E se... - O Segredo na ilha R...

By TheKatsu

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E se alguns eventos do último episódio não tivessem acontecido? Decidi contar a história pelas diferentes per... More

Amelie
Bárbara
AVISO
Milo
Olivier
Amelie
Bárbara
aviso 2
Milo
Olivier
aviso 3
Miguel
Amelie
Bárbara
Miguel
Milo
Olivier
aviso
Otávio
Amelie
Bárbara
Milo
Olivier
Olivier
Conversando com vocês
grupo de whatsapp
Amelie
Arthur Cervero
Bárbara
Aviso
Miguel e Milo
Bartô
Milo
Olivier
Amelie
Bárbara

Milo

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By TheKatsu

Olivier parecia outra pessoa agora. Seus fios longos grudados na testa suada quase cobrindo os olhos, o rosto vermelho e o peito subindo e descendo, ainda ofegante. Fitei seus punhos, eles estavam machucados e com sangue demais para ser seu.

- O que é isso? - Ele seguiu meu olhar e em seguida me encarou com indiferença o suficiente para eu sentir como se levasse uma série de socos no estômago.

Caminhei até ele, puxando suas mãos. Florence tentou arrancá-las de mim, mas eu segurei com força e ele pareceu desistir de lutar contra, pareceu cansado demais para isso.

- Você é um filho da puta - Ele disse em um fio de voz.

O encarei. Os olhos verdes brilhando pelas lágrimas que ele evidentemente reprimia, parecendo o mar durante uma tempestade e eu me sentia o barco prestes a afundar, desejando que ele me olhasse como mais cedo e me odiando por estarmos prestes a nos perder antes da maré baixar.

- Você sempre faz isso, em um minuto estamos perfeitamente bem e eu poderia jurar que podemos finalmente ficar juntos - Soltei suas mãos e ele riu sem vontade, confirmando com a cabeça - Viu? E aí você faz exatamente isso, sendo casualmente cruel e eu fico me sentindo absolutamente miserável quando você vai embora sem me dizer o "porquê".

- Você não entende, Olivier. - Eu queria conseguir dizer que me sinto tão miserável quanto, que às vezes prefiro não existir que ter que viver mais um dia nessas malditas circunstância, que queria poder amá-lo sem sentir meu peito pesar, sem sentir medo.

- O que eu não entendo, Milo? Por favor, me conta. Me conta porque eu não aguento mais viver nas malditas entrelinhas, não aguento esperar eternamente por você até perceber que talvez você nunca venha - Ele estava implorando.

Eu queria abraçá-lo e dizer que vai ficar tudo bem, mas seria mentira. Eu não sinto que vai ficar tudo bem porque não consigo calar essa maldita voz que me diz que pessoas como eu não merecem estar vivas e eu me odeio a cada vez que respiro, então como poderia esperar que Olivier me amasse? Parece errado.

- Eu não tenho culpa de ser assim, de me sentir assim - É mentira, eu me sinto completamente culpado e responsável, parte de mim apenas sabe que mesmo em outro universo onde eu pudesse tomar decisões diferentes, eu ainda escolheria amar Olivier Florence.

- E você acha que eu tenho, porra? Que eu acordei um dia com a cura hétero em mãos e coloquei na sua comida?! Que eu escolhi estar nessa maldita situação?! - Ele gritou, parecia dolorido e cansado.

- Eu não disse que era sua culpa - Choraminguei, eu queria que isso parasse e que voltássemos ao momento em que nos beijamos, que vivêssemos eternamente lá e que os minutos depois dele, os minutos em que me odiei nunca existissem.

- Não? Não disse? E o que exatamente você queria dizer com "você é um problema" e "você faz eu me sentir doente" - soltou uma risada amarga, mordendo o lábio como se as palavras tivessem gosto e fosse ruim como veneno - "VOCÊ aconteceu" e veja bem, Milo, eu repassei todas elas várias vezes na minha cabeça desde que você as disse, hoje à tarde. E eu juro que não consigo encontrar outra interpretação além do fato de que você está me culpando.

