Eu desacelero a moto em uma rapidez assustadora e olho com raiva para a pessoa que decidiu atravessar quando o semáforo ainda estava aberto.
Ela nem mesmo olhou de volta, só continuou indo na direção que queria.
Para me recuperar do susto, estacionei e continuei seguindo a mulher com o olhar, ela está indo em direção a uma lojinha que na vitrine está exposto vários tamanhos e modelos diferentes de globos de neve. A fachada do estabelecimento era incomum. Mas dava uma impressão que todo dia era Natal, abusava das cores verde, vermelho e amarelo. De uma forma que combinava e ainda dava uma aparência chique ao lugar.
Dá vontade de entrar e tomar um chocolate quente, é um belo estabelecimento.
Franzo o cenho quando observo o cabelo da mulher, os fios de cabelo dela, alguns tons diferentes do moreno que prevalece no resto. O olhar está fixo na vitrine e se vira com um sorriso no rosto dedicado a uma outra mulher que está acompanhando ela.
Meu corpo fica rígido, nunca vi aquele sorriso, mas conheço aquele rosto.
É engraçado o quanto eu a evito e ela continua aparecendo na minha frente, Lisa continua com aquele sorriso, totalmente encantada pela loja.
Um motociclista parado por um tempão encarando uma mulher que por sua vez está encarando uma vitrine cheia de globos de neve, isso está ficando estranho e o tempo para chegar à sede da ULTRA é curto, melhor eu me apressar.
Provavelmente nem deve ter percebido que correu um risco de vida ao atravessar a rua naquele momento. Foi um ato bem imprudente e apesar de eu estar reprovando as ações da Ferraz um pequeno sorriso espalha no meu rosto ao perceber que ela continua sorrindo para os enfeites.
Antes de voltar para pista, percebo que a mulher que está acompanhando-a tem os olhos cerrados vidrados em mim, bom, é hora de ir embora. Ficar parado por um bom tempo pode ter parecido estranho.
Menos de uma hora depois estou na sede da equipe, temos muito o que fazer hoje. Terei um mini ensaio fotográfico, prova do macacão e discutir os últimos detalhes do novo carro que será usado para essa temporada.
Passo pelas grandes portas de vidro e um funcionário vem correndo para me levar em direção ao camarim para a prova do macacão.
Visto a roupa por baixo, coloco a peça única e fecho.
Aviso para os membros da equipe que estou pronto e vêm uma tonelada de gente me analisar.
— O que achou, Liam? — Pergunta a funcionária que está à frente desses detalhes. — Esse, assim como o restante, passou por todos os testes. Talvez você não sinta tantas mudanças, mas trocamos alguns detalhes da aparência do macacão.
— Para mim está ótimo.
Ela dá um sorriso sincero.
Eu não tenho o poder de definir esses detalhes, sendo assim, mesmo que eu não gostasse, não teria muita escolha. Por isso, fiquei surpreso e agradecido por ter sido considerado.
— Que bom, poderia colocar o traje completo para analisarmos? — Ela pergunta educadamente, embora seja uma ordem.
— Você quer dizer o capacete? — Só por via das dúvidas pergunto. Ela assente.
— E a balaclava. — Completa a mulher.
Busco as duas peças e me visto.
Passamos por mais uma série de comentários e análises. Quando finalmente aprovaram o visual, pediram para que eu posasse para algumas fotos.
E assim, fui de um lado para o outro até anoitecer.
Antes de sumir na minha moto e voltar para casa, verifico meu celular.
Preciso falar com você, estou com uma companhia em casa.
Fui olhar o horário que Regan me mandou essa mensagem. Há cinquenta e três minutos atrás.
Posso ir para aí ou quer que eu espere mais um pouco?
Não faço ideia de quem é a companhia e o que eles estão fazendo lá, então aguardo uma resposta. Em menos de cinco minutos ela vem.
Pode vir, estou fazendo a janta.
Nem se anima, é de acordo com sua dieta.
Apesar da mensagem, sorrio já colocando o capacete da moto.
Você cuida tão bem de mim <3
Se manca e vem logo, idiota.
Depois de uma declaração dessas, sigo meu caminho até meu lar.
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— Cara, não surta. — Regan diz colocando apenas o rosto para fora da porta.
— Surtar por quê? — Pergunto desconfiado, tento olhar para dentro do apartamento, mas não vejo nada.
— Ela ainda está aqui.
— Ela quem? — Pergunto e ele olha para trás.
— Então, a nossa vizinha decidiu trazer uns brownies de boas vindas para nós.
— Que gentil, vocês estão ...sabe? — Ele franze as sobrancelhas. Reformulo a frase. — Está seguro para eu entrar?
— Que isso? Acabei de conhecê-la — Diz Regan e depois complementa com algo que parece "bom, mais ou menos".
— Tudo bem, então. — Mas como ele não sai da frente eu continuo. — Vou entrar.
— Estou fazendo pizza, se comporte e jante com a gente. — Fala enquanto abre mais a porta e me concede a passagem.
— Tá bom, mamãe. — Zombo.
Ele lança a mim um tipo de olhar significativo, mas ignoro por não entender a mensagem oculta.
— Essa vizinha... — Começo, diminuindo o tom de voz, apesar de estarmos relativamente longe da cozinha, sabe-se lá se ela consegue nos ouvir.
— Sim? — Regan me incita para continuar.
— Eu acharia ela gata? — Só por título de curiosidade.
— Com certeza. — Ele afirma com tanta convicção que minhas sobrancelhas se erguem.
— Vou tomar um banho rápido, então.
O apartamento possui quatro quartos, duas suítes embaixo e duas suítes principais no segundo andar.
Decidi dividir esse apartamento com meu amigo, pois além de ser muito grande, só vamos estar aqui para negócios oficiais do trabalho, como treinos, testes e outros assuntos que a ULTRA designará para mim.
Regan como meu assistente teria que acompanhar tudo, então fiz a proposta para dividirmos esse apê.
Cada um tem dois quartos, um principal e um aqui embaixo. Esses do primeiro andar, nós separamos para trocas de roupas rápidas, ou então para quando recebemos "visitas". Assim, o outro pode dormir sem escutar ruídos inconvenientes.
Escolho tomar banho aqui, pois se eu subisse para o primeiro andar a vizinha me veria. Já que a escada é bem no meio da sala que divide o ambiente com a cozinha de conceito aberto.
A água do banheiro está morna, me ensaboo, enxáguo e saio do banho. Seco meus cabelos úmidos com a toalha mesmo, passo um perfume, porque nunca é ruim estar cheiroso e escolho as roupas que vestirei.
Acredito que uma calça moletom e uma camisa de algodão branca irá me servir, conferindo percebo que o visual está bem agradável. Antes de sair em direção à sala, abro a janela do banheiro para o local não ficar abafado e estendo a toalha.
Com passos lentos percebo uma mulher sentada na ilha da cozinha olhando para Regan, que por sua vez está conferindo o forno.
Quando a lembrança daqueles cabelos castanhos claros e escuros se torna clara para mim, assim como sua dona, meu olhar encontra o de Lisa.
Oii, aqui está o capítulo 16...
Vizinhos então?
O que acharam da novidade?
Já estavam desconfiando?
Não esqueçam de votar, como bônus o capítulo 17 já está disponível também!
Ps.: Quer uma chance de conseguir alguns spoilers dos próximos capítulos?
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Beijinhos <3