Inside Out • Chaesoo

By leeloomell

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Para realizar seu sonho, Chaeyoung deixa seus pais em Melbourne e se muda para Coreia do Sul com sua irmã Ali... More

Capítulo 1 - Férias
Capítulo 2 - Família
Capítulo 3 - Parque
Capítulo 4 - Trabalho
Capítulo 5 - Inesperado
Capítulo 6 - Festas
Capítulo 7 - Consentimentos
Capítulo 8 - Tormentos
Capítulo 9 - Visitas
Capítulo 10 - Sensações
Capítulo 11 - Afeição
Capítulo 12 - Reconciliações
Capítulo 13 - Novidades
Capítulo 14 - Confraternização
Capítulo 15 - Universo
Capítulo 16 - Felicidade
Capítulo 17 - Aulas
Capítulo 18 - Dynamite
Capítulo 19 - Escapes
Capítulo 20 - Segredos
Capítulo 21- Revelações
Capítulo 22 - Clichê
Capítulo 23 - Colegas
Capítulo 24 - Ciúmes
Capítulo 25 - Plenitude
Capítulo 26 - Momentos
Capítulo 27 - Pais
Capítulo 28 - Filhote
Capítulo 29 - Encontro
Capítulo 30 - Eternidade
Capítulo 31 - Conversas
Capítulo 32 - Sirius
Capítulo 33 - Desejo
Capítulo 34 - Astenia
Capítulo 35 - Pai
Capítulo 36 - Fim
Capítulo 37 - Embaraço
Capítulo 38 - Saudades
Capítulo 39 - Favores
Capítulo 40 - Partidas
Capítulo 41 - Adaptações
Capítulo 42 - Ligação
Capítulo 43 - Verdades
Capítulo 45 - Recomeçar
Capítulo 46 - Arrependimentos
Capítulo 47 - Receios
Capítulo 48 - Renovação
Capítulo 49 - Mudanças
Capítulo 50 - Transformações
Capítulo 51 - Amor
Capítulo 52 - Máscaras
Capítulo 53 - Elos
Capítulo 54 - Paixões
Capítulo 55 - Ruínas
Capítulo 56 - Perseverança
Capítulo 57 - Frágil
Capítulo 58 - Reencontros
Capítulo 59 - Coração
Capítulo 60 - Estratégia
Capítulo 61- Sonho
Capítulo 62 - Filha
Capítulo 63 - Aniversário
Capítulo 64 - Mãe
Capítulo final - Saturno
Epílogo - Plutão

Capítulo 44 - Retorno

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By leeloomell

Kim Jisoo's point of view

— Olha mamãe, olha. - minha filha se mexe no meu colo e fica em pé entre minhas pernas - Olha mamãe, as estrelas estão fazendo companhia a lua no meio das nuvens. - ela coloca as duas mãozinhas na janela, encostando também a testa e a ponta do nariz.

— É lindo, não é, filha? - seguro firme em sua cintura e me curvo em direção à janela, olhando para o mesmo lugar que ela - Olha lá para baixo, minha estrelinha. - coloco o dedo na janela e aponto para baixo - Já estamos chegando, veja. Já consigo ver as casinhas. - viro meu rosto em direção a minha filha e vejo o seu sorriso se alargar.

— As casinhas, as luzinhas, a água e as montanhas mamãe. - os olhos de Solar brilham tanto que chega a preencher meu peito de felicidade. Ela se mexe mais uma vez em meu colo e se vira para frente, encarando a jovem senhora sentada na poltrona luxuosa do jatinho particular da família Kim - Veja, tia Mei, as estrelas e a lua já estão aparecendo e logo chega o aniversário da Rosa. - Mei sorri serenamente, olha pela janela ao seu lado e depois volta a olhar para minha filha.

— Você está animada com isso? - ela pergunta e ri levemente ao ver Solar acenar positivamente a cabeça diversas vezes.

— A mamãe prometeu que vai me levar pra ver a Rosa, não é mamãe? - minha filha coloca as duas mãos em minhas bochechas.

— Estou orgulhosa da sua decisão, menina. - meus olhos se encontram com os de Mei por alguns segundos. E depois de tantos dias, meu peito se preenche de um sentimento que eu não sentia há muito tempo. Esperança.

Depois do longo e exaustivo dia que tive ao vir para o aniversário de Jennie e para a votação do novo CEO da Kim's Corporation, eu voltei para casa presa dentro de meus sentimentos de culpa e saudade. Perdida entre tudo o que eu achava certo, e o que meus amigos me ensinaram em apenas algumas horas.

Foram dias difíceis e tortuosos ao longo de Janeiro. Inicialmente eu me afundei no trabalho, na tentativa de ocupar a mente e não me permitir pensar em mais nada além de minha filha e na Kim's Corporations. Eu falhei miseravelmente nessa tarefa, pois a minha vida, a minha mente, o meu coração pertencem a Solar e a Chaeyoung, e tudo me lembrava delas. Desde o sol que entrava pelo vidro da janela do escritório, até o cronograma de lançamento do novo jogo de realidade virtual, que te fazia tocar diversos instrumentos no jogo.

Os dias e as semanas foram se passando, e apesar de perceber a verdadeira mudança de Soohyun com Solar, eu não conseguia mais me sentir feliz em presenciar aquilo. Não conseguia mais sorrir com sinceridade do sorriso de minha filha ao ver seu pai se sentar na mesa de café da manhã conosco. Meu coração não se aquecia quando ele entrava no quarto de Solar e deixava um beijo de boa noite em sua testa, antes de sair de casa e ir viver a sua vida fora do nosso falso casamento. Não que eu sentisse ciúmes de Soohyun, porque eu não sentia. Eu realmente não conseguia sentir o toque dele em mim, sem ser invadida por um enorme enjoo. Mas a verdade é que as palavras de Hyeri começaram a fazer sentido em minha cabeça com o tempo. Solar iria crescer, com a idade certa minha filha perceberia que apesar do sorriso farto na mesa do café da manhã e o beijo carinhoso na hora de dormir, a ausência de seu pai ao longo do dia, e as suas saídas durante a madrugada não é algo que chamamos de uma família saudável, amorosa e feliz.

A primeira vez que pedi o divórcio ao Soohyun, estávamos discutindo sobre o gráfico horroroso de um jogo infantil. Soohyun sempre fez pouco caso para qualquer produto infanto-juvenil, por achar que não é um público fiel, e tendo uma criança em casa, eu penso completamente o contrário. Minha filha sempre participou das escolhas e testes de qualquer produto infantil de nossa empresa, e me irritava profundamente quando seu próprio pai desdenhava da empolgação que ela tinha ao participar das nossas reuniões de família para falar sobre o negócio de nossa família. Naquela tarde, tomada por toda a frustração e irritação que eu poderia ter de anos de casamento e escolhas erradas, eu pedi o divórcio em meu próprio escritório. É claro que Soohyun riu e se fez de desentendido. Ele foi embora e passou dois dias sumidos.

É certo que Soohyun me conhece, e ele sabia que esse sumiço dele faria com que os ânimos acalmassem e o meu pedido de divórcio se dissiparia no ar, como aconteceu.

Os dias voltaram a se passar de forma lenta e agonizante, me fazendo mudar os meus horários, na intenção de ver Solar e Chaeyoung em ligação. Eu queria tanto poder participar da conversa delas, e até tentei, mas na minha primeira aparição surpresa, a loira se esquivou da ligação, dizendo que precisava descansar para o próximo dia de trabalho. Só de lembrar a dor que eu senti quando vi a cara de desgosto de Chaeyoung ao me ver, e a de tristeza no de Solar quando a vídeo-chamada foi encerrada, meu coração voltou a doer. Após esse dia, apenas acompanhei de longe a ligação das duas. O sorriso estampado no rosto das duas, a gargalhada gostosa que ecoava pelo quarto. A forma que as duas se entrosam, e se completam, foi o que me impulsionou a tomar coragem para pedir o divórcio pela segunda vez.

