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By olimpia_valdez

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๐จ๐ง๐ž, choice
๐ญ๐ฐ๐จ, had not notice
๐ญ๐ก๐ซ๐ž๐ž, fair
๐Ÿ๐จ๐ฎ๐ซ, liar
๐Ÿ๐ข๐ฏ๐ž, fault
๐ฌ๐ข๐ฑ, fear
๐ฌ๐ž๐ฏ๐ž๐ง, empty promises and apologies
๐ž๐ข๐ ๐ก๐ญ, count on me
๐ง๐ข๐ง๐ž, audience
๐ญ๐ž๐ง, sober
๐ž๐ฅ๐ž๐ฏ๐ž๐ง, illusory euphoria
๐ญ๐ก๐ข๐ซ๐ญ๐ž๐ž๐ง, trust
๐Ÿ๐จ๐ฎ๐ซ๐ญ๐ž๐ž๐ง, invisible barriers
๐Ÿ๐ข๐Ÿ๐ญ๐ž๐ž๐ง, jealousy
๐ฌ๐ข๐ฑ๐ญ๐ž๐ž๐ง, failed love
๐ฌ๐ž๐ฏ๐ž๐ง๐ญ๐ž๐ž๐ง, relapse
๐ž๐ข๐ ๐ก๐ญ๐ž๐ž๐ง, shame
๐ž๐ฌ๐ฉ๐ž๐œ๐ข๐š๐ฅ, 50k!
๐ง๐ข๐ง๐ž๐ญ๐ž๐ž๐ง, save him
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ, mirror
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐จ๐ง๐ž, time traveller
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐ญ๐ฐ๐จ, good luck
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐ญ๐ก๐ซ๐ž๐ž, useless
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐Ÿ๐จ๐ฎ๐ซ, favorite person
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐Ÿ๐ข๐ฏ๐ž, selfish
๐ž๐ฌ๐ฉ๐ž๐œ๐ข๐š๐ฅ, 100k!
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐ฌ๐ข๐ฑ, darkness

๐ญ๐ฐ๐ž๐ฅ๐ฏ๐ž, hope

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By olimpia_valdez





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O tempo tinha passado tão rápido que você mal conseguia processar direito, em um piscar de olhos o final de agosto tinha chegado, junto com o fim do verão. Agora, o outono começaria a dar sinais, mesmo que na Califórnia o estilo de clima mediterrâneo não permitisse que a definição perfeita entre as quatro estações do ano ficasse clara.

Você se olhou uma última vez no espelho, terminando de arrumar a blusa sobre o seu corpo e conferindo se as duas fitas azuis que tinha amarrado no cabelo estavam no lugar. Com um sorriso animado no rosto, pegou a bolsa, que já estava pronta em cima da cama, e saiu do quarto, trancando a porta atrás de si, nem você ou Senju voltariam tão cedo para o dormitório.

Hoje é o primeiro jogo da temporada de futebol americano e você conseguia sentir a ansiedade começar a fluir pela sua pele, com certeza é o seu esporte favorito, até sabia jogar, claro que não tão bem quanto os seus amigos, mas pelo menos ao ponto de poder se divertir quando te chamavam para participar. Você cresceu com o seu pai sendo um fanático pelo esporte e ter convivido por muitos anos com Shinichiro também contribuiu para que gostasse, se lembrava até hoje das horas que passavam na própria casa de Mikey assistindo os jogos do Sano mais velho, e até mesmo das vezes que foi o ver jogar ao vivo.

É um esporte que traz muitas boas lembranças, mas também algumas ruins no meio do caminho. Pensando sobre isso, descia as escadas do prédio, conferindo se o uber que tinha pedido estava chegando, não podia perder nenhum minuto sequer. Diferente de muitos times universitários que possuem um estádio no campus, o UCLA Bruins utiliza para os seus jogos em casa o famoso Rose Bowl na cidade de Pasadena, que se localiza no próprio condado de Los Angeles. Assim, em dias de jogo, uma distância de mais ou menos quarenta minutos de carro tem que ser percorrida.

