Matthew estava com uma cara de confuso e talvez um pouco irritado. Droga, não era pra ele descobrir pelos outros, eu tinha decidido que assim que visse ele eu iria contar já que acabei tendo que falar disso para as fãs dele.
- Calma Matt, eu posso explicar tudo.
- Então explica.
- A gente vai sair pra vocês conversarem melhor. - Cameron falou já se levantando.
- Não Cam, não precisa. A gente vai ali na sacada mesmo. - Me levantei e estiquei a mão para o Matthew. - Vem?
Ele pegou na minha mão, guardou o celular no bolso e me acompanhou.
Sentamos um de frente para o outro em umas poltronas que tinha lá, dei um suspiro profundo e comecei a contar, contei tudo, detalhe por detalhe.
- Você acredita em mim? Ou está acreditando no que todos estão acreditando? - Eu tinha medo da resposta.
- Claro que acredito em você. - Ele falou e foi como se um peso enorme tivesse sido tirado das minhas costas. - Mas Soph, por favor, nunca mais esconda as coisas de mim. Eu tinha certeza que algo tinha acontecido mas fui um idiota por não perceber.
- Você não é um idiota, não tem culpa se tem algumas fãs que não estão aceitando tão bem o que a gente ainda nem assumiu.
- Na verdade ela não é bem fã.
- Não? Como assim Matthew?
- Eu conhecia ela antes de ficar conhecido, conhecer eu quero dizer de saber o nome porque antes de tudo eu nem sequer tinha falado com ela. Eu soube por terceiros que em uma época ela queria ficar comigo mas eu nunca quis nada com ela, depois do Vine ela coincidentemente virou minha fã.
- Está explicado.
- Ela já inventou um monte de histórias, conheço o joguinho dela.
- E por que você me fez ficar nervosa desse jeito? - Falei dando um tapa forte no seu braço.
- Ai! Eu queria saber a história vindo da sua boca. - Ele falou enquanto passava a mão no local onde tinha levado o tapa.
- Agora está tudo certo então? Prometo que não escondo mais nada desse jeito de você.
- Vem cá.
Ele se aproximou e me deu um abraço, no instante em que senti o perfume dele eu consegui relaxar.
- Obrigada por confiar em mim. - Falei o apertando mais do que já estava.
- Sempre vou confiar, você nunca me deu motivo pra ter desconfiança. E mais uma coisa, vai ser difícil, disso você está ciente mas não deixa o ciúmes delas te abalar não, por favor.
- Vou tentar.
Ficamos mais um tempinho na sacada, ele me contou como foi na reunião. Disse que logo entraria em mais uma turnê, quando ele me falou eu tive uma mistura de felicidade com tristeza. Felicidade por saber que mais uma vez ele estaria perto das fãs dele, fazendo uma das coisas que ele mais gosta, mas, tristeza por saber que com certeza ficaria muito tempo longe dele.
- Se resolveram? - Bia perguntou quando entramos na sala. Todos olharam para nós.
- História explicada.
- É assim que eu gosto. - Kian falou.
Percebi um olhar do Cameron em minha direção como se pra checar se estava tudo bem mesmo e eu levemente concordei com a cabeça.
- Gente, eu quero comida. Quem me acompanha?
Assim que Matthew falou isso todos levantaram e estavam indo pra cozinha. Carter estava um pouco atrás do resto do pessoal e eu sabia que aquela era a hora de conversar com ele.
- Carter, posso falar com você? - Ele olhou para a minha mão no braço dele e logo em seguida para o meu rosto.
- O que você quer? - Ele falou enquanto voltávamos pra sala.
- Te fiz alguma coisa?
- O que?
- Quero saber se te fiz alguma coisa. Não se faça de desentendido porque comigo isso não funciona. - Eu não estava sendo estúpida, estava sendo firme. Afinal, ele era outra pessoa que estava me julgando sem conhecer.
- Do que você está falando?
- Estou falando do seu tweet.
- Ah, aquele tweet. - Ele deu uma risada sarcástica.
- Vamos logo Carter, vamos esclarecer isso.
- Vou falar então. Sabemos que nós dois somos sinceros. Tenho uma desconfiança de você desde o começo.
- E por quê?
- Fã que conheceu o Matthew do nada, levou ele pra passear? Ah conta outra Sophie.
- Cara, eu não acredito. - Falei dando uma risada. - Você desconfiando de mim? As fãs eu entendo, mas você? Que é o melhor amigo dele?
- É por isso mesmo que estou desconfiando, porque sou melhor amigo dele.
