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By olimpia_valdez

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๐จ๐ง๐ž, choice
๐ญ๐ฐ๐จ, had not notice
๐ญ๐ก๐ซ๐ž๐ž, fair
๐Ÿ๐จ๐ฎ๐ซ, liar
๐Ÿ๐ข๐ฏ๐ž, fault
๐ฌ๐ข๐ฑ, fear
๐ฌ๐ž๐ฏ๐ž๐ง, empty promises and apologies
๐ž๐ข๐ ๐ก๐ญ, count on me
๐ง๐ข๐ง๐ž, audience
๐ญ๐ž๐ง, sober
๐ž๐ฅ๐ž๐ฏ๐ž๐ง, illusory euphoria
๐ญ๐ฐ๐ž๐ฅ๐ฏ๐ž, hope
๐ญ๐ก๐ข๐ซ๐ญ๐ž๐ž๐ง, trust
๐Ÿ๐จ๐ฎ๐ซ๐ญ๐ž๐ž๐ง, invisible barriers
๐ฌ๐ข๐ฑ๐ญ๐ž๐ž๐ง, failed love
๐ฌ๐ž๐ฏ๐ž๐ง๐ญ๐ž๐ž๐ง, relapse
๐ž๐ข๐ ๐ก๐ญ๐ž๐ž๐ง, shame
๐ž๐ฌ๐ฉ๐ž๐œ๐ข๐š๐ฅ, 50k!
๐ง๐ข๐ง๐ž๐ญ๐ž๐ž๐ง, save him
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ, mirror
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐จ๐ง๐ž, time traveller
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐ญ๐ฐ๐จ, good luck
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐ญ๐ก๐ซ๐ž๐ž, useless
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐Ÿ๐จ๐ฎ๐ซ, favorite person
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐Ÿ๐ข๐ฏ๐ž, selfish
๐ž๐ฌ๐ฉ๐ž๐œ๐ข๐š๐ฅ, 100k!
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐ฌ๐ข๐ฑ, darkness

๐Ÿ๐ข๐Ÿ๐ญ๐ž๐ž๐ง, jealousy

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By olimpia_valdez

Oi gente! Como estão?

Assim, eu não sei se vocês possuem a mesma dificuldade que eu, mas eu me acho PÉSSIMA descrevendo roupa KKKKKKK

Tentei da melhor forma que consegui descrever o vestido que tá na mídia, que no caso vai ser o que a [Nome] vai usar na festa! Então, se você não entender a minha descrição, é só imaginar esse vestido da foto. Claro que todo mundo tem a liberdade de imaginar como quiser, mas de forma muito específica eu pensei nesse vestido!

Bem, não se esqueçam de votar (essa estrelinha é TUDO pra nós autores) e desejo para vocês uma boa leitura! ♥︎











🔥




CW/TW: menção ao consumo de bebidas alcoólicas e drogas ilícitas





Você encarava o próprio armário com os braços cruzados na altura do peito, enquanto Tokyo Smoke, Cage The Elephant, ecoava da sua caixinha de som. Senju ainda estava terminando o banho, então você se encontrava sozinha no quarto e com os próprios pensamentos, algo que você começou a gostar cada vez menos. Tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo estavam fazendo a sua mente flutuar, é complexo tentar ficar negando o que acontece dentro de si, com a ideia de que estava fazendo algo errado.

E você está?

Você quis beijar o seu melhor amigo, mesmo que não admitisse para si mesma, o que deixava tudo ainda pior. Você namora alguém e ama essa pessoa, então por que estaria desejando outra? Balançou a cabeça fortemente em negação, não ia pensar nisso agora, não podia simplesmente começar a repensar a vida inteira por causa do que tinha acontecido ainda no estádio.

Porém, se tinha sido algo tão "pequeno", como você estava tentando se convencer, por que ainda estava pensando nisso? Pensando na forma como Kazutora tinha segurado o seu cabelo e como, naquela eternidade que vocês se encararam, você se sentiu como a única garota do mundo. "Estou ficando maluca" — era o que pensava, enquanto revirava o guarda-roupa, procurando algo decente para usar na festa.

Acabou achando o vestido preto que Blake tinha te dado, mas a ideia de usá-lo foi praticamente descartada quando o seu olhar bateu em um outro vestido, que, inclusive, tinha sido feito por Emma e Mitsuya no ano passado, em um dos trabalhos que os dois fizeram juntos. Eles tiveram que fazer uma coleção de dez peças e acabou que no final, depois que receberam a nota, resolveram vender as roupas e você foi voando comprar esse vestido, tinha se apaixonado por ele desde a primeira vez que tinha o visto ainda no papel.

Ele é curto, com o comprimento batendo um pouco acima do meio das suas coxas e de manga comprida, com o tecido sendo de um material mais fino e com um padrão parecido com o estilo tie dye, feito de cores mais terrosas e inclusive um pouco de vermelho. Só por isso o vestido já chama atenção, mas além dos detalhes, como a costura feita "para o lado de fora", o ponto chave da peça, e o que te fazia até sentir um certo receio, é o enorme decote, que vai até praticamente o meio da barriga, e que possui o detalhe de uma tira de tecido trespassando a região, imitando o efeito de um cadarço.

O vestido é uma obra prima na sua visão e nunca tinha tido oportunidade de usar, de forma que ele ficou no seu armário por praticamente meses, mas essa festa parecia uma boa oportunidade para estrear a peça. Porém, mesmo que você estivesse meio animada pra isso, um pensamento vacilante apareceu na sua mente: será que Blake gostaria do vestido?

— Se não usar esse vestido, eu vou te bater — a voz de Senju te acordou e a fez levantar a cabeça, observando a sua melhor amiga entrar no quarto.

— Eu não sei ainda.

— Mas por que? Você ia ficar mais gostosa do que já é.

Você riu fraco do comentário da sua amiga e pegou o vestido, o jogando na cama para o observar melhor, balançando de leve a cabeça ao som de Knee Socks, Arctic Monkeys, que tocava agora na caixinha. Simplesmente sabia essa letra de cor, já que é a favorita de Kazutora e você tem a certeza de que ele escuta essa música no mínimo umas três vezes por dia. Inclusive, ele tem uma tatuagem de um dos versos: "In the right place and time", que fica bem em cima de uma das costelas dele.

Mais uma vez, a imagem de Kazutora estava aparecendo na sua mente, como flashes daquele sorriso perfeito, parecia que ele era a única coisa que você realmente conseguia enxergar ou até mesmo pensar. Mas por que? Balançou de leve a cabeça em negação, não tardando a ir até o próprio celular e passar para a próxima música, fazendo com que o início de Better, Khalid, ecoasse.

Senju franziu as sobrancelhas, enquanto tirava o roupão que usava para colocar um conjunto de lingerie preta. Ela sentia que tinha alguma coisa acontecendo com você, mas não sabia dizer o que e, sendo bem sincera, isso a frustrava, principalmente por sentir que tinha algo que você escondia. A platinada viveu a vida toda praticamente em uma peça de teatro, com os pais fingindo serem bons samaritanos, mas com passados extremamente sujos, principalmente no quesito do que fizeram para o "bem" do relacionamento deles, então acabou passando a odiar quando as pessoas escondem algo dela, independente do que seja.

— O que está te impedindo de usar ele? — ela perguntou e você virou a cabeça, deixando um suspiro escapar.

— Eu não sei. Talvez o decote?

— Ele é um pouco ousado mesmo, mas também não é algo extremamente absurdo.

— Não?! — você exclamou e Senju riu, indo até o próprio guarda-roupa.

— Assim, você sabe muito bem como é o meu estilo — a platinada balançou a peça que usaria e você simplesmente sorriu, balançando a cabeça em negação.

A sua melhor amiga segurava uma peça de um tule preto um pouco mais grosso e que tinha várias linhas prateadas e brilhantes espalhadas por toda a extensão, criando o efeito de que seguia a silhueta do corpo. Pela leve transparência da roupa, é claro que a lingerie ficaria à mostra e isso com certeza divertia Senju de todas as formas possíveis. Muitos poderiam dizer que ela se arrumaria até demais para uma "simples" festa universitária, mas não é qualquer comemoração, é a primeira vitória da temporada, além de que os integrantes e torcedores do time adversário também foram convidados.

A fraternidade da Toman estaria completamente lotada e Senju ama esse tipo de evento, por principalmente conseguir mostrar o que ela é, a pessoa que é considerada como um verdadeiro sinônimo de perfeição. A atenção e os olhares que recebia sempre eram bem vindos, mesmo os de inveja, adorava saber que era relevante ao ponto de incomodar alguém. Além disso, seria a primeira festa que ela e Mikey estariam juntos de alguma maneira, mesmo que o pedido oficial em si ainda não tenha sido feito.