Dessa vez, eu adentrei o escritório pessoal de Soohyun em nossa casa. Sem esperar qualquer reação dele para a forma que entrei em sua sala, apenas joguei a informação no ar. Sem pedido, apenas um aviso. "O nosso divórcio vai acontecer, e a minha filha vai ficar comigo." Essas foram as palavras escolhidas por mim. Palavras que o fizeram rir mais uma vez.

Soohyun se levantou de sua cadeira, caminhou até o bar de seu escritório, preparou uma dose de whisky e a bebeu em um único gole. Depois de respirar fundo, ele me olhou tão severamente, que se eu não estivesse tão decidida do que queria, eu sentiria medo. Seu único pedido, foi que até que o divórcio saísse, eu permanecesse em nossa casa em Tóquio. Assim como fizemos em Seul.

Eu concordei com as condições de Soohyun até perceber seu plano desprezível. Uma imitação barata do que meu pai fazia em Seul, de atrasar todas e quaisquer documentações necessárias para o processo de divórcio e guarda de minha filha. Ele intimidou metade de nossos advogados, o que me causou muita dificuldade para conseguir alguém que concordasse em assumir meu caso. E com o tempo, foi fraudando documentos, laudos e postergando datas.

Apesar de não ter a família Park ao meu lado, dessa vez eu tenho Woobin, que desde a sua vitória à presidência, não saiu do meu lado, não importasse qual era minha decisão. E quando percebi o que meu futuro ex esposo estava fazendo, não pensei duas vezes em pedir a ajuda de meu irmão mais velho.

A ideia do Woobin para todas as artimanhas de Soohyun, foi que desse corda para que ele se enrolasse, e assim foi feito. Mais dias longos e tortuosos em Tóquio, apenas observando de longe a interação de minhas duas estrelas. Conversando com meu irmão e minhas amigas, planejando minha volta e criando uma esperança de um futuro ao lado delas.

Na manhã de hoje, meu irmão confirmou todos os procedimentos de transferência do processo do divórcio e solicitação de guarda da minha filha, juntamente com os nomes dos meus advogados. De fato, eu estava amparada por ele. E por mais que Soohyun viesse a esquematizar qualquer coisa contra mim, eu estava um passo à sua frente dessa vez.

Peguei minha estrelinha, pedi que ela fizesse a mala com as coisas que ela mais queria levar para viajar, chamei Mei para voltar para Coréia conosco, pedi o jato da família ao meu irmão. Invadi o escritório de Soohyun mais uma vez, e dessa vez apenas avisei que estava de partida, com o horário na data de hoje. Sem esperar por sua resposta, sai daquele escritório e daquela casa com a única coisa que é importante para mim, a minha filha. E agora estou aqui, estamos aqui, a poucos minutos de pousarmos em uma nova etapa de nossas vidas.

Estou a poucos minutos de fazer o que é certo, e ir atrás de quem eu sou apaixonada. Ir atrás da minha família de verdade.

Meu peito bate desenfreadamente e uma ansiedade toma conta de mim, mas eu não consigo conter o sorriso com o novo que está por vir. Eu sei que não será fácil, mas eu não vou desistir dela, não vou desistir de nós. E só de ter essa esperança em mim, eu me sinto extremamente feliz.

— Mamãe, eu posso levar a mala com as músicas do papai Noel? Posso, mamãe? Posso? - a voz animada de minha filha, junto de seus dedinhos afundando em minhas bochechas me despertam de meus devaneios e a olho, encontrando os seus olhos castanhos tão vibrantes quanto sua animação.

— Pode, estrelinha. Mas só quando chegarmos, filha. - coloco a mão em sua cabeça e faço um suave carinho, enquanto observo a expressão de confusão tomar conta do seu rosto.

— Nós já chegamos, mamãe, olha. - ela aponta para a janela e eu acompanho seu movimento - Fala pra ela, tia Mei.

— Você se perdeu em seus pensamentos? - Mei ri suavemente quando nossos olhares se encontram - A comissária acabou de informar que vão levar nossas malas para o carro.

— Oh. - sorrio sem jeito ao perceber que realmente não vi o jato pousar - Eu realmente não....

— Vamos, criança. - a jovem senhora se levanta e estica a mão para minha filha - Antes que a Solar tenha uma crise de ansiedade dentro desse avião.

— A tia Hyeri disse que a Suzy vinha me buscar no avião, ela já chegou? - Solar sai andando pela aeronave, puxando a Mei e a mala com ela, ambas maiores que a própria criança. A cena é tão engraçada, que me faz rir.

— Você e esses animais. - minha filha olha para a mais velha com um bico dengoso - Você quer ser veterinária quando crescer? - Mei fixa seu olhar na pequena, e a criança franze as sobrancelhas.

— Eu gosto dos bichinhos. - Solar faz uma voz tão meiga, que você consegue perceber o quanto ela realmente gosta de animais - Eu quero ter um montão.

— Um montão? - as duas vão conversando enquanto caminham pela cabine do avião, até a saída.

— Sim. - vejo minha filha afirmar avidamente - A tia Alice disse que eu posso ter muitos quando ficar grande.

Mei olha para mim por alguns segundos e logo depois se põe a rir. Minha filha encara a senhora e logo após guia seu olhar, tão confuso quanto o meu, para mim.

— Desculpem. - a senhora respira fundo e controla seu riso - Eu só imaginei aquela casa enorme, manifestada por diversos bichos.

— A Suzy, o Hank, o Jjing Jjing, o Joohwang. - minha filha enumera com os dedos de uma mão e a outra ela segura firmemente a mão de Mei, quando começa a descer as escadas do jato.

— Mais algum? - pergunto logo atrás delas. Minha filha me olha e sorri.

— Uma girafa, um gatinho, um gatão laranja, um passarinho, um ursinho branco e preto que a tia Jennie vê comendo plantinha.

— Essa criança será veterinária. - Mei me olha também - E a culpa é da menina Chaeyoung.

— A Rosa também gosta dos bichinhos. - Solar pula o último degrau e fixa seu pé no solo - Vou levar a Suzy pra brincar com ela. - minha filha aponta para o pequeno animal no colo de um jovem senhor ao lado de Hyeri, um pouco mais a frente na pista de pouso e decolagem.

— Você pode levar a Suzy um outro dia, hoje não. - paro ao seu lado e seguro em sua mãozinha - Já está tarde para visitá-la hoje, hum?

— Mas mamãe, amanhã é aniversário dela. - o bico manhoso que cresce em seus lábios, me faz querer rir, mas me contenho, tentando manter minha pose firme.

— Sim, amanhã. - a vejo piscar seus olhinhos tão manhosos quanto o bico que ela faz - Hoje você vai para casa descansar e amanhã eu te levo para visitar a sua Rosa. Como eu prometi, tudo bem?

— Tudo bem. - Solar responde baixo e mau humorada. Mei ri ao seu lado e não contenho um riso fraco.

A pequena leitoa de Hyeri começa a grunhir assim que percebe a presença de Solar. Suzy está com seu famoso lacinho rosa no pescoço e seus sapatinhos rosa com branco nas patinhas.

Solto a mão de minha filha assim que vejo que é seguro para que ela ande livremente por onde estamos. A pequena corre até a Suzy, e a tristeza e insatisfação que tinha tomado conta de seu rosto devido a visita a casa de Chaeyoung, logo deu lugar para uma visível alegria.

— Você pode levar a Solar para casa e colocá-la para dormir? - olho para Mei assim que nos aproximamos mais da criança.

— É claro que sim. - ela sorri - Vou torcer para que dê tudo certo hoje. - a senhora coloca a mão na minha cabeça e faz um leve carinho em meus cabelos.