Acaba sendo um pouco complicado, a questão de ter que se deslocar para assistir um jogo, mas a energia de um estádio que já foi utilizado para sediar o Super Bowl com certeza compensa o esforço. Mesmo com esses contratempos, em todos esses longos anos que conhece os meninos, você nunca perdeu um jogo sequer, sempre esteve em todos, e isso só se intensificou na faculdade, com o nível das jogadas e rendimentos ainda maiores.

Por isso, até mesmo fez um esquema com a professora Adelaide para que pudesse arrumar a escala do estágio de acordo com os dias dos jogos em casa, como o de hoje em uma plena sexta-feira. Faria questão de não perder nenhum, mesmo que isso significasse trabalhar em alguns finais de semana.

No futebol americano universitário, existem as divisões e a UCLA se encontra na primeira e mais importante. Além disso, dentro de cada divisão, existem as conferências, sendo a que a sua universidade participa a PAC-12, também conhecida como a Conferência da Costa do Pacífico, sendo composta por 12 times que competem entre si. Porém, alguns arranjos são feitos ao longo do ano, principalmente por causa da seleção dos times para os Bowls e da divulgação da temporada, e acaba que acontecem alguns jogos entre times de conferências diferentes, que é o caso do jogo de hoje.

O UCLA Bruins irá jogar contra os Falcons da Universidade Bowling Green, que participa da MAC, que engloba times da região dos Grandes Lagos. A diferença de força entre as duas conferências existe e é notada sem muita dificuldade, mas o ponto chave desse jogo é que os dois treinadores já foram rivais enquanto ainda eram jogadores da NFL. Assim, o jogo praticamente começou a ser considerado um clássico nos últimos anos, uma lembrança dos tempos em que Scott e James jogavam.

— Não acha que está indo relativamente cedo pro estádio? — a voz do motorista do uber te acordou dos pensamentos.

Desviou o olhar da janela e o levou para frente do carro, até mesmo aproveitou para olhar o celular, conferindo o horário de um pouco mais de 15:30.

— Talvez — você riu fraco, já que o jogo só começaria às 18 horas — Os meus melhores amigos estão no time e também na equipe de torcida, então eu sempre chego antes e fico com eles.

— Entendi, imagino que deve ser bem divertido.

— É muito, aquela clássica mistura de ansiedade e animação.

— Inclusive, me permite fazer uma pergunta?

— Claro!

— Você disse que é melhor amiga de alguns dos integrantes do time de futebol, poderia me dizer quais são?

— O trio de ouro — você sorriu, sentindo o orgulho inflar no seu peito ao falar o apelido que a mídia deu para os meninos — Keisuke Baji, Kazutora Hanemiya e Manjiro Sano.

— Puta merda!

A exclamação de susto do motorista te fez rir, principalmente quando ele parou no sinal vermelho e girou a cabeça para trás, te olhando ainda espantado. Ele já podia ser considerado de idade, por causa dos cabelos brancos, e você imagina que ele é no mínimo uns vinte anos mais velho que o seu pai. Além disso, possuía uma simpatia tremenda, até mesmo mantendo comunicação com você antes de chegar no dormitório, avisando se estava chegando ou não.

— Mil desculpas pelo palavreado, mas fiquei em choque — ele disse um pouco envergonhado e você fez um gesto com a mão, dizendo que não tinha problema.

— Conheço os meninos há anos, somos amigos de infância e estudamos praticamente a vida inteira juntos.

— Então você conheceu o Shinichiro Sano?

— Exatamente, tenho até foto com ele no dia da minha formatura do ensino médio.

— Meu Senhor amado...

O motorista, ou também conhecido como Oliver, parecia quase derreter no banco ao perceber o tanto que a sua lista de amizade é praticamente um dos sonhos de qualquer fã de futebol americano e você estava achando uma fofura as reações do mais velho.

— Você é fã dos meninos? — perguntou, praticamente no mesmo instante que o sinal tinha voltado a ficar verde.

— Sou! Até me expondo um pouco para a senhorita, assisto os jogos deles desde o ensino médio.

— Sério?

— Sim — ele sorriu — A minha filha trabalha na escola, então sempre acabava indo até lá e aproveitava para assistir aos jogos, dava pra ver que eles tinham talento.

— Posso saber quem é a sua filha? — perguntou, curiosa.

