Entre Tubos de Ensaio

By MK0815

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Após se formar em Imunologia pela Universidade de Columbia, em Nova Iorque, Regina Mills recebeu a proposta d... More

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Meu Único Amor

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By MK0815

Emma

— Eu não imaginei que, quando você disse que me buscaria com uma carruagem, fosse aparecer com um carro que tem quase o mesmo tamanho de uma — Regina falou assim que abriu o portão da sua casa. Havíamos combinado que eu a buscaria em casa naquela tarde. 

— Apesar de saber que a Gemma e o Lorde das Trevas são incríveis, eu acredito que eles não aguentariam uma viagem para o interior, ainda mais para o lugar que vou te levar — me aproximei para ajudá-la com sua mala, que ao contrário do que eu imaginei que seria, não era tão grande assim. 

— Acho que estou começando a repensar essa viagem — revirei os olhos enquanto abria o porta malas para guardar suas coisas. 

— Regina, eu não vou te sequestrar e nem vou te levar para o fim do mundo — fechei a porta e caminhei até a lateral do carro, onde a morena estava encostada. 

— Aposto que vai me levar para o meio do mato — fingiu indignação, mas no fundo eu podia ouvir o sorriso em sua voz. 

— Não vou dizer que está errada… — me olhou com os olhos arregalados, realmente surpresa — Mas, não iremos acampar, se é o que está pensando. Aluguei uma casa aconchegante e que irá atender todas as nossas necessidades — pontuei — Eu não sou fã de mato, Regina!

— Muito bem, Swan! Muito bem! — falou e já foi abrindo a porta do passageiro, para se aconchegar no banco. 

— Eu vou te levar para viajar, conhecer um lugar incrível, que vai fazer você se apaixonar e não vou ganhar nem um beijinho? — questionei com o maior bico que pude fazer. 

— Deixa de ser resmungona, Emma! — falou já me puxando pela camiseta. Nossos lábios se encontraram de maneira calma e eu tive a sensação de estar distante daqueles lábios macios há dias, mesmo que a tivesse beijado naquela manhã — Se não pararmos, eu vou mudar de ideia sobre passar horas com você dentro desse carro e vou te arrastar para o meu quarto, Swan! — sua voz rouca e próxima ao meu rosto, fez um frio percorrer a minha espinha ao mesmo tempo em que uma risada leve saiu dos meus lábios. 

— Como desejar, Majestade! — deixei um último selinho em seus lábios e fechei a porta do passageiro, indo em direção ao lado do motorista em seguida. 

— Emma, por que uma Tucson? — perguntou assim que me sentei ao seu lado. Revirei os olhos, mas logo em seguida respondi.

— Tem um lugar em específico, onde eu quero te levar, que é meio complicado de chegar se não tiver com um carro alto e um pouco mais potente que os nossos — falei dando partida. Sabia que Regina não me deixaria fazer muitas surpresas, então a pergunta que me fez, não me surpreendeu.

— Para onde vamos, afinal? 

— Capitólio — foi tudo o que respondi, antes de realmente começarmos a cair na estrada. 

*******

— Eu achei que você gostasse de Sara! — protestei. 

— E eu gosto, Emma! Mas você só escuta More Love. Eu não aguento mais! — enquanto me respondia, Regina já estava desconectando o meu celular do aparelho de som para conectar o seu. 

— Eu não sei do que você está reclamando, já que também só ouve um álbum dela.

— Não! Eu prefiro um álbum, mas ouço todas as músicas dela, porque são todas incríveis — sua voz carregava um tom falsamente repreensivo, que só ela conseguia ter e isso me fez sorrir — Sem contar que já ouvimos muito a sua playlist, então agora vamos ouvir a minha. 

E assim foi. Regina colocou sua playlist que, segundo ela, não tinha Sara e seguimos viagem. Com sorte, não demoraria para chegarmos em nosso destino final e todo o caminho seria feito da forma mais tranquila possível. Chegaríamos lá tarde, mas pelo menos iríamos conseguir descansar para aproveitar bem o final de semana que, na minha cabeça, já estava todo planejado. As músicas eram diversas e enquanto elas preenchiam o carro, nós duas conversávamos sobre coisas absurdamente aleatórias. 

— Não tem como você gostar disso, Regina! — eu não conseguia acreditar no que ela havia acabado de me dizer. 

— Emma, eu sou cientista desde que me entendo por gente. Então, quando eu era criança, ficava fazendo alguns experimentos gastronômicos — Regina tentava manter sua voz séria, mas sua risada entre as palavras a impedia de parecer brava, como eu sabia que queria parecer — Qual é!? Você nunca fez isso? 