— É sério, [Nome]. Você vai ficar incrível com esse vestido.

— Ai, sei lá — voltou a olhar a peça.

— Pelo menos prova. Se ficar ruim, a gente acha outra coisa, mas já aviso que aquele vestido preto não é uma opção.

Você riu da expressão completamente séria da sua amiga e assentiu em concordância, pegando o vestido e abrindo o zíper que ficava na lateral. O tecido é tão fino que sentia quase como se escorregasse pelas suas mãos e isso te deixava levemente nervosa, mesmo sabendo que não precisava. O seu estilo variava muito, dependendo de cada ocasião, mas você nunca sentiu receio em vestir peças mais ousadas, era até um padrão ver você e suas amigas com as roupas mais chamativas por onde passavam, principalmente pela influência de Emma e Senju.

O que mudou nesse meio tempo?

Respirou fundo ao vestir a peça, fechando o zíper em seguida, e sentiu o vestido quase que te abraçar, praticamente como se tivesse feito para você. Andou até o espelho que ficava atrás da porta do quarto e se surpreendeu muito com a visão que teve, tinha que admitir, o vestido tinha ficado perfeito.

— Não falei? — Senju se aproximou e deixou um tapa na sua bunda — Simplesmente uma gostosa.

— Realmente ficou bom?

— E eu minto em relação a isso?

— Não — riu, sabendo muito bem como Senju tem uma língua bastante afiada para julgar as roupas dos outros — Acho que vou com ele mesmo.

Senju bateu palmas animadas e já te puxou para se sentar no chão ao lado dela, com as nécessaires de maquiagem estrategicamente colocadas perto do pé da cama, então foi só se esticar um pouco para as alcançar. Esses momentos, só vocês duas simplesmente se maquiando sentadas no chão, ao som das músicas de Reputation, o melhor álbum da Taylor Swift na visão de Senju, significavam tudo e mais um pouco, porque parecia que voltavam a ser adolescentes e a velha rotina de fazerem tudo juntas.

Alguns minutos depois, já estavam praticamente prontas, terminando de arrumar seus respectivos cabelos e calçando os saltos, quando batidas na porta soaram e Senju não tardou a abrir, se deparando com Emma, Yuzuha e Hina, também já prontas.

— Não acredito que você está usando o vestido! — Emma logo exclamou animada, andando na sua direção.

— Estava meio indecisa, mas acabou que a Senju me ajudou a decidir.

— Estou te devendo uma — a platinada riu da afirmação da loira e logo catou o celular, que estava largado em cima da cama.

— Alguém tinha que fazer o serviço de Deus.

— Vocês duas são impossíveis — você comentou, depois que elas fizeram um "toca aqui".

— Nem vem com essa, [Nome] — foi a vez de Yuzuha falar — Depois daquele vestido preto, isso daí é uma benção.

— Aquele vestido não é tão feio assim.

— Você está sem argumentos, gatinha — Hina rebateu e você se viu na posição de suspirar.

— Sério...

Suas amigas caíram na risada e você se viu se juntando a elas, claro que achava o vestido preto bonito, principalmente pelo fato de Blake ter te dado, mas em comparação com o que estava vestindo, ele não tinha nem chance.

— Vamos? — Senju comentou, olhando o relógio no celular — Tenho certeza que aquele lugar já deve tá lotado.

— Não tenho nem dúvidas disso — Yuzuha comentou — A gente tentou tirar o máximo de móveis possível e os colocar na garagem pra ter mais espaço, mas tenho certeza que não vai ser o suficiente.

— Se aquela casa não caiu até agora, ela sobrevive a mais uma festa.

Todos vocês construíram grandes memórias na fraternidade dos meninos, acumuladas pelos últimos cinco anos, desde momentos felizes como tristes, mas sempre juntos, independentemente do que acontecesse.

— Inclusive, preciso fazer uma coisa antes de descermos — Emma falou, te pegando pela mão, a guiando até o hall em que ficavam os elevadores.

— O que?

— Tirar fotos suas.

— Como assim? — você perguntou, confusa, enquanto era praticamente colocada contra a parede e tinha Emma arrumando, totalmente concentrada, o caimento do vestido e do seu cabelo.

— Você está literalmente usando uma roupa que eu e o Takashi fizemos e a gente já precisa começar a montar o nosso portfólio pra conseguirmos um emprego.

Emma poderia ser uma Sano, ter literalmente milhões de dólares na conta bancária, por causa do dinheiro que Shinichiro tinha deixado para ela e os irmãos de forma exclusiva, mas queria poder começar do zero. Desde pequena a loira se interessou pela moda, inclusive já fez alguns trabalhos como modelo, mas o verdadeiro sonho dela é o processo criativo e Emma tem talento de sobra.

Mitsuya não fica muito atrás e os dois amigos sempre se aventuraram juntos, principalmente na faculdade e nos trabalhos quase absurdos que os dois tinham que fazer, até hoje você se lembra de como os dois ficaram exaustos na vez que tiveram que fazer um vestido de gala completo em um prazo curtíssimo. Então, com o passar do tempo, acabou que a ideia dos dois se juntarem surgiu, talvez no futuro até criem uma marca juntos, mas querem começar de baixo e sentir na pele como o mundo da moda não é o mar de rosas que muitos pensam.

— Como você quer que eu pose? — com a sua autorização, um sorriso radiante surgiu no rosto de Emma, que logo te deu as instruções.

Com Draken fazendo faculdade de fotografia, a loira não tardou a aprender alguns truques com o namorado, além da clara ajuda de suas outras amigas. Teve até um momento que vocês caíram na risada, já que pareciam quase como uma estrutura de estúdio, com os flashes dos celulares ligados e até mesmo a janela do prédio aberta para o vento da noite fazer o papel na produção.

Você não poderia negar e dizer que as fotos não ficaram boas e o sorriso satisfeito de Emma também já era o bastante. Agora, enquanto esperavam do lado de fora do prédio a carona de Draken e Mitsuya para a festa, encarava o próprio telefone, analisando as fotos, até que o seu olhar parou na sua favorita. Estava com as pernas cruzadas, com o corpo um pouco inclinado para a frente, o que evidenciava o decote, e as mãos apoiadas na parede atrás de si, você estava incrível nessa foto, mas o que realmente gostou foi como ela tinha ficado levemente borrada.

— Por que não posta no Insta? — Senju te perguntou, inclinando a cabeça para a ver melhor.

— Estava pensando em colocar nos stories.

— Apoio e você também podia colocar aquela música que eu te mostrei ontem.

— Collide do Tyga?

— Essa mesma.

— Acho que ia ficar legal.

— Posso fazer minha mágica?

— Com toda a certeza.

Senju sorriu animada e você somente observou a sua melhor amiga arrumar a foto, simplesmente o talento e a criatividade que ela tinha eram absurdos e não era atoa que a mesma já poderia ser considerada uma pequena influenciadora digital. A platinada até tem uma boa quantidade de seguidores e compartilha um pouco do dia a dia, variando desde GRWM a dicas de lugares legais para sair, então, quando chega nas horas de editar e enfeitar publicações nas redes sociais, ela se diverte.

Não demorou para que a publicação fosse feita e você passou alguns segundos somente encarando a foto com a música de fundo, com certeza a ideia de usar esse vestido estava ficando cada vez melhor na sua cabeça e não poderia se sentir mais animada com isso. Porém, algo que você nunca imaginaria é que essa foto já estaria causando as mais diversas reações, principalmente naqueles que tinham interesse na sua pessoa.

Você não é invisível, só não faz questão de manter algum status como Senju e Emma, mas mesmo assim acaba possuindo uma certa quantidade de atenção, além do fato de que com certeza você aproveitou a época em que estava solteira. Várias reações e comentários já pipocavam no seu celular, não são muitos aqueles que realmente respeitam a existência de um relacionamento entre duas pessoas, mas também não custa nada mandar um "Você está linda" para a sua melhor amiga, não é?

Assim, Kazutora estava querendo se jogar da janela do quarto logo depois de ter respondido a foto, até pensou em apagar e fingir que tinha sido um surto coletivo, mas a sua resposta logo apareceu, um simples "Obrigada" acompanhada de um emoji de coração.

— Você vai ficar aqui trancado até que horas? — a porta do quarto foi aberta, fazendo com que a música alta invadisse o cômodo e a figura de Baji, que já começava a ficar alcoolizado, aparecesse.