- Eu gosto muito de você, não mentiria sobre isso, você era uma das pessoas que eu estava mais ansiosa pra conhecer porque sempre soube que sua personalidade batia um pouco com a minha. Não posso fazer nada se você tem essas desconfianças, eu sei que o que eu sinto é verdade, até porque eu não iria sofrer o que sofri com essa distancia se eu realmente não amasse o Matt. Eu não estaria aguentando o que estou aguentando das fãs e até de você se não gostasse dele. Sempre gostei da minha vida no lugar, se estou entrando de cabeça nisso é porque é verdadeiro.
- Isso só o tempo e as suas atitudes vão falar.
- Pode até ser mas peço que não fique me julgando sem me conhecer. Isso é a pior coisa que uma pessoa poderia fazer. Lembro de quantas vezes te defendi por verem pessoas te julgando por uma palavra mal expressada ou algo do tipo. Sempre vi muito você falando sobre não julgar as pessoas mas é isso que você faz. Chega a ser engraçado de tão ridículo que é.
- Cara, eu não me importo com o que você acha, sinceramente. Só que se você fizer algum mal pra ele você vai ter que se entender é comigo.
- Olha só, o nível está baixando. Agora você está me ameaçando? Ok Carter, cansei de tentar ganhar a sua confiança. O problema é seu. Se você não quer a felicidade do seu amigo te aconselho a rever seus conceitos de amizade. - Falei começando a me alterar.
- O Matt é que tem que rever os conceitos de "amor" dele porque isso - ele falou apontando para mim - eu jogaria fora fácil.
- É o quê? - Gritei, nessa hora percebi vultos ao nosso redor mas estava com tanta raiva que não fiz questão de olhar quem era. - Limpa essa sua boca antes de falar de mim, fico até feliz de que pense assim porque a partir de hoje a única coisa que eu quero de você é a distância. Agindo assim não sei como alguém te suporta. Você é nojento.
- O sentimento é recíproco. - Ele estava sendo sarcástico e aquilo estava me irritando mais ainda.
- O que está acontecendo aqui? - Matthew perguntou com a voz alterada.
- Pergunta pro seu amiguinho, esse idiota.
Senti Bia e Kian atrás de mim, Bia sabia do meu jeito explosivo e estava preparada caso eu explodisse. Na verdade não sei como não deixei marcas dos meus dedos no rosto do Carter. Acho que mais uma palavra e isso iria acontecer.
- Carter, que palhaçada é essa? Vocês dois brigando? Alguém pode me explicar que merda está acontecendo aqui?
- Quer saber? Vou embora. - Falei pegando minha bolsa.
- Não. - Matthew segurou no meu braço e falou firme. - Você não vai.
- Me desculpe Matt mas você não manda em mim e eu não vou ficar mais um minuto no mesmo lugar que esse imbecil.
Ele respirou fundo e respondeu.
- Ok então, só vou conversar com ele e depois passo no seu apartamento, ok?
- Na verdade eu acho que vou preferir ficar sozinha hoje. Não estou muito legal. Amanhã eu te procuro.
Ele me deu um selinho e se virou pro Carter.
- Vamos que a gente tem uma longa conversa pela frente. - Ele falou o empurrando.
- Estou indo também, se quiser te dou uma carona. - Kian falou.
- Ok.
Me despedi do resto do pessoal e fui com o Kian. Expliquei o caminho de casa e depois ficamos em silêncio até ele começar a falar.
- Sabe, acho que você não deveria ligar muito.
- Para o que? Carter? Meio impossível. Você tinha que escutar o que ele falou.
- Eu escutei, na verdade todos escutamos quase desde o começo da conversa porque escutamos as vozes de vocês e fomos ver o que era. Ele tem essas crises, é sério, as vezes ele está em uns dias ruins e surta com todo mundo.
- Mas eu não tenho culpa dos problemas dele Kian.
- Eu sei que não. Não estou defendendo ele mas eu sempre percebi que ele tenta ter muito cuidado com as pessoas que estão em volta do Matt, com amigos já era assim, imagina com uma namorada?
- Eu sei, mas mesmo assim. Isso não o dá o direito de me julgar do jeito que fez.
- Você é ruim mesmo hein. - Ele falou rindo.
- Sempre. - Falei rindo mais ainda. - Muito obrigada pela carona. Agora sabe onde eu moro, quando quiser é só aparecer.
- Pode deixar.
- Tchau, até mais.
Sai do carro e fui direto para o meu apartamento. A única coisa que eu precisava era da minha cama e escutar a voz da minha mãe. A primeira coisa que eu fiz quando deitei foi pegar o telefone e ligar pra ela.
Juro que fiquei mais de uma hora com ela no telefone, eu me esforcei ao máximo para não chorar apesar de querer muito fazer isso, mas, eu tinha certeza que se fizesse isso ela pegaria o primeiro voo pra cá e eu não queria atrapalha-la.
Peguei no sono antes da Bia chegar.