— Eu vou torcer para que ela leve uma surra. - com o canto dos olhos, percebo Hyeri se aproximar - É só para isso mesmo que eu estou indo essa noite.

— Então você não precisa ir. - constatei o óbvio, encarando os olhos escuros de minha amiga.

— A convidada sou eu, e não você. - ela sorri triunfante - Só para deixar isso bem claro.

— Não estou nem aí para você. - Hyeri ri alto com minha resposta e sua mãe dá um tapa em seu ombro.

Caminhamos em silêncio pela área de imigração do aeroporto e em direção ao estacionamento privativo. Assim como da última vez, a única bagagem que carregamos, foi o que denominamos importante, sendo assim, para minha filha é a sua mala com o presente do papai Noel.

Presente este que ela se reservou ao direito de abrir somente quando estivermos as três juntas. E eu não me opus a isso. E acredito que Chaeyoung também não. Uma vez que ela fez Solar abrir todos os outros presentes por chamada de vídeo, exceto esse.

— Filha, - agacho na frente da minha filha assim que chegamos no estacionamento - você vai para casa com a tia Mei, e eu vou com a Hyeri resolver algo, tudo bem? - ela olha para a Suzy e depois frisa seu olhar no meu - A mamãe vai demorar para voltar, então não me espere para dormir, tudo bem?

Solar faz um bico choroso, intercala seu olhar entre cada uma de nós aqui presentes e depois olha para o pequeno animal em seu colo. As feições em seu rosto mudam como em um passe de mágica e ela repentinamente sorri, me fazendo já imaginar o que ela vai dizer.

— A Suzy vai dormir comigo, mamãe. - ela diz imperativa, me dando a certeza do que eu já imaginava.

— Filha...

— Ela tomou banho antes de vir para cá, Jisoo. - olho para Hyeri e a mulher dá de ombros - Minha Suzy é limpa, okay? Muito mais limpa do que muita gente por aí. E como eu sei que você é cheia de não me toque, eu dei banho nela hoje só para ela encontrar a Solar.

— Viu, mamãe. A Suzy tá cheirosa. - Solar estica os braços junto da leitoa, e encosta o animal em meu nariz - Ela vai dormir comigo.

— Eu tomo conta das duas, Jisoo. Não se preocupe. - Mei coloca a mão em meu ombro, me arrancando um longo suspiro.

— Três contra uma. - dou um sorriso ao ver o sorriso reluzente de minha filha - Se comporte, hum?

— Tá bem, mamãe. - ela meneia a cabeça positivamente e volta abraçar a Suzy.

— Mamãe te ama, estrelinha. - deixo um beijo na testa de minha filha, antes de levantar e me despedir de Mei.

Hyeri acomoda sua mãe no banco traseiro da Hyundai IX35, e eu acomodo minha filha em sua cadeira ao lado da jovem senhora. O motorista já habituado com a nossa família segue em direção a nossa antiga casa em Gangnam. E apesar de saber que minha filha está em boas mãos, eu sempre sinto meu coração bater mais apertado quando estou longe dela.

— Vê se você não estraga tudo dessa vez. - a cintura de Hyeri de encontro com a minha me desestabiliza e eu só não caio no chão, pois ela rapidamente segura em minha mão.

— Não vou. - digo firmemente e a vejo apontar para seu carro.

— Não a magoe, Jisoo. - a escuto desligar o alarme do automóvel - E não se magoe também.

— Tudo o que mais quero é ser feliz ao lado delas duas. - a olho seriamente - E fazê-las feliz ao meu lado, Hyeri. - ela sorri e entra no carro.

— Então vamos atrás da sua felicidade. - minha amiga diz, depois ri e logo me olha assim que me sento no lado do carona em seu carro - Mas antes eu vou torcer para você levar uma surra.

— Eu não ligo para o que você diz. - ela ri mais alto ainda - Mas seria justo se isso acontecesse. - digo com um pesar no peito.

— Sim, seria sim. E muito. - minha amiga segura seu riso, dá a partida no carro e começa a sair do estacionamento.

— Sabe onde fica o local? - pergunto assim que a vejo procurar o nome da boate no GPS.

— Já ouvi falar, mas nunca fui. E você?

— Já fui na Dynamite uma vez com a Chaeyoung.

— Teremos nostalgias então. - ela me olha com o canto dos olhos.

— Ou novas lembranças. - não consigo conter a ansiedade que começa a crescer em mim.

— Está realmente esperançosa?

— Um pouco. - mordo o canto da minha boca, tentando conter todo o nervosismo.

— Você sabe que as novas lembranças podem ser lembranças desagradáveis, não sabe? - foco meu olhar em Hyeri, que não tira sua atenção do trânsito um segundo sequer.

— Desagradável está sendo você. - não poupo o tom rude e ela ri.

— Ah, fala sério, Jisoo. - ela tenta conter o riso e me olha ao parar no semáforo vermelho - Você espera mesmo que a Chaeyoung te receba de braços abertos?

— Não de braços abertos. - solto o ar pela boca lentamente - Mas não tem porquê ela ter uma resistência tão grande. Ela sabe que eu fiz isso pela Solar. E quando ela souber que eu pedi o divórcio do Soohyun, ela vai entender que eu fiz isso por nós. - Hyeri balança a cabeça rindo sutilmente.

— Tomara. - são as últimas palavras de Hyeri, antes dela voltar a focar no trânsito e seguir em direção a Dynamite.

Todo o caminho até a boate é silencioso, e todas as palavras não ditas são proferidas nos olhares que minha amiga me lança quando vamos nos aproximando de nosso destino. Eu sei que ela está tentando se certificar que eu tenho certeza do que estou fazendo. Que eu não magoarei a Chaeyoung, nem a Solar, e não irei me machucar também.

Foram dois meses longos, dolorosos, tortuosos e agonizantes para nós três. Cada uma com a sua dor, com a sua mágoa, com a sua vivência do que aconteceu conosco. Doeu em nós três a nossa separação, e eu entendo a preocupação de Hyeri sobre fazer o certo, sobre correr atrás da felicidade das três. E é isso que eu vou fazer. Eu vou dar tudo de mim por nós, pelas minhas estrelas.

— Vamos, é por aqui. - minha amiga segura na minha mão e me puxa com ela assim que entramos na boate - Nós pegamos um espaço VIP para termos mais privacidade para comemorar o aniversário dela.

— VIP? - vou acompanhando os passos de Hyeri pelos cantos da boate - Nós? Privacidade? - falo bem próximo ao ouvido dela - Quem vem? Quantas pessoas estão aí? - ela me olha por cima do ombro e sorri.

— As de sempre. - ela dá uma piscadela - Você não conversou com a Jennie?

— Sim. - solto o ar impaciente - Mas ela disse que seria algo privativo - Hyeri ri espalhafatosa.

— Você sabe que o privativo da Jennie é a cidade de Seul inteira.

— Quem está aí além dela e da Lisa? - vejo Hyeri dar de ombros.

— Até onde eu sei, as irmãs dela... - minha amiga continuaria, mas eu aperto a sua mão, interrompendo sua fala.

— Irmãs? Por que isso está no plural?

— Alice, Lisa e Goeun. - Hyeri sorri.

— Goeun não é irmã dela. - minha amiga revira os olhos.

— A Chaeyoung a apresenta assim, então sim, elas são irmãs. - solto o ar fortemente, me negando a aceitar essa conclusão de minha amiga - Continuando... - ela volta com seu pensamento - As irmãs, Jennie, e mais alguns amigos do trabalho.

— Não estava esperando os amigos do trabalho. - falo em um tom baixo.

— Acho que nem as irmãs, não é? - ela para de repente e me olha.

— Eu realmente pensei que fosse só nós cinco. Lisa, Jennie, Rosie, você e eu.