— Até a festa acabar?

— Nem vem com essa — o moreno rebateu, entrando no quarto e fechando a porta em seguida, abafando o som — É a festa da vitória, cara.

— E? — Kazutora perguntou, passando as mãos pelos cabelos — Só não tô muito afim.

— E por que? Não tem nem uma hora que você tava falando que ia beber até cair.

— Ai sei lá, Baji — resmungou, o que fez com que o outro risse e se aproximasse.

Kazutora percebeu a garrafa de vodka na mão do amigo e que não tardou a ser estendida em sua direção. Baji poderia não saber o que realmente estava acontecendo com o Hanemiya, mas conseguia perceber como ele realmente estava precisando de algum estímulo para se distrair.

— Pega e bebe pelo menos um gole.

— Sério mesmo?

— Você tá muito travado ainda, estou a um passo de falar com o Hanma.

— Sabia que você é um saco? — reclamou, mas aceitou a garrafa, tomando do próprio gargalo.

Já tem muito tempo da última vez que Kazutora realmente sentiu a garganta arder ao beber, a quantidade de experiências meio que já o acostumaram com a sensação.

— Sabia, mas eu faço isso porque tá nítido na tua cara que você tá precisando.

Kazutora não ousou rebater e o olhar foi em direção ao celular, que indicava o horário de dez e meia da noite e ele conseguia sentir que seria uma festa estupidamente longa.

— Realmente — suspirou e ameaçou devolver a garrafa, mas Baji recusou.

— É sua, você só vai me devolver quando estiver vazia.

— Vai querer me colocar em coma alcóolico?

— Assim você tem uma desculpa pra [Nome] cuidar de você.

— Vai se fuder! — Kazutora reclamou e Baji gargalhou com gosto, adorava irritar Kazutora usando você.

— Menti?

— Sério, eu te odeio muito.

— Fico lisonjeado em receber tanto amor.

Kazutora o olhou com raiva, se levantando da cama para ir na direção da porta e enfrentar a festa de vez, mas parou com Baji o chamando.

— Você viu, não é?

— Vi o que?

— A foto da [Nome].

Kazutora conteve a vontade de suspirar, mas sustentou o olhar com Baji, que começou a se aproximar do amigo. Mesmo que toda a construção do relacionamento dele com Chifuyu tivesse sido em um outro contexto, sabia como a sensação de não poder estar com a pessoa que gosta é difícil, tiveram meses complicados no final do último do ensino médio, principalmente por causa do pai de Baji, que até hoje não aceitou que o único filho é bissexual e namora um homem.

— Por que quer saber isso? — Kazutora perguntou, segurando com um pouco mais de força a garrafa de vodka.

— Estava mais confirmando do que qualquer coisa.

— Por que? —  insistiu.

— Hoje é literalmente a festa da nossa vitória e eu vi como vocês estavam conversando no estádio...

— Não sugira isso — Kazutora logo o parou — Eu não sou o Mikey.

Baji sentiu o peso dessa afirmação e suspirou, erguendo os braços em rendição.

Kazutora poderia te amar, ser louco por você, mas ele nunca participaria de uma traição, mesmo que o seu namorado seja Blake, um dos maiores babacas que já pisaram no planeta. Ele não era o "antigo" Mikey, alguém que não ligava para como as ações que tomava afetavam aqueles ao seu redor e que se quisesse algo, conseguia.

— Então... O que você vai fazer? — Baji perguntou e Kazutora o encarou por alguns segundos, antes de levar o olhar para a garrafa de vodka na mão.

— Beber até cair e assistir o coração dela queimar por outro.

Baji sempre foi alguém que tinha resposta pra tudo, principalmente por ter que lidar com tanta coisa enquanto crescia, como as quebras de expectativas que muitos tiveram em relação às escolhas dele, tanto no futuro, como cursar veterinária, e o próprio namoro com Chifuyu. Porém, ouvir Kazutora tão derrotado foi algo que ele nunca se preparou para responder ou muito menos ver. Não parecia justo algo assim estar acontecendo, um sentimento tão puro ser colocado de escanteio, mas o que ele poderia fazer?

Como o próprio Kazutora falou, o coração é seu e, mesmo que seja um infortúnio, parece que ele está queimando por uma outra pessoa.

O Hanemiya somente sorriu fraco e tomou mais um gole da garrafa de vodka e abriu a porta, sendo recebido por quase que uma onda de choque pelo volume da música, não duvidaria que ficaria surdo daqui algumas horas. Indicou com a cabeça para que Baji saísse, que somente assentiu, seguindo o amigo e o assistindo trancar a porta e colocar a chave no bolso da calça.

Enquanto isso, você e o resto do pessoal faziam o trajeto até a rua das fraternidades, um caminho cheio de música e risadas, além de olhares cúmplices entre você e Draken dentro do Jeep do mesmo, afinal, um pedido de casamento estaria a caminho em breve.

Não precisaram nem chegar perto da rua para já ouvirem as batidas da música e o caos que tomava conta do lugar, com uma enorme quantidade de carros espelhada ao longo das calçadas e pessoas zanzando ou conversando, mas a situação estava ainda mais complicada na Toman, o jardim já estava praticamente tomado por pessoas. Você nem conseguia imaginar como Draken e Mitsuya conseguiriam estacionar os carros, até que viu Ash e Nathan parados ao longo da rua.

— Só assim pra conseguir estacionar nesse lugar — Draken comentou, ajudando Emma a descer do Jeep, e depois trocou um toque com os dois jogadores — Obrigado por guardarem as vagas.

— Sem problemas, cara — Ash comentou sorrindo, abrindo a porta de trás, estendo a mão para Senju descer.

A boca do ruivo se abriu levemente ao notar a roupa da platinada, que riu ao ver como Nathan também tentava não encarar como a lingerie estava exposta.

— O Mikey é o cara mais sortudo do mundo — Ash acabou soltando e Senju começou a rir ainda mais, abraçando o jogador de lado.

— Você está inflando o meu ego de uma forma esplêndida.

— Só trabalho com verdades.

Senju somente balançou a cabeça em negação e você acompanhava a cena começando a sair do carro, por alguma razão, começou a se sentir receosa com isso, realmente aparecer publicamente usando o vestido. Não sabia dizer o porquê necessariamente, mas a sua mente já começava a trabalhar em todas as possibilidades que daria algo de errado, uma oscilação constante da sua confiança.

Suspirou ao aceitar a mão de Nathan e se impulsionar para fora do veículo, fechando a porta atrás de si e você conseguiu perceber ainda mais como aquela festa estava simplesmente gigantesca.

— Por que os capitães sempre conseguem as mais gatas? — Nathan resmungou baixo, mas acabou que tanto você quanto Senju conseguiram ouvir, o que fez que se entreolhassem e rissem.

— Sabe, às vezes os clichês acontecem até demais — a platinada lançou uma piscadinha e você riu um pouco mais, ainda sentindo uma espécie de frio na barriga, mas tentaria não se deixar levar por tal sensação.

Logo Mitsuya, Hina e Yuzuha se aproximaram e o grupo começou a andar na direção da casa. Encontraram as mais diversas pessoas pelo caminho, inclusive viu Kimberly, a sua amiga do estágio, acompanhada do namorado e foi até mesmo cumprimenta-los.Talvez estivesse criando mais e mais desculpas para evitar adentrar na festa de maneira completa, mas você não conseguiria escapar, principalmente pelo tanto que Senju estava animada em curtir essa noite com você.

Afinal, Blake só chegaria depois, já que estava em um jantar importante da família dele, um que você inclusive tinha sido convidada, mas a vitória de seus amigos é uma prioridade, principalmente pelo o que Mikey estava passando.

Respirou fundo ao sentir a mão de Senju se entrelaçar na sua, começando a liderar o grupo para dentro da casa, de forma que fossem recebidos pelo som de um remix de Collard Greens, ScHoolboy Q e Kendrick Lamar, que estourava nas caixas de sons localizadas por praticamente toda a casa da Toman. Não conseguia contar quantas pessoas tinham ali, mal conseguiam passar, mas Senju abria passagem com uma facilidade invejável, além dos próprios olhares.

A capitã dos líderes de torcida sabia que chamava a atenção e, hoje, tem total consciência de que merece isso em relação a praticamente tudo na vida, então a máscara de confiança já estava ali. A platinada apertou um pouco mais forte a sua mão, como se transmitisse que estava ali e você apertou um pouco mais forte de volta, estavam quase conseguindo chegar no fundo da multidão e já começava a ver o resto do seu grupo de amigos no canto de sempre, perto das portas abertas para o jardim de trás, onde estava tão lotado quanto a área interna da casa.