— Claro! É a Stephanie Wilson.

— A srta. Wilson?! Ela era simplesmente a melhor professora de química daquele lugar! Não perdia uma aula dela por nada.

— Fico extremamente feliz por ouvir isso, ela sempre dizia que queria ser professora.

— Posso garantir pro senhor que ela é incrível, lembro dela até hoje.

— E que mundo pequeno, não é?

— Demais, sr. Wilson.

A conversa entre vocês dois fluiu ainda mais ao longo dos minutos que restavam do trajeto, agora o assunto sendo ainda mais direcionado para o futebol, principalmente como seria o jogo de hoje. Sendo o primeiro da temporada, com certeza é de tremenda importância, já que poderia ser decisivo para o ritmo dos próximos jogos, e você sentia o seu coração errar uma batida cada vez que pensava sobre isso, principalmente quando a figura de Mikey aparecia na sua mente.

As últimas semanas não tinham sido necessariamente fáceis, era nítido como a abstinência estava acontecendo, quem conhecia os sintomas de perto conseguiria talvez suspeitar, mas o fato dele ser um atleta de nível praticamente profissional o ajudou a mascarar. Claro que o nível dele não estava o mesmo, o corpo estava em um processo de aceitar a nova realidade sem as drogas, então não estava "tudo bem".

Kazutora sabia melhor do que ninguém, não foram poucas vezes que Scott chamou a atenção de Mikey durante os treinos e as mudanças de humor do capitão não ajudavam em nada, acabou que muitas discussões desnecessárias surgiram no meio desse tempo. Claro que não poderia culpar o amigo, são reações involuntárias do próprio cérebro, mas as consequências existiam e o fato de que só ele sabia o que estava acontecendo, dentro de um time de mais de 40 pessoas, complicava tudo ainda mais.

Não foram poucas vezes que você mesma teve que ouvir Kazutora desabafando. Ele te ligava depois dos treinos ou simplesmente aparecia no seu dormitório, e você não reclamava, sabia muito bem como era isso, conviver com alguém em um processo de abstinência. Além disso, a companhia dele sempre seria bem-vinda.

Porém, o Hanemiya se manteve firme e continuaria até que pudesse comemorar e dizer que Mikey estava limpo. As amizades não são só para os momentos bons, nas vitórias e nas festas, mas também nos ruins, principalmente naqueles que significam mudança e até mesmo um pouco de aprendizado.

— Muito obrigada, sr. Wilson — você agradeceu, quando o carro parou praticamente de frente para o estádio.

— Eu que agradeço.

— Aliás, o senhor já aceitou uma outra corrida?

— Ainda não. Por que?

— Consegue esperar uns minutos? Vai ser rapidinho.

— Sim — respondeu, um pouco confuso, e você sorriu largo, com uma ideia brilhante na cabeça.

— Já volto.

Saiu do carro e praticamente correu na direção do estádio, indo até a área de entrada dos atletas. Você tinha um passe livre pela área e só foi mostrar a autorização, assinada pelos próprios Scott e Olívia, e o seu ingresso que os seguranças autorizaram a sua entrada no complexo.

Fez o caminho, já completamente decorado na sua mente, e logo entrou no corredor que levava até o vestiário do time da casa. Não foi uma surpresa para você já encontrar alguma movimentação por ali, principalmente o próprio pessoal da equipe técnica. Eles te cumprimentaram rapidamente, já que estavam levando alguns materiais para o campo, você sabia muito bem como Scott conseguia ser um treinador ansioso dependendo da situação.

Depois de pouco tempo caminhando, chegou no vestiário e respirou fundo, antes de abrir a porta, colocando a cabeça pra dentro, mas com os olhos fechados.

— Nem tentem alguma gracinha — já ameaçou e ouviu as risadas masculinas como resposta.

— Você não confia na gente.

— Deve ser porque eu tenho motivos e você sabe muito bem quais são, Ash — rebateu e depois riu com o ruivo, que balançou a cabeça em negação.

— Não consigo discordar. Tá procurando o capitão?

— Aham, e o Baji e o Kazu também. Eles estão aí?

— Não tem nem dez minutos que eles saíram com o treinador. Acho que se você for na direção do campo, você acha eles.