- Olivier, olha... - Tentei formular ainda que eu soubesse que não havia muito a ser dito, eu não considerava ele realmente responsável por nenhuma daquelas coisas - Eu tava com raiva...

- Você sempre ta com raiva, Milo. E eu não quero ser seu saco de pancadas em todas as vezes que você precisa de um - Se aproximou - Eu não quero que o amor que eu sinto por você se transforme no medo constante de esperar pela próxima vez que você vai me machucar, de sentir que a qualquer momento você vai me odiar.

Reuni minhas forças enquanto me forçava a dar um passo para trás, a consciência de que eu estava condenado a destruir ele porque era isso que acontecia quando eu amava pessoas, eu as destruía e então as perdia - Foi assim com Miguel, com Amora, com meu pai. Foi assim por toda a minha vida e definitivamente continuaria sendo, como uma maldição.

Talvez eu e Olivier fossemos uma obra de arte e eu a tenha destruído por completo.

- Eu te amo, Milo. E eu preciso que você me diga que somos alguma coisa, qualquer coisa, que você vai me impedir se eu sair por aquela maldita porta com a certeza de que acabamos antes mesmo de começar, preciso que me diga que merecemos um maldito começo, que você também me ama e que eu não vou ter que ficar te esperando com medo da próxima tempestade porque em algum momento o sol vai brilhar sobre nós, que você diga que é amor, que você chame pelo que é...

Seus olhos verdes me encaravam implorando.

Silêncio.

Eu não posso destruí-lo.

O sol nunca brilhará sobre mim e ele merece um sol sobre ele, um sol tão ardente que sua pele almejará por mais verões.

É amor, Olivier. É um amor tão intenso que parece errado não senti-lo, parece errado sequer imaginar como seria não amá-lo - E que se foda o maldito padre Francisco, ele não sabe sobre nós, sobre Oli. Ele não sabe sobre o som da sua risada fazendo cócegas no meu ouvido, ele não sabe sobre seu sorriso ou como é ouvi-lo cantar, ele não sabe sobre seu beijo e nem sobre como pareceu certo beijá-lo.

- Deus, você realmente não vai dizer nada - Negou com a cabeça, os olhos transmitindo aquilo que temos prestes a afundar, a afogar e a se perder próximo aos restos de um navio naufragado

Olivier caminhou até a porta, ouvi exatamente quando seus passos pararam ao girar a maçaneta e ouvi sua respiração ofegante, meu peito doeu ao perceber que ele esperava que eu me virasse e o impedisse de passar pela porta.

- Eu te amo - Parecia um pedido de desculpas, a minha voz frágil lamentando por essa ser a única coisa que eu posso garantir a ele. Ele constatou isso e caminhou até mim, aguardando a promessa de que em breve seria verão e que essa chuva sobre nós era temporária, aguardando mais que isso, aguardando a garantia de que haveria um "nós"... Todas as coisas que eu não poderia dizê-lo.

Suas mãos tocaram minha bochecha com suavidade e eu apertei os olhos para me impedir de chorar, aquilo doeu como o tiro de verdade que nunca levei. Parecia uma maldita despedida.

Eu amo Olivier Florence com cada célula do meu corpo, com cada átomo dele, com cada suspiro da minha existência. Mas amor, só amor, não é suficiente.

- Eu te amo - Sussurrou e me beijou. Assim como seu toque, o beijo fora suave e lento, como se o eternizassemos. O abracei, desejando que nunca parássemos de nos tocar porque não saber o que seríamos a seguir me fazia querer morrer.

- Desculpa - Chorei quando nossos lábios se separaram. Ele sorriu levemente, fazendo um carinho nos meus cabelos e negou com a cabeça repetindo que não era minha culpa - Eu não me arrependo de ter conhecido você.

