Longe da cidade

By Lemussumeci

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Após não passar em nenhuma das faculdades que se inscreveu, Yasmin é obrigada a se mudar para Boirapera, uma... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
capítulo 4
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24

capítulo 5

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By Lemussumeci

Sofia veio aqui em casa hoje pela manhã de novo. Suas visitas aqui na casa são bem frequentes pelo que percebi, ela parece se dar bem mesmo com a dona Aurora.
Estava na sala lendo quando ela chegou, então minha avó que a atendeu, nos cumprimentamos e elas foram para cozinha, mas eu nem pensei em me mexer até ser chamada pela Dona Aurora e ter que ir até lá.

- Tava falando com a Sofia e ela disse que te leva hoje. - Que velha esperta, ela acha mesmo que vai rolar alguma coisa entre eu e Sofia.

- Ah não precisa, eu consigo ir sozinha, é aqui perto. - Digo me fazendo porque por mais que eu não queira ir sozinha, não vou aceitar tão fácil.

- Não tem problema, eu passo aqui mais tarde, vamos pro mesmo lugar de qualquer jeito. - Ela diz simpática, droga, ela não só parece ser tão legal como ela é legal de verdade.

- Se você quer tanto chegar comigo, tudo bem. - Digo em um tom de brincadeira para quebrar o clima de desconhecidas que existe entre nós.

- Acho que você que deveria querer chegar comigo, já que eu sou a mais legal de lá, então vai ser bom chegar bem acompanhada. - Ela diz e sorri, e eu acabo dando risada. - Te vejo mais tarde então. Tchau Aurora. - Ela se levanta e passa por mim, saindo da cozinha. - Tchau Yas.

- Tchau. - Digo baixo enquanto observo ela andar até a porta da frente.

- Então, está animada? - Dona Aurora diz toda sorridente.

- Estou, vou conhecer pessoas, espero que elas sejam legais. - Digo meio nervosa, porque isso é uma grande coisa, vou ficar aqui por um grande tempo, mesmo que passe nos vestibulares do meio do ano, ainda vou ficar meses aqui, então ter amigos é essencial.

- Não se preocupe, vai dar tudo certo.

***
Quando eram umas sete horas, Sofia voltou para me buscar. Ela estava linda, usava uma calça larga e uma camisa preta, o que contrastava com seu tom de pele e cabelo claro.
Nos cumprimentamos e minha avó apareceu com uma felicidade que eu não me lembro de ter visto desde que cheguei, essa mulher está muito esperançosa.

- Tomem cuidado meninas. - Minha avó diz quando estamos saindo. - Mas se divirtam.

- Animada? - Ela pergunta após um tempo em silêncio, tentando quebrar o gelo, porque não temos intimidade o suficiente para conversar.

- Claro.

- Dá para perceber. - Ela diz e dá uma risada.

- Para com isso, eu to animada. Só não sou boa em expressar, tá bom? - Digo e não deixa de ser verdade. Ela ri de novo.

- Sei que pode parecer estranho no começo, mas eles são pessoas legais.

- Não duvido disso, só é estranho começar tudo do zero, sabe? - Claro que estou mais preocupada com que tipo de pessoas eles são, e se vamos nos dar bem, do que com a mudança para cá em si.

- Imagino, nunca me mudei, mas sei que deve ser difícil.

- É mesmo, você pretende sair daqui? Algum dia?

- Não. - Ela responde direta, sem nem pensar, acho que ela realmente gosta daqui. - Quer dizer, talvez um dia eu possa sair porque tudo é tão incerto mas não pretendo, gosto daqui. - Ela dá um sorriso e eu respondo com outro. - E você? pretende ficar aqui, voltar para a capital, ou o quê?

- Não sei, quer dizer, meu plano inicial é ficar aqui esse ano para estudar para o vestibular, e tudo depende se eu vou passar e quando né.

- E o que você quer fazer? - Chegamos nesse ponto da conversa, isso é uma coisa complicada.

- Tentei para ser enfermeira.

- Quer ser enfermeira? - Ela pergunta me olhando.

- Assim, quero mas ao mesmo tempo é complicado, não sei se consigo me imaginar na área mas me interesso bastante e sempre fui boa nessa área de biologia. - Não quis dizer que isso era uma coisa que minha mãe queria e me incentivou desde que eu era pequena.

- Minha avó era enfermeira, aí ela se aposentou quando teve filhos e veio para cá com meu avô, acho que ela gostava, sempre cuidava das pessoas quando elas estavam doentes aqui, talvez ela sentisse falta de trabalhar, sabe?

- É isso que é o mais bonito da profissão, cuidar das pessoas e ter amor por isso e eu não sei se tenho isso ou se vou ter, sabe? - Isso é totalmente verdade, acho a profissão tão linda, mas não sei se é para mim.

- Mas não tem nada que você se interesse, além disso? Tipo um plano b.

- Nada que eu tenha levado tão a sério, tem várias coisas que eu já pensei, sabe? Como qualquer pessoa mas depois parece que nada combina comigo. - Outra verdade, acho que eu nunca tive uma paixão tão duradoura por alguma coisa, como pela enfermagem, talvez por nunca ter dado chance. Olho para frente e vejo que já estamos chegando e um nervoso imediato me consome. - Chegamos, né?

- Chegamos. Mas podemos continuar essa conversa depois. - Ela me olha novamente e eu aceno com a cabeça, quem sabe?

- Vocês chegaram! - Uma menina baixa com cabelo liso castanho claro se aproxima e abraça Sofia. - Estava tão animada para te conhecer, tá todo mundo falando de você. - Ela diz enquanto me abraça também.

- Todo mundo? - Pergunto preocupada.