— Lamento por te dar essa notícia então. - ela alisa meus ombros como quem tirasse a poeira.

— Tudo bem. - solto em um murmuro, junto com o pouco ar que tinha em meu pulmão.

— Preparada? - ela aponta para a ala VIP e eu acompanho seus dedos. Nesse exato momento eu consigo ver ela, minha Rosie.

Chaeyoung tem um sorriso deslumbrante de tão lindo e brilhante, junto daqueles lábios cheios, modelados e rosados. Seu cabelo longo, sedoso, e com o seu famoso brilho loiro novamente. Suas lindas pernas à mostra em uma saia azul, seu abdômen liso e definido também à mostra, em seus seios um cropped preto, por cima do top e cobrindo seus braços, um blazer na mesma cor da saia. Essa mulher é tão linda que chega me tirar o fôlego todas as vezes que eu a vejo.

Mesmo que de longe consigo perceber a alegria que ela sente em cada movimento de seu corpo com a música "Love Myself" de Hailee Steinfield. O sorriso que transborda em seu sorriso com os últimos refrãos da canção, enquanto dança com Lisa e Goeun. Assim como meses atrás, nessa mesma boate, as três amigas dançam e se divertem alegremente. E por mais que a imagem de Goeun tão próxima a Chaeyoung me incomode tanto, eu não consigo segurar um sorriso ao ver o sorriso farto no rosto de minha Rosie.

O clima da boate vai mudando e tornando em algo mais leve, as luzes que piscam sem parar e de várias cores, vão se tornando em uma única tonalidade de azul, percorrendo o espaço por inteiro, enquanto as primeiras notas de "Save your tears" vai ecoando pelo espaço. E como em um filme clichê, o momento que tenho ao olhar para Chaeyoung, parece ser narrado por The Weeknd.

Eu estou observando a mulher de meus sonhos dançar em um lugar cheio, e ela parece tão feliz quando não está comigo. Mas, de repente, ela me vê e eu consigo perceber a expressão de surpresa em seu rosto, assim como consigo enxergar uma única lágrima escorrer por aqueles lindos olhos.

Chaeyoung poderia ter me perguntado porque eu estou aqui, porque eu voltei, e porque eu parti seu coração indo embora. Ela poderia ter me dito que doía me ver, que queria que eu fosse embora, que ela desabou com a minha presença na festa do seu aniversário. Mas ela passa por mim como se eu não estivesse aqui, e simplesmente finge que não se importa com a minha presença.

E o refrão sendo aclamado por todos na boate vai batendo tão forte em meu peito, me tirando todo o ar, quando as palavras vão fazendo sentido com cada sentimento meu.

"Girl, take me back 'cause I wanna stay. Save your tears for another. I realize that I'm much too late, and you deserve someone better. Save your tears for another day''

— Jichu! - a voz embolada e tremida de Lisa me desperta de todos os temores que ver o estado de Chaeyoung me causou.

— O que você está fazendo aqui? - Goeun vocifera ao lado da amiga. Meus olhos encontram com os seus por alguns segundos, antes dela olhar por cima do meu ombro e soltar um longo suspiro - Quem te convidou? - seus olhos voltam a me encarar.

— Eu a convidei. - Hyeri segura meu pulso, quando fecho minhas mãos em punho - Eu, a Jennie e a Lisa.

— A Lisa? - Goeun pergunta incrédula e olha para a amiga que sorri largo.

— Claro. - Lisa abre os braços, mas se desequilibra. É visível a embriaguez da mais nova - Eu torço por elas duas, você não?

— Não. - Goeun responde categórica.

— Chu? - sinto os braços de minha melhor amiga circundar minha cintura. O calor de seu queixo em meu ombro e o sopro quente de suas palavras em minha nuca - Não acredito que você veio mesmo. - olho para o lado e vejo o sorriso de Jennie.

— Cadê a Alice? - o tom de Goeun impaciente faz com que minha melhor amiga respire fundo antes de frisar seu olhar nela. Eu acompanho o olhar de Jennie, e estudo atentamente a interação das duas.

— Alice viu a Rosie correndo para o banheiro e acabou indo atrás. - Jennie franze os lábios e enruga a testa - Ela estava com medo da irmã estar com uma ressaca antes mesmo do dia virar.

— Ressaca da cara dessa aí. - Goeun aponta o indicador para mim - Só se for.

— Meninas, por favor. - Hyeri se coloca no meio de nós - Esse clima horroroso não vai ajudar em nada. Estamos em uma festa, vamos nos divertir. Vamos aproveitar o aniversário da Chaeyoung.

Goeun revira os olhos, segundos antes de colocar a mão no bolso da calça e pegar seu celular. Ela fixa seu olhar na tela e solta um longo suspiro, fechando a outra mão em punho e logo me encarando tão fervorosamente, que sinto meu estômago embrulhar.

— A festa para a Chaeyoung já acabou. - ela diz entre os dentes - Graças a essa idiota. - ela dá dois passos em minha direção e cutuca meu ombro com seu indicador direito.

— A culpa não é dela. - Lisa puxa a mão da amiga lentamente.

— Você é uma traíra, Lisa. - Goeun olha para a mais nova por alguns segundos, e Lisa abre os olhos em espanto.

As palavras de Goeun soam como uma bomba em meu estômago. Me causam uma dor e um embrulho indescritível. O rancor que ela guarda pelo que aconteceu é tão grande quanto a irmã de Chaeyoung.

Com um enorme vazio no peito e o coração menor que uma gota de água na vastidão do deserto, eu assisto a amiga de Chaeyoung caminhar até uma das mesas da área VIP, e pegar os pertences que acredito serem dela, da Chaeyoung e da Alice. Goeun fala com algumas pessoas do Espaço Inside Out que estão ali por perto e em questão de segundos ela sai do camarim reservado para a comemoração do grande dia de hoje, sem sequer se despedir de Lisa, Jennie e Hyeri. Ela não olha para trás em momento algum.

— Eu preciso beber. - passo pelo meio de minhas três amigas e caminho até uma mesa com uma garrafa de Whisky Royal Salute.

O líquido quente desce rasgando por minha garganta, mas não me ajuda a esquecer a imagem da lágrima que desceu pela bochecha rosada e macia de Chaeyoung. Bato forte o copo na mesa e pego a garrafa, para encher meu copo em estilo cowboy novamente, mas sinto as mãos de Hyeri segurar firmemente meu pulso. Não consigo conter um grunhido, quando puxo minha mão, tentando me soltar, e ela firma mais o contato.

— Não adianta beber, Jisoo. - Hyeri procura meus olhos.

— Não adianta ficar aqui de cara lavada. - solto o ar pelo nariz ironicamente.

— Então vai para casa, Chu. - Jennie aparece ao meu lado e com Lisa grudada em seu pescoço - Nós vamos também.

— Vamos fazer um sexo selvagem. - Lisa diz alto e rindo, depois morde o ombro da namorada.

— Ela fica bem selvagem quando bebe dessa forma. - Jennie sorri maliciosamente - Só por isso eu a deixo ficar bêbada assim.

— Obrigada por dizer o quanto sua noite será prazerosa. - reviro os olhos e puxo minha mão de volta - Agora que eu realmente preciso beber. Para esquecer o quanto minha vida é patética. - ameaço a pegar a garrafa novamente, mas, mais uma vez, Hyeri me impede.

— Sua vida é patética porque você quer, Jisoo. - a mais velha me encara - A Jennie está certa, vai para a casa. Vamos para a casa. - solto mais um grunhido irritado - Você esqueceu que prometeu levar a Solar para ver a Chaeyoung amanhã? - ela olha para o relógio de pulso - Digo, daqui a pouco.

— Pela forma que a Chaeyoung me recebeu aqui, eu duvido que ela queira me ver mais tarde. - digo em um tom sarcástico.