— É claro que já, só que misturar batata palha no sorvete já é demais — eu a olhei de canto de olho, demonstrando todo o meu choque com aquela informação. Não aguentei e acabei gargalhando com toda aquela história e Mills me acompanhou — Você é uma mulher muito estranha, Regina Mills! 

— Não, Swan! Eu sou uma mulher única! — me respondeu, enquanto secava as lágrimas que surgiram no canto dos seus olhos e eu concordei silenciosamente. 

A ideia de passar aquele fim de semana longe de toda aquela loucura que estávamos vivendo no último mês, era simplesmente incrível. Eu tinha plena certeza de que aliviaria nossas mentes, cansaria e muito os nossos corpos, enquanto nossos corações iriam se aproximar ainda mais. Eu podia sentir. Um silêncio agradável tomou conta do carro e perdurou por um bom tempo. Nenhuma conversa, nenhuma risada, apenas a voz dela cantarolando as músicas que agora pareciam acompanhar o clima que o fim de tarde carrega. Era estranho estar me sentindo daquela forma, com um sentimento crescendo cada dia mais e ganhando força dentro de mim. 

Estávamos vivendo o cenário perfeito para entender e dizer que se ama alguém; uma viagem leve e muito bem aproveitada, com músicas agradáveis tocando no rádio, enquanto o Sol começava a se pôr. E como se minha mente estivesse conectada diretamente com a playlist que tocava, uma música mais lenta e ridiculamente propícia para o momento, preencheu o carro. Eu a conhecia, mas não imaginava que fosse o tipo de música que Regina gostava de escutar. O cantor iniciou e a morena o acompanhou. 

I remember when I met you/ Eu me lembro de quando te conheci

I didn't wanna fall/ Eu não queria me apaixonar

I felt my hands were shaking/ Eu senti minhas mãos tremendo

'Cause you looked so beautiful/ Porque você estava tão bonita

Um calor subiu pelo meu estômago, enquanto um arrepio frio desceu pelas minhas costas. Aquela letra se encaixava perfeitamente em nós duas e em como as coisas tinham acontecido para nós. 

I remember when you kissed me/ Eu me lembro de quando você me beijou

I knew you were the one/ Eu sabia que você seria o único

Oh, my hands were shaking/ Oh, minhas mãos tremeram

When you played my favorite song/ Quando você tocou minha música favorita

Tirei meus olhos da estrada por alguns segundos, apenas para comprovar o que já imaginava; Regina estava me olhando. Eu não queria quebrar a breve troca de olhares que estabelecemos, mas eu precisava voltar a prestar atenção na pista, então desviei meus olhos. Ainda sentia que a morena me olhava e com a nova estrofe, senti sua mão descansando em minha coxa. 

I don't know why/ Eu não sei o motivo

But every time I look into your eyes/ Mas toda vez que eu olho nos seus olhos 

I see a thousand fallin' shooting stars/ Eu vejo milhares de estrelas cadentes

And yes, I love you/ E sim, eu te amo 

I can't believe that every night you're by my side/ Mal posso acreditar que todas as noites você está ao meu lado

Sua mão fez uma leve pressão na minha coxa, o que me fez olhar na sua direção outra vez. Agora Regina estava com o rosto virado para a janela. O vento batia contra seu rosto e bagunçava o seu cabelo sempre bem alinhado. O óculos escuro enfeitava seu rosto de expressões sempre tão fortes e decididas. Os raios de Sol batiam contra sua pele oliva, fazendo-a brilhar ainda mais. 

Tell me how you do it/ Me diga como você faz isso

I can barely breathe/ Eu mal posso respirar 

With a smile, you get, you get the best of me/ Com um sorriso, você tem, você tem o melhor de mim

And all I really want is to give you all of me/ E tudo o que eu realmente quero é dar a você tudo de mim 

Senti meu coração errar algumas batidas e logo em seguida acelerar. Meu corpo se agitou de uma forma diferente. Eu já sabia que gostava de Regina. Sabia que o que tínhamos era mais do que algo casual. Eu sabia. Sabia que já estava nutrindo sentimentos demais pela morena, mas o que estava acontecendo em meu peito naquele instante, era diferente. 

Tell me how you do it/ Me diga como você faz isso

How you bring me back/ Como você me traz de volta

You bring me back to life/ Você me traz de volta à vida

Then make my heartbeat stop/ E então faz meu coração parar de bater 

I can't take it/ Eu não aguento 

Senti as lágrimas começarem a escorrer involuntariamente pelo meu rosto e de maneira automática, peguei a mão de Regina que estava em minha coxa e a levei até meus lábios, deixando um beijo casto ali. Seus dedos percorreram suavemente minhas bochechas, limpando os rastros das minhas lágrimas. 