- Eu sei - Sussurrou, a voz tão embargada em lágrimas quando a minha.

Depois de um último beijo, ele saiu pela porta. Caí de joelhos no chão do quarto de Olivier, desejei gritar a maldita dor que rasgava minhas entranhas e ecoava em minha cabeça com a ideia de que eu estava amaldiçoado e não merecia sequer estar vivo.

segurei o porta-retrato quebrado, apertando o vidro e cortando minha mão. Uma gota de sangue pingou sobre nossa foto, sobre nós e eu me perguntei se essa era a morte do que tivemos, do que poderíamos ter tido. E Deus, como seria justo condenar a morte algo tão vívido?

____

Tentei dormir na cama de Olivier, apertando seu travesseiro apenas para sentir seu cheiro. Me revirei nela por toda a madrugada, incapaz de fechar meus olhos sem pensar que esse fora o maior erro da minha vida.

Me levantei, vesti o moletom que roubara dele e que em breve provavelmente perderia seu perfume, seria mais meu que dele e o único pedaço de nós que me restaria seria as memórias, até que elas se perdessem na neblina da minha mente, como acontecem com mentes envelhecidas. Uma dor insuportável tomou meu coração quando imaginei envelhecer sem ele.

Pedi um uber e alguns minutos depois eu estava na praia deserta de carpazinha, praia que visitamos em um final de semana quando Amelie insistiu que precisávamos daquilo - E ela estava certa.

De alguma forma, eu sempre me senti conectado com o mar. Mesmo antes de perder Miguel, mesmo antes dos pesadelos.

Eu costumava ir até a praia e sentar na areia, exatamente como estou fazendo agora - Pensava sobre fazer parte daquilo, me misturar a água e afundar junto dela, parecia poético morrer assim. Talvez fosse o polvo que marcava meu braço, mas eu sentia como se pertencesse ao fundo daquela infinidade, como devem pertencer os monstros marítimos que se escondem nas profundezas.

Fechei meus olhos e senti a brisa gelada tocar meu rosto e bagunçar meus cabelos, apertei a areia sob meus dedos e desejei que tudo acabasse ali.

Como um perfeito caminho para o fim, deixei que um filme passasse pela minha mente.

Lembrei de Amelie queimando comida e começando um pequeno incêndio, lembrei das noites de pizza e de suas constantes trapaças no tabuleiro.

Lembrei de Wandebas nos ensinando sobre o outro lado, lembrei do jogo do "eu nunca" e de como ele fora o pai que precisávamos.

Lembrei de Bárbara gritando na mansão que os pais de Amelie tinham transado e lembrei dela olhando apaixonada para o meu irmão.

Lembrei de Otávio no amigo secreto e de todas as coisas boas que ele disse sobre mim e que eu ainda discordo, lembrei de levá-lo à beira da loucura depois de brigar pela milionésima vez em um único dia com o seu irmão.

Lembrei do meu pai, do seu abraço, da sensação de segurança.

Lembrei de Olivier e de como eu o amei desde a primeira vez que ele sorriu para mim, um daqueles sorrisos tão lindos que você inconscientemente retribui porque seria errado se não o fizesse.

Lembrei de Miguel, das noites rindo debaixo da coberta e nos confidenciando nossos medos e receios, lembrei de quando o perdi e de quando o tive de volta.

E, lembrando do meu irmão, retornei as ligações perdidas que chegavam perto de cem.

- Milo, ei - pude perceber o alívio em sua voz - Cara, onde você tá? Eu tentei te ligar e nada e quando fui no apê também não tava lá. Tá tudo bem?

- Miguel, você me odiaria? Porque eu me odeio e acharia plausível se você se sentisse assim também - disse, meio perdido.

- Que? Do que você tá falando? Onde você tá? - aos poucos seu tom ficava mais grave.

- Provavelmente onde eu deveria estar. Eu quero que isso acabe, Miguel...

