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By olimpia_valdez

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๐จ๐ง๐ž, choice
๐ญ๐ฐ๐จ, had not notice
๐ญ๐ก๐ซ๐ž๐ž, fair
๐Ÿ๐จ๐ฎ๐ซ, liar
๐Ÿ๐ข๐ฏ๐ž, fault
๐ฌ๐ข๐ฑ, fear
๐ฌ๐ž๐ฏ๐ž๐ง, empty promises and apologies
๐ž๐ข๐ ๐ก๐ญ, count on me
๐ง๐ข๐ง๐ž, audience
๐ญ๐ž๐ง, sober
๐ž๐ฅ๐ž๐ฏ๐ž๐ง, illusory euphoria
๐ญ๐ฐ๐ž๐ฅ๐ฏ๐ž, hope
๐ญ๐ก๐ข๐ซ๐ญ๐ž๐ž๐ง, trust
๐Ÿ๐จ๐ฎ๐ซ๐ญ๐ž๐ž๐ง, invisible barriers
๐Ÿ๐ข๐Ÿ๐ญ๐ž๐ž๐ง, jealousy
๐ฌ๐ž๐ฏ๐ž๐ง๐ญ๐ž๐ž๐ง, relapse
๐ž๐ข๐ ๐ก๐ญ๐ž๐ž๐ง, shame
๐ž๐ฌ๐ฉ๐ž๐œ๐ข๐š๐ฅ, 50k!
๐ง๐ข๐ง๐ž๐ญ๐ž๐ž๐ง, save him
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ, mirror
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐จ๐ง๐ž, time traveller
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐ญ๐ฐ๐จ, good luck
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐ญ๐ก๐ซ๐ž๐ž, useless
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐Ÿ๐จ๐ฎ๐ซ, favorite person
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐Ÿ๐ข๐ฏ๐ž, selfish
๐ž๐ฌ๐ฉ๐ž๐œ๐ข๐š๐ฅ, 100k!
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐ฌ๐ข๐ฑ, darkness

๐ฌ๐ข๐ฑ๐ญ๐ž๐ž๐ง, failed love

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By olimpia_valdez






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Quando Senju se mudou de San Diego para Los Angeles, no início do nono ano do fundamental, ela não esperava que conheceria as pessoas mais importantes da vida dela. A ideia de trocar de cidade foi muito mais porque Sanzu estava indo para UCLA cursar química e ela não queria ficar sozinha em casa com os pais. Na época, Takeomi já morava na capital californiana, começando a trabalhar em uma empresa focada em investimentos internacionais, então não foi muito difícil para Senju o convencer de a deixar morar com ele.

A relação entre os três irmãos foi muito turbulenta principalmente na infância da platinada, quando a própria influência da mãe dos dois era extremamente forte sobre eles, fazendo com que a raiva do casamento fracassado também fosse direcionada para a mais nova. Porém, com o passar do tempo e maturidade sendo adquirida, acabou que muitas das barreiras estabelecidas entres eles foram sendo derrubadas, o que possibilitou muitas mudanças na dinâmica da família.

Claro que as marcas se repercutem até hoje, existem assuntos e situações que não são mencionados por nenhum dos três, mas todos são gratos pela relação que possuem atualmente. Inclusive, foi difícil para Senju ver Sanzu voltar para San Diego, tinha se acostumado com a rotina dos três sempre juntos para qualquer coisa, mas entendia os motivos dele, queria seguir os sonhos ao lado dos amigos e ela também não poderia se sentir mais feliz por ele, vendo o restaurante ficar cada vez mais famoso e reconhecido.

No meio de tantas coisas que aconteceram depois que se mudou para Los Angeles, Senju conseguia claramente definir quais eram as suas favoritas, tanto entre momentos quanto pessoas e, com toda a certeza, o loiro que andava ao lado dela é uma delas. Mikey estava em completo silêncio, mesmo que segurasse a mão da mais baixa com uma certa quantidade de força.

Os dois andaram um pouco sem rumo pelo complexo da universidade, somente sentindo o vento fresco do início do outono os atingir, a música da festa nem era mais um eco e sim algo completamente distante. Nesse tipo de situação, Senju não sabia o que realmente fazer, nunca tinha lidado com algo assim, tanto no sentido de um relacionamento com Mikey quanto em relação a um vício. Inclusive, mesmo que ele não tivesse falado na hora o que estava acontecendo, sabia que o pedido de saírem dali foi em questão do próprio ambiente, algo que deveria ser trabalhado com extremo cuidado.

A temporada de futebol começou com força, de forma que praticamente tivessem um jogo toda semana até o início de dezembro, seria um desafio constante. Já sabendo disso, e até mesmo usufruindo do tempo que passaram caminhando em silêncio, Senju se viu já pensando no que poderia fazer para tentar ajudar, com certeza falaria com você sobre isso depois, principalmente para os jogos que seriam em outras cidades. Uma possibilidade seria usar o próprio "relacionamento" dos dois como desculpa para ficarem escapando das festas, mas ela até já imaginava que Mikey ficaria incomodado em algum momento.

