Olho em volta, e rapidamente eu avisto duas silhuetas caminhando -novamente- em direção à casa. Desço as escadinhas, indo ao encontro delas.
-Garota!- Carol comenta -Onde que você se enfiou?- ela bebe um gole da sua água de coco antes de continuar sua frase. -Nós berramos aqui, e nada.
-Ah, é...- Faço uma leve pausa, pensando no que diabos eu iria falar para ela. Claramente não ia ser a verdade. Não agora. -Eu estava no mar, relaxando um pouco. Por isso não vi vocês.- Falo, com um leve sorriso. Bem, isso não deixava de ser verdade.
-Ah tá- Carol fala por fim. Nesse momento, o que eu mais queria era ter dado um suspiro de alívio.
-Ai, vê se avisa depois, heuem- Maria fala, revirando os olhos ironicamente, me fazendo soltar uma risada.
-Pode deixar.- Faço menção para seguirmos até a casa de praia, e assim fizemos. Quando entramos, Angelina não estava mais na sala.
-Ué, mona...Cadê a tua namorada?- Carol pergunta pondo seus pertences no sofá, me fazendo revirar os olhos ironicamente.
-Está por aí.- Falo, fazendo com que ela dê um leve tapa em meu ombro, nada contente com a resposta. Solto um leve riso, antes de complementar a minha fala. -Está tão curiosa para vê-la? É sério isso?-Falo de um jeito descontraído, arqueando minhas sobrancelhas.
-Vamos e convenhamos...Não é todo dia que você tem a oportunidade de ver a Angelina Jolie pessoalmente- Ela cruza os seus braços. Eu não podia discordar nem um pouco disso, então eu apenas faço um gesto com a cabeça, querendo dizer: É, você está certa.
-Aí, garota!- Maria dispara- Eu estou doida para ouvir as fofocas! Vai ficar enrolando até quando?- Arqueio minhas sobrancelhas, ironicamente. Maria nunca ligou para celebridades, principalmente para as que não lhe interessam, então esse "descaso" em ver ou não a Angelina não me surpreendia nem um pouco.
-Tá bom, meu Deus- Falo suspirando, vendo que eu não tinha mais para onde correr.
Maria, por fim, também coloca os seus pertences no sofá, e um pensamento intrusivo faz com que eu franza o meu cenho rapidamente. Após elas perceberem essa reação, as mesmas não hesitam em perguntar o que havia acontecido para a mudança de expressão totalmente repentina.
-É sério que, depois de tantos meses fora...Vocês não vão nem me dar um abraço de boas vindas?- A expressão de maria logo muda. Antes, totalmente preocupada, agora estava com uma expressão do tipo: É sério isso?. Ato que, eu tive que me controlar para não rir, para não quebrar o clima em que ali se instalava.
-Se manca, Cameron!- Maria fala, antes das duas me abraçarem. Um sorriso totalmente despreocupado surge em meu rosto, abraçando-as de volta. Era um abraço forte, repleto de saudades. O cheiro das duas se impregnam em meu nariz, me trazendo uma sensação de nostalgia absurda, fazendo com que eu solte um suspiro completamente aliviado.
-É bom ver vocês.- Nos distanciamos lentamente, e as duas sorriem com o meu comentário.
-Falando assim, nem parece que a querida nem nos avisou que iria vir para o Brasil.- Maria fala ironicamente, quebrando todo o clima que pairava no local, me fazendo soltar um riso desacreditado.
-Eu já entendi que você quer saber tudo o que aconteceu depois do beijo. - Maria concorda com a cabeça, e eu prossigo. -Então sentem-se, que aí vem história.- Pude perceber os olhos de ambas brilharem enquanto suas pupilas dilatam. Não pude deixar de achar uma graça. Sem enrolação, nós sentamos nas cadeiras totalmente acolchoadas. Apoio o meu braço na mesa redonda composta por vidro, e um suspiro nostálgico toma conta do local.
-Bom...-Dou início, completamente nostálgica. -Depois daquele beijo...- Um leve sorriso insiste em surgir em meu rosto, me impossibilitando de falar qualquer coisa que seja.