— Talvez você não. Mas com certeza ela vai querer ver a Solar. - a sinceridade de Jennie me faz encará-la e ela dá de ombros.

— Será uma outra oportunidade de vocês conversarem. É um outro ambiente, outras pessoas. Ela não vai ter bebido. - Hyeri finalmente me solta - Vai ser melhor, Jisoo.

— Eu não vou conseguir dormir até lá. Me deixe ocupar minha mente pelo menos.

— Já comprou o presente dela? - meus olhos encontram o de Jennie.

— O que isso tem a ver? - ergo uma sobrancelha e ela abre um sorriso.

— Se preocupe com o presente dela.

Abro minha pequena bolsa e retiro uma caixa aveludada em vermelho, depois coloco na mão de minha melhor amiga. Jennie e Hyeri olham atentamente para a caixa, antes de me olhar, como quem pedisse permissão para abrir a caixa.

— Você vai pedir ela em casamento, Jichu? - os olhos de Lisa estão tão brilhantes, que se ela não estivesse bêbada, eu realmente acreditaria que ela pensou nessa possibilidade.

— Acho que se eu fizesse isso, ela jogaria a aliança na minha cara. - coloco a mão no topo da caixa e a abro.

— "Roses are Rosie." - Hyeri diz e me olha - Esse é o seu presente? Um broche escrito "Roses are Rosie"?

— Você diz isso assim sem emoção alguma? - Jennie pergunta boquiaberta para a mais velha - Você percebeu que é um broche da Cartier, em formato de rosas, em ouro rosa, com pelo menos quinhentos diamantes e cinco esmeraldas?

— Tudo bem, mas presente caro não significa nada. - Hyeri suspira - Só significa dinheiro mesmo.

— Mas a Jichu pensou na Chaeng. - Lisa coloca a mão na boca e soluça - Ela pensou sim, olha. - ela aponta para o broche - São as rosas.

— Você roubou isso também? - Jennie ergue uma sobrancelha e me encara.

— É claro que não. - meu tom sai alto demais. Pego a caixa com o presente de Chaeyoung e guardo delicadamente dentro da minha bolsa.

— Então é melhor roubar algumas rosas para ser perdoada. - Jennie e Lisa riem juntas, enquanto a expressão de confusão toma conta do rosto de Hyeri.

— Do que elas estão falando? - a mais velha aponta para o casal com a cabeça.

— O broche no formato de rosas e a frase, é algo delas. - Jennie olha para a maior - É uma marca do relacionamento das duas. A Rosie vai gostar, porque é algo sentimental. - Jennie me olha - Mas seria mais interessante você invadir uma floricultura no resto da madrugada e roubar algumas rosas para implorar o perdão dela também.

— Onde eu vou encontrar floricultura às, - olho para meu relógio de pulso - duas e quarenta da manhã, Jennie? - ela dá de ombros.

— Tanto faz. Vamos só embora e pensamos nisso quando amanhecer. - Hyeri arruma sua postura e estala os dedos - Você prometeu a Solar. Cumpra com a sua promessa, e eu sei que você ganhará alguns pontos com a Chaeyoung.

Vejo Jennie virar em seu próprio eixo, beijar sua namorada e logo depois esticar seu corpo para pegar suas bolsas. Enquanto Hyeri estica suas mãos em minha direção e balança seus dedos, até que eu encaixe os meus entre os seus. Silenciosamente nós quatro saímos da boate Dynamite e nos despedimos assim que nossos carros chegam na frente da porta de entrada do local.

Voltar para casa depois de ter visto a lágrima que escorreu pelos lindos olhos castanhos que tanto sou apaixonada, sem conseguir ter a chance de pedir para que ela me aceitasse, sem ter a chance de dizer que eu quero ficar ao seu lado hoje e para sempre. Voltar para casa depois dessa noite tão esmagadora é penosa e desestimulante para toda a esperança que eu tinha.

— Não estrague tudo. - Hyeri meu puxa de volta de toda minha dor interna e quando eu a olho ela aponta para fora do carro. Só agora constato que já estamos na frente da minha casa.

— Acho que eu já estraguei tudo quando eu anulei o meu divórcio. - minha voz sai tremida, me fazendo perceber que eu estou segurando o choro há muito tempo.

— Mas agora você tem uma chance de fazer o certo, então não estrague. - balanço a cabeça diversas vezes em um não - Você está no caminho certo, não se preocupe.

— Como estou no caminho certo? Você viu como ela saiu de lá.

— Sim, ela foi embora. - Hyeri respira fundo - Mas veja pelo bom lado, pelo menos ela não te xingou, não te bateu, não te mandou embora.

— Ela foi embora, Hyeri.

— A Chaeyoung só se surpreendeu com o que aconteceu. Dê tempo ao tempo, tudo bem?

— Você acha? - se eu consigo sentir o temor em minha voz, eu sei que ela também consegue.

— Eu tenho certeza, Jisoo. - ela segura em minha mão e aperta de leve - Agora vai, já está quase amanhecendo.

— Obrigada por hoje.

— Não precisa agradecer por isso. - ela sorri - Avisa a Solar e a minha mãe, que eu volto para buscar a Suzy no início da tarde.

— Então até mais tarde.

— Espero que não. - Hyeri ri após ver minha expressão confusão - Espero que você esteja com a Chaeyoung. - solto um suspiro.

— Eu não sei....

— Apenas tchau, Jisoo. - Hyeri debruça seu corpo no meu, abre minha porta, e depois aponta para fora do carro - Nos falamos mais tarde.

Segundos após sair do carro, escuto o motor potente e seus pneus cantando assim que ela sai com o automóvel da frente de minha casa. Controlo minha respiração e olho para a entrada da enorme mansão, sendo invadida por diversas lembranças, tantas boas, quanto dolorosas que tive aqui. A única coisa que me faz continuar a ter força em colocar a mão na maçaneta e abrir a porta, é a vontade que tenho de ver minha pequena estrela que está em um lindo sonho no seu quarto neste momento.

Em passos ágeis e silenciosos, caminho até seu quarto, me deparando com a imagem do pequeno corpo com fartas bochechas abraçada ao pequeno animal de pele rosada na cama, dentro do quarto com as paredes e teto projetado por estrelas e planetas. Me aproximo um pouco mais de minha filha, deixo um singelo beijo em sua testa e observo o sorriso que se forma em seus lindos lábios infantis.

— Mamãe? - ela diz sonolenta, ainda com seus olhinhos fechados.

— Oi filha, é a mamãe. - coloco a mão em seus cabelos e faço um carinho.

— Já está na hora de ir pra Rosa? - sua voz fraquinha me arranca um sorriso.

— Não, estrelinha. Ainda está escuro, dorme mais um pouco. - ela assente com a cabeça e abraça um pouco mais a Suzy.

— Posso deitar com você?

— Pode, mamãe. - ela se mexe na cama e puxa a leitoa com ela.

— Não podemos deixar a Suzy no chão, estrelinha? Ela é um porquinho.

— Ela é cheirosa, mamãe. - sua voz arrastada de sono me aquece o peito.

— Não é não, filha.

— Ela tomou banho, mamãe. Está mais cheirosa que você agora. - minha filha abre um pouco seus olhinhos e me encara - Se dormir sem banho e escovar os dentinhos, o bicho pega, mamãe. - ela volta a fechar os olhos, me fazendo rir da sua forma doce de ser.

— Então a mamãe vai tomar banho, hum? - minha filha não responde mais, já tomada pelo sono e seus belos sonhos.

Eu poderia passar o resto da noite admirando o meu bem mais precioso dormindo serenamente. Mas apenas deixo mais um singelo beijo em sua testa, cubro o seu corpo e coloco sua pelúcia preferida ao seu lado, antes de sair do quarto e me direcionar até meus aposentos.

