça no ombro de Kazutora que se ajeitou para que você ficasse mais confortável, passando o braço por detrás dos seus ombros e o apoiando sobre o encosto do sofá.

— Já fez algum plano para esse verão?

— O Mikey tá me enchendo o saco pra gente viajar pra qualquer lugar, até ofereceu pra pagar a minha parte.

— E por que você não aceita?

— Não sei se conseguiria ficar longe delas por tanto tempo assim.

A resposta foi sussurrada, mas tomou a sua mente como uma se alguém tivesse gritado em um megafone bem no seu ouvido. Engoliu em seco e ficou perdida, em uma busca incansável por qualquer resposta minimamente decente para algo assim. Aos poucos, Kazutora tinha começado a falar sobre o que aconteceu com ele ao longo desses anos, com episódios e cenas se desenrolando na sua mente, com memórias e lembranças sendo transformadas por causa das informações que faltavam, quase como se estivesse completando um quebra-cabeça.

Ainda não tinha esquecido da sensação que tomou o seu corpo quando passou os dedos pelas cicatrizes das costas de Kazutora, um arrepio quase que mórbido.

— Eu entendo a ideia dele, sabe? Aproveitar para me tirar daqui um pouco, colocar algo novo na minha cabeça, mas ele ainda tá solto e sei que uma medida protetiva não vale nada pra ele.

— Você não está errado em pensar desse jeito e sei que se você explicar pro Mikey, ele vai entender.

— Mas eu também não quero dizer "não" pra ele.

— Por que?

— Sinto que ele precisa dessa viagem tanto quanto eu.

— Diz isso por causa do Shin?

Recebeu um aceno de cabeça como resposta e você não conseguiu conter o suspiro, não demorando a sentir a mão de Kazutora começar a fazer cafuné na sua cabeça.

O ano em si já tinha começado desafiador, com a lesão do Sano mais velho na final do Super Bowl, mas tudo foi piorando com o passar do tempo e faz pouco tempo que Mikey tinha confidenciado a vocês que o irmão estava se tornado praticamente em um viciado em morfina. O vício, independente de qual substância for, é algo complexo e sempre afeta pessoas além do próprio usuário e você não deseja isso para ninguém.

— Por que não conversa com a sua mãe sobre a viagem? — sugeriu.

— Eu já sei que ela vai me convencer de ir.

— E isso não deveria significar alguma coisa?

— Está querendo se livrar de mim? — fingiu se sentir ofendido, arrancando uma risada alta sua.

— A gente tá nessa há mais de dez anos, se eu quisesse me livrar de você, já teria feito algo a respeito.

— Vou guardar essas palavras.

— Dramático! — o empurrou de leve pro lado, o conseguindo fazer rir novamente.

E nossa, nessas últimas semanas você tinha descoberto o tanto que, de verdade, gosta de fazê-lo rir.

— Mas enfim, vou pensar.

— Só espero que separe um tempo pra gente ficar indo pra Malibu surfar.

— Não se preocupe, isso já está mais do que confirmado.

Sorriu satisfeita e encarou a rua, sentindo o vento fresco a atingir com um sorriso leve no rosto.

— Jurava que algo tinha acontecido quando só a Madeleine entrou na casa — a voz do seu pai chegou nos seus ouvidos e você soltou uma risada.

— Acabei ficando por aqui.

— E tá tudo certo?

— Aham, inclusive depois eu te entrego o meu boletim.

— Só colocar na mesa do escritório.

Assentiu com a cabeça e olhou confusa para o seu pai, que sorria de uma forma muito suspeita para o seu melhor amigo, que parecia querer desaparecer da face do planeta.

— Aconteceu alguma coisa?

— Pergunta pro seu melhor amigo, é ele que quer te dar um presente.

— Você está a um passo muito pequeno de voltar para a lista de pessoas que eu não gosto — Kazutora falou para o seu pai, que simplesmente soltou uma gargalhada.

— O problema já não é meu, pivete.

O seu melhor amigo revirou os olhos, enquanto o seu pai sorria triunfante.

Nunca foi de entender como a relação entre eles funcionava, quando eram mais novos, com certeza se davam muito bem, principalmente por ser o mais velho quem o ensinou a jogar futebol, além de o ajudar a treinar no quintal da frente, mas depois que o vício tomou conta dele, tudo mudou da água para o vinho.

Atualmente, com o seu pai estando limpo a meses, as coisas começaram a voltar ao que eram antes, mas principalmente por causa de todo o apoio.

— Como assim você quer me dar um presente? — perguntou, depois que voltaram a ficar sozinhos na varanda.

— Eu definitivamente odeio o seu pai — resmungou ao se levantar, não demorando a pegar a sua mochila do chão.

Indicou com a cabeça que o seguisse e uma expressão confusa não saiu do seu rosto enquanto o seguia para dentro da casa. Subiram as escadas, depois de passarem no escritório para deixarem os boletins na mesa de mogno, e foram até o seu quarto, para Kazutora poder colocar a sua mochila no lugar dela ao lado da escrivaninha. Você tentava entender qual seria o contexto do presente, principalmente por não estar necessariamente perto do seu aniversário, mas deu de ombros quando chegaram no destino final, um dos quartos de hóspedes em que o seu melhor amigo estava ficando.

Ficou ainda mais confusa quando o moreno respirou fundo antes de abrir a porta e deixar a passagem livre para que você entrasse primeiro, mas logo uma expressão surpresa tomou o seu rosto ao ver o que estava em cima da cama.

— Percebi que nunca tinha propriamente te convidado — Kazutora disse, com as bochechas começando a queimar, e agradeceu ao universo por você estar de costas pra ele.

Desde o momento em que tinham entrado no ensino médio, iam juntos em todos os eventos da escola, como bailes de outono e semanas estudantis, quase como um acordo silencioso. Claro que teve um momento em que conversaram sobre a possibilidade de aparecer alguém que gostariam de ir e que não teria problema irem com outras pessoas, mas isso nunca aconteceu.

Observou os seus passos até a cama e sorriu quando os seus dedos passaram cuidadosamente pela frase escrita em letra de forma no cartaz: "Quer ir no baile de formatura comigo?". Os seus olhos logo foram em direção a uma caixa de tamanho médio e o coração do moreno pareceu que ia sair pela boca enquanto você desfazia o laço que a decorava.

Porém, o nervosismo valeu a pena só pela forma como os seus olhos estavam brilhando ao notar o conteúdo.