Você sentiu o seu estômago revirar de leve quando viu a figura de Kazutora com uma garrafa de vodka na mão, ele estava lindo, principalmente pelo cabelo completamente solto, de forma que ele estivesse jogado para o lado. O seu olhar praticamente cravou nele e não sabia como conseguiria desviar, nunca tinha sentido uma sensação como essa na vida, nem em relação a Blake, o que acaba até sendo um pouco estranho.

Kazutora também não estava em uma situação muito diferente.

Ver alguém por foto em uma rede social é uma coisa, mas ver pessoalmente é completamente outra, principalmente se for a pessoa que você gosta. Assim, o moreno tentou disfarçar o fato de que quase tinha engasgado com a vodka que tomava quando te viu e também tentaria colocar para o fundo da mente o que tinha acontecido no estádio. Ele não entendeu a sua reação, o seu repentino afastamento, e a mínima possibilidade de te ter fora da vida dele o assustava, afinal, você sempre esteve lá.

— Eu estou com pena de vocês — Senju comentou para os meninos, enquanto cumprimentava um a um.

— Por que? — Pah perguntou, depois de pedir para um grupo de calouros trazerem bebidas.

— Assim, eu não quero ver o estado dessa casa depois da festa.

— Vamos pensar no agora e não no futuro — Baji disse com um claro medo na voz, o que fez com que a platinada risse alto.

— Sabem onde o Mikey está?

— Na última vez que o vi, ele estava lá fora — Pah respondeu.

— Já vai atrás dele? — você perguntou.

— Só vou conseguir uma bebida antes. Sem álcool no meu sangue eu não aguento ficar aqui dentro.

Você concordou, já que pensava a mesma coisa. Não gostava necessariamente de beber, ter a sensação de não estar sendo "você mesma", mas há situações que sentia a necessidade de um pelo menos um pouco de álcool, principalmente ao sentir um certo par de olhos dourados sobre si.

Respirou fundo, terminando de cumprimentar seus amigos e se aproximou de Kazutora, sentindo que o olhar dele parecia se intensificar, mas tentaria relevar. Ele é o seu melhor amigo, não tem porquê agirem estranho um com o outro.

— Já começou a noite assim? — perguntou, indicando com a mão a garrafa.

— E tem como começar de outra forma? — o tom brincalhão te fez rir e você sorriu, quando sentiu o beijo dele na sua testa.

Talvez o que aconteceu no estádio não tenha atrapalhado em nada, significado nada.

Entretanto, não é o que os corações de vocês dois estavam sentindo.

— Confia em mim? — ele perguntou e você franziu as sobrancelhas, confusa.

— Claro que confio.

— Então abre a boca.

Você soltou uma risada ao perceber como Kazutora já tava começando a ficar levemente alterado, com certeza mais solto.

— Não exagera — você já avisou, o que o fez soltar uma risada gostosa.

— Não disse que confiava em mim? — ele sorriu de canto e você controlou a sua mente para que o pensamento dele ser gato pra caralho não aparecesse.

—  Você entendeu — resmungou, mas ergueu a cabeça pra cima e não demorou para que sentisse a vodka pura ser derramada na boca.

Escutou um grito animado de Senju e os clássicos "Vira!" dos seus amigos, mas você não era como eles, nunca foi de beber muito, e então não demorou para pedir que Kazutora parasse, sentindo a sua garganta arder ao engolir.

— Como que você bebe isso com tanta tranquilidade? — perguntou, ainda um pouco atordoada, e Kazutora se permitiu rir.

— Você que não quis começar a beber com a gente.

— Eu não ia enfiar álcool dentro de mim com 14 anos!

Kazutora balançou a cabeça em negação, se divertindo com a sua expressão, até que os calouros chegaram com copos vermelhos de plástico, cheios de um líquido amarelado.

— É o que? —Yuzuha perguntou, começando a distribuir os copos pelo grupo.

— Gin com energético.

— Já aviso que não vou cuidar de ninguém — a sua voz se sobressaiu e todos os seus amigos riram.

— Acho que você vai ter que cuidar de si mesma — Senju sorriu, sugestiva, e você revirou os olhos, aceitando o copo estendido em sua direção.

— Chata — resmungou e sentiu o abraço de lado da sua melhor amiga.

— Um brinde? — Chifuyu sugeriu e todos concordaram.

— A mais uma vitória porque somos fodas!— Baji gritou completamente animado e vocês gargalharam, mas não tardaram a brindar também.

— A mais uma vitória porque somos fodas!

Um sorriso se espalhou pelo seu rosto e balançou o corpo com Senju, depois de tomar o primeiro gole do copo. Estava ali para comemorar a vitória de seus amigos e mesmo que uma pequena parte da sua mente estivesse querendo te lembrar do vestido que usava e dos olhares que estava recebendo, não pararia.

Senju te olhava extremamente feliz, é tão claro como você é outra pessoa quando Blake não está que chega a ser ridículo, principalmente quando se compara com a forma que Kazutora te trata. A platinada observou você engatar uma conversa com seu melhor amigo e ela nem tentaria reclamar, até mesmo agradeceu mentalmente o universo quando Draken puxou vocês dois para tirarem uma foto.

O sorriso que estava nos rostos de vocês dois dizia tudo e mais um pouco, mas, infelizmente, não são todos que conseguem entender os sinais que a vida transmite.

A capitã aproveitou para se afastar e andar até os fundos da fraternidade, tomando em pequenos goles a bebida do copo e olhando atentamente o ambiente à procura de Mikey. A área externa estava tão caótica quanto a de dentro, mas com certeza estava mais fresco, o que deixava mais aceitável de se ficar ali.

No meio de tantas coisas que aconteceram durante o dia, algo ficou incessante na cabeça de Senju, a preocupante dúvida sobre como Mikey lidaria como uma festa querendo estar sóbrio. Em qualquer tratamento que envolve vício, se recomenda evitar ambientes que lembram tais comportamentos, mas não ir na própria festa da vitória? É praticamente pedir algo impossível para o loiro, então é torcer para que tudo dê certo no final.

Acabou que não demorou para que Senju encontrasse Mikey e ela até mesmo riu fraco ao ver como ele estava praticamente no meio de uma rodinha, simplesmente uma borboleta social. Começou a abrir caminho na direção dele, mas não precisou andar muito, afinal, o olhar dele logo a encontrou, já que esperava, totalmente ansioso, pela chegada dela.

Ele poderia finalmente dizer que ela é dele e que ele é dela.

Mikey se encontrou praticamente hipnotizado, até mesmo pareceu não escutar o que as pessoas ao seu redor diziam, só conseguiu se despedir rapidamente de Hanma e, colocando as mãos nos bolsos, enfrentou a multidão que o separava da garota que domava não só a cabeça dele, mas também o coração.

— Você é a garota mais linda que já vi na vida — disse, ao terminar de se aproximar, a pegando pela mão e a fazendo dar uma voltinha.

— Obrigada por somente falar fatos e verdades — Senju respondeu e riu ao ver a revirada de olhos do mais alto.

— Você é impossível.

— Mas você gosta — ela disse, passando os braços pelo pescoço de Mikey, enquanto sentiu os dele a envolver pela cintura, praticamente colando os corpos.

— Pra caralho.

Senju sorriu quando sentiu os lábios de Mikey sobre os delas, não conseguiria descrever a sensação de simplesmente fazer isso em público, só evidenciar o que ela já sabia que era verdade e que só tinha medo de aceitar. Ao mesmo tempo que tem conhecimento sobre o passado do loiro, não podia se esquecer do seu conselho, se ela não tentasse, como descobriria que daria errado?

Tinha que tentar e por ele, somente ele, valeria a pena.

— Todo mundo chegou? — ele perguntou, depois que se separaram e ela assentiu com a cabeça.

O capitão sorriu, animado, e entrelaçou os dedos com os de Senju, a guiando para dentro da festa mais uma vez, com os olhares curiosos os seguindo. Depois do beijo no estádio, não demorou para que os boatos sobre o mais novo casal do campus se espelhasse quase que na velocidade da luz e bem, ambos estavam extremamente felizes com isso.

Ao voltarem para dentro da casa, Mikey deixou um selinho nos lábios de Senju antes de se afastar e ir até um dos poucos móveis que tinham deixado na sala, a velha mesinha de centro. Pegou a estrutura de madeira escura e forçou caminho pelas pessoas, se colocando em cima dela em seguida, e tendo a atenção de boa parte da festa para si.