Voy a cuidarte por las noches/ Vou cuidar de você a noite

Voy a amarte sin reproches/ Vou te amar sem exigências

Te voy a extrañar en la tempestad/ Vou sentir saudade na tempestade

Y aunque existan mil razones para renunciar/ E mesmo que existam mil razões para desistir 

Promise I'll stay here till the morning/ Prometo que ficarei aqui até de manhã

And pick you up when you're falling/ E te pegarei quando você estiver caindo

When the rain gets rough, when you've had enough/ Quando a tempestade engrossar, quando você se cansar

I'll just sweep you off your feet/ Eu vou te tirar do chão

And fix you with my love/ E te consertar com o meu amor 

— Regina, eu… — tentei dizer algo, mas ela não permitiu que eu continuasse. 

— Eu sei, Emma… Eu também — e sua mão voltou para a minha coxa, agora fazendo um carinho leve, mas cheio de significados para nós duas. Aquele clima pré-estabelecido entre Regina e eu, parecia consistente e inabalável. E eu, realmente esperava que continuasse assim, pelo tempo que fosse possível.

Regina

Senti o toque de Emma em meu braço. Era um carinho leve, quase imperceptível, mas que ainda assim causava arrepios em minha pele. Abri os olhos aos poucos, me acostumando com o ambiente e quando o fiz, me deparei com aquele par de esmeraldas, que sempre me acolhiam e acalentavam.

— Oi, dorminhoca! — falou assim que percebeu que eu já estava despertando. 

— Já chegamos? — perguntei, me sentindo um pouco perdida. Não sabia em que momento da viagem havia dormido. Emma assentiu, respondendo minha pergunta — Você já pegou as chaves? 

— Já sim! Estamos na garagem e eu já levei nossas malas lá pra dentro — sua fala me fez arregalar os olhos. Eu realmente havia dormido tudo aquilo? — Sim, você dormiu bastante, mas não tem problema. Aparentemente, você estava muito cansada.

— Não posso dizer que não estava, mas eu deveria ter feito companhia pra você, Emma! — falei enquanto descia do carro.

— E você fez! Eu adorei observar você dormindo, mesmo que tenha sido pelo canto dos olhos — sorriu e eu a acompanhei — Vem, vamos entrar! — caminhou em direção ao interior da casa e eu a acompanhei. Apesar de simples, era tudo muito aconchegante. As paredes brancas da sala contrastavam com os móveis de madeira escura. Na primeira entrada à direita, ficava a cozinha em estilo americana, dividindo o espaço com uma pequena sala de jantar. Seguindo um pouco mais a frente, ficavam os quartos. Eram três ao todo; dois de solteiro e uma suite, que logo deduzi que era onde estavam as nossas coisas — Você está com fome? — Emma perguntou de algum lugar atrás de mim e só então percebi que ela havia ficado para trás e que eu tinha seguido sozinha até os quartos.

— Na verdade não, mas não seria uma boa ideia dormir de estômago vazio, então se tiver algo leve para comermos… — ela assentiu e me deixou sozinha outra vez. Respirei fundo, tentando não deixar minha mente ser tomada por tudo o que deixamos na capital e apesar de sentir que algo estava acontecendo, eu não poderia simplesmente pegar o carro e dirigir de volta. Também não poderia me esquecer das palavras de Fiona. Ela cumpriria o que me prometeu, disso eu não tinha dúvidas.

— Enquanto não estiver aqui, farei o que eu puder para protegê-los, Regina. Mas, você sabe que eles irão se aproveitar da sua ausência — evidenciou algo que eu já sabia, mas ouvir aquelas palavras fez um frio passar pelo meu corpo. 

— Eu sei! Sei que eles irão dar início a seja lá o que estão planejando com eles… — respirei fundo — Mas, você precisa cuidar deles, Fiona! — ela assentiu — Precisa me prometer que fará o possível para amenizar as coisas.

— E eu prometo, Regina! Farei o que puder

Balancei a cabeça tentando afastar aqueles pensamentos, pois focar neles no momento não iria me ajudar em nada. Na verdade, só iria me atrapalhar. Precisava esvaziar minha mente para conseguir pensar com clareza nos próximos passos e em tudo que faríamos quando voltássemos para a capital. Tinha muita coisa em jogo e eu tinha plena certeza que um passo em falso estragaria tudo. Até o momento, tudo estava acontecendo conforme eu imaginava e meu plano continuava intacto, sem qualquer percalço e assim deveria prosseguir. Decidi me distrair arrumando a cama que iremos compartilhar, enquanto Emma mexia em algo para comermos. Passei um bom tempo relembrando as horas que dividimos dentro do carro, as conversas, as risadas, as implicâncias e aquela música que se encaixou tão bem em nós, fazendo algo em mim se remexer de um jeito diferente. 