— Tive que subornar Senju para ela me dizer a cor do seu vestido, espero que não se importe.

— É simplesmente lindo!

Um sorriso largo tomava o seu rosto enquanto não conseguia parar de olhar o conjunto de brinco e colar de cristais em um tom suave de verde, praticamente da mesma cor do seu vestido, que estava muito bem guardado no seu armário só esperando o dia para ser utilizado.

— Espera... Se você está me convidando, quer dizer que você vai pro baile?

Uma certa dúvida rodeava o seu coração em relação a isso, se Kazutora iria ou não no baile ou até mesmo na cerimônia de entrega dos diplomas, mas um certo receio misturado com medo de tocar nesse assunto fez com que não tivesse mencionado praticamente nada. A única vez que tinham conversado sobre isso foi quando Senju apareceu na sua casa para que pudessem ir comprar seus respectivos vestidos na companhia de Mary e Madeleine, e isso tem um pouco mais de três semanas.

— Só se forma uma vez no ensino médio.

Se o seu sorriso já era grande, agora parecia a coisa mais pura e brilhante do mundo e não demorou segundos para que você estivesse abraçando o seu melhor amigo, que também sorriu, enquanto te abraçava de volta.

— Gostou mesmo do brinco e do colar?

— Muito! — ergueu o rosto para que conseguisse o olhar — Sério, são perfeitos.

— Estava com medo de você não gostar.

— E como que eu não iria gostar de algo que você escolheu pra mim?

— Não sei, a vida é cheia de possibilidades.

— Sem essa, Kazu.

Ele só te apertou um pouco mais e você teve que desviar o olhar do rosto dele, porque uma sensação estranha tomava a sua barriga enquanto o via com um sorriso como esse, relaxado e feliz. Um tempo depois Mary apareceu na porta do quarto e como a mãe que ela é, já logo pediu para que pudesse tirar fotos, com Kazutora segurando o cartaz e você com a caixa em mãos.

A sensação da mais pura animação tomou a sua rotina com a aproximação do baile e estava quase para subir pelas paredes quando o dia finalmente chegou. Por ser presidente do grêmio estudantil, estava diretamente ligada com a organização do baile, que teria como tema esse ano "chuva de estrelas", com o ginásio do colégio decorado em tons escuros de azul e com as mais diversas pequenas luzes pendurados do teto para trazer a sensação de que estavam embaixo de um céu estrelado.

Com muito uso da arte da lábia, conseguiram convencer a diretoria a deixarem que criassem uma pequena área externa, usando o pequeno pátio que tinha em frente a entrada da quadra para ter alguns sofás e ainda pontos para tirarem fotos. Sério, estava tudo perfeito e praticamente um sonho e você chegou em casa na hora do almoço, depois de passar aquela manhã de sábado conferindo os últimos detalhes.

Estava, agora, vestindo um dos roupões felpudos que tinha com o cabelo ainda enrolado em uma toalha enquanto conectava o celular em uma caixinha de som e coloca uma de suas playlists para tocar com The Less I Know The Better, Tame Impala, preenchendo o quarto. Começou a separar os produtos de maquiagem e balançava a cabeça no ritmo da música até que escutou batidas suaves na porta, se deparando com Mary aparecendo pela fresta.

— Está começando a se arrumar? — a mais velha perguntou.

— Sim, acho que estou animada demais pra ficar quieta.

A loira riu fraco e com um aceno de cabeça seu entrou no quarto, fechando a porta. Ela andou até ficar atrás de você, de forma que pudessem se encarar pelo espelho da sua penteadeira.

— Seria intruso da minha parte te ajudar?

— Claro que não! Por que seria?

Mary ficou em silêncio por um instante e tirou a toalha do seu cabelo, começando a o enxugar com delicadeza.

— Eu... Eu não sou a sua mãe, [Nome]. Não quero que você se sinta desconfortável, principalmente em um dia tão importante como esse.

Os seus olhos se arregalaram um pouco ao entender a fala, afinal, em um momento como esse, no dia do seu baile de formatura, a sua mãe deveria estar ali. Ela deveria ter ido com você comprar o vestido, deveria estar te ajudando a se arrumar, além de estar tão animada para tirar as clássicas fotos nos degraus da escada, mas ela não estava.

E mesmo que se em algum contexto estivesse de maneira física, você sabia que nunca estaria de maneira mental. Ela fingiria, colocaria um sorriso falso no rosto e mostraria o mínimo de interesse para o clima ficar não ficar mais estranho do que sempre foi.

Um suspiro escapou dos seus lábios, a menção a ela doía como uma pontada no peito, iria fazer um pouco mais de um ano que ela tinha ido embora e esse fato ainda não pareceria completamente real. A questão é que com o passar do tempo e com a dor da partida abrupta ficando mais silenciosa, a percepção de que na realidade sempre tinha sido só você e o seu pai estava ficando cada vez mais forte.

Não tinha porque sentir tanto em relação a alguém que nunca quis ver a sua vida.

Mas ela é, e sempre seria, a sua mãe.

— Não tem problema, Mary, de verdade. Eu fico feliz só por você querer participar disso.

— E como não participaria? — ela te abraçou por trás, apoiando o queixo no seu ombro direito — Isso aqui tá sendo uma realização pra mim, afinal, quem diria que a garotinha extrovertida que praticamente arrancou o meu filho de casa pra brincar no parquinho poderia se transformar nessa jovem tão linda, não só fisicamente, como no coração também.

Os seus olhos marejaram um pouco por causa do tamanho carinho que a voz de Mary carregava, ela te considerava tanto, te devia tanto, que nem em um milhão de vidas conseguiria demonstrar gratidão o suficiente. E como ela poderia? Você salvou a família dela e essa seria uma benção que Mary sempre agradeceria pelo resto da existência.

— Então, já pensou no que quer fazer no seu cabelo?

— Estou completamente aberta a sugestões.

O sorriso animado no rosto de Mary espelhava o seu e agora, o quarto se preencheu com música, conversas altas e o barulho do secador, não demorando a ter Maddy participando da brincadeira, animada pra te ver usando o vestido de novo, segundo ela, você pareceu uma fada quando o usou ainda na loja.

Enquanto isso, em uma mansão em Bel Air, um grupo de garotos também se arrumava, assim, na teoria deveriam estar, mas na verdade estavam espalhados pela enorme sala de estar de Mikey enquanto gritavam um com o outro enquanto o próprio dono da casa mostrava como era péssimo jogando Assassin's Creed Origins. Juro, ele poderia ser considerado o futuro da NFL, mas quando se trata de videogame, definitivamente deixava a desejar.