— Brandon! Desliga a música aí rapidão! — gritou alto o suficiente para que pudesse ser escutado para o companheiro de time, que sempre era o responsável pela música, já que, literalmente, ele é DJ e faz o curso de música para poder se tornar produtor musical.

Logo uma espécie de um silêncio estranho tomou a casa e várias reclamações foram ouvidas, mas Mikey simplesmente riu, arrumando o cabelo no clássico meio rabo.

— Eu sei que todo mundo quer curtir a festa mais um pouco, mas tenho umas coisinhas pra falar.

— Lá vem o discurso do tamanho da Bíblia! — a voz de Nathan se propagou pela sala, arrancando uma boa quantidade de risadas.

— Prometo que esse não vai ser grande — Mikey sorriu e passou o olhar por toda aquela multidão, sabendo que ainda tinha as pessoas que estavam do lado de fora.

Se brincar, tinha bem mais de 100 pessoas na casa.

— Bem, com todo o respeito ao time adversário, acho que todos sabem o motivo dessa festa! — a multidão gritou animada em resposta — A vitória foi simplesmente maravilhosa, não posso simplesmente negar o que aconteceu, sei que o meu time fez um trabalho incrível.

— Obrigado por falar o óbvio! — agora foi a fez de Ash de se pronunciar, o que fez Mikey gargalhar alto, principalmente ao ver Senju do lado do ruivo também rindo.

— Voltando ao assunto, não tem como simplesmente não comemorar mais uma conquista! Além disso, sei que a probabilidade dele me matar vai ficar extremamente alta, mas eu queria chamar uma pessoa pra subir aqui comigo.

— Você nem ouse fazer isso, Mikey! — Kazutora gritou e Mikey simplesmente se virou na direção do amigo e abriu os braços.

— Pode trazer a sua bunda pra cá, cara!

Nos poucos segundos que passou encarando Mikey, antes de realmente decidir andar até o melhor amigo, o Hanemiya pensou em todas as ideias de cometer um assassinato e não ser preso, até planejou em simplesmente sumir e ir para as Ilhas Galápagos, onde ninguém o encontraria e poderia finalmente encontrar um pouco de paz. Porém, ele ainda é um estudante de quase 23 anos e que possui um grupo extremamente peculiar de melhores amigos.

O moreno suspirou antes de começar a andar na direção de Mikey, o xingando mentalmente de todas as maneiras possíveis. Ele poderia ser popular, ser foco da mídia esportiva e até mesmo ser reconhecido pelo sobrenome, mas Kazutora odeia receber atenção, principalmente de pessoas que ele não conhece. Claro que as ações e o estilo de vida que possui acabam o fazendo passar por situações que não gosta, mas se ele pode evitar, com certeza queria se esconder em qualquer lugar para não ter que estar em pé na mesinha de centro ao lado da pessoa mais chamativa que ele conhece, só perdendo para a própria Senju.

— Eu te odeio — sussurrou contra a orelha de Mikey, enquanto sentia o loiro o abraçar de lado.

— Eu te amo — respondeu, sorrindo, o que fez com que o moreno somente revirasse os olhos mais uma vez.

Kazutora levantou o olhar e encarou a multidão pela sua frente, quase como se recebesse várias agulhadas na pele.

— Esse cara aqui... — Mikey voltou a falar — Simplesmente foi quem salvou o jogo de hoje! E eu posso afirmar com toda a certeza que aquele foi o melhor touchdown da temporada e ninguém vai me dizer o contrário!

A multidão gritou em concordância, até que o próprio Baji puxou uma sequência de "Kazutora!". O vice-capitão balançou a cabeça em negação, ouvindo o seu nome ressoar pela casa, não saberia o que realmente pensar sobre isso, principalmente ao olhar de canto de olho e ver que você também participava disso, comemorando o nome dele com um sorriso no rosto.

Entre todas as pessoas do mundo, com certeza você foi quem mais o apoiou em tudo, da mesma maneira que ele também possui esse papel na sua vida.

— Sei que essa festa não seria possível sem ele e o pilar que ele se tornou para o nosso time! — Mikey gritou, sorrindo e também olhando para Kazutora — Eu te falei, algumas horas atrás, que você é a pessoa mais foda que conheço e não é só por causa do futebol, quem te conhece minimamente sabe do que estou falando. Isso aqui é um pedido de agradecimento "público" por tudo o que você fez e continua fazendo, além de garantir a diversão de toda essa gente!

Muitos poderiam ver esse discurso e até mesmo o abraço dos dois melhores amigos, que aconteceu ainda em cima da mesinha de centro, como algo padrão, superficial, mas, na verdade, significava muito mais, principalmente para Mikey. Por anos, Kazutora lidou com as merdas que o loiro fazia e não só agora na faculdade, mas também no ensino médio, onde ele ainda lidava com os próprios problemas com o pai. Demorou para que percebesse como a amizade de Kazutora é uma das poucas coisas que o realmente o manteve de pé, o fazendo seguir em frente.

Ele também nunca seria grato o suficiente, mas o Hanemiya não precisava de agradecimentos, ele só queria o melhor amigo sóbrio de novo.

— Coloca essa música de volta, Brandon! — o próprio Kazutora foi quem gritou dessa vez e DJ Got Us Fallin' In Love, Usher e Pitbull, começou a tocar.

A nostalgia da música fez com que todos gritassem em animados, não tinha como não se lembrarem da própria adolescência e isso fez com que tudo ficasse ainda melhor.

Você não conseguia tirar o sorriso que estava no seu rosto, principalmente por ver como a amizade de Kazutora e Mikey é muito mais forte do que muitos imaginam.

Os dois sumiram da sua vista quando desceram da mesinha de centro, principalmente pela enorme quantidade de pessoas que praticamente invadiu a sala ao ouvir a música tocar, mas não é como se isso fosse impedir as suas amigas de se divertirem.

Sentiu a mão de Senju começar a te puxar e respirou fundo antes de simplesmente virar o resto da bebida que estava no seu copo, deixando o plástico vazio no primeiro lugar que encontrou e pegar, com a mão livre, Yuzuha, que puxou Hina e Emma na sequência. Vocês cinco se enfiaram no meio da multidão e só pararam quando estavam praticamente bem no centro e você sentiu os braços de Senju envolverem a sua cintura, começando a guiar o seu corpo no ritmo da música.

Tem muitos momentos nas nossas vidas que não sabemos distinguir se eles são reais ou não, principalmente por tão bons que eles são. Agora, ao dançar com as suas cinco melhores amigas, no meio de uma multidão, uma música da época que eram mais novas, com certeza é um desses momentos, principalmente pelo sorriso que não sairia tão cedo do seu rosto.

Você já sentia o álcool fazendo efeito, com certeza você não era resistente que nem os seus amigos, mas não se preocuparia com isso, só se importaria em dançar e cantar a música a plenos pulmões. Às vezes, você até mesmo sentia que tinha duas pessoas dentro de você tentando competir e ter espaço, uma que se preocupava com cada mínimo detalhe e que pensava em todas as possibilidades de algo der errado e outra que simplesmente queria viver e gostar do que fazia com a própria vida.

Realmente é algo complexo, pensar que praticamente agia de maneiras diferentes perante às próprias escolhas, mas o que você poderia fazer? Parecia que, às vezes, te forçavam a agir de uma certa maneira.

Mais afastado e encostado na parede, junto com parte do seu grupo de amigos, Kazutora te observou dançar música atrás de música com um sorriso nos lábios, ele não conseguia descrever o tanto que ele se sentia feliz por te ver assim, simplesmente curtindo a própria vida. Ao lado dele, Mikey também observava o grupinho de vocês praticamente ser o núcleo de atenção da festa e ele se divertia ao ver cada fora que Senju dava, não poderia mentir e dizer que não inflava o próprio ego saber que ela estava com ele.

— Você realmente está bem? — Mikey ouviu a voz de Kazutora ao seu lado e franziu as sobrancelhas ao olhar para o amigo.

— Óbvio que estou.

— Não minta pra mim.

— Como que eu estaria mentindo?

— Você não estaria tão agitado — a constatação foi como um soco no estômago para Mikey, que somente respirou fundo enquanto observava Kazutora dar mais um gole na garrafa de vodka.

O próprio loiro se sentia levemente preocupado pela quantidade de bebida que o amigo estava ingerindo, mas sabia que falar alguma coisa não adiantaria de nada, principalmente por ele mesmo não estar em uma das melhores situações. Não precisava procurar muito para achar alguém usando alguma droga na festa, resquícios de neve já se localizavam na própria bancada da cozinha. Se fosse em uma outra época, Mikey também estaria lá, sentindo a euforia que o pó lhe transmitia, além de proporcionar uma sensação ilusória de "vazio" na própria mente.