Acordei sentindo alguém beijar minha testa.
- Matt?
- Bom dia babe.
- Bom dia? Que horas são?
- 10 da manhã. - Olhei espantada pra ele.
- Meu deus, eu dormi por mais de 12 horas.
- Isso se chama Jetlag. - Ele falou rindo. - Agora levanta, vamos tomar café da manhã fora.
Eu estava enrolando pra levantar então o Matthew puxou todas as minhas cobertas e me puxou pela mão fazendo eu finalmente ficar de pé.
Depois de alguns minutos tomando banho e me arrumando finalmente estávamos saindo do apartamento. Bia ainda estava dormindo, provavelmente chegou tarde em casa ontem.
- Como você está? - Matthew perguntou pegando na minha mão e olhando para mim enquanto caminhávamos em direção ao Starbucks perto de casa.
- Ah, não sei como estou. Um pouco magoada talvez.
- Eu conversei com ele e...
- Não Matt, não vamos estragar o começo dos nossos dias com esse assunto.- Falei o interrompendo.
- Ok, tudo bem.
Quando estávamos chegando eu reconheci o olhar de algumas meninas e na mesma hora percebi que eram fãs. Eu me afastei um pouco, soltando da mão do Matthew e ele olhou pra mim sem entender.
- O que foi?
Antes de eu ter tempo de responder as meninas chegaram até nós e eu pude ver que elas eram algumas das quais me rejeitavam, eu conseguia sentir só de olhar para elas.
- Eu vou entrando. Te vejo lá dentro. - Falei baixo para ele e dei os últimos passos que faltavam para adentrar o local.
Escolhi uma mesa afastada e sentei lá, esperaria o Matthew para fazer os pedidos.
Enquanto eu esperava por ele eu, como gosto de sofrer, resolvi entrar no Twitter para ver o que estava falando. Eu seguia muitas fãs dos meninos e ali eu conseguiria ver como estava toda a situação.
Não tem sensação pior no mundo do que a de ser rejeitada por pessoas que você não conhece, que não te conhecem e por causa de uma mentira. Ser julgada e tratada daquele jeito, com palavras tão duras estava mexendo com o meu psicológico mais do que eu achei que mexeria.
Eu e Matthew nem assumimos nada, nunca demonstramos afetos para elas verem e já está assim, não quero nem pensar se futuramente fomos assumir algo. Eu queria que pra mim fosse fácil como é pra Bia. As fãs estão loucas para que ela e Cameron assumam logo o relacionamento, elas estão torcendo com todas as forças e por que que comigo e o Matthew não pode ser o mesmo?
Fui interrompida pela chegada do Matthew.
- Desculpa a demora babe, chegaram mais algumas e eu não podia ignorar.
- Tudo bem amor, eu não me importo de esperar um pouco.
- Você não está bem né? Você viu alguma coisa aí que não deveria? - Ele apontou para o celular.
- Não, está tudo bem. Só estou pensando no que eu tenho que comprar pro apartamento hoje, digo, fazer compras e coisas desse tipo. - Menti.
- Se você diz...
Fizemos nossos pedidos e conversamos coisas sem sentido, como sempre fazemos. Eu juro que estava tentando manter minha cabeça ali com ele mas estava difícil.
Quando voltamos em direção ao meu apartamento ele recebeu uma ligação de um amigo dele convidando para ir a casa dele, esse foi o momento para eu escapar de outras perguntas.
- Nos falamos depois então.
- Ok. - Falei o abraçando.
- Fica bem ta?
- Vou tentar.
Ele me deu um beijo e foi para a casa do amigo dele.
Quando eu estava entrando no apartamento meu celular tocou. Abri a porta dando de cara com a Bia, a abracei dando um beijo em sua bochecha e atendi o celular mesmo sem saber quem era, poderia ser um dos meninos, afinal, não tinha gravado o número de todos ainda.
- Alô?
- Sophie?
- Quem é?
- É o Carter.
Na hora que eu escutei esse nome eu desliguei o celular.
Quem ele achava que era pra ficar me ofendendo e depois de tudo ainda ligar pro meu celular?
- Quem era? - Bia perguntou.
- Carter.
- Ele é doido.
- Doido ou não eu quero ele longe de mim.
Eu e ela começamos a dar um jeito no apartamento, deixar mais com a nossa cara já que estávamos lá a quase uma semana mas se paramos dois dias inteiros nele foi muito. Combinamos de ir em algumas lojas mais tarde e óbvio, ir no mercado.
O interfone tocou e a Bia atendeu, depois de alguns segundos ela desligou e falou:
- O Taylor está subindo.
- Taylor? Mas ele não sabe o nosso endereço.
Depois de poucos minutos a campainha tocou e eu atendi:
- Carter? O que você está fazendo aqui?