Kazutora estava feliz por estar ali, cercado do barulho dos amigos e de parte do time de futebol. Claro que muitos o questionaram por já ter parado de ir pras aulas, mas só deu respostas vazias, como a de que tinha cansado da vida de ensino médio, e com a ajuda de Mikey e Baji, não demorou para que todos acreditassem no que estavam ouvindo.

Não se via em qualquer momento da vida falando sobre isso abertamente, admitir o que tinha passado, mas de certa forma, não tinha que esconder também, estava cansado de ter que fingir que estava bem, mesmo que isso, agora, já fizesse parte do que ele é. Suspirou, tentando expulsar tais pensamentos da cabeça, nem que seja só pelo dia de hoje, estava se formando no ensino médio, tinha que comemorar do jeito certo, não é sempre que se tem uma conquista assim, principalmente para ele que por muitos momentos pensou que nem chegaria tão longe.

— O tempo passa e você continua péssimo nesse jogo!

Uma voz, relativamente grave, soou alta e mais atrás, de onde a grande escadaria levava até o andar de cima, e foi automático Kazutora sorrir ao reconhecer a voz.

— Para de encher o saco, Shin! — Mikey resmungou, ainda tentando terminar a missão, mesmo que sua falta de habilidade ficasse ainda mais evidente.

— Ele não tá mentindo.

— Você nem entra na onda dele, Kazutora.

O moreno só balançou a cabeça em negação e se levantou do sofá, não perdendo a oportunidade de dar um tapa na nuca do melhor amigo, que obviamente reclamou. Andou até as escadas e subiu os degraus de dois em dois até chegar perto de Shinichiro, que se encostava no corrimão e o olhava com uma mistura de sentimentos no olhar, mas um se destacava, o de alívio.

— Não sei como agradecer ao universo por você, Mary e a pequena estarem livres — o tom de voz foi baixo o suficiente para que só ele escutasse.

— Eu também não — respondeu no mesmo volume e foi sincero demais, ao ponto de Shinichiro ter que fechar os olhos com força por um instante, antes de voltar a o olhar.

— Seria egoísmo questionar o porquê de não ter pedido ajuda pra nós?

— Não por completo — suspirou — Mas... Ninguém conseguiria bater de frente com o meu... pai. Ele só tem conexões demais, acho que fui ainda mais sortudo por acabar indo especificamente naquela noite na delegacia e ser atendido por um delegado que não está na lista de "contatos importantes". E sinceramente? Não sei o que esperar dessa investigação e do julgamento.

— Já tem data?

— Ainda não.

— Vou estar lá, preciso ver aquele bosta sendo preso.

— Shinichiro...

— Não. Você não pode ser mais um que quer determinar o que eu posso e não posso fazer.

Kazutora conteve o suspiro, enquanto encarava os olhos escuros do mais velho, tempestuosos pela frustração que o cercava como uma segunda pele. Respirou fundo e relaxou os ombros, deixando explícito que tinha perdido a "discussão", não queria que o clima logo entre eles pudesse ficar ruim.

Praticamente desde o momento que tinha conhecido Shinichiro, soube que ele é um cara foda. Mesmo quando criança o olhava com admiração e quando o primogênito dos Sano tinha sido draftado para os Patriots como o mais novo quarterback, ele soube que também queria jogar futebol americano.

Claro que a mudança para o outro lado do país foi difícil, já que o mais novo time de Shin tinha como sede uma cidade a quarenta minutos de Boston, mas com certeza quem mais sofreu com a ausência do irmão tinha sido Mikey. Foram quatro anos longos, com visitas curtas e poucos períodos de férias, mas depois que fechou o contrato com o Los Angeles Rams e voltou para casa, tinha sido como se a vida entrasse nos eixos novamente.

— Então, pelo menos me deixa te ajudar? Preciso te ver mostrando pro Mikey como realmente se joga.

A risada de Shinichiro foi sincera e mesmo com certo ferimento no orgulho, deixou com que Kazutora segurasse a bengala em uma das mãos de forma que com a outra desse mais suporte para descerem as escadas com o máximo de tranquilidade possível. Mesmo com reclamações médicas e até mesmo sugestões para que mudanças fossem feitas na casa para que ela se tornasse mais acessível, o mais velho tinha se recusado a fazer qualquer uma dessas coisas.

Talvez fosse uma "maldição" para cima da família Sano, a de que o orgulho sempre seria mais valioso do que qualquer coisa, mas no final do dia, a casa teoricamente era de Shinichiro e é ele quem decide verdadeiramente o que acontece por ali.

Kazutora por um bom momento se permitiu fechar os olhos, depois que se sentou no chão e apoiou as costas nas pernas de Mikey, ao ter os dedos do melhor amigo passando pelo seu cabelo. Não é como se ele não estivesse dormindo e o cansaço o dominasse como antes, durante essas últimas semanas tinha dormido tão bem que até estranhava, mas ainda existia o medo da medida protetiva não ser cumprida, o pânico de não saber se conseguiria lidar com tudo que ainda estava por vir.

— Você só não ficou mais loiro do que eu — escutou a voz de Mikey e voltou a abrir os olhos, inclinando a cabeça para trás para olhar o melhor amigo.

Tinha retocado as mechas na noite anterior para o baile e ele mesmo ainda estava se acostumando com o novo visual.

— Ficou estranho?

— Nem, acho que você só ficaria estranho se colocasse um arco íris no lugar do cabelo.

— Tá falando sério?

— Com certeza, só vou ter que me acostumar.

— Acho que eu também.

— Não pensou que ficaria tão claro?

— Você tinha que ter visto a minha cara e a da Senju quando a gente foi lavar a tinta.

Um sorriso muito específico surgiu no rosto de Kazutora quando percebeu a nova expressão que tomou o rosto de Mikey ao ter o nome da platinada sendo citado, o que lhe rendeu um dedo do meio.

Não são poucas as pessoas que veem as mínimas intrigas entre eles como entretenimento gratuito, sério, desde o momento em que ela deu uma fora em Mikey, ainda no nono ano, tudo tinha ficado ainda mais interessante. Pequenas farpas, confusões para usar o campo da escola e até mesmo competição por nota, tudo poderia acontecer entre eles, além de uma clara noção de que, mesmo que negando até a sua última geração, a atração que o loiro sentia pela capitã das líderes de torcida só aumentava.