— Muito obrigada.

— Aliás, a gente tá vestido — você reconheceu a voz de Nathan, um dos corredores que participa de algumas jogadas com Baji.

— Prefiro ficar com a minha falta de confiança — brincou, controlando a vontade de rir, já que tinha ouvido as reclamações do time.

— Isso fere os nossos sentimentos, sabia?

— Tenho total noção e é isso que torna ainda mais divertido esse momento.

— Então essa que é a [Nome]? — uma voz não tão conhecida falou e, por causa da curiosidade, acabou abrindo os olhos, encontrando o time espelhado pelo ambiente, decorado com as cores do estádio, vermelho e verde.

A maioria estava sentada nos bancos metálicos que ficavam no centro do largo ambiente, mas alguns estavam em pé ou até mesmo sentados no chão. Realmente todos estavam vestidos, ainda com suas roupas normais, demoraria para que eles colocassem os uniformes ou até mesmo as vestimentas que usavam para o aquecimento alguns minutos antes do jogo.

— Quem que falou comigo? — perguntou, passando os olhos pelos rostos que se acostumou nos últimos quase cinco anos.

— Eu — a voz voltou a ecoar e você logo encontrou o dono, um garoto levemente mais baixo que a maioria dos outros integrantes do time, mas a intensidade dos olhos castanhos mostrou que isso não significava nada pra ele — Sou o Dylan.

— É um prazer, Dylan — sorriu, simpática — Sou sim a [Nome]. Parece que já fizeram uma propaganda de mim.

— Assim, você é a única que o Mikey e o Kazutora escutam, além do próprio treinador, então acaba que a sua moral é alta até entre os novatos — Ash explicou e você riu, se encostando no batente da porta.

— Por isso que não reconheci sua voz — comentou, levando o seu olhar para Dylan — Inclusive, vou te fazer uma pergunta. Você é de Seattle, né?

— Sou sim — ele respondeu, incerto, não entendendo como você sabia — Como sabe disso?

— Quando o treinador e o Mikey souberam sobre você e foram atrás das filmagens dos seus jogos, me chamaram para analisar a sua ficha. Lembrei agora do seu nome.

— Mas por que eles te chamaram?

— Eu faço enfermagem — a sua resposta fez com que os olhos do mais novo se arregalassem — Eu já trabalhei, junto com o centro médico daqui, com alguns casos parecidos com o seu. Sabe, eu não suporto a ideia de médicos e enfermeiros que abandonam os seus pacientes, somente porque algo parece difícil demais e, bem, você tá aqui e é um exemplo de que tudo tem uma saída.

Você se lembrava da maior parte dos detalhes do caso de Dylan, uma lesão no ombro alguns meses atrás, no último ano do ensino médio. Scott foi atrás de você, Adelaide e do médico responsável pela área ortopédica do hospital do campus em busca de opiniões, se valia a pena investir no garoto. Depois do fiasco que aconteceu em relação a lesão de Shinichiro, você se comprometeu a nunca achar que algo fosse impossível no ramo da saúde, então se manteve firme ao afirmar que ele conseguiria se recuperar a tempo e que o treinador poderia fazer a proposta da bolsa esportiva sem medo.

Acabou que a sua visão se concretizou e agora você olhava para o futuro substituto de Mikey no time, o garoto que veio do subúrbio de Seattle e que possuía um talento e potencial absurdo, quase como se fosse o seu amigo quando tinha dezoito anos.

— Bem, foi muito bom te conhecer, Dylan, mas eu realmente preciso achar os meninos — falou, sorrindo para o garoto, que ainda te olhava um pouco chocado, parecia que estava ligando os pontos na própria mente — Inclusive, boa sorte! Eu só aceito sair desse estádio com mais uma vitória nas costas do time! Ouviram, rapazes?!

Os meninos praticamente gargalharam, agradecendo o desejo de "boa sorte", e foram se despedindo aos poucos de você, que logo saiu pela porta.

— Acho que entendi ainda mais porque o capitão só escuta ela — Dylan comentou, arrancando risadas de seus veteranos.

— Ela é legal, né? — Nathan comentou, enquanto mexia na própria mochila.

