A Garota do All Star Azul || ✔

By YdGoes

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"Ela era definitivamente a garota mais estranha que conheci! Mas foi a mais incrível." 2022 Ares do Campo, Go... More

INÍCIO E PERSONAGENS
EPÍGRAFE
CAPÍTULO 01: Bruxas verruguentas e diretoria
CAPÍTULO 03: Atrasos e skates caros
CAPÍTULO 04: Garotas grudentas e pais fanfiqueiros
CAPÍTULO 05: Festas na piscina e cantores de quinta
CAPÍTULO 06: Bicicletas vagabundas e muralha da China
CAPÍTULO 07: Futuras profissões e cavaleiros do século XX
CAPÍTULO 08: Um crush no Roberto e vermes na barriga
CAPÍTULO 09: Karaokês improvisados e a flecha do cupido
CAPÍTULO 10: Torneios de skate e Buzz Lightyaer
EPÍLOGO: Cinturão de ouro e um salto azul anil
CAPÍTULO EXTRA: Flashbacks e pezinhos de bisnaga
AGRADECIMENTOS
PRÊMIOS 2023

CAPÍTULO 02: Espiões e primeiros encontros

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By YdGoes

— Eu estou quase morrendo de fome aqui! – Jogo a cabeça para trás e coloco as mãos sobre o rosto, exausto.

Fazem algumas horas que as aulas da manhã acabaram e eu resolvi procurar a dita cuja que meu pai deu a ideia. Bufo e começo a procurar meu celular na bolsa da escola.

Pelo o que eu me lembre ou já ouvi falar, tanto faz, Francisca de Fátima sempre vem aqui na pista de skate passar um tempo com os amigos estranhos. Porém, quando eu preciso dela, ela não está aqui.

— Eu disse que esse plano era ridículo! Meu pai deve ter batido a cabeça ou sido abduzido por um óvine do Batman! Onde já se viu? Eu tendo que andar com a neta estranha da bru... – Paro de falar e meus dedos ficam parados em cima do app do Piano Tiles, quando ouço vozes próximas.

Olho de esguelha em direção às vozes e, como estou deitado no chão, largado como uma largatixa descamada de baixo do sol, a primeira coisa que vejo é um all star azul tão surrado que não sei como ainda não desbotou. Ergo as sobrancelhas e começo a observá-la.

A garota vestia um short jeans com alguns adesivos azuis colados, contrastando com a pele achocolatada; uma blusa azul-bebê por cima de outra listrada de mangas longas branca e azul; e uma bucket hat azul escuro o qual cobria os dreads castanhos que batiam no busto mediano.

Meu Deus.

Pra que uma pessoa usa tanto azul? Levanto uma sobrancelha, mas coloco o celular na frente do rosto numa tentativa de tentar disfarçar minha "análise", enquanto finjo estar mexendo no aparelho, como se a tela de fundo do Pantera Negra fosse a coisa mais interessante do mundo.

— Deveria tentar, Fa! Vai que tia Be deixa?! – Agora, a voz do garoto ressoa e ela parece ficar um pouco apreensiva. Acanhada até. Mas ri.

Pera aí, "tia Be" é a bruxa verruguenta? Levanto as vistas discretamente para o "casal".

— Tem razão. Não custa tentar. – Diz e dá de ombros não muito esperançosa por sei lá o que.

O loiro dá um empurrãozinho no ombro dela e amarra o cabelo sedoso — que provavelmente cuidava melhor que minha mãe e que usa produtos mais caros que meu celular — num rabo de cavalo baixo.

Ele definitivamente parece um surfista. Daqueles de filme que toda garota bobinha quer, mas que fica com a mocinha nova da cidade que nunca pegou numa prancha de surf na vida. É, esse é o Eduardo. Melhor amigo da Fátima e desejado por todas as garotas de Ares do Campo.

Então, num movimento descontraído, Eduardo passa um daqueles braços enormes por cima do ombro da garota que, ao lado dele, fica bem menor.

Nunca tinha reparado que Fátima era baixa... Olho para o celular e começo a mexer na calculadora para não ficar tão óbvio. Mas, obviamente, continuo ouvindo a conversa.

Ah, já tinha esquecido: o surfista é repetente e consequentemente mais velho. Ou seja, o cara é o dobro do meu tamanho e muito mais bonito também. Mas, cá entre nós, eu só tenho dezesseis anos e ele dezessete. É muito mais normal que ele não sofra com a mudança de voz, nem com a estatura mediana e a "desprovição" músculos.