Assim, teve até uma situação bem engraçada quando o primeiro beijo de Senju aconteceu, em um jogo de verdade e desafio em uma festa na própria casa de Mikey já no primeiro ano do ensino médio. Tinha sido desafiada a beijar a pessoa mais bonita da rodinha e ela não demorou muito na hora de pensar, se virou para o lado e juntou a boca com a de Kazutora. Até hoje, quase dois anos depois, Mikey ainda não sabe descrever o que sentiu ao ver aquilo, principalmente no final do jogo ao ver os dois desaparecendo no quintal da casa.

Não poderia sentir nada pela loira, beleza que ela é bonita, engraçada, inteligente e tem o sorriso mais lindo do mundo e um par de olhos completamente hipnotizante, mas não poderia ser nada além. Claro que não! Foi meio ridículo ficar quase dois dias sem falar com Kazutora por causa disso? Com certeza, e teve que aguentar as provocações por parte dele por muito tempo, principalmente quando era lembrado que o primeiro beijo dele tinha sido com você na oitava série e assim, Kazutora não tinha feito essa "confusão" toda por causa disso, mesmo sendo melhor amigo de ambos.

Além de que o Hanemiya só foi realmente perceber os sentimentos que sentia em relação a você só nesse último ano do ensino médio. Antes? Na cabeça dele eram realmente só melhores amigos e vizinhos.

Então, novamente, por que Mikey sentia essa frustração constante com Senju? Claro que ela é a única garota que o rejeitou, mas mesmo que não quisesse admitir nem para as partes mais íntimas de seu ser, sabia que era muito além do que isso, muito mais mesmo.

Ele nem entraria no mérito no fato de que literalmente teve que sair do refeitório e almoçar perto do campo de futebol para evitar de ver Matthew Rivera, capitão do time de beisebol da escola, convidar a loira para o baile. Soube que ela tinha aceitado com um sorriso no rosto e que estava ainda mais animada para a festa depois do convite, o que o motivou a descontar a frustração correndo pelo bairro depois que chegou em casa.

Assim, ainda tem uma informação muito importante em meio a tudo isso, o fato de que Mikey já tinha um par para o baile quando o pedido aconteceu, Amelia Santoro, uma líder de torcida. Então, mais uma vez, por que se importava tanto? Por que até mesmo se incomodava com a platinada pintando o cabelo de Kazutora?

Sério, pensava genuinamente que precisava de ajuda psicológica quando se pegava pensando até demais na mistura específica de verde e azul que formava a cor dos olhos de Senju.

Logo fez com que o assunto mudasse, não deixaria que o melhor amigo tomasse algum gosto por ter arrancado uma reação dessas de si.

Mikey só não contava com o tanto que ela estaria linda no baile.





(...)





O tempo praticamente voou depois que Mary começou a te ajudar a se arrumar, agora, se olhava no espelho com os dedos passando por cima do colar de cristal que Kazutora tinha lhe presenteado. É quase como se o conjunto de jóias tivesse sido feito para ser usado especificamente para o seu vestido, mas você não poderia esperar nada diferente do seu melhor amigo, afinal, todos os seus presentes favoritos tinham sido escolhidos por ele.

— Acho que vou ter que concordar com a Maddy e admitir que você está parecendo uma fada.

A voz do seu pai te tirou do transe e se virou para o encontrar encostado no batente da porta.

— Gostou? — perguntou, ao dar um giro e fazer a saia do vestido rodar.

— Muito, você está linda.

— Obrigada.

— Pronta para tirar algumas fotos?

— Sabia que não ia conseguir escapar.

— Como se eu fosse perder a oportunidade de registrar o seu baile.

Vocês dois riram e o seu pai até pediu para que você posasse bem ali no meio do quarto, assim, claro que você argumentou porque estava uma bagunça, mas a réplica dele foi que queria mostrar a "realidade do processo". Se você é até boa em convencer as pessoas, seu pai estava em níveis além dos imagináveis.

Foram tantas fotos que já estava quase que tonta, mas o barulho da campainha foi o que te fez quase pular de susto. Afinal, isso significava que Kazutora tinha chegado e isso fez a sensação estranha na barriga voltasse a te atormentar.

Respirou fundo quando o seu pai desapareceu pelo corredor para poder se posicionar bem o suficiente para tirar fotos suas descendo as escadas, ele com certeza estava se divertindo com tudo isso e você não poderia reclamar, o seu coração parecia explodir de felicidade ao o ver estando tão bem consigo mesmo.

Andou devagar até a escada e desceu os degraus olhando para o chão porque com certeza a saia do vestido te atrapalhava demais a conseguir ver por onde andava. Estava tão concentrada em não cair escada abaixo que nem viu o seu melhor amigo ter que fechar a própria boca, porque sério, você estava linda demais. Ele já tinha te visto arrumada nas mais diversas ocasiões, mas agora? Com ele sabendo que o coração dele batia mais rápido quando estava perto de você?

Nossa, ele sentia que o mundo poderia estar acabando ao redor dele que não conseguiria tirar os olhos de você.

Ao chegar no último degrau, respirou aliviada e finalmente levantou o olhar, o que não soube dizer se era bom, porque com certeza não estava conseguindo lidar com Kazutora vestindo um terno, principalmente com ele usando uma camisa social também preta, e a única cor em destaque sendo o tom de verde da gravata. Encarou o seu melhor amigo enquanto andava até ele, com o barulho dos seus saltos contra o assoalho de madeira praticamente sendo o único som que ressoava naquela sala de estar, até que ambos pareceram soltar a respiração que nem perceberam que estavam prendendo.

— Você... Você está incrível — ele disse, sem conseguir processar como a maquiagem ressaltava os seus olhos e a sua boca parecia convidativa até demais com o tom suave de rosa que coloria os seus lábios.

— Você também — conseguiu responder, mesmo que parecesse que milhões de borboletas voassem na sua barriga.

Um sorriso lindo surgiu no seu rosto quando a mão do seu melhor amigo foi em direção a sua para que você desse uma voltinha, com a saia do vestido estilo princesa girando e mostrando com o tecido suave parecia flutuar.

Quando Maddy tinha fofocado para Kazutora que o vestido parecia ter sido para você, não tinha acreditado tanto, afinal, tinham ido em uma das lojas mais famosas da cidade comprar, não teria como parecer algo tão específico, mas com certeza ele estava errado.