Além disso, ele não poderia simplesmente negar a tentação que estava acontecendo dentro dele, poucos metros o separavam do que o seu corpo queria sentir de novo. Ele estava a quase um mês sem usar nada, sabia que o sentimento de ausência poderia começar a ficar cada vez mais forte e por isso tentava esconder as mãos trêmulas dentro dos bolsos da calça e tinha ficado no lado de fora, mesmo que não fosse realmente resolver alguma coisa de maneira concreta.

— Você não precisa ficar aqui — Kazutora voltou a falar, mesmo que já começasse a ter sintomas de embriaguez, ainda estava lúcido o suficiente para perceber a atuação que o melhor amigo estava fazendo.

— É a festa da vitória e eu sou o capitão — a voz de Mikey saiu mais baixa que ele esperava, o que fez com que Kazutora tivesse que se inclinar para realmente ouvir — Não posso simplesmente ir embora da festa do meu time.

— Claro que pode — tentou argumentar — Você pode fazer praticamente qualquer coisa só por ser o capitão do time.

— Não é tão simples assim...

— Você que está complicando as coisas.

Mikey suspirou e desviou o olhar e o levou novamente para a pista de dança improvisada, mais especificamente para uma garota em específico.

— Ela está se divertindo e eu sei que se eu sair daqui, ela vai junto.

Kazutora sorriu fraco ao também levar o olhar para a pista de dança, com agora você e as meninas posando para alguma foto que Draken tirava. Não poderia negar que entendia o que Mikey sentia, ele não queria que Senju abrisse mão da própria diversão por ele, mas ela sabia que ele estava tentando ficar sóbrio, até mesmo para poder ser o cara que ele sabe que ela merece. Logo, Senju nunca se importaria em perder uma festa, principalmente se fosse em prol da saúde dele.

— Ela pode ser egoísta em vários pontos da vida dela, mas quando se trata de você, sei que ela não é.

Mikey encarou Kazutora por alguns segundos em completo silêncio, principalmente por saber que aquilo é verdade.

— Sério, Mikey, só não fica mais aqui, dá pra ver que isso não tá te fazendo bem e ninguém quer que você tenha uma recaída envolvendo essa merda.

— Eu sei...

— Então pronto — Kazutora suspirou — Não é todo mundo sabe o que tá rolando, mas não é por isso que você vai simplesmente jogar pelos ares todo o esforço que você fez. Se acostume em colocar certas coisas como prioridade não só agora, mas também pro resto da vida.

Tem certos momentos que às vezes Mikey esquecia como Kazutora é muito mais maduro e até mesmo forte do que ele. As piadas, as brincadeiras, os treinos e a sensação de uma vida normal o faziam colocar no fundo da mente como o próprio melhor amigo tinha passado pelo inferno enquanto ainda era uma criança, o que fez com que a mente dele tivesse que envelhecer muito mais rápido, principalmente porque, naquela época, Mary e Maddy só tinham ele como apoio.

— Tudo bem — suspirou, sentindo o corpo tremer de leve — Mas se perguntarem alguma coisa...

— Eu invento uma situação — Kazutora logo o interrompeu — Só sai logo daqui e aproveita e finalmente tenha uma noite decente com a Senju.

Mikey riu pela expressão do amigo, principalmente quando ele simplesmente começou a o empurrar na direção da pista de dança. Sentiu o corpo se chocar com a multidão que dançava alguma música eletrônica que não conseguia identificar e suspirou ao ir na direção de Senju, se sentia mal por simplesmente a arrastar dali, mas sabia que se sumisse, ela iria atrás dele de qualquer jeito.

A platinada não demorou a perceber a figura dele, então logo acabou com a distância, passando os braços pelo pescoço do mais alto, mas notou que tinha algo de errado na expressão dele.

— O que aconteceu? — perguntou contra a orelha dele, por causa da música alta.

— Tem como a gente sair daqui?

— Você está bem? — devolveu a pergunta, com um tom de preocupação na voz, e Mikey simplesmente sentiu a vontade de desaparecer e fingir que estava tudo bem e voltar para perto de Kazutora.

Porém, ele não poderia negar como o próprio corpo estava o traindo, principalmente ao ver, a algumas pessoas de distância, Hanma, junto de Kisaki, terminar mais uma venda de um zip-lock de cocaína. Ele não se importa muito com pessoas de outras fraternidades indo nas festas da Toman, inclusive é bem divertido quando todas se misturam, o único problema mesmo é Blake. Inclusive, estava agradecendo por ainda não ter visto o seu namorado.

— Eu realmente não consigo mais ficar aqui — foi o que conseguiu responder e isso bastou para Senju, que simplesmente assentiu com a cabeça, deixando um selinho antes de se afastar momentaneamente.

A platinada foi somente avisar para você e as meninas que estava saindo e que qualquer coisa era só ligar pra ela, não demorando para voltar onde Mikey estava, o pegando pela mão e começando o caminho para a porta. Ela não precisava de muita explicação para simplesmente entender o que estava acontecendo, na verdade, ela até mesmo tinha se surpreendido pela quantidade de tempo que já estavam ali, passava um pouco da meia-noite.

No meio desses dias, tinha se submetido a ir atrás e pesquisar, principalmente conversando com você, até mesmo sobre a situação do seu pai e como ele lidava com as indas e vindas do vício. Não foi uma época fácil da sua adolescência, até hoje você se desgasta com isso e, com toda a força de vontade do mundo, Senju faria de tudo para que essa realidade não se aplicasse a Mikey.

Você acompanhou com um olhar dois de seus melhores amigos sumirem pela multidão, enquanto as suas outras amigas comentavam como eles já tinham ido para a parte "boa" da noite. Se sentia mal por não contar o que realmente estava acontecendo, principalmente para Emma, que é literalmente a irmã gêmea de Mikey, mas você não tinha esse poder e muito menos liberdade para tal coisa, respeitaria a decisão do seu amigo até o fim.

Com o passar da festa, com certeza tinha ficado mais solta, tinha tomado mais um copo da mistura de gin com energético e não poderia estar mais animada e suas amigas te acompanhavam, já até mesmo conseguia sentir os seus pés doerem um pouco por causa do salto. Respirou fundo, tentando até mesmo se localizar, música alta, muitas pessoas e o clássico jogo de luzes que os meninos organizavam te deixavam até um pouco tonta e você já sentia a necessidade de tomar um pouco de ar.

— Eu vou na cozinha! Já volto! — você gritou com as meninas, que somente assentiram.

Você sentia até um pouco de inveja delas, em como conseguiam simplesmente se manterem de pé em tais tipos de situação, Yuzuha, por exemplo, nem parecia estar suada. Tomou coragem e atravessou a multidão, finalmente chegando na cozinha com um claro semblante de alívio no rosto, mesmo que o ambiente em conceito aberto estivesse tão cheio quanto o resto da casa.

Algumas pessoas somente conversavam por ali, em pé ou sentadas no balcão, enquanto outras simplesmente abusavam do bom e velho "livre arbítrio". Tentou com todas as forças não encarar diretamente, mas não é como se usuários de cocaína conseguissem ser as pessoas mais discretas do mundo, você sabia muito bem disso.

Andou até a geladeira, sentindo como se fosse um aperto no seu estômago, e suspirou aliviada ao encontrar uma garrafa de água no meio do mar de bebidas que ainda tinha ali. Achou, milagrosamente, um copo limpo e o encheu, se encostando em uma parte livre do balcão, conseguia até mesmo sentir o corpo tremer pela batida da música e aproveitou para fechar os olhos por alguns segundos, enquanto líquido gelado descia pela garganta.

Com certeza a sensação é muito melhor do que a vodka pura que tinha tomado mais cedo.

A cena de Kazutora virando a bebida na sua boca voltou em sua mente como uma flecha disparada em alta velocidade, inclusive te fez abrir os olhos novamente. Já tinha um tempo que não via o moreno e não sabia porque realmente estava preocupada, percebendo agora sua ausência. Isso é algo até comum, seu melhor amigo simplesmente desaparecer, já que ele possui os próprios esquemas e faz o que quiser com a vida.

Porém, dessa vez, você não sabia descrever o porquê, mas sentia uma preocupação diferente surgir no seu peito.