— "Legal" é pouco pro que a [Nome] é — Ash rebateu.

— E você é um sortudo do caralho — foi a vez de Brandon de se pronunciar e o ruivo já imaginou qual seria o novo rumo da conversa.

— Só porque eu já fiquei com ela?

— Claro! Não é sem motivo que o Blake é um dos caras mais sortudos do campus.

— Um dia ainda vou entender essa tara que você tem de ligar tanto pra quem fica com quem.

— Cala a boca, Nathan.

— E eu tô mentindo, cara? A [Nome] ficou com o Ash, sei lá, no quarto semestre? Ela nem pegava o Blake na época.

— Acho que foi por aí mesmo, nem eu lembro direito — o ruivo respondeu.

— Tá vendo?

A pequena "discussão" continuou, enquanto Dylan ainda encarava de solasaio a porta por onde você tinha saído. Não precisou ser dito para que ele entendesse o seu papel no atual estágio da vida dele. Uma posição do time e até mesmo a ida de parte da equipe ortopédica da UCLA para Seattle, com a intenção de agilizar o tratamento da lesão e melhorar o condicionamento físico.

Ele não tinha te conhecido ainda, só sabia de nome por causa dos comentários que os veteranos faziam, a maioria na mais pura intenção de provocar o capitão e o vice. Então, quando você apareceu na porta, logo compreendeu quem era a garota de olhos fechados, a melhor amiga dos mais importantes do time e, agora, além disso, simplesmente uma das pessoas que possibilitou a melhor oportunidade que já teve na vida.

Dylan com certeza buscaria uma oportunidade para conversar e te agradecer direito.

Enquanto isso, você praticamente corria pelo corredor, não poderia deixar o sr. Wilson esperando ainda mais no lado de fora do estádio, então foi o mais rápido que pôde até a entrada do campo, que ficava na extrema ponta do corredor, de onde as portas vermelhas de metal estavam abertas, dando a visão do sol iluminando a grama perfeitamente cortada.

Ao chegar na imensidão verde, não tardou para encontrar quem procurava. Os seus três amigos estavam juntos a Scott, ouvindo atentamente algo que o treinador falava, observando os funcionários darem os últimos retoques na grama, como o símbolo da universidade bem no centro. Tudo estava decorado nas cores azul e amarelo e, agora, já tinham alguns torcedores começando a aparecer, sentados nas arquibancadas.

— Eu imagino que provavelmente vocês estão tendo aquelas conversas super importantes de técnico e jogador, mas eu realmente preciso roubar esses três de você, Scott.

— E o que você pede que eu não faço, [Nome]? — o treinador brincou e você riu alto, terminando de se aproximar e recebendo um abraço apertado do mais velho.

— Posso mesmo pegar eles emprestados? Juro que vai ser rapidinho.

— Nós já estávamos terminando, não se preocupe — ele te respondeu, com um sorriso leve nos lábios — Encontro vocês três no vestiário.

Os meninos assentiram e observaram o treinador se afastar e já ser parado por algum integrante da equipe técnica, sendo arrastado para alguma questão de última hora e que parecia ser bem importante.

— Vai roubar a gente pra que? — Baji perguntou, curioso, e você sorriu.

— Vamos fazer uma surpresa para uma pessoa — explicou vagamente, enganchando os braços com os de Mikey e Kazutora, começando a os puxar, e com Baji andando ao lado.

— Em que sentido fazer uma surpresa? — foi a vez de Kazutora perguntar, depois de deixar um beijo no topo da sua cabeça, como forma de cumprimento.

— Vocês se lembram da srta. Wilson?

— A professora de química? Ela foi um anjo comigo, só sei orgânica por causa dela — Baji comentou.

— Ela mesma. Por uma coincidência do destino, o uber que me trouxe aqui foi o pai dela.

— Sério?! Tá, isso sim é uma coincidência foda.

— Não é? Pensei a mesma coisa!

— Mas como você descobriu isso? — Mikey se pronunciou pela primeira vez e você girou o rosto na direção dele, sorrindo.

— A gente foi conversando no caminho e acabei comentando que conhecia vocês três. Aí ele me disse que assistia vocês jogarem ainda no ensino médio, já que ele ia na escola por causa da filha.