O vestido é feito com um tecido fosco de um tom de verde suave e com uma espécie de organza brilhante por cima, o que fazia total sentido com Maddy dizendo que você parecia uma fada ao o usar. O estilo princesa deixava tudo ainda melhor e a saia não era grande demais, mas sim no tamanho perfeito para que tivesse movimento quando girasse. As alças finas, que estavam nos seus ombros, possuíam pedaços do mesmo tecido brilhante da saia costurados nelas, de forma que criasse uma sensação de que mangas caíssem pelos seus braços.

Parecia que você tinha um aspecto mágico e Kazutora não conseguiria colocar em palavras o que se passava na cabeça e no coração dele ao te ver assim, principalmente com as jóias que ele deu no seu pescoço e nas suas orelhas.

— Isso é pra você — conseguiu voltar a falar, mostrando a pequena caixa transparente que tinha a clássica pulseira de tecido com flores falsas costuradas, mais uma das tradições para um baile de formatura.

Porém, um detalhe muito especial não passaria despercebido.

— Cravos? — perguntou, arrancando uma risada baixa de Kazutora, que desviou o olhar para poder colocar a pulseira no seu pulso.

— Tive que usar um dos meus conhecimentos sobre você.

Tinha momentos como esse em que encarava Kazutora quase como se o seu melhor amigo fosse o maior quebra cabeça do mundo, porque mesmo depois de tudo que passou, cada violência e ameaça, ele ainda continuava sendo quem ele é, a pessoa mais carinhosa e atenciosa do mundo. Ele tem a sua própria maneira de cuidar de quem ele se importa e você nunca conseguiria ser grata suficiente por estar nessa lista.

O pequeno momento foi quebrado por certos pais animados pedindo algumas fotos e não é necessário comentar o fato de que vocês dois obviamente esqueceram que tinham uma pequena plateia os assistindo, o que definitivamente fez as suas bochechas queimarem.

As fotos duraram poucos minutos e vocês dois logo estavam saindo da casa, encontrando parte de seus amigos já esperando dentro da limousine que tinham alugado para a ocasião. Assim, não tem que pensar muito pra saber que tinha sido ideia de Mikey, ele realmente também estava vivendo com base no "só se forma no ensino médio uma vez", o que definitivamente é compreensível.

O caminho até a escola não foi tão longo, mas com certeza divertido, afinal, não tem como acabar não soltando umas boas risadas quando se está dentro de um carro com os seus melhores amigos e uma sequência de músicas extremamente boa, o vídeo de Mikey e Baji se esgoelando ao cantar What Makes You Beautiful do One Direction com certeza seria um dos seus favoritos da vida.

— Tá, tenho que admitir que vocês do grêmio estudantil fizeram um trabalho muito foda.

— Sinto pena da próxima gestão que vai ter que tentar superar isso.

Você se sentiu levemente envergonhada pela sequência de elogios, mas agradeceu do fundo do coração, afinal, tinha dado bastante trabalho, mas com certeza valeu a pena.

— Fico feliz por terem gostado, mas já aviso que se tentarem batizar as bebidas com álcool, não sejam pegos porque não quero ter dor de cabeça.

— E por que você acha que faríamos isso? — Baji perguntou, fingindo inocência, o que arrancou uma gargalhada de Chifuyu.

— Seria mais estranho se vocês não tentassem fazer isso.

— E eu achando que você tinha fé em mim, Fuyu.

— Estou contando com as suas habilidades de colocar vodka no refrigerante, amor — Chifuyu sorriu, antes de puxar o namorado pelo paletó e deixar um selinho nos lábios dele.

Kazutora observava a cena com uma tranquilidade que preenchia o coração, porque a cena de Baji aparecendo na porta da sua casa só com a roupa do corpo e a expressão completamente vazia foi com certeza algo que foi tatuado na mente dele. Por muito pouco não foi bater boca com o pai do amigo, mas se controlou o suficiente para ir até a casa dele com Mikey e recolher as coisas em completo silêncio, inclusive se recusando a responder às perguntas da mãe de Baji sobre onde ele estava.

Se ela não se impôs contra a expulsão do próprio filho de casa, não existiam motivos que justificassem ela saber sobre a localização dele.

Baji ficou uma semana na sua casa para que pudesse pensar onde poderia ficar até se mudarem para a UCLA, mas logo os pais de Chifuyu tomaram as rédeas da situação.

A atenção de Kazutora foi roubada com você se afastando da pequena rodinha que acabaram formando dentro do ginásio, com parte do time de futebol e seus respectivos pares. Acompanhou com o olhar e se deparou com você abraçando Senju, que tinha acabado de chegar com Matthew, que se colocava ao lado dela com a expressão arrogante de sempre. Tinha que admitir que não era o maior fã do cara, mas não eram próximos o suficiente para ter uma opinião mais concreta. Porém, no momento, estava agradecendo ao universo por ele ter tido coragem de chamar Senju para o baile, porque, sério, Kazutora queria emoldurar a expressão que tomava o rosto de Mikey, o ciúmes tão óbvio, mesmo que Amelia conversasse com ele, ou pelo menos tentava, até sentia um pouco de pena da garota, sendo bem sincero.

Trocou um único olhar com o melhor amigo, sorrindo de canto pra ele, antes de se afastar com as mãos no bolso do terno e andar até você e Senju, que conversavam animadamente.

— Quando você me disse que usaria rosa, pensei que tava ficando doida — comentou para a platinada, que simplesmente riu, o abraçando em seguida como cumprimento.

— A [Nome] foi bem convincente na loja.

— Mas você não pode negar que esse vestido ficou insuportavelmente bom em você.

— Vou ter que admitir que a minha melhor amiga tem bom gosto.

Você revirou os olhos, mas logo recebeu um beijo na bochecha de Senju, que estava radiante, afinal, ela é uma das favoritas para ganhar o título de rainha do baile, você mesma faria questão de votar nela quando as votações fossem abertas, o que não demoraria. Notou pelo canto de olho a direção da escola se aproximar do palco que tinha sido montado em uma das extremidades da quadra e soube que daqui a pouco o baile teria o seu início "formalizado".

— A gente tá ali com o pessoal perto da mesa de bebida, quer ir pra lá? — você perguntou para Senju, que trocou um olhar com Matthew, que simplesmente deu de ombros, indicando que iria para onde ela quisesse.

— Eles realmente vão batizar as bebidas? — a sua melhor amiga perguntou, enquanto andavam pela lateral da quadra, com os meninos atrás.