Logo terminou o copo de água, o deixando em algum lugar da bancada e voltou a andar na direção da pista de dança improvisada, se sentia determinada a atravessar aquele mar de pessoa até o lugar que tinha visto Kazutora pela última vez, mas algo te impediu de continuar a andar. Sentiu uma mão envolver o seu pulso com posse, até mesmo tinha se preparado para puxar e tentar se soltar, mas foi girada antes, de forma que ficasse de frente para a pessoa que estava te segurando com uma certa quantidade de força.

Os seus olhos se arregalaram de leve quando a figura de Blake apareceu na sua frente. "Já era tão tarde assim ao ponto dele estar na festa?" — você se perguntou, ainda o encarando em silêncio, não encontrando a sua voz para dizer um simples "olá", parecia que tinha algo na sua garganta a impedindo, pelo menos era isso o que você sentia. Porém, o que realmente estava te impossibilitando de fazer uma simples ação era o olhar de Blake, nunca tinha visto aquele par de olhos azuis tão frios, quase como se fossem duas lâminas do mais puro gelo.

— Realmente está se divertindo, não é? — a voz dele saiu grave, principalmente pela forma como ele colou os dois corpos.

— É uma festa, Blake — encontrou força de vontade suficiente e sentiu um arrepio passar pelo seu corpo.

— Não ache que não sei disso — respondeu, ríspido — Mas sabe de uma coisa, [Nome]? Eu não acho muito divertido ver a minha namorada se mostrando pra meio mundo de gente.

— Me mostrando? — perguntou, realmente confusa e também não entendendo o porquê do semblante tão irritado do seu namorado.

— Realmente o álcool deve ter te deixado mais burra.

— Do que você está falando?

— É só pensar um pouco [Nome]!

— Nós estamos literalmente numa festa, a música alta tá pra caralho e você simplesmente quer ter uma discussão aqui?!

— E quem disse que eu quero discutir?!

— Você simplesmente já chegou sendo grosso comigo?! Esqueceu da existência da palavra "oi"?!

Blake te olhou e por um milésimo de segundo, você sentiu uma espécie de medo surgir dentro do seu estômago, principalmente quando a mandíbula dele travou. O seu namorado é bem mais alto que você, o que te fazia ter que olhar para cima todas as vezes que conversavam e, dessa vez, praticamente se sentia um inseto.

— Qual a dificuldade de ser sincero e falar logo qual é a porra do problema? — perguntou e sentiu o aperto do seu pulso aumentar.

— Não fale assim comigo.

— Não falar assim? — riu, ácida — Simplesmente estou falando da mesma maneira que você. É bom, né?

Não sabia de onde estava tomando a coragem para finalmente dizer tais coisas, talvez fosse o fato de que estavam no meio da festa dos seus amigos, o álcool nas suas veias ou até os olhares que caiam sobre vocês. As pessoas poderiam não ouvir o que vocês dois conversavam, mas com certeza percebiam que o clima não estava um dos melhores.

— Esse não é o ponto.

— Então qual é o ponto, Blake? Porque se não sabe, eu posso até a sua namorada, mas não sou uma telepata.

O moreno respirou fundo, odiava se sentir jogado contra a parede, como se logo ele pudesse estar errado em alguma situação.

— Esse é o ponto — com a mão livre, apontou para o seu vestido, mas principalmente para o decote.

— Isso tudo por causa da minha roupa?

— Agora vai minimizar o que eu sinto?

— Em que momento eu fiz isso?! — conseguia sentir a irritação começar a queimar — Metade dos nossos problemas se resolveriam se você simplesmente falasse comigo!

— Então nós temos problemas?

— Se você me ouvisse ou minimamente tentasse me ouvir, saberia!

O clima entre vocês dois estava tão tenso que poderia ser cortado por uma faca, quase como se tivesse uma nuvem de tempestade se formando ao redor. Você não era a única que estava começando a ficar irritada, praticamente a raiva de Blake irradiava contra o seu corpo e sabia que o fato de que algumas pessoas estavam observando só piorava a situação.

— A gente tá na festa dos meus amigos, comemorando a vitória deles no primeiro jogo da temporada — você voltou a falar, tentando ao máximo não desviar o olhar do de Blake — Então tem como a gente não estender isso aqui?

— Você tava agorinha falando de conversar — insinuou e você conseguiu sentir a raiva quase que borbulhar.

— Estava sim, mas eu não quero ter que discutir o nosso relacionamento no meio de uma festa. Bem que agora você podia começar a pensar da mesma maneira que me pede!

Respirou fundo e passou uma das mãos pelo rosto, desviando o olhar para a multidão que dançava animada, da mesma maneira que você estava antes, mas agora parecia que tudo tinha caído por terra.

— Eu quero voltar a curtir a festa e até mesmo poder me divertir com você.

Blake, por sua vez, suspirou e soltou o seu pulso, levando a mão até a sua cintura, de forma como se um carinho forte fosse feito na região. Você aproveitou para passar os braços pelo pescoço dele, parecia que o clima estava amenizando, um teatro interminável no seu relacionamento, e as mãos do seu namorado começando a passear pelo seu corpo só indicavam isso cada vez mais.

— É só um vestido — você falou contra a orelha do mais alto — Ele não determina com quem estou me relacionando.

— Ciúmes é irracional, amor — ele falou contra a sua e você sentiu um arrepio passar pelo seu corpo, quase como um dejá-vù.

— Eu sei, lindo. A gente já até conversou sobre isso uma vez, mas é algo que você tem que entender. Eu posso até mesmo ficar pelada no meio desse povo todo, mas eu vou continuar sendo sua e você é quem me leva pra cama no final das contas — tentava de todas as formas amenizar o clima, não suportava qualquer clima de briga, mesmo que, dessa vez, você também tinha respondido e até mesmo instigado.

Tem total consciência de que qualquer relacionamento é cheio de altos e baixos, mas essa montanha-russa já estava te deixando cansada. Ontem, por exemplo, tinha sido tudo tão bom, tinham ido juntos até Venice para jantar em um dos seus restaurantes favoritos e na cômoda do lado da sua cama tinha um buquê de rosas brancas. Às vezes, não conseguia acompanhar como tudo passava da água pro vinho em poucos segundos.

Além disso, não gostava até mesmo da necessidade de ter que adiar uma conversa para que não brigassem. Sabia que em algum momento você e Blake teriam que ter uma conversa franca sobre tudo e os problemas que existiam no relacionamento, mas era quase impossível, porque o seu namorado sempre evitava ou postergava, parecia que ele estava confortável com a atual situação de vocês.

Você suspirou ao sentir uma das mãos de Blake apertar o seu quadril e a outra ir até o seu rosto, com o dedão deixando um carinho na sua bochecha. Os olhos azuis praticamente te hipnotizam, quase como se transmitissem a ideia e a sensação que você estava nadando neles. Porém, a verdadeira realidade é que estava afundando, inebriada pela aura e os momentos bons que Blake te proporciona, como ele te fazia se sentir amada e desejada.

Os lábios dele encontraram primeiro a sua bochecha, depois o seu queixo e até mesmo os cantos da sua boca, o que te fez rir, sentia cosquinhas pela suavidade que esses beijos eram, achava engraçado como Blake conseguia te tratar como boneca de porcelana. Não demorou para que finalmente os lábios de vocês dois se encontrassem, de forma que você fecharia os olhos, se entregando para o beijo pelo qual achava que era viciada.

Vocês pareciam o casal perfeito, como aqueles que saíam nas capas de revistas e nas matérias de sites de fofoca.

A aluna exemplar, herdeira de uma grande empresa de marketing, e o capitão do time de basquete, herdeiro de uma extensa rede bancária.

Chega até parecer um filme, mas com certeza um que Kazutora odeia.

O Hanemiya estava do outro lado da sala, encostado na parede e simplesmente já de saco cheio da festa. Sabia que estava bêbado e a música parecia estar ainda mais alta, não conseguia realmente descrever porque ainda se permitia ficar ali assistindo você beijar o pior cara do mundo, não conseguia colocar em palavras o tanto que ele odeia Blake Smith.

Além do próprio fato das atitudes dele e a questão de como ele não te merecia, Kazutora o conhecia desde a infância, já que os pais dos dois eram amigos e até mesmo trabalharam juntos por um período de tempo. Porém, isso não fez com que fossem minimamente próximos, mas pelo menos sabiam quem cada um era e até mesmo Kazutora agradecia profundamente por terem estudado em escolas diferentes, não teria aguentado lidar com Blake por tantos anos.

O moreno suspirou ao terminar um copo de um drink qualquer que Mitsuya tinha feito, não sabia o que tinha ali dentro e nem queria saber, já estava de saco cheio de tudo.