- Não é nada demais, é que quando acontece alguma coisa aqui todo mundo fica sabendo. Eu sou a Fernanda, mas me chamam de nanda.

- Prazer, pode me chamar de Yas. - Digo sorrindo, enquanto vejo Sofia cumprimentar o resto das pessoas, será que ela não vai me apresentar para os outros?

- Ela é meio desligada às vezes, deixa que eu te apresento. - Nanda diz salvando minha vida, e eu sorrio em agradecimento.

- Obrigada. - Sílabo enquanto a sigo na direção das pessoas que estão sentadas em roda no meio da praça. Alguns com copos de bebida na mão, sei que são bebidas alcoólicas porque vejo as garrafas no centro da roda junto com algumas caixas de pizza, que parecem boas mas não vou pegar, pelo menos não até ver alguém comendo.

- Não é nada, amor. Já fui novata aqui, era criança na época, mas mesmo assim entendo como pode ser difícil. - Gostei dela, muito gentil. - Vem, vamos sentar ali.

- Você veio! - Bia me para enquanto caminhava até um banco com Nanda. - Achei que você não fosse vir.

- Ah, não podia negar um convite seu - Digo sorrindo. Ela solta um riso de canto e eu volto a seguir até onde a nanda está.

- Você quer pegar ela? - Nanda pergunta assim que me aproximo.

- Quê? - Digo espantada porque da onde ela tirou isso, e se ela pensou isso outras pessoas também podem pensar.

- Ela te olhou com uma cara de que quer ficar com você, você não quer ficar com ela? - Fernanda diz novamente enquanto me sento ao seu lado.

- Não sei se ficaria com ela, ouvi umas coisas sobre ela.

- Assim, pra ficar ela é boa só que namorar é outra história.

- Vocês já ficaram? - Pergunto pois ela fala com tanta convicção que eu acredito, fora o que minha avó tinha falado.

- Todo mundo aqui já ficou, cidade pequena. - Ela diz e leva um copo que eu nem tinha notado ela pegar até a boca.

- Então o rebuceteio corre solto aqui?

- Sim, se não ninguém pega ninguém. Se você não pegar alguém porque sua amiga ou ex ficou, você não fica com ninguém.

- Nanda, quanto tempo! - Uma garota que não conheço diz enquanto se aproxima.

- Você voltou! - Nanda diz super animada enquanto abraça a garota. - Quando?

- Hoje à tarde, nem deu tempo de fazer nada, mas fiquei sabendo que iam se reunir aqui então vim. - Ela olha para mim. - Não te conheço ainda, sou a Carol.

- Yasmin, mas me chamam de Yas. Cheguei essa semana. - Digo e sou um sorriso simpático para ela que responde do mesmo jeito.

- Ela é neta da dona Aurora. - Nanda diz.

- Essa semana eu tava viajando, se não teríamos nos conhecido antes, sou sua vizinha. - Ela diz com um sorriso e eu sorri de volta. - Você veio só pra visitar ou pretende ficar?

- Ah, vou ficar por um tempo, mas não sei até quando. - Senti uma confiança nela.

- To vendo que você tá sendo bem recebida. - Ouço a voz da Bia e a vejo se aproximando com a Sofia.

- Muito bem, tá comigo. - Diz Carol com um ar de deboche e ironia

- Como você tá engraçada. - Bia responde séria. - Queria saber se você precisa de alguma coisa, se tá conseguindo se dar bem. - ela diz em um tom gentil de pergunta.

- To bem, obrigada pela preocupação. - digo sorrindo.

- Quando quiser ir embora me fala que eu te levo. - Sofia diz.

- Não precisa, eu levo ela, afinal somos vizinhas. - Carol diz me olhando. Talvez possa rolar alguma coisa entre nós duas, tenho sentido ela bem legal, de um jeito mais.

- Tudo bem por você? - Ela pergunta me olhando e eu aceno com a cabeça afirmando.

- Não precisa se preocupar. - Ela e a bia se viram e vão até outra parte da festa.

- Você podia pelo menos disfarçar. - Nanda diz para Carol assim que elas estão longe. - Todo mundo fica desconfortável quando você age assim.

- Não começa, você sabe que ela não é flor que se cheire. - Nossa, ela falou exatamente igual a minha avó, acho que ela não é flor que se cheire mesmo. - E eu não gosto delas, então não vou tratar elas bem.

- Você tem que crescer. Não pode ser mal educada só porque não gosta de alguém. - Carol revira os olhos e começa a conversar comigo, mudando totalmente o assunto.

Passamos a noite toda conversando e quando já passava da meia noite decidimos ir embora. Carol me acompanha até em casa e o caminho é agradável.

- Gostou de hoje? - Ela pergunta assim que paramos na frente da casa.

- Gostei, quem sabe não podemos fazer mais coisas juntas?

- Podemos. Você disse que não conhece nada daqui, posso te levar essa semana na cachoeira, ela é meio longe mas eu dirijo o carro do meu pai, então fica perto.

- Tá bom, vamos nos falando então para combinar.

- Me passa seu número. - Concordo com a cabeça pegando o celular, trocamos os números e fica um silêncio que não aconteceu durante a noite toda. Vejo ela olhar para minha boca e decido tomar a iniciativa. Nos aproximamos e sua mão vai para minha cintura e a minha para sua nuca, nossos lábios se encaixam muito bem, o que faz este ser um dos melhores beijos que já participei. Quando encerramos o beijo, nos despedimos com um selinho longo e eu entro para casa. Tudo está silencioso então presumo que minha vó está dormindo, subo e vou direto para o quarto me preparar para dormir. Quando finalmente me deito depois de um bom banho vejo que tem uma mensagem da Carol desejando bons sonhos e uma mensagem da Sofia perguntando se eu cheguei bem em casa, respondo as duas e vou dormir.

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