Com toda a calma do mundo, procuro alguma roupa que ficou em meu closet, e tomo um banho relaxante. A manhã já chegou, e mesmo que eu quisesse, eu não conseguiria dormir, então, a ideia de Jennie não é de um tanto quanto ruim. Me dedicarei a procurar uma floricultura e comprarei o melhor buquê de flores para juntar ao broche como presente para Chaeyoung. E assim que minha filha acordar, vamos até a casa da sua Rosa.

Mesmo que Chaeyoung não queira me ver, espero que a visita de Solar a faça feliz no seu aniversário. Minha filha não parou de falar um segundo sequer do quanto queria estar com a Rosa, tia Alice, vovó Park e Hank no dia do aniversário da Rosa. E espero que o encontro das duas, seja o melhor presente de aniversário tanto para Chaeyoung, quanto para Solar, minhas duas estrelas.

— Jisoo? - ouço uma batida na porta e logo após a Mei entrar no quarto. O sorriso que ela tem me faz sorrir também - Quer ajuda com isso? - ela aponta para a blusa que estou tentando abotoar nas mangas.

— Por favor. - estico os braços para ela.

— Como foi a festa? - vejo a jovem senhora abotoar o braço direito.

— Não muito bem. - solto um suspiro triste.

— Sinto muito querida. - balanço a cabeça negativamente e ela termina de abotoar as duas mangas - Você vai levar a Solar hoje?

— Sim, eu prometi.

— Eu fico feliz. - ela sorri - Elas ficarão tão alegres, e você terá uma nova oportunidade de conversar com a menina Chaeyoung.

— Assim espero, Mei. - a jovem senhora ajeita meu cabelo em meu rosto - Você pode me passar o telefone da floricultura que costuma comprar as flores para enfeitar a casa?

— Não vai pegar nenhuma da mesa do café da manhã hoje? - ela ri.

— Você percebeu que eu fazia isso? - pergunto sentindo minhas bochechas corarem.

— Claro que sim. E a Solar sempre me falava também. - Mei ri suavemente, me fazendo rir junto dela - O sol acabou de nascer, e como você já está, ou melhor, ainda está acordada, o café da manhã já está na mesa.

— Já estou descendo.

— Quer que eu ligue para a floricultura e peça algo para você?

— Sim, por favor. Um buquê de Lírio-do-vale.

— Lírio-do-vale? - ela sorri.

— Sim.

— Você sabe a simbologia?

— Sei que ela significa volta da felicidade. - Mei confirma.

— Mas sabe o porquê significa isso? - eu nego em menear - Conta a lenda que o lírio um dia se apaixonou por um rouxinol. E ele gostava de o ouvir cantar todos os dias, alegrando tudo à sua volta, até que um dia o rouxinol não cantou mais. Depois desse dia, o lírio ficou muito triste, deprimido e morreu. Até que na estação que o lírio floresce, o rouxinol voltou a cantar e o Lírio voltou a florescer feliz e saudável.

— É tão lindo. - sinto uma paz me aquecer com a história contada por Mei.

— Acho que combina com a ocasião. - ela sorri - Vou pedir um buquê para entregar aqui. - ela faz um leve aceno, antes de se retirar do quarto.

Um suspiro leve e esperançoso sai por meus lábios e eu me sento na beirada da cama. Passo os olhos por todo o cômodo, apenas para ter a certeza que não quero continuar nesta casa. As lembranças que tenho aqui, apesar de ter com Chaeyoung, são lembranças ocasionadas por minha família. Eu quero uma vida nova, um futuro feliz ao lado das únicas duas pessoas que desejo ao meu lado.

Pego o celular em minha bolsa, a babá eletrônica que sempre fica em meu quarto e vou em direção a sala de jantar, onde a Mei põe a mesa do café da manhã.

Por ser cedo demais para visitas, prefiro tomar meu café da manhã e deixar minha filha dormir um pouco mais. Aproveitando um tempo para ler meus e-mails dos novos lançamentos da empresa, e aguardar a entrega do buquê solicitado pela Mei.

O dia passa tão rápido, enquanto fico perdida entre copos de café americano, com torradas, frutas e e-mails, que só percebo que a tarde está quase chegando, quando Hyeri envia uma mensagem avisando que em breve chega para buscar a Suzy.

— Mei? - a chamo quando a vejo chegar com o buquê de Chaeyoung.

— Sim? - ela me olha com aquele famoso sorriso amável.

— A Solar ainda não acordou?

— Você quer que eu acorde ela? - ela olha para o seu relógio de pulso - Daqui a pouco dá a hora do almoço.

— Por favor. - levanto da minha cadeira - Você pode acordá-la e arrumá-la? Eu vou trocar de roupa também.

— É claro. - ela pega um prato com maçã cortada - Vou levar isso para ela comer, enquanto a arrumo.

— Obrigada, Mei.

Eu sei que a minha filha esteve animada durante bastante tempo por este encontro, mas eu acredito estar bem mais animada do que ela. Eu anseio por ver o sorriso no rosto das duas. A alegria e o brilho nos olhos delas quando se encontrarem.

A risada das duas juntas sempre foi tão contagiante, e esse era um dos motivos que eu ficava escondida admirando a conversa das duas por telefone em Tóquio. E presenciar isso hoje, ver as duas juntas, o sorriso transbordar, o brilho nos olhos iluminar todo o local. A alegria emanar, e o amor aquecer todo o meu coração. Eu quero tanto isso, que a ansiedade chega me dominar.

Eu me arrumo em uma velocidade que eu jamais consegui, pego minha bolsa com meus pertences, o presente e o buquê de lírio-do-vale, e corro para o quarto de minha estrelinha, encontrando com a pequena já de banho tomado, com sua roupa de fria rosa, um pedaço de maçã em sua mão e Mei terminando de amarrar o cadarço de seu tênis.

Minha filha tem um sorriso tão reluzente, que fica ainda maior, quando Suzy pega o pedaço de maçã da sua mão. A gargalhada de Solar ecoa pelo quarto com o roncar da leitoa.

— Vamos, estrelinha? - os olhos de Solar brilham assim que encontram os meus. Ela abre os braços e me chama com suas mãozinhas.

— Vamos, mamãe.

Mei coloca Solar no chão junto de Suzy, e minha filha corre em minha direção. Ela estica sua mão e segura firmemente na minha. Sua pele quente, seu sorriso tão lindo, sua felicidade contagiante.

— Está preparada? - ela balança a cabeça diversas vezes afirmando e começa a me puxar em direção a saída do quarto.

— Vamos, mamãe, vamos. Antes que acabe o dia da Rosa. - ela continua me puxando junto a ela em direção a garagem de casa.

Mei e Suzy se despedem de nós e logo entramos em meu antigo Kia. Acomodo minha filha em sua cadeira de segurança, e ligo seu desenho do Pororo na tela de DVD do banco traseiro.

Antes de sair da minha garagem, envio uma mensagem de texto para Jennie, avisando que estou a caminho da casa de Chaeyoung. A ansiedade que toma conta de mim, também me faz pensar nos cenários onde eu precisarei do apoio de minha amiga, caso Alice me receba da mesma maneira da última vez que estive em sua casa.

— Mamãe pegou as flores da tia Mei? - olho para minha filha pelo retrovisor quando paro em um semáforo e não posso deixar de rir com a sua pergunta.

— Não, estrelinha. Essas eu comprei.

— Eu posso dar pra Rosa? - ela aponta para o buquê que está ao seu lado.

— Você quer? - a vejo balançar a cabeça confirmando - Então tudo bem. - o sorriso dela se alarga.

— Chegamos? - ela aponta para a janela, assim que eu estaciono na frente da entrada da casa de Chaeyoung.

— Está animada?

— Sim, mamãe, sim. - a animação de Solar é tão sincera, que faz meu coração explodir em felicidade.