Complexo, uma palavra que poderia representar de forma muito objetiva a situação que as vidas de todos vocês se encontram.

Senju estava tão perdida nos próprios pensamentos que mal percebeu quando Mikey parou de andar, somente sentindo o braço ser puxado de leve para trás.

Ao virar a cabeça na direção do loiro, o encarou com atenção, percebendo para onde ele estava olhando, o local de treino do time de futebol americano, onde tinha contado para ela que estava tentando ficar sóbrio de verdade.

— Você quer entrar aí? — Senju perguntou, quebrando o silêncio da noite.

Mikey a olhou por alguns segundos, até que concordasse com a cabeça.

— Você tem a chave?

— Não aqui, tá no meu quarto — ele respondeu e Senju suspirou, encarando o portão metálico trancado.

— Então como você quer fazer isso?

— Já ouviu falar sobre a palavra "invasão"? — a platinada riu, principalmente quando o clássico brilho apareceu, nem que poucos segundos, nos olhos de Mikey.

O loiro se desvencilhou do toque de Senju e andou na direção do portão, olhando atentamente a estrutura até que achou o que estava procurando, uma pequena falha na grade. Não tardou para simplesmente começar a escalar, o que fez com a platinada balançasse a cabeça em negação, somente observando a cena.

— Parece que você já tem uma boa experiência nisso.

— Você não faz ideia de quantas vezes esqueci o meu celular aqui dentro e tive que fazer isso pra buscar.

— Mas não é só pedir para o Scott abrir?

— Assim, ele literalmente vai direto pra casa depois da maioria dos treinos — Mikey respondeu, ao se sentar no topo do portão — Então eu vivia fazendo isso até ele me dar uma cópia da chave.

— Uma decisão sensata eu diria.

A risada de Mikey ecoou e Senju sorriu ao ouvir o som, ela adora esses momentos em que parecia que nada o tomava, ele simplesmente sendo o "Manjiro".

— Já volto, princesa — avisou, antes de virar para o lado de dentro e simplesmente sumir dentro do complexo.

Senju se viu parada na frente do portão, somente observando a calmaria que esse lado do campus se encontrava, praticamente não tinha uma pessoa ali, somente as poucas luzes de iluminação dos postes traziam alguma ideia de companhia. Até que ouviu barulho de passos e de um possível molho de chaves, o que logo comprovou ser verdade.

A figura de Mikey voltou aparecer no campo de visão dela, rodando no indicador o chaveiro reserva que Scott sempre deixava no escritório que tinha ali, possuindo todas as chaves das dependências que o time utilizava. O capitão logo procurou a chave que abria o portão e destravou a tranca, abrindo uma fresta para que Senju passasse, fechando a estrutura em seguida. Voltou a entrelaçar os dedos com os da platinada e a guiou pelo complexo tomado pela escuridão da noite, somente com a lanterna do celular trazendo alguma claridade, não queria ligar as luzes dos refletores e acabar iluminando o campo de treino.

Senju não questionaria o que Mikey estava fazendo. Na verdade, estava até mesmo tentando entender, mas as suas ideias acabaram quando viu que estavam, agora, entrando no próprio campo, com a grama recém cortada aparecendo embaixo dos pés. Seguiu Mikey até o centro e o viu sentar e indicar para que ela fizesse o mesmo.

— Então o seu plano é ficar sentado no meio do escuro? — ela perguntou com um claro tom de brincadeira na voz.

— Acho que "ficar deitado" é a resposta certa — Mikey respondeu, depois de rir fraco da pergunta da garota.

Respirou fundo antes de se inclinar para trás e sentir a textura da grama recém cortada nas costas, por causa do tecido relativamente fino da camiseta branca. Levou o olhar até Senju, que o claramente o olhava confusa. Por causa da falta de iluminação, conseguiam ver muito pouco do rosto de cada um, mas ele imaginava claramente a forma como ela provavelmente o encarava, o cenho franzido e o lábio inferior sendo mordido de leve.

— E por que "deitado"? — perguntou, ao se render e deitar, se aconchegando contra o peito dele, sentindo, em seguida, um braço a envolver.

— Olha pra cima.

Ao levar os olhos para o céu, demorou um pouco para entender o que Mikey queria dizer, mas foi só se acostumar ainda mais com a falta de iluminação que a realização bateu.

As estrelas.

O céu está limpo, completamente sem nuvens, e mesmo que ainda estivessem no meio da cidade, mais especificamente próximos de uma das regiões mais badaladas da cidade, a famosa Beverly Hills, naquela pequena bolha, no meio daquele campo de treinamento, as estrelas pareciam brilhar ainda mais forte.

— Devo imaginar que você faz muito isso aqui, não é? — a voz dela saiu como um sussurro e Mikey instintivamente a apertou um pouco mais contra o próprio corpo.

— Naquele dia que te chamei aqui, tentei olhar as estrelas, mas não conseguia ficar parado. Então liguei os refletores e até mesmo comecei a dar voltas pelo campo, sei lá, tentar liberar a ansiedade, mas não deu certo também.