— Regina! — sua voz me despertou do meu devaneio, me causando um sobressalto — Acho que não tem mais o que arrumar nessa cama, ela está perfeita — riu e eu a acompanhei — Vem, eu encontrei algumas coisas na fruteira e ajeitei uma salada de frutas pra gente.

— Você? Comendo frutas, Swan? — perguntei com as sobrancelhas franzidas. 

— Eu como frutas, tá legal!?

— Sem estarem cobertas por chocolate ou algo absurdamente doce? Nunca tive a honra de presenciar — impliquei e isso a fez revirar os olhos. 

— Às vezes, eu abro algumas exceções e eu imaginei que você não fosse querer comer nada mais pesado que isso. A minha primeira ideia foi uma salada de alface ou algo do tipo, mas não temos nada assim na geladeira, então as frutas foram a melhor saída — um sorriso largo surgiu em meus lábios sem que eu me desse conta. Quando foi que aprendemos tanto assim sobre a outra? Eu realmente não sabia dizer quando aconteceu, mas tinha certeza que não queria que fosse de outra forma. 

— Vamos, Swan! Preciso ver com os meus próprios olhos o milagre que é você sendo uma pessoa minimamente saudável — vi seus olhos se revirando outra vez antes de eu arrastá-la para fora do quarto. 

*******

Não fazia muito tempo que eu havia acordado, preparado um café e seguido para a pequena varanda que havia na cozinha. Na verdade, minha vontade era continuar dormindo, mas meus pensamentos acelerados não me deixavam mais pregar os olhos. Sem contar, é claro, naquela pele clara e aconchegante em contato com a minha, que fazia tudo se tornar cada vez mais intenso. Passar as noites com Emma tinha se tornado meu ponto de tranquilidade e paz, e apesar de me assustar um pouco, também me confortava. 

Que eu estava apaixonada já não era segredo, mas aquele sentimento pulsando dentro de mim, e cada vez mais forte, cada vez mais vivo e em constante expansão, não era paixão. Não podia ser. Apesar de intenso, não era avassalador. Era calmo, sereno e acolhedor. Suspirei, sentindo a brisa tocar o meu rosto. Tomei mais um gole do meu café e ajeitei a blusa fina que cobria meu corpo. 

— Você sabe bem o que isso significa, Regina! — pensei alto, enquanto sentia meu peito se aquecer. 

— Falando sozinha, Dra.? — os braços de Emma me envolveram num abraço firme e eu pude sentir meu corpo respondendo ao contato. Não só meu corpo, aliás. Parecia que tudo em mim respondia a Emma Swan. Sorri quando seus lábios deixaram um beijo casto em minha bochecha e ainda sem se afastar, ela prosseguiu — Bem que eu ouvi dizer que cientistas muito inteligentes, uma hora acabam enlouquecendo. 

— Sendo assim, somos duas desvairadas, Dra. Swan! — com a minha mão livre a puxei, fazendo-a se sentar em meu colo — Bom dia! 

— Bom dia! — me respondeu e deixou um selinho em meus lábios — Faz tempo que acordou?

— Trinta minutos, no máximo — tomei mais um gole de café, enquanto acariciava seu braço — Você estava dormindo muito tranquilamente, não quis acordá-la. Depois de todas aquelas horas dirigindo, aposto que você deveria estar exausta. 

— E eu realmente estava, mas dormir abraçada com uma certa morena recarregou as minhas energias e eu fico feliz por isso, pois irei precisar delas — os sorrisos de Emma eram sempre brilhantes, mas os que ela direcionava pra mim e, em especial, o que estava me brindando naquele instante, eram estonteantes. 

— E quais são os seus planos? 

— Primeiro, iremos tomar café com o que temos aqui — conforme falava, erguia um dedo, como se não quisesse se esquecer de nada — Depois iremos ao mercado, precisamos abastecer esses armários ou eu não irei durar muito — rimos de sua fala e ela prosseguiu — E depois, levarei você para almoçar em um lugar especial. 

— Parece que alguém já tem tudo muito bem planejado — falei e a loira concordou. No momento que iria levar a xícara aos lábios outra vez, Emma a tirou da minha mão e sorveu um gole. 

— Credo, Regina! — fez uma careta absurdamente agradável — Como consegue beber isso? 