— Ainda tem alguma dúvida?

A platinada só balançou a cabeça em negação, se os seus amigos um dia parassem de fazer esses tipo de coisa, com certeza as trombetas do apocalipse ressoariam pelo mundo. Com a chegada dela, o grupinho estava completo e uma conversa generalizada começou e não demorou para que sentisse uma presença atrás de si e não precisou de muito tempo para saber que era Kazutora, aproveitou então para se inclinar um pouco para trás de maneira que o seu corpo se encostasse no dele.

Sentiu um braço passar pela sua cintura e por Deus, que bom que o ginásio estava levemente escuro, porque com certeza as suas bochechas estavam queimando. Assim, uma parte do seu coração já sabia do que tudo isso se tratava, afinal, por que agora o toque do seu melhor amigo te deixava assim? Tentou parecer tranquila, não poderia agir como se estivesse descobrindo uma nova parte de si, afinal, não sabia se Kazutora poderia até mesmo retribuir em qualquer coisa que sentisse, são amigos há mais de uma década.

O risco de o perder e o medo disso acontecer são muito maiores do que qualquer felicidade a mais que poderia sentir se fosse retribuída.

Afinal, para você, uma vida sem Kazutora não poderia sequer ser possível.

Piscou algumas vezes ao colocar esses pensamentos para o fundo da mente e agradeceu mentalmente quando a diretoria anunciou o início do baile, com a música suave de antes sendo trocada rapidamente pelo DJ que tinha sido contratado e agora música eletrônica ecoava pelo ginásio. Soltou uma risada quando ouviu gritos animados ecoaram e logo você estava no meio das várias pessoas que foram para a pista de dança, afinal, suas amigas praticamente te arrastaram pra lá.

Mesmo que já tivesse se acostumado com as várias festas que Mikey fazia na própria casa, ambientes assim nem sempre seriam a sua praia, gostava, mas não poderia dizer que escolheria como primeira opção. Cantava a letra com as suas melhores amigas, porque sabia que essa noite seria uma das últimas em que seria "só mais uma adolescente". Afinal, ao entrar na faculdade, tudo mudaria, as prioridades principalmente e é como Kazutora falou, só se forma uma única vez no ensino médio.

Falando nele, o moreno já estava dando o primeiro gole da bebida batizada por Mikey e Baji, o que fez soltar uma risada antes de aceitar o copo e sentir o cheiro suave de vodka. A escola poderia botar os professores que for perto da mesa, mas é aquela coisa, nada consegue segurar um bando de adolescentes determinados a se divertir da maneira que eles querem.

Os olhos dourados acompanhavam você quase por todo o instante, desviava o olhar para não dar tão na cara que estava praticamente hipnotizado, participando das conversas que aconteciam ao redor dele, mas é aquela coisa, estava sendo uma missão quase que impossível. Suspirou ao terminar o copo e encarou o teto do ginásio por uns instantes, com as pequenas luzes brilhando para ele como as estrelas do lado de fora o olhariam, não sabia o que buscava e muito menos pensava que teria capacidade de um dia falar o que sente.

Quando voltou a te observar, você já estava olhando pra ele, sorrindo, como se estivesse esperando que os olhos dele encontrassem os seus.

Indicou com a mão para que fosse até onde estava e cruzou os braços quando Kazutora indicou que não, afinal, "não sabia dançar". Porém, foi só mexer os lábios dizendo um "por favor" que foi o suficiente para que saísse do lugar em que estava e entrasse na pista de dança. Algumas pessoas o encaravam, tanto pelo visual novo quanto pelo fato de que simplesmente estava semanas sem aparecer na escola, mas deu de ombros, não é como se fosse dar satisfação para qualquer um deles.

— Olha o que você faz comigo — ele falou contra a sua orelha e você riu, voltando a balançar no ritmo da música.

— Você mesmo disse que só se forma uma vez! — falou mais alto para que ele conseguisse te escutar por causa da música alta — Tem que ter a experiência completa!

— Incluindo dançar música pop no meio do ginásio?

— Com certeza!

Kazutora simplesmente te olhava meio desacreditado, mas principalmente pelo fato de estar se dispondo a fazer isso, e somente com você. Respirou fundo antes de começar a tentar a te imitar e o seu sorriso não poderia ser maior, claro que muito disso é por querer aproveitar o baile com o seu melhor amigo, mas também é por um desejo imenso de que ele pudesse se divertir, pelo menos ter uma noite da mais pura adolescência e você faria de tudo para que ele tivesse isso.

Afinal, a felicidade dele é a sua.





(...)





Kazutora estava a um passo muito grande de simplesmente começar a gargalhar e ele sabia que não era algo só dele, o grupo inteiro estava tentando ao máximo manter a postura, mas nada tinha os preparado para isso: os resultados da votação para rei e rainha do baile.

— Alguém tirou foto da cara do Mikey? — Baji perguntou, se divertindo completamente com a situação.

— Acho que consegui pegar aqui no vídeo.

— Você é a melhor pessoa do mundo, Draken. Por favor, não esquece de mandar no grupo de depois.

— Por que vocês não explodem?!

— Que isso, reizinho... Pra que tanto ódio no coração?

Mikey estava quase que parecendo um vulcão que entraria em ebulição, tudo tinha ido por água abaixo depois de ter ouvido o próprio nome saindo da boca do diretor a menos de dois minutos atrás. Assim, ele não poderia ligar menos para o título de "rei do baile", o problema mesmo estava na rainha.

Ele não poderia pensar que o resultado poderia sequer ser diferente, já era meio óbvio que Senju ganharia o título, mas ter que agora subir no palco, ter uma coroa de plástico na cabeça e ainda dançar uma valsa com ela já era demais, muito mais do que ele poderia aguentar sem fazer algo que ele com certeza se arrependeria depois.

Respirou fundo ao começar a andar até o palco, com as risadas de seus amigos ao fundo ficando cada vez mais baixas. Sério, o que ele tinha feito para merecer isso? Não é nada justo o fato de ela ser uma das garotas mais lindas e intrigantes que já tinha conhecido na vida, sem falar o tanto que ela é inteligente.

Subiu os degraus já colocando um sorriso no rosto para trocar um aperto de mão com o diretor e tentar acabar com todo esse circo o mais rápido possível, mas o mundo pareceu desacelerar quando Senju apareceu no palco, ficando a um pouco mais de um metro dele.