— Isso é realmente muito legal.

— Ele até me contou que vai assistir o jogo hoje, só vai fazer mais algumas corridas antes.

— Ele tá aí? — Mikey perguntou e você assentiu.

— O convenci a esperar uns minutos, enquanto ia atrás de vocês.

— Isso vai ser muito legal — Baji comentou animado.

Vocês quatro andaram pelo mesmo caminho que você fez até saírem do estádio, mas com um dos seguranças os seguindo dessa vez, já que existia, agora, uma movimentação de torcedores e todo cuidado é pouco, principalmente quando se fala nas estrelas do time. Às vezes, chegava a ser um pouco estranho como os seus melhores amigos possuíam uma espécie de fama, isso aconteceu até mesmo com Shinichiro. Para você, ele sempre seria o irmão mais velho de um de seus amigos e não uma das maiores estrelas do futebol americano.

Esse contraste te deixava um pouco confusa, intrigada e até orgulhosa. Afinal, todos eles são reconhecidos pelo o que fazem, e não tem melhor sensação do que essa.

Você não demorou a voltar a avistar o sr. Wilson, que tinha estacionado e saído do carro, se encostando no mesmo, enquanto observava os arredores. Então, foi aí que o olhar do mais velho te encontrou e a expressão que se formou no rosto dele fez com que você sorrisse, uma mistura de choque e até mesmo negação. Ele olhou por vários segundos, inclusive esfregou os olhos, o que fez os meninos também rirem e sorrirem ainda mais pela situação.

Eles já tinham sido reconhecidos na rua várias vezes, até mesmo Kazutora, quando conseguia pegar Maddy na escola, era parado para tirar uma foto. Até hoje os três se lembravam de uma das vezes que apareceram, junto com Yuzuha, em um dos jogos de Hakkai e simplesmente o time inteiro do colégio travou por uns bons cinco minutos ao os verem entrarem no vestiário.

— Sr. Wilson, esses são os meus melhores amigos — você introduziu os meninos, se soltando deles, para que pudessem interagir da forma como preferirem.

— Eu... — o mais velho se encontrava ainda um pouco em choque e isso te deixou com o coração quentinho, com certeza uma felicidade genuína — É uma honra poder conhecer vocês três pessoalmente.

— Acho que a honra é nossa — Baji começou a falar — Se não fosse pela sua filha, eu nem tinha passado de ano.

— Isso eu posso confirmar — Kazutora não perdeu a chance para provocar e recebeu um soco fraco no braço como resposta.

— A [Nome] contou como você assistia nossos jogos e nós não conseguiríamos simplesmente não vir aqui falar com o senhor — Mikey falou e os olhos do homem praticamente brilharam.

— Não tenho como te agradecer — ele falou para você, que simplesmente sorriu.

— E não precisa, de verdade mesmo. Só quero o seu celular para tirar fotos de vocês três.

O mais velho demorou poucos segundos para pegar o celular do bolso e te entregar e você tirou as fotos de maneira que o imponente estádio ficasse de fundo, simplesmente lindo.

— Sério, muito obrigado por virem e, principalmente, por você ter tido a ideia — Oliver foi sincero e vocês quatro sorriam mais uma vez.

— Foi incrível poder conhecer o senhor e nós também agradecemos pela torcida durante todos esses anos.

— E tem como não torcer? — Oliver brincou — Vocês três são incríveis.

Mesmo que Oliver fosse aquele que estivesse recebendo a surpresa, Baji, Kazutora e, principalmente, Mikey estavam sendo quem estava gostando ainda mais da experiência. No meio da rotina puxada de treinos e a própria faculdade, acaba que as interações diretas com os fãs ficam um pouco reduzidas, então momentos como esse se tornam ainda mais especiais.

Infelizmente, vocês quatro deveriam voltar para dentro, principalmente porque os meninos precisavam se preparar. A despedida foi cheia de abraços e desejos de boa sorte dados por Oliver, que logo saiu com o carro para fazer as últimas corridas antes de poder assistir o jogo.

Voltaram a andar em direção ao estádio, com Baji e Mikey na frente e você e Kazutora mais atrás.