Apesar que o karatê me deixou menos magrelo. Fiquei bonitinho até. Mas nem se compara com o Eduardo que faz academia desde os catorze anos. Reviro os olhos.

O cara tem sorriso Colgate, mano! Parece um pedaço de coco!

Franzo as sobrancelhas ao notar eles andando em direção à pista de skate e a voz se distanciando. Então, tentando aguçar minhas habilidades investigativas, me sento no chão.

— Quer comer algo primeiro ou está preparada para perder a aposta? – O surfista pergunta olhando para o rosto de Fátima que nem se quer retribui. Ela está concentrada demais em chutar as pedrinhas do chão mal feito pela prefeitura.

Fátima responde algo, mas eu não consigo mais ouvir e nunca fui o melhor leitor de lábios dessa vida. Meleca!

— João Pedro? – Alguém me chama e me sobressalto no lugar. — Ei, calma cara! Só fiquei surpreso de te ver aqui na pista. Não imaginava que gostava de skate. Você sempre foi mais fã de lutas. – Enzo, um outro amigo se Fátima, fala rindo do meu susto e trato-me logo de levantar.

— Ah, como vai, Enzo? Eu só estava... estava... tomando um sol! Pegar uma corzinha, sabe?! Ficar mais corado. – Sorrio amarelo na esperança que o ruivo caia nessa desculpa esfarrapada, digna de terceira série.

Enzo franze as sobrancelhas, mas ri.

— Ih, cara, vou te acompanhar então. Meu médico disse que tô precisando de vitamina C, semana passada. Trouxe até protetor solar, quer? – Pergunta já tirando o frasco roxo do bolso e passando a gosma branca no braço como se fosse uma manteiga no pão.

— Não, valeu. Já tô de saída. – Respondo pegando minha bolsa. É melhor eu ir. Esse plano de papai vai dar muito errado. Eu dou um jeito de recuperar minha nota em outra coisa.

— Então tá legal. Até mais... Eduardo! Fátima! Eae, meu povo? – Grita o nome da dupla de antes, quando estava me virando para ir. Arregalo os olhos e trato de apressar meus passos para que não dê tempo de me verem.

João? O famoso João Pedro, é você? – Paro no lugar e giro os calcanhares o mais devagar possível para conter minha vergonha, já que voz do surfista dourado é bem audível e não tenho uma nova desculpa.

— Eduardo! Como vai, cara? Quanto tempo a gente não se vê... – Coloco as mãos no bolso da calça jeans.

O surfista sorri com aqueles dentes perfeitos, vindo em minha direção com uma Fátima e Enzo, que mais parecia o Fantasminha Camarada de tanto protetor no rosto.

— É verdade... Você está no primeiro B, né?! Nem dá mais pra gente conversar sobre como o Flamengo é melhor que o Vasco.

— Aonde? Sai fora, Eduardo! – Debocho e qualquer vergonha anterior vai embora. O surfista ri e começa a falar sobre como está sendo o primeiro trimestre de aula no primeiro A e que ganhou sei lá quantas competições de boxe só nas férias, enchendo a bola para si mesmo. Concordo em tudo com murmúrios.

De tempos em tempos, olho de esguelha para Fátima que está rindo de Enzo que ainda insiste em passar aquele troço na cara. O ruivo tenta contradizer, mas ela mostra o celular e ele se vê. Não demora muito para que ambos riam.

Porém, a garota entra em crise de riso fazendo os olhos quase se fecharem e ao ponto de inclinar a cabeça para trás, deixando o pescoço longínquo parcialmente a mostra graças a blusa de manga-londa. Suas mãos repousam sobre a barriga para se conter, o que obviamente não dá certo. Covinhas meigas aparecem em suas bochechas que ressaltavam seu sorriso bem alinhado e dono de dentinhos iguais aos da Mônica. Para completar a cena, o sol batia sobre ela, deixando a pele negra com um aspecto brilhoso e reluzente, como se fosse ouro...

Fátima não era das garotas mais "corpudas" que já vi, na verdade, era meio magra, mas era muito bonita. Ela parecia uma boneca de porcelana com aqueles olhos castanhos escuros curiosos que se encaixavam perfeitamente ao rosto redondinho e bem delineado. O narizinho largo, muito parecido com o meu, deixava-na com um rosto angelical e travesso ao mesmo tempo.