— E aí você me ligou.

— Isso.

Senju assentiu com a cabeça e levou o olhar para Mikey, erguendo o rosto um pouco, observando a mandíbula marcada e o olhar perdido nos pontos brilhantes acima dele.

— Você não respondeu duas coisas que eu te perguntei hoje.

— Quais?

— Bem, a primeira foi ainda no jogo, porque eu sei que aconteceu alguma coisa e você me disse que ia me contar depois — Senju começou a explicar e se ergueu, ficando por cima e apoiando os antebraços no peito de Mikey — Já a segunda é se você está bem.

Mikey suspirou, sentindo a atenção daqueles olhos azulados sobre si, se pudesse, poderia ficar os observando pelo resto da vida.

— O Izana estava no jogo hoje.

— É sério? — perguntou, levemente desacreditada.

— Seríssimo — riu fraco — E ele veio falar comigo.

— Minhas opiniões sobre o seu irmão aumentam a cada dia que passa.

Agora, Mikey realmente riu, deixando que a risada preenchesse tanto o campo quanto o peito de Senju, que começou a brincar com a ponta de uma mecha solta do cabelo do loiro.

— Estou falando sério, Manjiro! O que logo ele tem que falar com você?

— Não sei te dizer ao certo, até agora não entendi o que ele realmente quis com aquela conversa.

— Mas vocês conversaram sobre o que?

— Ele veio me questionar porque eu não estava jogando como antes.

— Em que sentido? — Senju perguntou, um pouco temerosa pela resposta.

— Como eu não estava concentrado e esse tipo de coisa e, sinceramente, não é como se eu mesmo já não soubesse disso.

— Você respondeu alguma coisa pra ele?

— Assim, conta eu simplesmente jogar na cara dele que sou um viciado?

O tom de Mikey foi ácido e Senju suspirou, conseguia sentir a irritação fluindo pelo corpo do mais alto.

— Você não precisava dar satisfação pra ele.

— Eu sei... — agora foi ele quem suspirou — Mas já estava de saco cheio de falar com ele e dizer logo a verdade deu um basta nas coisas. Faço a mínima ideia do que ele vai fazer com essa informação, só espero que não abra a boca pros nossos pais.

— Não acho que o Izana vá fazer isso. Ele também não fala com eles, né?

— Até onde eu sei, ele continua não falando.

Senju assentiu com a cabeça e aproveitou para encostar, momentaneamente, a testa contra a de Mikey, sentindo os braços dele a apertarem ainda mais.

Entre todos vocês, de uma forma geral, o único que tem uma relação boa e estável com ambos os pais é Chifuyu, alguém que teve apoio em relação a todas as escolhas na vida desde o início. Levando essa afirmação em consideração, Mikey e Emma não fogem muito da "regra", de forma que nenhum dos gêmeos fale ou converse com os pais há anos. Depois da morte de Shinichiro, as coisas mudaram drasticamente, principalmente depois do divórcio de ambos e a própria briga que se deu por causa da herança do Sano mais velho, que deixou nada para os pais em seu testamento, mas tudo para os irmãos.

Foram tantas brigas desnecessárias por causa de dinheiro que os outros três filhos cortaram relações com os pais, não existia algo que poderia os fazer suportar o desgaste que era todas as vezes em que se encontravam. Às vezes, tinha momentos que nem parecia que eles perderam um filho, mas sim uma fonte de renda, o que acaba sendo uma triste verdade.

Com isso, foi uma decisão fácil para Emma e Mikey comprarem dos pais, usando parte do dinheiro da herança, a casa em que viviam em Bel Air, tendo agora os nomes de ambos na escritura. Nenhum deles, incluindo Izana, que na época já morava em San Diego, queriam que eles vivessem em um lugar repleto de memórias de Shinichiro, não possuíam mais esse direito.

Atualmente, a mãe deles se mudou para Nova York, onde parte da família dela mora, e o pai continuou na Califórnia, mais especificamente em San Francisco, não tinham mais motivos para ficarem em Los Angeles. Seria mentira dizer que os irmãos Sano não se afetam com isso, a perda de um irmão e depois a destruição da própria família, mas o tempo acaba sendo uma espécie de remédio para várias coisas, mesmo que algumas feridas ainda estivessem abertas e demorando para cicatrizarem.

— Agora, você tem que responder a minha outra pergunta.

— Princesa...

— É sério, Manjiro. Igual eu te falei no jogo, é pra você ser sincero consigo mesmo também.

— Isso é mais difícil do que parece — rebateu.

— Não aja como se eu mesma já não soubesse disso.

Mikey sentiu o impacto dessa frase vindo logo dela, não conseguindo sustentar o olhar.

Hoje, com certeza, está sendo um dia que parecia que ele estava escutando as coisas de uma forma diferente ou, pelo menos, começando a entender as pequenas coisas que o circulavam dia e noite. Talvez fosse o fato de que estava se permitindo ser vulnerável, compreender que ele possui um limite e que também quer ser alguém melhor para todos que estão ao seu redor, principalmente a garota de olhos azuis que é a dona do seu coração.