A palavra "linda" chega a ser pequena para descrever como ela estava.

Realmente nunca pensou que um dia a veria usando rosa, principalmente em um tom suave puxado para pastel, afinal, é uma cor que se recorda de nunca a ter visto usando, mas com certeza fica incrível nela. O vestido tem um estilo parecido com o sereia, delineando o corpo, e com uma saia que começa a abrir suavemente na altura do joelho, criando um efeito ao andar. Além disso, pequenos cristais estavam presentes no tecido e pareciam brilhar como pequenas estrelas por causa da iluminação, sério, Mikey poderia passar quase que uma eternidade só a observando.

E assim, a mesma coisa poderia dizer no lado de Senju dessa difícil equação.

Deveria ser considerado crime alguém ficar tão bonito de terno, principalmente em um com um tom de azul tão lindo. Com certeza deve ser por isso, afinal, azul é a cor favorita dela, não tem nada além disso.

Absolutamente nada.

Mas o que ela poderia dizer sobre o frio na barriga que sentiu ao ter os olhos dele finalmente encontrando os dela?

O que poderia dizer sobre o que sentiu quando ele sorriu pra ela?

O que poderia dizer sobre o que sentiu quando os dedos dele se entrelaçaram e desceram as escadas do palco juntos e andaram até o meio da pista de dança?

Senju respirou fundo ao ter um dos braços de Mikey a envolvendo pela cintura, a distância estava curta até demais entre eles e ela estava a um passo de entrar em combustão.

— Espero que não pise nos meus pés — conseguiu dizer, alguns instantes antes da música começar.

— Você tem muita pouca fé em mim, princesa.

— Realmente não vai parar de me chamar assim? — reclamou, o que o fez rir.

— Vai mentir e dizer que não gosta? Mas acho que vou ter que mudar o apelido, talvez "rainha" combine melhor agora.

— Nem ouse.

— É uma ameaça?

— Um aviso.

— Estou apavorado...

— Como você consegue ser tão insuportável?

— Acho que você quis dizer "incrível", né?

Senju revirou os olhos, o que o fez sorrir ainda mais, e sério, como que ela poderia sequer pensar em beijar ele? E sim, esse é um pensamento que ela quer enterrar no fundo da mente, mesmo que estivesse se tornando cada vez mais impossível essa missão, principalmente com ele tão perto.

Inclusive, nunca tinha realmente percebido o tanto que ele é cheiroso.

As notas iniciais de Thinking Out Loud, Ed Sheeran, começou a ecoar pelo ginásio e o par "real" quis se esconder dentro de um buraco e nunca mais sair de lá, afinal, eles tem um grupo muito peculiar de amigos, o que definitivamente, neste momento, não está sendo nada agradável, para não dizer outras coisas.

Mikey conteve a vontade de xingar todos eles ali mesmo e preferiu respirar fundo antes de começar a guiar a dança.

E como um passe de mágica, qualquer irritação que estava sentindo desapareceu quando uma expressão levemente surpresa tomou o rosto de Senju.

— Eu disse que você tinha pouca fé em mim — provocou, se divertindo ao a ver revirando os olhos.

— Não sabia que você sabia dançar — admitiu, antes que ele a girasse.

— Tem muitas coisas que você não sabe sobre mim, princesa.

— Não aja como se eu quisesse descobri-las.

— E você não quer?

Senju sabia que tudo não passava de uma provocação barata, assim, ela estava tentando se convencer de que era só isso e nada mais, não poderia ser algo além, não conseguiria lidar com essa mínima possibilidade. Voltou a o encarar nos olhos e teve que conter a língua para falar o que não deveria, admitir o que negava há anos.

Em um primeiro momento, realmente o achou ridículo, um garoto de recém completos 14 anos e que se achava a última bolacha do pacote. Porém, com o passar do tempo, certas atitudes começaram a se sobrepor em relação a determinados comportamentos. Não é como ele fosse mudar da água pro vinho, ela sabia que no fundo a essência de Mikey se resumia a ser a pessoa mais irritante do planeta, mas foi percebendo que no fundo tinha muito mais do que só uma casca de "capitão babaca".

Ele genuinamente se importava com o time e ama o esporte como ninguém e mesmo que Senju não ousasse admitir isso nem para si mesma, sabia que ele foi o responsável para que voltasse a gostar de ser uma líder de torcida. Tinha começado a participar desse esporte por influência da mãe e continuou por todo um contexto de pressão social, nunca tinha se visto determinada a torcer por um time até ver Mikey liderar um.

Chega a ser engraçado comparar como tudo era antes.

— Não vai me responder?

— Você realmente quer a resposta?

— Não teria perguntado se não quisesse.

O tom de voz dele mudou, ficou um pouco mais baixo, e Senju sentiu o corpo inteiro arrepiar, principalmente quando pareceu que os corpos deles estavam mais próximos do que deveriam.

— Por que você quer essa resposta? — conseguiu perguntar, mesmo com coração batendo tão rápido quanto mil badaladas de um relógio.

Mikey estava se arriscando muito nessa dança, conseguia perceber os olhares de toda a escola sobre ele, mas a atenção dele estava na garota a sua frente, e somente nela. Suspirou e, para tentar controlar o nervosismo, aproveitou o momento para se afastar um pouco, o suficiente para a fazer girar mais uma vez e logo voltar para os braços dele.

— Porque... Porque eu preciso entender.

— Entender o que?

— Entender o porquê de não conseguir tirar você da minha cabeça.

Os olhos de Senju se arregalaram suavemente, enquanto encarava Mikey com o coração parecendo que sairia pela própria boca. Não existia nada na mente dela além de um looping dessa frase, nada além da seriedade que tomava o momento, nada além da vontade de terminar a distância entre eles e o beijar.

Mas a música acabou e o ginásio os aplaudia pela dança.

— Eu...

— Você não precisa dizer nada — Mikey respondeu, sorrindo sem graça, não sabia nem onde poderia se enfiar depois de ter admitido tal coisa em voz alta.

Inclusive, já tinha se virado e estava pronto para sair o mais rápido daquela pista de dança, mas parou ao sentir uma mão o segurar o pelo braço.

— Por que não me convidou para o baile? — a pergunta saiu da boca de Senju quase como um sussurro, mas foi escutada até demais pelo capitão que, agora, a olhava em completo choque.

— Você teria aceitado?

— Não tenho motivos para negar.

