Ficamos alguns minutos estáticos dentro do carro depois de estacionar. Adam está com as duas mãos ainda segurando o volante, noto como as pontas de seus dedos ficam brancas devido a quantidade de força que ele aplica.
Alterno entre olhar para ele e a fachada da nossa casa.
Sempre senti que Adam fosse a parte mais forte do nosso relacionamento, apesar dele sempre insistir que era ao contrário, para mim parecia que era sempre eu que desmoronava e ele que se mantinha firme.
Por Deus! Há poucos minutos eu tinha desmoronado mais uma vez e ele, mesmo estando tão destruído como eu, se esforçou para me manter de pé.
Mas havia algo que me dizia que dessa vez eu que precisava me manter forte para ele. Algo seu olhar. Aquela ligação tinha quebrado algo dentro do meu marido e eu precisava urgentemente consertar, porque nada de bom sairia daqueles cacos de vidro.
— Precisamos entrar e falar com a polícia. — Digo finalmente.
Ele apenas concorda balançando a cabeça e durante uns trinta segundos ele continua a encarar o nada, até que ele finalmente abre a porta e sai de dentro do carro.
O sigo logo em seguida.
Marchamos em direção a porta de entrada. Adam não me toca, e internamente estou implorando que ele me envolva com seus braços mais uma vez para eu voltar a me sentir segura. Todavia, me mantenho firme tentando não desabar mais uma vez na sua frente.
Electra nos nota assim que passamos pela porta, ela se levanta do sofá e vem apressada em nossa direção abraçando primeiro ao irmão, que praticamente não reage, e depois a mim.
— Eu sinto muito! Eu estava com reais esperanças de que rastrear a ligação fosse funcionar. — Ela fala com lágrimas nos olhos.
— Nós também. — Falo num sussurro. — Nós também.
Noto o momento que Electra também nota algo diferente em Adam, é logo após dele sair de seu abraço. Ela o encara e algo em seu rosto a faz levantar as sobrancelhas.
— Irmão?
Adam não a responde, ele apenas se afasta e dando passos trôpegos para trás e caindo sentado no sofá. Electra me olha fazendo uma pergunta silenciosa, mas que eu tenha a chance de abrir a boca, Adam responde.
— Michael nos ligou novamente, — Isso chama a atenção dos policiais que haviam ficado em nossa casa e eles se aproximam antes que ele termine a frase — ele nos fez escutar... — A voz dele fica embargada — Ele agrediu o Sebastian e fez com que a gente escutasse.
Electra leva a mão à boca automaticamente e me encara buscando confirmação já com lágrimas em seus olhos. Quando balanço minha cabeça em afirmação, ela balança a dela em negação. Um soluço alto sai antes que as lágrimas comecem a deslizar pelo seu rosto. Justin caminha rapidamente do outro lado da sala para ela e a envolve em seus braços.
— Meu Deus ele é só uma criança. Um bebê! Como ele pode fazer isso? Como ele... — Ela desaba e fecho meus olhos sentindo cada soluço dela despedaçar uma parte de mim.
Uma lágrima silenciosa desliza pelo meu rosto quando abro meus olhos. Justin segue tentando consolar minha cunhada que se agarra a ele como se fosse sua tábua de salvação. Os policiais se aproximam querendo mas informações, qualquer coisa que pudesse ser uma pista, mas não tínhamos nada.
Nada.
Suspirei derrotada e desviei minha atenção para Adam, seu olhar me deixou apreensiva e eu não estava gostando nenhum pouco do que via. Ele não olhava para a irmã que chorava sem parar logo a sua frente, nem para os policiais que se moviam pela nossa casa e ele não olhava para mim.
Ele encarava o vazio.
Podia ver as engrenagens da sua cabeça se movendo. Ele estava tramando algo.
Mas o que?
— Adam?
Seu olhar finalmente focou em mim quando ele escutou minha voz o chamar.
Nos encaramos por poucos segundos até que ele estende a mão me chamando. Me aproximo a passos lentos e me sento de lado no seu colo, abraço ele do jeito que posso ao mesmo tempo que sinto suas mãos rodearem a minha cintura. Repouso minha cabeça em seu ombro e imploro em silêncio que isso tudo acabe.
Não sei por quanto tempo permanecemos assim, mas antes que eu possa notar o cansaço me domina e entro em um sono profundo.
Desperto de repente em um local escuro.