Ouvir tal frase de Senju é uma coisa que Mikey não pensou que machucaria tanto, principalmente por se lembrar o que foi o ensino médio dos dois. Mesmo mais cinco anos depois, as consequências de vários tipos de problemas ainda se propagam, o transtorno alimentar da platinada é um deles. O auge foi bem no segundo ano do ensino médio e não foi uma época fácil e até hoje é algo que às vezes volta, a preocupação de Olívia, por exemplo, não é sem motivo.

— Eu não quis supor isso — ele sussurrou — Desculpa.

— Tudo bem — Senju sorriu fraco — Eu falei essa "dica" pra você por experiência própria. O primeiro passo você já fez, que é aceitar que tem um "problema" e que quer resolver, mas a próxima etapa é você admitir que não está bem com tudo isso. Não precisa fingir que "está bem" logo pra mim.

Mikey assentiu e respirou fundo, voltando a encarar nos olhos.

— Estava quase surtando lá na festa — tentou ser o mais sincero possível — Sei lá, no início estava bem, mas depois foi chegando mais gente e todo mundo já começou a ficar bêbado e sabe, a cozinha estava a poucos metros de mim — doeu admitir a última parte, falar em voz alta que sentiu vontade de usar.

— Por que não comentou comigo antes? Eu te falei que você não está sozinho.

— Porque você estava se divertindo, dançando como se não houvesse amanhã. Eu não queria estragar isso também.

Senju sentiu o coração ao se apertar ao ouvir cada uma das palavras ditas para si, principalmente no "também". Não era justo tudo o que acontecia, uma interminável ondas de problemas e confusões que pareciam que os perseguiam de todos os lados, nada parecia que daria certo. Porém, ela faria questão de que o que ela tem com Mikey não entraria nessa lógica.

— Mesmo que não acredite, você tem um dos corações mais puros que eu conheço.

— Mas...

— Nem tente me contestar. Você sabe muito bem como sou uma cabeça dura.

— Isso é sério, princesa?

— Muito sério, tão sério quanto o tanto que sou apaixonada por você.

Senju riu quando percebeu como Mikey tinha ficado bem envergonhado pelo o que ela tinha falado, gostou de saber como afetava o cara mais "desejado" do campus.

— Você me quebra desse jeito, princesa.

— Vai ter que aprender a lidar com a verdade.

Você é impossível.

— Mas você gosta.

— Pra caralho.

Mikey sorriu quando sentiu os lábios dela se encontrando com os dele, não demorando a pedir passagem com a língua, sentindo o clássico gosto de morango invadir a sua boca, junto com uma leve essência de gin. Céus, ele é apaixonado pelo beijo, cheiro, voz, corpo, personalidade. Tudo, ele é apaixonado por tudo que Senju é, desde as perfeições até as imperfeições, mesmo que ela as odiasse com toda a força.

— Obrigado — ele disse, depois que se separaram e colocou uma mecha rebelde do cabelo dela atrás da orelha, não deixando de deixar um carinho na bochecha.

— Pelo o que?

— Por não ter desistido de "nós", mesmo que eu sempre te desse vários motivos pra isso.

— Eu realmente gosto de você, Manjiro. Não acho que algo possa acontecer ao ponto de me fazer parar de ser louca por você.

— Admite logo que sou irresistível.

— Na verdade, você é extremamente convencido.

Mikey soltou uma risada alta e Senju escondeu o rosto contra o pescoço dele, sentindo o perfume dele invadir as narinas, quase como se a preenchesse de todas as maneiras possíveis.

— Quero te contar uma coisa — ouviu a voz dele.

— O que?

— É segredo, viu? É algo que o Shin colocou na minha cabeça.

Ao ter o nome do mais velho mencionado, Senju voltou a erguer o rosto, encontrando os olhos escuros de Mikey a encarando, refletindo uma profundidade que nunca tinha visto antes.

Ela assentiu com a cabeça e viu como o loiro parecia se preparar para falar aquilo, reviver alguma memória que tinha com o irmão.

— Você acredita em reencarnação? — Mikey perguntou e Senju franziu as sobrancelhas.

— Assim, nunca parei muito pra pensar sobre isso. Por que a pergunta?

— Quando eu era mais novo, acho que com uns nove anos, o Shin me fez essa mesma pergunta.

— Mas isso é uma pergunta que se faz para uma criança?

Mikey riu da constatação de Senju, não poderia negar e dizer que ela não está certa.

— Na cabeça do meu irmão, com certeza era. Acabou que né, por eu ser uma criança na época, não consegui responder, mas aí ele me explicou o básico da ideia, que é a volta da alma para o mundo depois da morte.

— Mas por que ele te perguntou isso?

— Sendo bem sincero, eu não sei direito até hoje, o Shin nunca quis me explicar de verdade. Porém, ele me disse naquele dia que se um dia ele morresse e pudesse escolher como voltaria em uma reencarnação, gostaria de poder voltar como um cavalo selvagem.

— Ele te disse o significado da escolha? — perguntou, curiosa.