— Terra pra João? João? Ei, cara! – Eduardo estrela os dedos na minha frente e só aí percebo que já tinha parado de prestar atenção no falatório dele a muito tempo.

Pisco algumas vezes e olho no seu rosto, que estava meio confuso. Ele olha pra trás, mas agora Fátima e Enzo já estão um pouco mais distantes.

O surfista franze as sobrancelhas e olha pra mim e pra lá várias vezes com uma expressão estranha. Então, faço minha melhor cara de paisagem. Ele não precisa saber que estava observando a melhor amiga dele mais do que gostaria.

— Mas eae? – Pergunta e quem franze as sobrancelhas sou eu. — A pergunta que te fiz, cara. Por que você veio aqui?

— Ah, isso... Olha, vou ser sincero. Tô precisando de umas monitorias de português e me disseram que Fátima era boa. Só queria saber se ela podia... Você sabe. Dar aulas. – Eduardo adquiri uma expressão compreensiva, mas fica sério de repente.

— Não sei se ela estaria disposta a isso... Vamos ter uma competição em dois meses e nosso tempo já anda corrido com a escola. Acho que isso só tiraria o foco da Fa e...

— Meu foco? Como assim? – Ela pergunta entrando no meio da conversa e fica ao lado de Eduardo, mas de frente pra mim.

Nem havia percebido sua aproximação!

Agora que estamos a uns três ou quatro passos de distância, posso falar com propriedade que Francisca de Fátima é baixinha. A garota batia abaixo do meu ombro e olhava pra mim com aquelas petecas castanhas a espera de uma resposta. Eu até faço o movimento de abrir a boca para respondê-la, mas o surfista entra na minha frente, explicando.

Deixo que ele se expresse como quiser e a garota o ouve com atenção, mas seus olhos de vez em vez olham para mim de cima a baixo como se me analisasse, fazendo-me engolir em seco.

Apesar de não termos muito contato, já nos vimos nos corredores da escola, mas nenhum dos dois se deu ao trabalho de dar um "oi" ou "bom dia". Porém, espero que a garota tenha compaixão do pobre coitado que sou, porque eu preciso dessa nota.

Não posso reprovar em Língua Portuguesa! Meus pais me matariam.

— Tá bom. – Responde e eu e Eduardo ficamos sem entender.

— "Tá bom" o que? – Não me seguro e pergunto. O surfista olha pra ela também esperando uma resposta.

— Eu dou as aulas de monitoria pra você. Podemos definir o preço depois. Mas... que dia você está livre? – Pega um caderninho e uma caneta do bolso do short jeans e anota alguma coisa.

— Hum... Todos os dias até as 17h. – Ela concorda e termina de escrever. Então, arranca o papel e me entrega.

— Todas as informações estão aí. Começamos segunda-feira. Tudo bem por você? – Seus olhos estão um pouco mais fechados graças ao sol, mas sua expressão é decidida. Tão decidida que não poderia recusar.

Foi mais fácil do que pensei...

— Claro! – Sorrio e ela retribui.

— Ótimo! Vem Dudu! Você perguntou se estava com fome e agora vai ter que me pagar um churros. – Puxa o braço musculoso do loiro pra longe, onde deduzo ser uma loja se doces. Só agora percebo que "Dudu" está com uma cara de tacho e bem surpreso com a reação da amiga. Dou de ombros.

Prefiro focar no fato de que meu problema está parcialmente resolvido. Agora, é só conquistar a velha e tudo está pronto.

Tiro o celular do bolso e vejo que já são 16h45. Arregalo os olhos e me viro em direção à rua, correndo. Minha aula de karatê começa em 15 minutos e, se vacilar com o horário de novo, seu Amaro corta corta meu pescoço!

Porém, antes de pegar minha bicicleta e ir, olho o bilhete da garota estranha:

"Endereço:
Bairro das Laranjeiras, Rua Santo Antônio.
Casa azul, n° 12.

Esteja na minha casa às 14h em ponto."

🥋🛹

Pitico reparando na futura namoradinha 😪
Hihihihi

O que acharam da Fafa? E do Edu e do Enzo? 👀

Bom, até semana que vem e não esqueçam se votar!

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