-Garota!- Maria exclama estalando os dedos, me fazendo voltar para a realidade. -Se for para você ficar vagando por aí, é melhor nem continuar.- Sua voz, completamente impaciente, faz eu soltar uma leve risada.
-Desculpe, desculpe!- Falo me rendendo. -Prometo tentar me controlar, meninas.
-É bom mesmo! Nem eu fico assim pelo meu namorado, meu Deus.- Carol confessa, revirando os olhos. Ergo a minha postura a fim de continuar, só que dessa vez, de uma forma mais séria.
-Bom, as gravações continuaram normalmente.- A expressão de descontentamento fica evidente em seus rostos, então eu faço menção de continuar a minha fala. -Nós continuamos a sair, principalmente para restaurantes.
-Eu imagino que deve ter sido restaurantes de alta classe.- Maria comenta, parecendo mais um pensamento alto.
Concordo com a cabeça. -Sim, você está certa.- Ela volta o seu olhar para mim, querendo saber mais. -Bom...-Franzo o meu cenho, a fim de me lembrar detalhadamente daquele dia. -Não muito tempo depois, eu fui até o seu camarim.- A sobrancelha de Carol fica totalmente arqueada, com sorriso maroto em seu rosto.
-Ela te chamou do nada, amiga?
Nego com a cabeça, e então Carol solta um leve som, como se quisesse dizer: Droga!
-Eu havia mandado uma foto para ela...-A expressão de ambas mudam. -Meu Deus!- solto um leve riso, desacreditada. -Parem de ter a mente suja.
Elas reviram os olhos, quase que ao mesmo tempo. Se não fosse por questões de segundos, teria sido totalmente sincronizado.
-Eu já estava descaracterizada, então eu apenas mandei uma foto..-Faço uma pausa. -Aquele tipo de foto que eu mando as vezes no grupo.- O olhar de Maria, antes normal, passa a me julgar de todas as formas, fazendo com que eu solte um leve riso nervoso.
-Mona, você precisa aprender urgentemente a como flertar com alguém. Principalmente com uma velha de 43 anos!- Carol fala totalmente descontraída, me fazendo arregalar os olhos no mesmo instante. Sem saber como reagir direito, eu apenas exclamo o seu nome, fazendo-a soltar um leve riso.
-Ai, garota...- Cubro o meu rosto, suspirando levemente. -Você é inacreditável!- Encaro ela, que apenas tinha o seu olhar totalmente irônico perante a minha pessoa.
Carol sempre foi assim. Nunca teve medo de falar nada, nem mesmo para as pessoas que não gostavam dela. Quando esse era o caso, aí que ela realmente perdia a linha. Talvez isso seja algo de família, pois pelo que ela me falou, sua mãe sempre foi assim. -Embora eu tenha desconfiado disso desde o primeiro dia em que eu a vi pessoalmente.
-Tá...-Maria toma à frente.- Mas a pergunta que não quer calar, Cameron...Como tudo aconteceu?- Franzo o meu cenho, não entendendo o contexto de sua pergunta. Percebendo a minha expressão, ela faz menção para continuar. -Digo...As passagens e tal.
-Bem...-Arqueio minhas sobrancelhas rapidamente, antes de contar.- De início, ela havia me chamado para ir jantar em um restaurante, normal até então.- Ambas concordam com a cabeça. -Mas chegando lá, eu estranhei. Pois haviam velas na mesa.- Maria abre um sorrisinho, me deixando levemente envergonhada. -E então, após o jantar, ela revelou que havia comprado as passagens -até então, apenas para o Brasil-.
-Algum motivo específico, amiga?- Carol pergunta, e eu apenas concordo com a cabeça.
-Ela disse que queria estar comigo. Estar comigo onde eu nasci.- Ambas fazem um sonzinho. Aquele mesmo som que fazem quando você é adolescente e está conhecendo alguém. Aquele mesmo som que te faz querer morrer. Reviro os meus olhos, sentindo o meu corpo inteiro borbulhar.
-E ao sairmos do avião, eu percebi que não estávamos no Brasil.- Antes de terminar a minha frase, ambas falam: Estava em Paris. -Exatamente!