Custo a identificar onde estou, mas logo alguns objetos se tornam familiares.
É o meu quarto, o quarto que eu mantinha na casa de Michael.
Levanto da cama e tento correr, mas sou derrubada no chão pois algo puxa meu pé.
Gemo de dor ao sentir a força do impacto pelo meu corpo. Olho para meu tornozelo e vejo que estou acorrentada à cama.
Levo minhas mãos ao objeto que me prende tentando inutilmente me soltar.
Escuto passos vindos do outro lado da porta e me desespero. Não, não, não.
— Ora, ora, a bela adormecida acordou. — A voz de Michael chega aos meus ouvidos aumentando meu pânico.
Viro em sua direção e me surpreendo ao ver que ele não está só. Sebastian está ao seu lado, os olhinhos brilhando com lágrimas, ele tenta falar algo mas a fita em sua boca o atrapalha. Tento chegar até ele, mas a corrente me impede mais uma vez.
— Me solta seu desgraçado! — Grito com ódio.
Michel apenas ri debochadamente.
— Foi tão fácil tirar você daquela casa. Dormindo, sozinha e indefesa. É até engraçado imaginar o desespero daquele bostinha ao descobrir que consegui levar você bem debaixo do nariz dele. — le gargalha. — Gostaria de estar lá pra ver.
Ele empurra Sebastian de qualquer jeito para o lado que se desequilibra e cai com tudo no chão. Michael nem se importa e vem caminhando a passos lentos em minha direção.
— Agora vocês dois são meus. — Ele segura meu queixo com força. — E nunca mais vão sair de perto de mim novamente.
Acordo assustada em um quarto escuro.
Respiro ofegante devido ao maldito pesadelo. Me sento e levo a mão ao meu coração acelerado.
Demoro alguns segundos para notar que estou em meu quarto, em casa.
Suspiro de alívio e sorrio ao notar que não estou sozinha. Annie dorme calmamente ao meu lado e me derreto ao notar um de seus bracinhos em cima de mim protetoramente. Deito novamente e me viro de frente para minha filha, eu amo admirar os traços dela. Há tanto de mim e de Adam nela. As vezes custo acreditar que fomos nós dois que fizemos aquele ser humano tão perfeito.
Retiro a mão dela com cuidado de cima de mim e me afasto lentamente para fora da cama. Procuro meu celular em algum canto do quarto, mas imagino que ainda esteja dentro do carro. Pela janela noto que já escureceu, passei a maior parte do dia dormindo.
Sinto minha barriga roncar de fome, mas antes de descer para me alimentar decido tomar um banho quente para relaxar. Saio renovada do banheiro secando meus cabelos molhados com uma toalha. Annabeth se remexe um pouco na cama, mas não acorda. Troco de roupa rapidamente colocando um conjunto de moletom confortável.
Saio do quarto tomando cuidado para não fazer barulho ao fechar a porta. Por um segundo estranho o silêncio que domina a casa, não me deparo com ninguém no andar superior da nossa casa. Desço as escadas buscando achar alguém, mas apenas encontro o vazio.
— Adam? — Chamo ao entrar na sala, mas não recebo resposta alguma.
Escuto um barulho vindo da cozinha e sigo para lá a passos lentos. Várias vozes se misturam em um tom baixo e não consigo identificar o que dizem. Não gosto da sensação que começo a sentir conforme vou me aproximando da porta. Todos estão presentes, todos menos Adam. Estou prestes a perguntar onde meu marido se meteu quando Electra, que está de costas para mim, solta uma exclamação.
— Meu Deus! Eu acho que o Adam foi encontrar o Michael sozinho.
Meu coração para.
— O que você disse?
OI PESSOINHAAAAS!
Vocês não sabem quanta saudade eu tava de diser isso!!!!
É tão bom finalmente poder voltar com um capitulo novo.
A vida de adulta que tem que pagar boletos acaba comigo. Mas eu sempre vou voltar gente, SEMPRE!
Ash e Adam merecem ter a sua história contada até o fim e eles vão ter isso.
E o fim tá muito perto.
Arrisco dizer que teremos mais uns cinco/sete capitlos de GTM.
E eu to muito ansiosa pra entregar isso a vocês, apresentar o proximo casal da série e revelar o projeto maravilho que eu to trabalhando em off.
Volto o mais rápido possível
KISSUS E ATÉ A PROXÍMA!