— É o que me motiva todas as manhãs, Emma! — respondi com um sorriso no rosto, enquanto Swan seguia com sua careta — E bom, você sabe, não tem como amargar algo que já é amargo. 

— Para de falar besteira, Regina! — me deu um leve tapa no braço e se levantou — Vamos comer, eu estou morrendo de fome! 

Levantei e juntas fomos para a cozinha, preparar um café rápido, mas que pudesse nos sustentar. Durante a refeição, conversamos mais sobre o lugar que Emma queria me levar e eu realmente fiquei curiosa para conhecê-lo. Swan dizia que eu iria me apaixonar por cada detalhe e que, sem a menor dúvida, iria querer voltar ali. Após falarmos sobre seus planos, falamos sobre os meus e isso trouxe à tona um assunto que Emma sempre pontuava. 

— Eu não confio nela, Regina! — falou firme. 

— Eu sei, Emma! Mas é ela que temos para essa parte do plano e eu confio nela — cortei uma fatia da maçã que estava comendo e levei à boca. 

— Você e a Ruby confiam muito nela… — bufou e eu revirei os olhos — Eu sei que tudo isso pode ser ciúmes pela minha melhor amiga e um pouco de receio por sua causa, mas não vou deixar de desconfiar dela até que ela me prove que merece isso. 

— Você está no seu direito, Swan e ninguém pode falar o contrário — ficamos em silêncio por um tempo, até Emma quebrá-lo. 

— Se conhecem há muito tempo? — perguntou. 

— Bastante! 

— E alguma vez ela… — parou sua fala na metade, se mexendo incomodada — Ela já…? — a interrompi. 

— Não! E se em algum momento houve a intenção, foi apenas da parte dela, eu nunca me interessei — quis sorrir com sua questão, mas permaneci séria.

— Certo! — respondeu de forma carrancuda e que não deixava margens para seguirmos com aquele assunto e eu nem queria. Estávamos ali para aproveita, descansar e passar um tempo tranquilo juntas e era exatamente isso que iríamos fazer. 

Após o café, ajeitamos a cozinha e fomos nos arrumar para ir ao mercado, que não ficava muito distante da casa que Swan alugou, mas mesmo assim fomos de carro. Como ficaríamos só até o dia seguinte, não precisaríamos comprar muita coisa, pensei. Mas, descobri que quando o assunto é Emma Swan e comida, realmente não dá para achar que as coisas estarão "dentro do padrão". Voltamos para casa e enquanto eu organizava nossas compras, Emma foi tomar um banho e se arrumar. Demorei um pouco no processo e quando adentrei o quarto, ela havia acabado de sair do banheiro. 

— Já sabe o que vai vestir? — perguntei assim que adentrei o cômodo. 

— Algo confortável e fresco, sem a menor dúvida — falou, deixando um beijo na minha bochecha, assim que passou por mim — E eu sugiro que faça o mesmo — assenti e segui para o banheiro. 

Enquanto me despia e adentrava o box, ouvi Emma colocar uma música para tocar. Eu não a conhecia, mas logo nas primeiras falas, pude perceber que, assim como a que ouvimos no caminho, aquela também parecia estar querendo mostrar algo para mim… Para nós. 

"Você, transparente, sem cartas na manga
Sem truque, mas com magia no olhar"

Passei um tempo prestando atenção na letra daquela música e muita coisa começou a fazer sentido. Meus pensamentos e meus sentimentos começaram a fazer sentido, e eu pude começar a  nomear o que estava pulsando em mim. Sem perceber, terminei o banho e deixei o box para trás. E quando o fiz, Swan estava na porta do banheiro, olhando em minha direção. 

— Você costuma ficar assistindo as pessoas tomarem banho, Emma? — perguntei enquanto me enrolava na toalha e seguia em direção a pia, para escovar os dentes.

— Depende! — se aproximou um pouco mais de mim — Se for uma mulher extremamente inteligente, determinada e que tem um cicatriz no lábio superior, então sim — se aproximou mais, parando atrás de mim. 

Nos olhamos através do espelho e então passei a prestar bastante atenção em suas roupas. Emma trajava um shorts jeans preto um pouco folgado em suas coxas e uma camisa de linho branca, com as mangas dobradas e os botões abertos. Por baixo da camisa, pude ver o sutiã preto que sustentava seus seios. Aquela visão me causou arrepios e, involuntariamente, mexi minhas pernas um pouco incomodada. Desviei meus olhos dos seus apenas para enxaguar a boca e quando voltei a olhá-la, Swan percorria meu corpo com o olhar.  