Rapidamente eu saio do carro, dou a volta no automóvel, tiro minha filha de sua cadeira de segurança, pego meus pertences e o buquê de flores, o entregando para minha estrelinha e logo depois seguro em sua mãozinha.

Solar sai correndo em direção a porta principal, me puxando junto a ela. Não esperando que eu toque a campainha, ela bate diversas vezes na porta. E não demora muito para ouvirmos um latido dentro da casa.

— Daddy da Rosa. - minha filha olha para cima e abre um sorriso assim que a porta é aberta. Acompanho o olhar da criança, e encontro o pai de Chaeyoung com os olhos vidrados em Solar e um sorriso amistoso nos lábios tão parecidos com os da filha.

— Little smiley. - o senhor Park se aproxima de Solar e bagunça os cabelos dela - Você fez falta aqui em casa, pequena. - ouço minha filha rir com o carinho dele em sua cabeça.

Hank continua latindo e passa por debaixo das pernas do pai de Chaeyoung, até se jogar no colo de Solar, que se desequilibra e dá um passo para trás. Seguro em seus ombros, antes dela me entregar o buquê de flores e se abaixar para brincar com o pequeno animal que não para de balançar o rabo com a presença da criança.

— Senhora Kim. - a voz do senhor Park me faz olhá-lo e perceber seus castanhos escuros vidrados em mim.

— Se...senhor Park. - sinto minha garganta secar e minhas pernas tremerem. Nem a risada de minha filha consegue acalmar o meu nervosismo com a presença do pai de Chaeyoung.

— Quem é, Junhyuk? - a mãe de Chaeyoung aparece na porta e o meu nervosismo aumenta. Ela fixa seu olhar em mim e seu sorriso aparece - Querida! - sua voz sai tão suave, que meus nervos relaxam um pouco.

— Vovó Park! - olho para baixo a tempo de ver minha filha levantar a cabeça rapidamente, com seus olhos brilhando e um sorriso largo no rosto. Ela levanta seu corpo assim que a senhora Minjung abre mais a porta e libera espaço para entrarmos.

— Entrem meninas, entrem. - a mãe de Chaeyoung pega a mão de minha filha e minha mão e nos puxa para dentro - Que bom que vocês estão aqui hoje.

— A mamãe prometeu que eu ia passar o aniversário da Rosa com ela. - Solar diz animadamente e o senhor e senhora Park riem.

— Bom, então vocês podem almoçar conosco, o que acham? Nós estamos indo no Gaon, será maravilhoso vocês conosco.

— Estamos prontas. - escuto algumas risadas vindo das escadas e logo depois uma correria.

Assim como os meus, todos os olhares da casa foram em direção às escadas principais, apenas para acompanhar Chaeyoung e Alice correndo pelos degraus em uma competição de quem quem chega primeiro. As duas irmãs estão ofegantes e risonhas, mesmo que discutindo sem palavras sobre quem chegou na primeira colocação. Ambas com uma calça social larga e uma blusa branca com babados. A cor que Chaeyoung escolheu é um marrom claro, na calça e em seu sobretudo, que combinando a sua camisa branca, realça muito bem com sua maquiagem e seus fios loiros.

Assim que o senhor Park pigarreia chamando a atenção de suas filhas, Chaeyoung passa seu olhar ao redor, e com suas bochechas coradas, faz um pedido de desculpas mudo ao seu pai. Nos segundos seguintes ela não consegue terminar de observar o espaço, pois o corpo de minha filha colide com suas longas pernas.

Ver a forma que os olhos de Chaeyoung brilham e se emocionam ao ver Solar agarrada nela, aquece meu coração. Ela se agacha, passa a mão pelas bochechas da criança e depois por todos os fios castanhos de Solar. Como quem não acreditasse que a imagem de Solar fosse real, Chaeyoung olha alguns segundos para a mãe, que movimenta a cabeça positivamente e sorri para ela. E só com esse aceno da mãe, Chaeyoung esboça um sorriso. Parece que ela precisava que alguém confirmasse que ela não estava sonhando.

— Solzinho? - a voz dela sai falha, e meu coração erra uma batida.

— Rosa, a mamãe prometeu e eu tô aqui. - Solar aponta para mim, e os olhos de Chaeyoung acompanham o local que minha filha aponta.

Por alguns segundos eu consigo ver o sorriso de Chaeyoung em minha direção. Os seus olhos brilhando tanto quanto o seu sorriso. Suas bochechas cheias e vermelhas, como se ela estivesse pronta para chorar a qualquer momento.

— Obrigada. - Chaeyoung diz olhando em meus olhos. E a única coisa que eu consigo fazer é sorrir em sua direção.

— Vamos ao Gaon? - senhora Park bate uma mão na outra chamando nossa atenção.

— Oh, eu e a Solar não estamos arrumadas para isso, senhora Park. - ela enruga a testa e eu suspiro. Abro minha bolsa e tiro a caixinha de presente de Chaeyoung de dentro dela - Só viemos deixar o presente aqui. - balanço sutilmente o buquê e a caixa aveludada - Posso trazer a Solar à noite para ficar com a Chaeyoung após o almoço de vocês. Por favor, aproveitem o momento em família. - ouço Alice soltar um suspiro impaciente.

— Acho que você ainda não percebeu que a baby boss é da família. - Alice olha para a irmã abraçada com minha filha. Acabo acompanhando o caminho que os olhos de Alice fazem e sorrio com a imagem das duas juntas.

— Podemos fazer algo que a Solar goste, não é? - Chaeyoung diz após se afastar do abraço - Se sua mãe deixar, você gostaria de passar o dia comigo? - ela ri junto de Solar quando Hank entra no meio das duas.

— A mamãe prometeu que eu ia ficar o dia todinho com você. - minha filha segura o filhote no colo e se aproxima mais da mais velha.

— Então me diz, o que você quer fazer hoje? - o sorriso de Chaeyoung não cabe no rosto de tão grande.

— Parqueeeeee. - minha estrelinha pula com o Hank no colo e uma risada em coro pode ser ouvida.

— Então vamos ao parque. - Chaeyoung pega o Hank do colo de Solar, o coloca no chão, para depois pegar minha filha no colo e se levantar - Você me ajuda a escolher minha roupa? - minha filha confirma freneticamente.

— Chaeyoung. - eu a chamo em um fiapo de voz e ela me olha - Trou...trouxemos isso. - estico as mãos com o buquê e a caixinha com o broche.

— A mamãe não pegou essas rosas da tia Mei. - minha filha coloca as duas mãos nas bochechas de Chaeyoung e a loira ri.

— Ah não? - ela intercala o olhar entre mim e minha filha. E Solar confirma.

— O presente é meu também, Rosa. - a pequena diz com as bochechas infladas.

— Obrigada, meu amor. - Chaeyoung deixa um beijo na testa da minha filha e me olha - Obrigada você também. - ela diz com os olhos fixos no meu.

— Deixa que eu guardo. - o pai de Chaeyoung segura os presentes - Vou colocar a caixa na água e as flores no armário. - ele sorri leve, antes de se direcionar aos corredores em direção a cozinha.

— Eu vou com você. - antes de Alice acompanhar o pai ela me olha da cabeça aos pés.

— Vamos, Hank. - olho para a minha filha no colo de Chaeyoung. As duas já estão no meio da escada, indo em direção ao quarto.

Hank late algumas vezes, antes de subir as escadas com seu rabo balançando como uma criança feliz em dia de festa. Os três tão alegres que me deixam imensamente feliz também.

— Que bom que você veio, Jisoo. - Minjung diz assim que Chaeyoung e Solar somem pelos corredores - Você fez o dia da minha filha ficar mais feliz.

— Eu estou feliz por isso também. - meus olhos se encontram com os dela.

— Vai ficar quanto tempo em Seul? - ela tem um sorriso tão carismático, que me sinto bem em estar ao lado dela.