Nunca passou pela cabeça da capitã das líderes de torcida que ela admitiria isso em voz alta, e muito menos para Mikey. Porém, nada poderia se comparar ao sentimento de ciúmes que a invadiu quando soube que ele tinha convidado Amelia.

— A gente vai conversar sobre isso depois — sentenciou com seriedade, o que a fez rir um pouco, logo notando que Matthew andava em direção a ela.

— Com certeza vamos.

Mikey observou Senju se afastar sem conseguir tirar o sorriso do rosto, como se estivesse contemplando uma infinidade de possibilidades que apareciam na sua frente como resultados de uma aposta vencedora em uma loteria premiada. E assim, posso afirmar que ele não poderia nem imaginar o que aconteceria na primeira festa universitária que teriam na UCLA.

E um sorriso tão bonito quanto o dele espelhava o seu, enquanto arrastava mais uma vez Kazutora para o centro da pista de dança improvisada. Agora, seria a valsa para o resto dos pares e você não poderia estar mais animada para simplesmente ter um momento assim com o seu melhor amigo.

Soltou uma risada quando viu a expressão levemente emburrada que aparecia no rosto dele, sabia que não era por sua causa ou algo do tipo, mas sim pelo simples fato dele não gostar de dançar, mas no final das contas, lá estava ele a envolvendo pela cintura enquanto as notas iniciais de Every Breaking Wave, U2, preenchia o ginásio.

— Tá, eu sei que foi você que escolheu essa música — Kazutora acusou e um sorriso cúmplice tomou os seus lábios.

— No final do dia, eu ainda sou a filha do meu pai.

O seu melhor amigo só balançou a cabeça em negação, enquanto te guiava em uma dança suave, sendo esse o máximo que ele conseguia ser fazer sem que vocês dois passassem vergonha ou ele realmente pisar no seu pé, mas não era como se fosse querer algo a mais, não precisava.

— E o cargo de presidente do grêmio consegue ser bem útil, não é?

— Você não faz ideia.

— Finalmente você vai poder me contar as fofocas da diretoria?

— Depois eu que sou a fofoqueira...

— Eu sou apreciador de informações alheias! Tem uma diferença bem grande, não acha?

Você só balançou a cabeça em negação, antes de a apoiar no ombro de Kazutora, não demorando a sentir os braços dele a apertarem com um pouco mais de força.

— Sabe, essa noite tá parecendo quase que um sonho impossível.

— Por que?

— Estou dançando com você no nosso baile de formatura.

— E isso é um sonho impossível?

— Pareceu um pouco depois do que você me contou — sussurrou, sentindo o corpo do mais alto estremecer suavemente.

— Não quero que fique pensando nesse tipo de coisa, por favor.

— Esse é um pedido quase impossível, Kazu.

— Eu... Eu não queria que fosse.

Voltou a erguer a cabeça e conectou o seu olhar com o do seu melhor amigo, recebendo o brilho dourado instantaneamente. Suspirou antes de levar uma das mãos até a bochecha de Kazutora, com ele logo inclinando na direção do seu toque.

— Também não queria que fosse, mas sempre me forço a lembrar que aquele é o seu passado e é isso que importa pra mim.

— E não seria o meu passado, se não fosse por você.

— Kazutora...

— Sei que a gente já teve essa conversa antes, mas acho que nunca vou conseguir te agradecer o suficiente.

— E não precisa, de verdade.

— É uma dívida que valeu não só a minha vida, como a da minha família também.

— Você não tem dívida nenhuma comigo, Kazu.

— O que você quer dizer?

— Você já quitou ela há muito tempo.

— Como assim?

— Ter você na minha vida vale mais do que qualquer coisa.

Kazutora te olhava com uma intensidade de sentimentos que borbulhavam dentro dele, quase como um vulcão em erupção, um que seria, infelizmente, controlado por anos a fio. Ele respirou fundo antes de inclinar e deixar um beijo na testa, como ele faz desde que vocês se entendem como amigos, há mais de dez anos, e fechou os olhos, somente sentindo o corpo balançar suavemente com o final da música se aproximando.

— Você é o meu melhor amigo, Kazu. Nada, absolutamente nada, vai conseguir mudar isso — sussurrou e conseguiu a atenção dele, que voltou a te encarar.

— A minha amizade com você é uma das poucas certezas que eu tenho na minha vida.

— Quais são as outras certezas?

— Bem, uma delas é que 2 + 2 = 4.

A sua risada ecoou pelos ouvidos de Kazutora como a mais perfeita sinfonia e logo a dele estava misturando com a sua, o que gerou o seu som predileto.

O som da felicidade de Kazutora.

Vocês dois se olhavam como se fossem o mundo um do outro e nessa época já eram, sentiam isso como brasas ardentes em ambos os corações, mas eram jovens demais.

Jovens quebrados demais para arriscarem perder a única peça intacta de suas respectivas vidas.

A noite continuou, mágica como se estivessem de verdade sob um mar de estrelas, sob a eterna visão de uma noite infinita em que vocês teriam 17 anos para sempre.

No final da festa, enquanto Kazutora segurava os seus saltos em uma das mãos e te observava conversando com as meninas usando o blazer dele por causa do frio, ele pensou como realmente tinha um passado separado do presente e que existe um futuro, um que por muitas noites pensou que não teria.

Porém, agora, cercado dos amigos depois de se formar no ensino médio, esse pensamento fica cada vez mais real, com as risadas, sorrisos e vozes se misturando.

Claro que o futuro sempre será incerto, complexo e cheio de dúvidas e percalços, afinal, estamos lidando com a vida em si.

Entretanto, ele tem você e para ele isso sempre bastaria.

Afinal, vocês sempre teriam um ao outro.

E ambos arriscariam tudo para que continuassem sendo pelo menos uma certeza constante na vida um do outro, mesmo que isso signifique abrir mão de admitir o que verdadeiramente queima nos corações de vocês.








Oi de novo!!

Ai gente, sério, fico toda derretida por eles no ensino médio, não tenho estruturas!!

Queria muito trazer como eles estavam nesse dia, principalmente por significar o início e o fim de muitas coisas ao mesmo tempo! Inclusive, o que acharam do Shin fazendo a sua primeira aparição oficial na história?

E antes de me despedir, MUITO obrigada novamente pelos 100K de leituras!! Amo vocês ♥︎

Bem, espero que tenham gostado! Não se esqueçam de votar e comentar (AMO ler o feedback de vocês)!

Até a próxima! ♥︎

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