— Foco, querida! Meus olhos estão aqui em cima — falei chamando sua atenção e então nossos olhares se encontraram outra vez, me fazendo estremecer ao perceber o quão dilatadas estavam suas pupilas. 

— Você é linda, Regina! — segurou minha cintura com firmeza e me fez virar de frente para o seu corpo. Uma de suas mãos tocou meu ombro, enquanto a outra subia em direção a toalha, na intenção de tirá-la do meu corpo. 

— Achei que estava com fome, Swan! — a rouquidão presente na minha voz, já entregava o que aquela nova atmosfera estava fazendo comigo. 

— E você não imagina o quanto — Emma me despiu, deixando a toalha cair no chão e voltou a olhar para todo o meu corpo, como se tentasse gravar cada mínimo detalhe — Regina, você… — a interrompi.

— Vai ficar apenas apreciando a vista, Swan? — questionei com uma das sobrancelhas erguidas e com um sorriso de lado no rosto. Minha resposta, fez o que já estava aceso dentro de Emma gritar ainda mais, incentivando-a a me erguer e me sentar no mármore da pia. Reclamei pelo contraste de temperatura e antes que a loira avançasse contra os meus lábios, voltei a falar — Emma, eu ainda estou molhada…

— E? — perguntou já direcionando seus lábios para o meu pescoço.

— Sua camisa… — respondi entre suspiros. Swan tirou a blusa, sem se afastar do meu corpo e a deixou na pia, ao meu lado. 

— Melhor agora, Majestade?  

— Muito melhor! — enlacei sua cintura com as minhas pernas e colei nossos corpos, tomando seus lábios logo em seguida em um beijo ávido. Enquanto nossas línguas disputavam por espaço, minhas mãos se livraram do sutiã de Emma e logo nossas peles se tocavam com mais liberdade, arrancando um gemido baixo de nós duas. 

Swan me ergueu sem muito esforço e me levou de volta para o quarto, me deitando bem no centro da cama. Antes de deixar seu corpo cobrir o meu, Emma se livrou do shorts e da calcinha que ainda cobriam seu corpo. Seu olhar sobre mim era faminto, mas carregava algo a mais. Algo que tinha certeza que eu mesma carregava. Passamos alguns minutos apenas nos beijando e deixando nossos corpos se tocarem onde podiam. A cada segundo ao lado de Emma e, naquele momento, a cada novo toque seu, eu sentia que algo crescia e se expandia sob minha pele. Algo além de todo o desejo que ela despertava em mim. Era como se os nossos corpos dissessem mais do que de costume, como se tentassem externalizar o que, aparentemente, já estava mais do que certo dentro de cada uma. Eu não tinha pressa e pelo visto, Emma também não, por mais que pudesse sentir nossos corpos implorar por alívio. Minhas mãos adentraram seu cabelo, enquanto as suas me seguravam pela cintura com firmeza e cuidado. 

— Emma… — a chamei, fazendo-a olhar em meus olhos. Me perdi por um instante e pude ver surgir em suas íris, todo o sentimento que eu sentia percorrendo o meu corpo — Eu… — a loira me interrompeu com um beijo casto. 

— Depois… — me beijou outra vez — Agora me deixa só… Só sentir você, Regina! — não respondi, mas não foi preciso. Voltamos a nos beijar, agora num ritmo mais calmo e cadenciado. Senti meu desejo crescer e antes que pudesse falar ou pedir algo, Emma se manifestou — Eu preciso ter você ao mesmo tempo que você me tem — falou já se deitando de lado e eu a acompanhei. Ficamos de frente uma para a outra, mas em posições invertidas e então eu entendi o que ela pretendia; um 69. 

Deixamos nossas pernas esquerdas erguidas e flexionadas, dando acesso livre e total para nossas intimidades. O primeiro contato foi intenso e nos fez suspirar profundamente. Aos poucos, fomos cadenciando e sincronizando nossos ritmos, o que acabou tornando tudo ainda melhor e mais intenso. Não demorou muito para que os nossos corpos começassem a dar indícios de que iríamos atingir o ápice e com nossos músculos contraindo, para logo em seguida relaxarem, gozamos juntas. Nossas respirações eram o que preenchia o silêncio daquele quarto e parecia que estavam longe de se normalizarem. Me sentei, na intenção de me deitar ao lado de Emma, mas ela me impediu e mesmo sem dizer uma palavra, eu entendi. Swan se encaixou entre as minhas pernas, fazendo nossos sexos se encontrarem e começou a se movimentar contra mim, criando uma fricção gostosa entre nós. 

