capítulo 5

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Sofia veio aqui em casa hoje pela manhã de novo. Suas visitas aqui na casa são bem frequentes pelo que percebi, ela parece se dar bem mesmo com a dona Aurora.
Estava na sala lendo quando ela chegou, então minha avó que a atendeu, nos cumprimentamos e elas foram para cozinha, mas eu nem pensei em me mexer até ser chamada pela Dona Aurora e ter que ir até lá.

- Tava falando com a Sofia e ela disse que te leva hoje. - Que velha esperta, ela acha mesmo que vai rolar alguma coisa entre eu e Sofia.

- Ah não precisa, eu consigo ir sozinha, é aqui perto. - Digo me fazendo porque por mais que eu não queira ir sozinha, não vou aceitar tão fácil.

- Não tem problema, eu passo aqui mais tarde, vamos pro mesmo lugar de qualquer jeito. - Ela diz simpática, droga, ela não só parece ser tão legal como ela é legal de verdade.

- Se você quer tanto chegar comigo, tudo bem. - Digo em um tom de brincadeira para quebrar o clima de desconhecidas que existe entre nós.

- Acho que você que deveria querer chegar comigo, já que eu sou a mais legal de lá, então vai ser bom chegar bem acompanhada. - Ela diz e sorri, e eu acabo dando risada. - Te vejo mais tarde então. Tchau Aurora. - Ela se levanta e passa por mim, saindo da cozinha. - Tchau Yas.

- Tchau. - Digo baixo enquanto observo ela andar até a porta da frente.

- Então, está animada? - Dona Aurora diz toda sorridente.

- Estou, vou conhecer pessoas, espero que elas sejam legais. - Digo meio nervosa, porque isso é uma grande coisa, vou ficar aqui por um grande tempo, mesmo que passe nos vestibulares do meio do ano, ainda vou ficar meses aqui, então ter amigos é essencial.

- Não se preocupe, vai dar tudo certo.

***
Quando eram umas sete horas, Sofia voltou para me buscar. Ela estava linda, usava uma calça larga e uma camisa preta, o que contrastava com seu tom de pele e cabelo claro.
Nos cumprimentamos e minha avó apareceu com uma felicidade que eu não me lembro de ter visto desde que cheguei, essa mulher está muito esperançosa.

- Tomem cuidado meninas. - Minha avó diz quando estamos saindo. - Mas se divirtam.

- Animada? - Ela pergunta após um tempo em silêncio, tentando quebrar o gelo, porque não temos intimidade o suficiente para conversar.

- Claro.

- Dá para perceber. - Ela diz e dá uma risada.

- Para com isso, eu to animada. Só não sou boa em expressar, tá bom? - Digo e não deixa de ser verdade. Ela ri de novo.

- Sei que pode parecer estranho no começo, mas eles são pessoas legais.

- Não duvido disso, só é estranho começar tudo do zero, sabe? - Claro que estou mais preocupada com que tipo de pessoas eles são, e se vamos nos dar bem, do que com a mudança para cá em si.

- Imagino, nunca me mudei, mas sei que deve ser difícil.

- É mesmo, você pretende sair daqui? Algum dia?

- Não. - Ela responde direta, sem nem pensar, acho que ela realmente gosta daqui. - Quer dizer, talvez um dia eu possa sair porque tudo é tão incerto mas não pretendo, gosto daqui. - Ela dá um sorriso e eu respondo com outro. - E você? pretende ficar aqui, voltar para a capital, ou o quê?

- Não sei, quer dizer, meu plano inicial é ficar aqui esse ano para estudar para o vestibular, e tudo depende se eu vou passar e quando né.

- E o que você quer fazer? - Chegamos nesse ponto da conversa, isso é uma coisa complicada.

Longe da cidadeWhere stories live. Discover now