— Eu voltei para ficar, senhora Park.

— Já disse para me chamar de Minjung, hum? Por favor. - ela sorri, me fazendo sorrir também.

— certo.

— Fico feliz que tenha voltado. - ela coloca uma mão em meu ombro.

— Eu fico feliz de ter voltado. - respiro fundo, tirando um peso enorme de mim - Eu pedi o divórcio ao Soohyun. - Meus olhos encontram o dela - Eu demorei muito tempo para perceber, mas finalmente consegui entender que o meu casamento com o Soohyun, não é o que fará minha filha feliz.

— Fico feliz em ouvir isso, minha querida. - ela sorri - Vou conversar com o Junhyuk para voltar com o processo da guarda da Solar.

— Oh. - não consigo conter a surpresa em minha voz. A forma que a senhora Park se dispõe em ajudar mesmo depois de tudo, é realmente surpreendente. A Chaeyoung realmente teve a quem puxar - Eu não quero incomodar, Minjung.

— Não incomoda, querida. A Solar é parte de nossa família.

— Mas depois de tudo o que aconteceu, eu não quero dar trabalho para a Alice e o senhor Park. - solto um suspiro triste - Eu realmente sei que não fui a melhor pessoa com eles.

— Ah, minha querida. Você não tem culpa. - ela sorri ternura - E mesmo que eles não se sintam à vontade para ajudar, não se esqueça que eu sou advogada também. Então, eu posso ajudar, tudo bem? Se você precisar de ajuda, estou aqui.

— Obrigada, Minjung. - ela sorri abertamente, me fazendo sorrir junto dela.

— Vamos nos divertir hoje e depois pensamos nisso, não é? - ela diz ao ouvirmos passos se aproximando das escadas.

— Acho melhor deixar as duas juntas hoje e eu venho buscá-la mais tarde.

— O que? Por que? - Minjung pergunta imediatamente.

— Elas vão se sentir mais à vontade assim. - dou de ombros. Me dói no peito constatar isso, mas é a verdade.

— Ainda bem que você tem um pouco de senso, ainda mais depois de ontem a noite. - Alice aparece no corredor principal e sorri de lado - Ganhou um ponto a mais por isso.

— Não ligue para a Alice, Jisoo. Ela só está sendo a irmã protetora chata. - a mãe de Chaeyoung diz repreendendo a filha.

— A Solar esperou muito por esse dia. Eu quero que seja o dia perfeito para as duas. - sorrio ao ouvir a gargalhada das duas nas escadas - Eu vou resolver algumas coisas na empresa e depois venho buscá-la. Vai ser melhor assim.

— Ótimo, então estamos combinada. - Alice bate palmas e se aproxima - Eu te levo até a porta.

— Alice! - sua mãe grita o nome dela, e ela revira os olhos.

— Está tudo bem, Minjung. - sorrio de leve - Vou só me despedir da minha filha, Alice. Elas já estão descendo.

— Certo. - ela revira os olhos mais uma vez - Vou ajudar o Dad com o carro então. - a mulher dá de ombros, e sem esperar respostas, sai do local.

— Desculpa, querida. Com o tempo essa mágoa dela passa. - Minjung se desculpa pela filha e eu suspiro.

Os barulhos no segundo andar ficam mais fortes e as risadas juntos com os passos ao descerem as escadas. Meu olhar para em Chaeyoung, assim que ela chega no primeiro degrau, com minha filha em seu colo.

A mulher está com uma calça jeans larga, uma blusa cropped de mangas cumpridas branca com losangos rosas e em sua cabeça uma touca do mesmo pano e cor da blusa. Certamente foi minha filha que a vestiu assim, pois o sorriso largo de Solar ao brincar com o cabelo de Chaeyoung é lindo.

— Está pronta, Solar? - Minjung diz suavemente, esticando os braços em direção a ela, e a pequena concorda.

— Filha, a mamãe vai para o escritório enquanto você vai para o parque com a Chaeyoung, tudo bem? - digo quando a loira coloca a criança no chão. Minha pequena deixa um bico triste nos lábios e caminha até mim.

— Por que, mamãe? - ela diz dengosa.

— Eu preciso resolver umas coisas com o tio Woobin, estrelinha. - abaixo e olho em seus olhos - Eu quero que você faça a Chaeyoung muito feliz hoje. Você consegue fazer isso? - minha filha confirma rapidamente com a cabeça - Consegue ser o presente mais feliz que ela vai ganhar hoje?

— Eu sou o presente dela? - os olhos de minha filha brilham.

— É sim, estrelinha. Por isso você precisa me prometer que será o dia mais feliz que vocês terão juntas.

— Big pink promess. - ela estica seu mindinho e eu entrelaço o meu ao dela.

— Mamãe te ama. - deixo um beijo em sua testa e ela ri.

— Vamos Solar? - a mãe de Chaeyoung segura na mão da pequena - Vamos pegar as coisas do Hank porque ele vai conosco também. - minha filha vibra ao segurar a mão de Minjung, chama o filhote e os três vão na mesma direção que Alice foi anteriormente.

— Obrigada por vir com ela hoje. - a voz de Chaeyoung me chama a atenção, e meu estômago volta a ter aquela sensação de mil estrelas cadentes. Levo meu olhar até ela, e encontro seus castanhos fixos em mim.

— Eu queria que fosse um dia feliz para vocês duas. - o lado esquerdo de seus lábios levanta levemente em um singelo sorriso ladino.

— Não precisava vir de Tóquio para cá só por causa do meu aniversário. - solto um suspiro - Mas de qualquer forma, obrigada.

— Não foi só por isso, Chaeyoung. - dou um passo em sua direção e percebo os seus castanhos vividos se abrirem mais. Seus cílios se abrindo e fechando, e sua respiração pausar - Nós voltamos para ficar. Não vamos mais embora.

Ficamos alguns segundos em silêncio, com nossos olhares fixos uma na outra. Percebo sua respiração curta, sua boca levemente aberta, e suas bochechas levemente avermelhadas. Ela pisca lentamente, antes de balançar a cabeça de leve em um não e dar um passo para trás, se distanciando de mim.

— O...obrigada por trazer ela, Jisoo. - Chaeyoung olha para suas mãos.

— Rosie, será que nós podemos conversar? - ela volta a me olhar. Um olhar tão intenso, que chego a sentir um frio na minha barriga.

— Obrigada por trazer a Solar. Você não sabe o quanto isso é importante para mim.

— Rosie. - dou um passo em sua direção e ela dá um passo para trás.

— Não temos o que conversar, Jisoo. Por favor. - ela meneia a cabeça em um não.

— Chaeyoung. - minha voz sai um sopro e tremida. Ela desvia a atenção para a risada da minha filha que vem do corredor.

— Eu preciso ir. Estão esperando por mim. Obrigada, mais uma vez.

— Você ficou feliz? - Chaeyoung me olha e seu sorriso aparece novamente. Ela balança a cabeça positivamente, enquanto o brilho dos seus olhos voltam.

— Imensamente feliz, Jisoo. A Solar é o meu maior presente. A minha maior alegria.

— Você não sabe o quanto isso aquece o meu coração. - tento dar mais um passo em sua direção, e ela se afasta novamente - Eu só quero que nós...

— Eu preciso ir, Jisoo. - Chaeyoung não deixa que eu termine minha frase.

Meu olhar se encontra com o dela, e nos encaramos por alguns segundos. Tudo o que eu mais quero é correr até ela, mas seu rosto sem nenhuma expressão me congela em meu lugar. Eu sinto um vazio percorrer meu corpo quando ela vira as costas e dá dois passos em direção as vozes na cozinha.

— Você sabe onde fica a saída. - são as últimas palavras dela, antes dela sumir pelos corredores, sem se dar ao trabalho de olhar para trás uma última vez.

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