Nossa lubrificação aumentava mais a cada movimento nosso e quanto mais ela aumentava, mais sentiamos vontade de nos sentirmos daquela forma. Eu sabia que não faltava muito para Emma, como também não faltava muito pra mim. Swan mexeu o corpo um pouco mais, ajustando nossa posição, fazendo com que nossos rostos ficassem um pouco mais próximos e me beijou intensamente. Sentir seus lábios e sua língua tão juntos aos meus de forma tão lenta e envolvente, enquanto nossos pontos de prazer se encontravam e se reconheciam, foi demais pra mim. Com mais uma ou duas reboladas, explodi num orgasmo intenso e levei Emma junto comigo. 

— Uau! — Swan falou entre suspiros e sem se afastar de mim. Um de seus braços envolveu minha cintura, enquanto seu corpo se inclinava mais em minha direção, na intenção de me envolver num abraço e assim ficamos por bons minutos. Quando nos afastamos, apenas o bastante para que pudéssemos olhar nos olhos uma da outra, eu vi lágrimas prontas para saírem e assim que elas seguiram seu curso pelo rosto alvo à minha frente, eu senti que em meu próprio rosto acontecia o mesmo. A atmosfera que nos envolveu foi algo novo e diferente de tudo que eu já tinha experimentado na vida. Era como se as palavras saíssem de nossas bocas, mesmo que não estivéssemos dizendo nada — Regina… 

— Tá tudo bem, Emma! — deixei um beijo casto em seus lábios, tentando fazê-la entender que ainda não era o momento, apesar de tudo estar corroborando para que fosse. E, pelo visto, Emma entendeu. 

— Na hora certa… — sorriu e me beijou outra vez — Precisamos de outro banho — falou mudando de assunto, mas sem se afastar e quebrar o clima entre nós.

— Se prometer que vamos apenas tomar banho, você pode ir comigo — acariciei sua bochecha enquanto lhe fazia a proposta. 

— Prometo! Meu corpo precisa de energia — rimos e logo em seguida nos levantamos. 

E como dissemos, foi apenas um banho. Aproveitamos para lavar nossos cabelos, buscando nos refrescar ainda mais. Quando saímos, Swan voltou a vestir a roupa que estava antes e acrescentou um tênis preto ao look, deixando-a despojada e ainda mais linda. Seguindo sua linha de raciocínio, tive a ideia de vestir algo semelhante ao que Emma usava, então coloquei um shorts de lavagem clara, uma camisa de linho azul escura e um mocassim na mesma cor.

— Regina Mills descendo dos saltos! Quem diria! — Swan falou assim que me viu calçando os sapatos. 

— Apenas dos físicos, querida! — pisquei em sua direção antes de colocar o óculos escuro e sairmos do quarto — O lugar onde vamos é muito distante daqui? 

— Não! — falou abrindo a porta de entrada para que eu passasse — Fica um pouco depois da entrada oficial da cidade — fechou a porta atrás de si e destravou o carro. Entrei no lado do passageiro e logo Emma estava sentada ao meu lado.

— Acho melhor irmos logo, Emma! Você me deixou faminta! — Swan apenas riu da minha fala, enquanto abria a garagem e saía com o carro em seguida. 

Passamos por algumas ruas da cidade, mas logo alcançamos a parte deserta, onde só víamos vegetação por todos os lados e seguimos pela Estrada do Dique, por aproximadamente 20 minutos. Me repreendi por ter dormido na viagem e perdido toda aquela paisagem. Na rádio tocava uma música que eu não conhecia, mas que embalava bem o clima em que estávamos inseridas. Mergulhei tanto em meus pensamentos e observações, que nem percebi que o carro havia parado até que Emma me chamou. 

— Vamos? Já chegamos! — apenas assenti e descemos do carro. A quantidade de automóveis ali já indicava que o restaurante estava começando a encher. 

Respirei o ar livre e limpo daquela área e observei a minha volta. O céu estava sem nenhuma nuvem, enquanto o Sol brilhava forte, potencializando a leveza daquele lugar. Logo à esquerda de onde deixamos o carro, havia uma espécie de galpão com um brasão que indicava que ali eram produzidas cervejas artesanais e ao lado o nome do restaurante; Kanto da Ilha. Senti os dedos de Swan se entrelaçando aos meus e a mesma nos conduziu por um caminho ladeado por alguns coqueiros e em determinado ponto, havia um banco de madeira, que ficava de frente para uma plantação de batatas - pelo o que parecia. Admito que quando Emma falou que eu iria me apaixonar por aquele lugar, eu não acreditei, mas estando ali e apreciando a linda vista que tínhamos do lago, que depois descobri que se chama Lago de Furnas, e do horizonte, eu entendi o porquê dela ter dito o que disse.  