— Não diretamente, mas acabou que ao longo dos anos eu entendi, principalmente depois que ele se formou na faculdade. Mesmo que ele amasse o futebol, se sentia preso à ideia de ser um jogador. Quando voltava pra casa, sempre fazia coisas que não tinham nada haver com isso, como ficar arrumando a moto e sair andando com ela por aí. Então acho que ele queria se sentir livre em algum momento, sem responsabilidades ou algo do gênero.

— Acho que entendi também, mas posso aproveitar e te perguntar uma coisa?

— Claro.

— E você? A sua alma voltaria de que forma?

— Como elas — Mikey indicou com uma das mãos para o céu.

— Estrelas?

— Isso.

— Posso saber o porquê?

— Elas sempre estão ali, mesmo que de dia nós não as enxergamos. Elas observam tudo de volta e meio que sabem de tudo também, gosto da ideia de sei lá, partir, mas mesmo assim continuar de olho nas coisas que deixei, ser eterno de alguma maneira. Além de que elas são brilhantes.

Senju riu da última parte, combinava tanto com ele pensar desse jeito que chegava a fazer arrepiar.

— E você, princesa? — foi a vez dele perguntar — Como você gostaria de voltar?

— Nunca tinha pensado nisso antes, mas acho que talvez lírios.

— As flores?

— Isso.

— Por que?

— Bem, tem o fato de que elas são as minhas flores favoritas...

— Informação anotada!

— Idiota — Senju riu, depois deixando um selinho nos lábios de Mikey, que sorriu.

— Mas também porque elas murcham.

— Como assim?

— Diferente de você que tem meio essa ideia da beleza da eternidade, eu tenho uma ideia um pouco diferente. Quando os lírios, ou qualquer flor, desabrocham, é um momento lindo, o auge da beleza, mas a graça, e até mesmo o fato pelo qual nós amamos as flores, é que em algum momento elas vão murchar.

— Seguindo essa lógica, é a ideia de saber valorizar os momentos?

— Isso, exatamente isso — Senju sorriu — Eu não sei se quero ficar pra sempre em algum lugar, ainda tenho a vontade de conhecer o mundo. Então, se eu fosse uma flor, eu saberia que tinha aproveitado tudo que é de bom da vida e que poderia "ir", mesmo que significasse perder a minha "beleza".

— Nunca tinha pensado sobre isso.

— Esse é o tipo de coisa que minha mente pensa no meio da aula.

— E ainda consegue tirar acima de nove em tudo.

Senju simplesmente balançou a cabeça em negação e suspirou ao abaixar a cabeça, voltando a esconder o rosto contra o pescoço de Mikey, se sentia tão confortável ali que nem conseguiria explicar. A sensação de estar nos braços dele agora é completamente diferente de antes, uma época que existia uma barreira, um medo, colocado entre os dois, mas agora tudo está livre, os sentimentos estão livres.

— Na semana que vem, quando tiver o próximo jogo, se você sentir a necessidade de sair da festa, nem que seja no primeiro minuto, me avisa.

— Certeza?

— Certeza — confirmou, deixando um beijo no pescoço dele — Podemos voltar pra cá, ir pro meu dormitório. Existem muitas possibilidades.

— Na real, eu tive uma ideia.

— Qual?

— Vou te levar em um encontro.

— Estou presenciando Manjiro Sano sendo romântico?

— Por você, eu faço até a serenata mais brega do mundo.

Senju não conteve a risada, por simplesmente saber que essa afirmação é verdade.

Por ela, somente ela, qualquer coisa valeria a pena.

— Eu aceito o encontro, mas espero que me surpreenda.

— Já vou me preparar para pegar as dicas com o último dos românticos, Keisuke Baji.

— Até hoje não superei o pedido de namoro que ele fez pro Chifuyu.

— Se brincar, no pedido de casamento vai até ter fogos de artifício.

— Realmente não duvido disso, mas acho que não vai ser ele quem vai pedir.

— Sério? Você acha que vai ser o Fuyu?

— Aham.

— Quer apostar?

— Vai se inspirar no Scott e na Olívia? — Senju perguntou, se erguendo e se sentando na grama, de forma que Mikey a imitasse.

— Um pouco. Não pode me dizer que não é divertido.

— Tá, você tem um ponto — revirou os olhos — Dez dólares?

— Dez dólares.

Em vez de fechar a aposta com um aperto de mão, Mikey se inclinou e beijou Senju, segurando o rosto dela com ambas as mãos. Se pudesse, ficaria assim com ela por toda a eternidade, ter momentos em que não se sentia péssimo por simplesmente existir e trazer problemas para aqueles que estavam ao seu redor, poder simplesmente estar ao lado da garota que é apaixonado.

— Vou começar a fazer mais apostas com você — ela disse ao terminarem o beijo e Mikey riu, a abraçando de lado.

— Acho válido nós fazermos infinitas apostas.

— Gostei muito da ideia.