- Cara, não desliga, pelo amor de deus e não faz nenhuma coisa idiota - Ouvi alguns barulhos vindo do telefone, ele claramente tinha esbarrado em algo e derrubado - Otávio, pede um uber pra mim

Eu queria desligar, mas eu não podia fazê-lo porque havia algo na sua voz, algo que me fez continuar na linha.

- Olha, eu preciso que você me diga o que merda ta acontecendo - Eu não sabia por onde deveria começar. Se deveria mencionar como me sentia amaldiçoado desde nossa infância ou sobre todas as vezes que implorei para deus me curar, se deveria dizer que a ideia da tinta me transformar no faroleiro ainda me assombrava ou se confessava que não poder amar Olivier fora o ponto de ruptura final, o que me derrubara com força o suficiente para me tornar incapaz de levantar.

- Eu não sei - Sussurrei.

Alguns minutos se passaram e ouvi passos correndo atrás de mim, quando me virei encontrei Miguel ofegante em preocupação e alívio por provavelmente ainda me encontrar vivo.

- Miguel... - Ele me abraçou com força, depois de alguns segundos eu retribui. Meu rosto afundou no pescoço dele e eu senti a mesma proteção que sentia quando éramos crianças.

- O que tá acontecendo? Milo, sei que eu errei pra caralho em mandar o Olivier pra casa e eu lamento muito, eu provavelmente sou um péssimo irmão, na verdade eu definitivamente sou um péssimo irmão, mas eu só queria que...

- Eu acho que eu sou gay - O interrompi, falei tão depressa que eu senti como se estivesse respirando isso, como se esse fosse o nó na garganta - eu tenho certeza, na verdade.

Meu irmão me encarava e eu apenas esperava que ele dissesse algo.

- Eu sei que eu vou pro inferno como diziam na igreja, eu sei sobre todas essas coisas... E eu sei que agora você provavelmente me odeia e se sente envergonhado por me ter como irmão, porque que outro motivo teria pra você ficar aí parado.

- É que eu tava pensando se fingia surpresa - Ele riu levemente, logo gemendo fraco quando soquei seu ombro desacreditado - Você é idiota, Milo? Eu nunca odiaria você e muito menos me envergonharia quando você é o cara mais corajoso que eu conheço e a melhor parte da minha vida...

- Pensei que fosse a Bárbara.

- Ela também, mas você é parte de mim e eu sou parte de você, somos irmãos e nada no mundo mudaria isso, nem mesmo você estar apaixonado por um cara que prefere supernatural que The walking dead... O que eu to dizendo é que você não é um erro, Milo. E eu me sinto orgulhoso pra caralho do homem que você é e tenho certeza que nosso pai também se sentiria assim.

- Como você sabia que eu estava aqui? - Me toquei de que não havia mencionado a praia em nenhum momento durante a ligação.

- É pra onde eu viria

Sorrio levemente constatando que éramos ainda mais parecidos do que nossa aparência entregava.

- Não perde isso, irmão. Não perde essa coisa incrível que você tem com o Oli. - Arqueei as sobrancelhas, confuso - Você não vai ter a audácia de me perguntar como eu descobri, né? Vivemos no mesmo corpo, cara. Eu literalmente senti nosso coração da um mortal quando ele aparecia, admito que era meio estranho, mas eu simplesmente soube... Eu conseguia sentir seu amor por ele, até agora que estamos em corpos diferentes isso ainda é evidente. Não deixa escapar.

Ele me abraçou de novo, bagunçando meus cabelos como quando éramos crianças.

- Eu sempre vou te amar, irmão. Sempre vai ser nós dois.

- Sempre - Sorri

_________
N/A: Quero deixar no finalzinho algo que me fez surtar de amores que foi UMA FANART DELES NA FIC.
Eu juro que literalmente chorei e vou postar sempre que fizerem qualquer coisinha deles porque me deixa IMENSAMENTE feliz.
Instagram do artista: @Ta.leeees

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