— Esse lugar é lindo, Emma! — falei ainda apreciando o ambiente. 

— Eu disse que você iria se apaixonar! — revirei os olhos apenas por implicância, mas em meus lábios mantive o sorriso largo.

Ao final do caminho em rampa que seguimos, havia uma escada que dava acesso ao primeiro espaço daquele ambiente, onde ficava o bar e as mesas. Não haviam paredes, tudo era cercado por portas de vidro, fazendo a iluminação ser natural e deixando o vento leve tornar tudo mais aconchegante. O piso de madeira escura se misturava com o tom do balcão, tornando-se quase uma coisa só. Atrás do mesmo, inúmeras garrafas de bebida enfeitavam as prateleiras. E pelo salão, onde estavam dispostas as mesas, haviam garrafas penduradas ao teto, tornando aquela decoração ímpar. Emma me conduziu para uma mesa mais afastada. Logo após a área descoberta, tinha uma pequena passarela e no final dela havia uma espécie de píer, que separava uma mesa das demais e foi exatamente ali que nos sentamos. 

— Boa tarde! — um garçom nos saudou e nós o respondemos — Já conhecem nosso cardápio? — Swan assentiu e a deixei conduzir a conversa — E qual será o pedido? 

— Uma Salada do Kanto e um Prime Burger — falou enquanto ainda olhava o cardápio — E para acompanhar, um Old Fashioned e uma cerveja artesanal Scarpas — ele anotou os nossos pedidos e se retirou. 

— Posso saber o que pediu pra mim, Emma? 

— Uma salada tradicional com croûtons, molho especial e frango grelhado — sorriu ao me explicar — E pra beber um drink à base de whisky. 

— Ótimas escolhas, Swan! — pisquei e Emma sorriu ainda mais — Como conheceu esse lugar? 

— Da mesma forma que conheci o shopping que fomos naquele dia — rimos — A viagem estava programada, porque eu precisava espairecer e a Ruby achou essa cidade. Estávamos procurando algum lugar para aproveitar a noite e nos indicaram esse restaurante, mas como pode imaginar, nós nos perdemos — deixei uma gargalhada escapar e Emma revirou os olhos — Depois de alguns bons minutos e quase desistindo, encontramos esse lugar, mas a princípio eu achei que fosse algo privado, porque parecia surreal demais para ser um lugar público. 

— Preciso concordar, é realmente um lugar muito bonito e absurdamente agradável — falei e logo em seguida, o garçom voltou com nossas bebidas. Enquanto esperávamos nosso almoço, nos perdemos em assuntos aleatórios e que não faziam o menor sentido. 

— Você é realmente uma mulher peculiar, Regina Mills! 

— Eu gosto de fazer experiências com comida, Emma. O que eu posso fazer? — dei de ombros e bebi mais gole da minha bebida, que aliás era maravilhosa — E devo dizer que, a maioria dá super certo e que vale a pena experimentar — Swan negou com a cabeça e nossos pratos chegaram. 

Enquanto comíamos, a loira me falou um pouco mais sobre como foi a viagem com Ruby até ali e contou também sobre algumas outras. Ali, naquele momento, com Emma sorrindo tão abertamente ao me contar sobre suas aventuras, enquanto apreciamos a linda vista e a boa companhia uma da outra, parecia que nada além daquilo importava. Naquela mesa, compartilhando aquele momento com Swan, parecia que não existia nada capaz de nos atingir, nada capaz de abalar ou revirar nossas vidas. Ainda com um sorriso largo moldando seu rosto, Emma fez com que os seus olhos encontrassem os meus outra vez e aquele mesmo brilho se fez presente. Meu corpo reagiu àquela troca de olhares da mesma forma que havia sido das últimas vezes; implorando para que tudo o que estava dentro de mim fosse exposto. Praticamente gritando tudo o que eu já sabia existir entre nós, tudo o que os nossos últimos momentos deixaram mais do que evidente. No par de esmeraldas, eu vi anseio e também receio. Encontrei compreensão e certa excitação. Eu sentia, e também via, que aquele era o momento propício e mesmo tendo a chance de estar errada, eu não deixaria aquela oportunidade passar. Não outra vez. Meu coração precisava daquilo. Precisava que eu colocasse pra fora algo que já era tão certo por dentro. 

— Eu te amo, Emma! — falei de uma vez, mas sem pressa na voz e sem desviar do seu olhar. As lágrimas se fizeram presentes nos cantos dos olhos de Swan e um sorriso radiante rasgou seu rosto. 

— Eu também te amo, Regina! 

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