Porém, se atentou quando, por alguns segundos, você tinha sumido, mas logo voltou a aparecer na pista de dança improvisada, com Blake apoiando as mãos nos seus quadris, bem quando as primeiras batidas de Unforgettable, French Montana e Swae Lee, começou a tocar.

"Gata pra caralho" — foi o que ele pensou ao te ver com um sorriso no rosto, balançando o quadril no ritmo da música, praticamente se sentia hipnotizado ao ponto de quase não perceber a garota que se aproximava dele.

— Você tá praticamente plantado aí tem um tempinho — uma voz suave o atingiu, o fazendo desviar o olhar, se deparando com olhos extremamente azuis e muito bem conhecidos.

— Só não estou muito no clima, Lili.

— Logo você? —  a garota riu, se encostando na parede ao lado de Kazutora — Pelo tanto que bebeu, jurava que estaria fazendo atrocidades.

O moreno riu alto e fez com que o próprio olhar passeasse pelo corpo da mais baixa, que ostenta um vestido de cetim de um tom incrível de azul, que com certeza ressalta ainda mais as curvas marcantes da garota.

— Para saber o tanto que eu bebi, está me observando há um bom tempo — insinuou e sorriu ao ver como tinha conseguido a deixar envergonhada.

— E tem como não observar? — a mais nova achou a própria voz e se desencostou da parede, ficando, dessa vez, de frente para o moreno.

Lilian é caloura de Kazutora no curso de veterinária, mais especificamente sendo dois anos mais nova, e essa não seria a primeira vez que os dois flertam, já tinham até mesmo ficado. Mesmo que o moreno pudesse ser louco por você, ele não é feito de ferro e praticamente coincidiu o início das ficadas entre ele e Lili com o início do seu relacionamento com Blake.

Nunca teve sentimento envolvido e ele sempre deixou claro que esse era um limite que nunca cruzaria com a cacheada, então até poderia considerar que o que eles tinham se enquadra na classificação de uma "amizade colorida".

— Assim você me deixa sem resposta — Kazutora disse, colocando o copo vazio na mesinha de centro ao seu lado e escutou a risada melodiosa de Lilian.

— Menos palavras, mais ação — respondeu, começando a diminuir a distância e o moreno sorriu, gostava de como ela conseguia ser direta.

— Já partiu para o ataque? — sorriu, enquanto brincava com um dos cachos do cabelo castanho de Lilian e com a outra mão já apertava a cintura da garota, colando os corpos logo em seguida.

— Estou conversando com um jogador, não posso ficar muito para trás — rebateu, enrolando o indicador na fina corrente que decorava o pescoço tatuado.

Kazutora riu alto e se inclinou para deixar um beijo suave no pescoço de Lili, sorrindo, em seguida, contra a pele negra da garota.

— Quer dançar? — perguntou ao perceber o arrepio que ela sentiu.

— Com toda a certeza.

Se deixando ser guiado para o meio da multidão, Kazutora logo se viu cercado de pessoas, com a música praticamente estourando. Não poderia dizer que é uma situação que gosta, mas é muito melhor estar, pelo menos, bem acompanhado neste tipo de ambiente do que sozinho e, com certeza, o Hanemiya gostava da companhia de Lilian.

Colocou uma das mãos sobre o quadril da garota e com a outra retirou com cuidado o cabelo, liberando um dos lados do pescoço de Lili, deixando uma trilha de beijos na região. Ele não poderia mentir e dizer que não gostava de estar com a colega de curso, mas se pudesse, gostaria de estar fazendo isso com você.

Porém, ele não era o único que se sentia desse jeito, ou pelo menos alguém que tentava negar tal sentimento.

Você não esperava sentir o seu estômago se revirar quando viu Kazutora ir para a pista de dança acompanhado de Lilian e muito menos se sentir frustrada ao ver os beijos que ele traçava no pescoço dela. Além disso, parecia que Blake, que estava com o corpo praticamente colado no seu, nem existia.

Kazutora era a única coisa que você conseguia sentir e ver.

A batida da música reverberou pela sua pele e o álcool que corria nas suas vezes deixava a sua mente nas nuvens, principalmente quando Kazutora levantou o olhar e encontrou o seu. Se fosse em uma outra situação, com certeza teria desviado, mas algo te prendeu ali, no meio daquele brilho dourado.

Você dançava com as mãos de Blake no seu quadril, da mesma maneira que Kazutora dançava com as mãos em Lilian.

A sua garganta secou quando a viu se virar na direção do moreno, passando os braços pelo pescoço dele e o seu coração errou uma batida quando ele se inclinou e cochichou algo no ouvido dela que a fez rir.

Não sabia o que estava sentido, uma queimação por quase todo o corpo, mas uma pequena parte do seu coração sabia o que era tudo isso.

Você está com ciúmes de Kazutora, mesmo que não fosse admitir para si mesma ou qualquer outra pessoa.

Sentiu beijos serem depositados com certa força no seu pescoço, Blake tinha percebido que você está mais "aérea", ele não aceitaria o fato de que você se distraiu com algo quando logo ele está bem ali com você. Deixou que um suspiro escapasse dos seus lábios e até fechou os olhos, só queria que essa queimação passasse, nunca foi de sentir ciúmes de alguém, mas porque sentiria agora?

Por que sentia ciúmes logo de Kazutora?

Uma pergunta que você não se permitiu responder, já que provavelmente deveria ser algum efeito do álcool que se propagava pelo seu corpo.

Um jeito muito fácil de mascarar o que verdadeiramente sente, não acha?

Porém, do mesmo jeito que a música diz na letra, Kazutora é alguém inesquecível e marcante e você não se esqueceria tão cedo dessa mais nova sensação, do ciúmes que sentiu em relação ao seu próprio melhor amigo.

Você voltou a abrir os olhos, voltando a se deparar com o olhar de Kazutora e a noção de que ele já estava te encarando fez com que arrepiasse.

Os dois estavam sentindo ciúmes um do outro, algo extremamente irônico perante a situação em que ambos se encontravam, mas o que poderia fazer?

Estavam queimando um pelo outro sem saber, o que é até um pouco cruel, principalmente quando você não conseguiu assistir o beijo que Lilian deu no pescoço de Kazutora, o que o fez desviar o olhar do seu e sorrir para ela.

Parecia que tudo estava em câmera lenta quando assistiu ele se inclinar e começar a beijar a mais nova.

Segurou um suspiro e se virou na direção de Blake, levando a sua boca na direção da orelha dele.

— Quer sair daqui?

— Depois eu que sou o apressado — ele respondeu de maneira extremamente sugestiva e você se forçou a rir e deixar um beijo no pescoço dele.

Com certeza não foi nesse sentido que tinha perguntado isso, só não queria ver o seu melhor amigo beijar outra pessoa. Já tinha visto a cena outras vezes, mas por que logo agora estava se importando tanto com isso?

Respirou fundo quando Blake entrelaçou a mão com a sua e começou a te guiar em direção à saída da casa para atravessarem a rua e irem até a Valhalla.

Quando estavam perto de sair, quase passando pela porta, você ousou olhar para trás por poucos segundos, que mais pareceram uma eternidade, e sentiu como se tivessem te incendiado, a queimação espalhou por toda a sua pele em uma rapidez instantânea.

Observou, com praticamente toda a sua atenção, como Kazutora sorria e puxava Lilian na direção das escadas para o andar de cima.

Nesse momento, você ainda não entendia por completo o que tinha sentido, Blake ainda estava quase como uma sombra ao seu redor, mas nesta festa e no instante em que viu Kazutora desaparecer pelo lance de escadas, foi quando o seu coração começou a queimar ainda mais pelo seu melhor amigo.

Uma chama tão intensa que, a cada dia, ficaria ainda mais difícil de ignorar.







Oi gente! Tudo bem com vocês?

Sério, mas que capítulo grande KKKKK
Simplesmente foi o maior que eu escrevi na vida (11 mil palavras) e eu não sei dizer pra vocês como isso aconteceu

Quando fui ver, estava enorme e não achei ponto algum para poder cortar e deixar para um próximo. Espero de verdade que vocês não tenham achado esse tamanho ruim!

Inclusive, foi um dos capítulos que mais gostei de escrever (acho que só perde pro 13). Amei MUITO fazer a [Nome] ficar toda cheia de dúvidas em relação ao Kazu, extremamente satisfatório!!!

Bem, espero que tenham gostado! Não se esqueçam de votar e de comentar (AMO ler o feedback de vocês)!

Até a próxima! ♥︎

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