Se há quase cinco anos atrás, contassem para o Mikey da época que hoje ele estaria com Senju, mesmo que de uma forma ainda não oficial, ele provavelmente riria e não acreditaria. Porém, essa é a realidade e uma que gostava com todas as forças e que tentaria manter a qualquer custo, se sentia feliz ao lado dela, como se pertencesse a isso.

Os dois continuariam ali no meio da escuridão do campo de treinamento por um bom tempo, simplesmente conversando sobre os mais diversos assuntos, inclusive com Mikey ensinando para Senju como achar algumas das constelações que tinha aprendido com Shinichiro. Paz, uma palavra que representa o que Mikey sentiu naquele tempo, longe do caos que a fraternidade se encontrava com a festa.

Quando o auge da madrugada chegasse e Senju não conseguisse mais esconder o frio que sentia, os dois acabariam voltando para a Toman, encontrando resquícios de uma festa ainda acontecendo, mas ignorariam, subindo as escadas na direção no quarto do loiro.

Existem situações como essa que mostram e representam mudanças, ou pelo menos as tentativas de as realizar, e essa noite, além de uma comemoração da vitória pelo jogo, significa o exato momento em que Mikey percebeu que quando estivesse sóbrio, poderia curtir de verdade a vida, não só com Senju ao seu lado, mas com todos os amigos.

Essa é a motivação dele, poder realmente viver com aqueles que sempre estiveram ali por ele e que, agora, é a vez dele de fazer jus às amizades e sentimentos que possui.



(...)



Uma coisa que é quase tão antiga quanto o ser humano é o ciúmes, um "tipo" de sentimento tão confuso que chega a ser algo quase inexplicável.

Quando Blake fala que o ciúmes é irracional, ele não está completamente mentindo, realmente não é racional, surge do nada, queima como fogo e por pouco não acaba com qualquer autocontrole possível. Porém, ele também não está certo de maneira completa, principalmente por causa do motivo pelo qual ele fala isso logo pra você.

Para ele, acaba que o ciúmes se torna uma justificativa, algo que pode o livrar de qualquer erro perante a possessividade que sente em relação a você, desde o seu corpo até aos seus pensamentos. No início, mais de dois anos atrás e quando ficou com você pela primeira vez, foi quase como um desafio que criou consigo mesmo, conseguir ficar com a melhor amiga de Kazutora Hanemiya e Manjiro Sano, algo que realmente o divertiu na época por tentar. Entretanto, ele não pensou que você seria tão incrível, tão apaixonante.

Blake realmente ama você, mas com o tipo de amor tóxico que não só o corrói, mas principalmente você, que acabou se tornando um alvo e a válvula de escape preferida. O moreno não saberia dizer qual foi o momento em que começou a sentir tanta intensidade em relação a você, foi como uma realização dentro dele, perceber o tanto que você é boa pra ele e que se sentia bem por ter você, por você ser dele.

Porém, parecia que isso estava mudando e Blake nunca gostou de mudanças, gostava de padrões e constâncias.

Quando ele acordou, a primeira coisa que fez foi virar para o lado e te encontrar ainda dormindo, com o lençol da cama sendo a única coisa que cobria o seu corpo. Um sorriso surgiu no rosto dele ao ver parte do seu pescoço descoberto, evidenciando os chupões que ele tinha feito na noite anterior, afinal, ele tem o direito de marcar o que é dele, não é? Só não tinha ainda colocado um anel de compromisso no seu dedo porque estava esperando os dois anos de namoro, que aconteceriam daqui poucos meses, mais especificamente em janeiro.

Você seria dele de uma forma ou de outra.

Saiu da cama e fez a rotina matinal de sempre, incluindo tomar uma ducha rápida e vestir uma cueca limpa e uma calça de moletom azul marinho, e não demorou para voltar a se sentar no colchão, apoiando as costas na cabeceira e pegando o celular, que carregava em cima da cômoda de madeira escura que ficava ao lado. Passeou pelas mais diversas notificações, desde mensagem de grupos até dos próprios pais, as quais Blake prontamente ignorou, não queria saber deles. Então, rumou para o Instagram e ele não conseguiria descrever o que sentiu quando os stories de Kazutora apareceram.

Já tinha visto os seus, principalmente o do vestido, o qual tinha odiado com força. Para ele, o seu corpo não era pra ser mostrado para todos de tal maneira, esse era um "direito" só dele, só ele podia te ver vestida daquele jeito. Porém, essa "raiva" não se comparou com a que sentiu ao ver a foto que Kazutora tinha colocado nos stories, junto com a música Better, Khalid.

Você sorria, olhando para câmera, e tinha o corpo praticamente colado com o de Kazutora, que tinha ficado levemente atrás, de forma que o braço esquerdo dele envolvesse a sua cintura, mas diferentemente de você, ele não olhava para Draken, que tirou a foto. O olhar dele estava no seu rosto e, mesmo que não fosse um sorriso de orelha a orelha como o seu, ele sorria de canto, com o olhar brilhando na sua direção.


