Capítulo 9

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  Sofia me deixa em casa no fim da tarde. Minha avó está sentada no sofá assistindo televisão quando eu chego, converso um pouco com ela mas decido ir tomar banho, então subo.

  Termino o banho me sentindo mais até leve, fico na cama lendo um pouco mas minha leitura não dura muito porque meu celular apita com notificações. Vejo que tem uma mensagem da minha mãe falando sobre o vestibular, a qual eu ignoro e outra da Ayla, o que me surpreende muito porque ela sempre demorou para mandar mensagem. Decido abrir e não passa de um oi, vejo que seu nome ainda está salvo como vida, a coisa mais brega do mundo que se tornou uma piada interna nossa e acabou virando um apelido sério. Respondo um simples oi, porque a coisa mais difícil é conversar com alguém que você era muito íntimo e agora não é mais nada. Os três pontinhos começam a piscar na tela —Ela estava esperando que eu respondesse — Mas logo eles somem e a pergunta "tá fazendo oq?" chega.

"tava lendo e vc?"

"q livro?" "eu acabei de voltar da faculdade, nada demais"

"todas as cartas da Clarice"

"seu favorito"

"é" Espero que ela mande alguma coisa, mas os pontos vem e vão. "oq tá achando da faculdade?" Decido ir pelo caminho mais seguro, sem chances de dar errado.

"é legal mas diferente do q eu imaginava"

"a gente podia marcar de se ver" — Fico sem resposta. Claro que eu queria ver ela, só que a gente, parece tão improvável.

"claro, única coisa é q é longe"

"a gente dá um jeito, a gente sempre dá um jeito" — quando meus pais ficavam meio assim de estarmos juntas, sempre dávamos um jeito de continuar nos vendo. "vou ter q ir agora pq tenho um trabalho da faculdade"

"de boa, a gente vai se falando"

"até mais"  

— Yasmin vem comer. — Minha vó grita da cozinha e eu desço rapidamente. — Nossa, tá com fome? — Eu realmente fui correndo.

— Um pouco, mas tava precisando sair do quarto, sabe?

— O que tá acontecendo?

— Como assim?

— Você tá estranha desde que voltou, nem falou comigo direito.

— Ah, fiquei meio cansada, fui pra outra cidade, compramos bastante coisa. — Não quero contar pra ela sobre Ayla.

—Não se sinta obrigada a falar, mas se quiser pode falar. — Ela é uma fofa, mas não quero conselhos dela.

— Não é nada, vó.

— Tá bom então, vamos comer. — Comemos sem tocar mais nesse assunto, falamos sobre a cidade vizinha, sobre as compras e eu só consegui agradecer por ela não insistir no assunto.

Depois de arrumar a cozinha vamos para fora ver as estrelas, fico pensando sobre a situação com Ayla e Carol. Me conheço o suficiente para saber que não vou conseguir ficar com as duas ao mesmo tempo, mas não sei se devo terminar com a Carol sem mais nem menos, só porque acho que tenho alguma chance de voltar com a minha ex. É uma situação complicada, preciso conversar com alguém sobre isso, acho que vou mandar mensagem para Fernanda mas amanhã porque hoje já está tarde e eu realmente preciso dormir.

Longe da cidadeWhere stories live. Discover now