-E aí? Foram no Rio Sena?- Maria pergunta, entusiasmada. Ela sempre gostou de saber os pontos turísticos de cada lugar. E, em um caso totalmente especial, principalmente os de Paris.
-Fui sim, amiga! É incrível, sério!
-Aposto que foi reservado apenas para as madames.- Carol complementa, e eu não pude deixar de afirmar com a cabeça, dizendo "Sim".
-Bom, além do rio sena, fomos na torre Montparnasse, para ver o por do sol.- a boca de Maria se abre, em puro choque, me fazendo abrir um leve sorriso. -E que vista linda, sério.- Mordo os meus lábios, me lembrando do que aconteceu horas depois. Ato que, aparentemente passou totalmente despercebida por ambas. -Depois, fomos jantar na Torre Eiffel!
-Garota, você tem noção da sorte que você tem?- Maria fala, ainda em choque. -Visitar todos esses lugares, e ainda por cima, sem ter nenhuma outra pessoa além de você e o seu parceiro...-Sua expressão, ainda em choque, me encara.
-É...Pois é...-Falo, franzindo levemente o meu cenho. -Foi incrível, é verdade. Mas tenha certeza de que nada chega aos pés da química que nós duas temos. É sério, é surreal.
-Dá para perceber, miga.- Maria fala, com um leve sorrisinho de canto.
-E depois? fizeram mais alguma coisa?- A fala, totalmente repentina de Carol, faz com que eu quase me engasgue com a minha saliva. De fato, nós fizemos. Só não sei como eu contarei isso para elas.
-Julgando pela expressão dela, Carol...-Maria olha para a mesma, com um olhar de quem já sabia o que havia acontecido. -Parece que aconteceu algo que a deixou nas nuvens.
Um som totalmente desconhecido toma conta do ambiente, me fazendo despertar. Com o meu coração acelerado, meu olhar, quase que inconscientemente vai em direção ao barulho. Angelina estava escorada no batente da porta, com seus cabelos levemente úmidos. Estava vestindo um longo vestido branco e rendado. Seu olhar, estava totalmente sobre mim, ignorando completamente a presença das garotas ali. Sem demorar muito, elas também olham para a mesma direção que eu. Pude sentir Carol ficando em choque, como se estivesse tendo a prova real de que tudo o que eu falei é verdade.
-Oi, querida.- Sua voz, totalmente doce, faz o meu coração quase sair pela boca. Sem dúvidas, a minha pupila estava completamente dilatada. Eu podia sentir ela crescendo cada vez mais ao encará-la.
-Estava no banho, meu amor?- Ela afirma com a cabeça, sorrindo. sem demorar muito, o seu olhar se encontra com os de minhas amigas
-Olá, garotas.
-Olá- Ambas respondem, em inglês. A única diferença, era apenas na entonação de voz delas. Enquanto Maria falava como se Angelina fosse uma pessoa qualquer, Carol, por outro lado, só faltava gritar de tanta emoção, algo que eu realmente não entendia muito bem, já que nem fã ela era.
-Com licença, meninas.- Falo me levantando, e enquanto eu andava, pude escutar ambas me dando apoio moral, me obrigando a conter a risada.
-Como está indo, meu bem?- Sua mão, totalmente macia, toca o meu rosto, fazendo com que cada centímetro de meu corpo fique arrepiado.
-Sabe como é...- Solto uma leve risada- Nada fora do esperado. Muitos choques e perguntas.-Sua expressão fica mais suave, enquanto a mesma deposita uma leve mordida em seu lábio inerior.
-Ótimo.- Ela fala, por fim. -Vou deixar vocês em paz, querida.- Por um segundo, eu pude sentir a minha expressão mudando por completo. Eu queria que ela ficasse, mas sei que não faria sentido, então eu apenas concordo levemente com a cabeça. Antes de ela sair -Acho que, provavelmente para ir até a cobertura-, ela deposita um leve beijo sobre os meus lábios, me fazendo derreter ali mesmo. Quando eu me viro para as garotas, os olhares de ambas estavam iguais: irônicos e, levemente safados.