You say we're just friends
(Você diz que nós somos só amigos)
But I swear when nobody's around
(Mas eu juro que quando ninguém está por perto)

You keep my hand around your neck
(Você deixa a minha mão ao redor do seu pescoço)
We connect, are you feeling it now? 'Cause I am
(Nós nos conectamos, está sentindo
isso agora? Porque eu estou)


Por que você parecia tão feliz nessa foto? Por que logo com Kazutora?

Bem, se nem você tinha entendido o que sentia em relação ao próprio melhor amigo, é pedir muito para que logo Blake fosse entender ou minimamente te compreender ou escutar. Além disso, não é de hoje que o seu namorado se incomoda com algumas das suas amizades, principalmente as masculinas de Mikey e Kazutora. Você sempre rebateu que realmente eram só seus amigos, mas então, por que o Hanemiya te olhava desse jeito?

Com o mesmo olhar que o próprio Blake tem em relação a você.

Isso ficaria na mente do seu namorado por um bom tempo e não seria uma implicância boba ou algo do tipo, afinal, o amor de Blake não é o de Kazutora, é simplesmente tóxico por natureza. O problema em si, até se pensar de forma ainda mais incisiva, não é nem o ciúmes, muitas pessoas não gostariam de ver seus respectivos namorados ou namoradas em fotos com uma pessoa que os olham com desejo, mas sim a possessividade que se desenvolveria disso.

Blake foi somente parar de encarar o telefone quando sentiu o colchão mexer, levando o olhar até você, que parecia começar a acordar. O moreno respirou fundo, deixou o celular na cômoda e voltou a se deitar direito na cama, entrando debaixo do lençol, e aproveitando para te puxar para perto, envolvendo o seu corpo com os braços.

— Bom dia — ele sussurrou contra a sua orelha e você sorriu, ainda com os olhos fechados.

— Bom dia — respondeu de volta e pareceu que ele te apertou ainda mais — Estou com surpresa por você ainda estar na cama.

— Quis te esperar hoje.

— Algum motivo especial? — perguntou, abrindo os olhos, e se deparando com a imensidão azul que te observava atentamente.

— Além de querer ficar grudado com a minha namorada? Acho que não.

Você soltou uma risada e se mexeu, se espreguiçando o máximo que conseguia com o aperto de Blake ainda sobre o seu corpo. Não iria mentir para si mesma e dizer que não tinha estranhado acordar e o seu namorado ainda estar na cama, tinha se habituado a praticamente acordar sozinha todas as vezes que dormia na Valhalla.

Aproveitou que estava começando a despertar e se ergueu, deitando por cima do corpo de Blake, passando o indicador pelos contornos do rosto dele.

— Tem algo de errado? — você perguntou e ele negou com a cabeça, mesmo que algo gritasse dentro de você que a resposta dele foi uma mentira.

Você conteve a vontade de suspirar e desviou o olhar, encarando o relógio da cômoda, que marcava quase dez e meia da manhã.

— Realmente não tem algo de errado? — voltou a perguntar e viu uma espécie de irritabilidade aparecer nos olhos dele.

— Eu já falei que não tem.

— Então por que eu olho pra você e sinto que tem?

— Porque você é paranóica e não acredita em uma palavra que eu digo.

— Eu acredito no que você fala!

— Então por que está insistindo nisso?!

— Porque eu me preocupo com você, Blake! — suspirou e viu os olhos azuis vacilarem — Entre todas as pessoas do mundo, você sabe que eu sou quem mais se preocupa com você. Eu falei isso ontem, que a gente não conversa e fica por isso! Eu não posso mais me preocupar com você?

— Claro que pode, mas...

— Mas o que, Blake?! — você o interrompeu, sentindo o peito queimar — Não tem motivo que possa te impedir de me fazer parar de me preocupar simplesmente com a pessoa que eu amo.

Blake não conseguiu sustentar com você e acabou se deparando com a foto de vocês dois no Havaí, praticamente as férias perfeitas, sem nem ninguém para atrapalhar, sem Kazutora te olhando com desejo.

— Eu não sei — ele admitiu.

— Então me deixa te ajudar — sussurrou — A gente namora, não é pra isso ficar acontecendo com tanta frequência.

— Então esse tipo de situação que você considera como "problema"? — ele perguntou e você surpreendeu, por ele ter lembrado da conversa que tiveram no meio da festa.

— Isso. Eu não quero ter que te forçar a falar, mas se você não falar, como vou saber a sua opinião sobre as coisas?

— Acho que entendi.

— Eu não se é pedir muito, mas eu só quero saber o que se passa na sua mente.

Blake assentiu e apoiou a mão na lateral do seu rosto, com as pontas dos dedos brincando com os fios do seu cabelo e foi aí, que Kazutora voltou aparecer na sua mente.

Tinha sido assim que ele tinha te segurado ontem no estádio.

Você se sentiu quase estática pelo pensamento estar passando pela sua cabeça e não demorou a retribuir o beijo que Blake iniciou, logo sentindo ficar por baixo e as suas costas serem colocadas contra o colchão.

Teria que de alguma forma lidar com o sorriso de Kazutora aparecendo na sua mente.

— Eu vou começar a falar as coisas pra você, tudo bem? — Blake disse, conseguindo de volta a sua atenção e te fazendo assentir.

— Tudo perfeito.

O seu namorado riu da sua resposta e se inclinou, deixando um beijo na sua bochecha.

— Agora, a pergunta do milênio — ele falou, deixando leves cosquinhas nas suas costelas, o que a fez rir — Vai querer panquecas ou waffles no café da manhã?

— Vai cozinhar pra mim?

— Vou tentar — não consegui conter a risada e voltou a rir.

— Panquecas.

— Café?

— Aham.

Blake sorriu e te beijou ainda mais uma vez, apertando a sua cintura com posse no processo.

— Se ajeita e desce pra tomar café comigo.

— Posso pegar uma das suas blusas?

— Você pode roubar o meu guarda-roupa inteiro se quiser.

As suas bochechas coraram e Blake te achou linda assim, com a vermelhidão se espalhando pelo rosto.

— Não demora, amor — foi a última coisa que ele disse antes de sair do quarto, fechando a porta atrás de si.

Você sorriu encarando o teto branco do quarto, simplesmente uma forma incrível de começar o dia, não é? Afinal, estava sendo tratada como uma princesa. É nessas horas, que a doce ilusão de um relacionamento incrível aparece, te rondando de todas as formas possíveis, reafirmando ainda mais a ideia de amor que você acabou desenvolvendo.

Um problema que se criou na sua vida foi ter crescido observando um casamento cheio de falhas de ambos os lados, a sua mãe também não foi uma pessoa fácil, principalmente nos primeiros anos que voltaram a morar na Califórnia. Você via os seus pais brigando várias vezes por semana e às vezes até por coisas mínimas, mas depois um sempre cedia, trazendo presentes, levando em jantares, comprando viagens, tudo de alguma maneira era "consertado", ou, na verdade, tinha a solução definitiva adiada.

Cresceu vendo que o amor parecia uma ideia de guerra, que os dois lados pareciam ter que ceder, até mesmo em relação a quem verdadeiramente eram, para manter um relacionamento, fazer com que o sentimento não morresse, mas todos possuem limites.

O seu pai acabou encontrando as drogas, até mesmo pela própria frustração de trabalhar com algo que não gostava, e sua mãe começou a passar cada vez mais horas longe de casa, encontrando competição atrás de competição para participar, até que sumisse de vez quando você completou dezesseis anos.

Na sua cabeça, pareceu que, a partir de algum ponto na história do casamento dos seus pais, os dois lados pararam de lutar, de tentar e se entregar, e que não tinha sido certo as coisas terem acabado de tal maneira, sem nem mesmo uma conversa. Então, quando Blake vira o assunto, você acaba querendo tentar de todas as maneiras possíveis fazer com que o relacionamento de vocês não caia no mesmo erro, faria de tudo para que não fosse abandonada por alguém de novo, como os seus pais acabaram fazendo com você.

Porém, o amor é isso?

Uma guerra interminável?

Falta de comunicação?

Manipulação?

Um ciclo de abuso?

Não, o amor não é isso.

O amor é um sentimento e não deveria ser o sinônimo de destruição.

Você não sabia que estava se destruindo aos poucos, cedendo para atitudes que não deveria ceder, fazendo tudo por um amor fracassado.

Sairia da cama com um sorriso no rosto e sentindo o peito aquecido por saber que Blake estaria no andar debaixo fazendo o café da manhã para vocês dois. Tomariam banho no banheiro dele, vestiria a muda de roupa íntima que deixou no armário do seu namorado na última vez que tinha dormido ali, na semana passada, e escolheria uma das inúmeras camisetas dele para vestir. Desceria as escadas ainda sorrindo, sendo recebida por um beijo quase que de cinema e até tentaria interagir com os amigos dele, mesmo não gostando da maioria deles.

Você tentaria para que o sorriso que estava no rosto de Blake ficasse ali pela maior quantidade de tempo possível.

Porém, você não veria, e muito menos imaginaria, que o celular do seu namorado estava vibrando na cômoda do quarto dele com mensagens de Katherine, marcando a pequena "saída" que os dois teriam hoje à noite.

Além disso, mais tarde e quando estivesse voltando para o próprio dormitório, já que teria que se arrumar para fazer o turno do estágio, você também tentaria suprimir as borboletas que apareceram no seu estômago quando abriu a conversa que tinha com Draken e viu as fotos que o loiro tinha tirado na noite anterior.

Afinal, a foto que ele tinha tirado de você com Kazutora tinha sido a sua favorita.






Oi, gente! Tudo bem com vocês?

Nesse capítulo eu quis finalmente expor de uma forma clara a ideia que a [Nome] tem de amor, que tem uma extrema importância na questão de como ela se relaciona com o Blake!

Além disso, quis trazer até uma ideia de comparação com o relacionamento da Senju com o Mikey, que estão evoluindo MUITO na forma de como vão lidar um com o outro (eles são o meu conforto, sério mesmo)

Bem, espero que tenham gostado! Não se esqueçam de votar e de comentar (AMO ler o feedback de vocês)!

Até a próxima! ♥︎

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