— Ele está bem? — você perguntou, em um tom de voz mais baixo, e Kazutora deu uma leve espiada em Mikey.

— Até que sim, ele só tá inquieto demais. Você não imagina o inferno que foi vir pra cá com ele no ônibus.

— Entendi — controlou a vontade de suspirar — Espero que isso não traga problemas no jogo.

— Também espero, mas acho que talvez o fato de agora, sabe, o objetivo da vitória ser palpável, talvez mude um pouco a situação.

Você assentiu e terminaram o caminho praticamente em silêncio, somente com os barulhos do estádio como plano de fundo. Ao chegarem no vestiário, os meninos foram se despedindo e entrando no ambiente, tinham que conversar e revisar a estratégia do jogo, mas Kazutora ficou para trás, te encarando por alguns segundos, o que te fez franzir as sobrancelhas.

— O que foi? Tem alguma coisa no meu rosto?

— Não — ele riu fraco — É só que você está muito linda.

Os seus olhos arregalaram quase instantaneamente e Kazutora simplesmente sorriu de canto e se virou, entrando no vestiário e não deixando que você dissesse alguma coisa em resposta. Elogios sempre te pegaram de surpresa, independente da situação, e esse foi tão espontâneo que você realmente ficou sem reação, encarando a porta do vestiário por uns bons segundos, antes de conseguir expressar algo.

Enquanto isso, o próprio Kazutora estava se sentindo a pessoa mais estúpida do mundo, ele não sabia se o que acabou de fazer poderia ser considerado como dar em cima de alguém, mas se fosse, ele tinha acabado de dar em cima de uma pessoa comprometida.

"Eu sou a pessoa mais idiota do mundo" — ele pensava, enquanto andava até as próprias coisas, observando o time começar a separar os uniformes, esperando as ordens de Scott, que já tinha a clássica prancheta em mãos.

Antes mesmo que ele realmente entendesse o que tinha feito, o elogio tinha saído da boca dele. Não conseguiu simplesmente conter a vontade de dizer aquilo, que você está muito linda, porque é realmente verdade, de todas as maneiras possíveis.

Você vestia a calça que Emma tinha dado de Natal no final do ano passado, um modelo mais moderno, com a cintura mais justa, definindo a sua bunda no processo, e um aspecto mais largo nas pernas, puxando para o estilo street, mas o ponto chave era a própria personalização que a loira tinha feito por cima do jeans, com desenhos e frases aleatórias, o que deixava a peça literalmente exclusiva. Além disso, o cropped preto da universidade, que foi lançado na nova coleção, com o símbolo da instituição no centro, ficou incrível em conjunto com a calça de cintura alta.

Ele também não poderia esquecer de mencionar o seu sorriso, que estava simplesmente radiante por causa do jogo, se pudesse, ele passaria muito tempo só descrevendo como você está incrível. Porém, existia algo no meio disso tudo e que é de longe o principal motivo para que existisse uma certa tensão entre vocês dois, o fato de que você tem um namorado, mesmo que, às vezes, quando estava com Kazutora, parecia que o seu relacionamento não existia.

Você ainda estava meio sem reação enquanto andava pelos corredores, indo em direção ao campo mais uma vez, percebendo que, agora, já passavam das 16:30 horas, logo a movimentação no estádio estava maior e, provavelmente, o resto dos seus amigos já poderiam estar vindo também, muitas aulas acabavam nesse horário.

Ao chegar na grama, logo andou em direção a um grupo específico de pessoas, que vestiam o mais novo uniforme da equipe, que ainda mantém o clássico tom de azul e os detalhes em branco e finas linhas em amarelo na costura. A diferença está no fato de que a parte de cima é agora no estilo de um cropped, com mangas três quartos, e a saia plissada estava mais curta e na cor branca, com a parte interna das pregas no mesmo tom de azul da parte de cima.

Quando Senju o mostrou na semana passada, você tinha o achado simplesmente lindo e até já tinha começado a imaginar como ela ficaria incrível com ele, o que se concretizou como verdade. O seu olhar foi diretamente para a platinada, que estava sendo erguida em um stunt durante o aquecimento e, sendo bem sincera, não tinha como simplesmente não olhar pra ela. Sua melhor amiga tinha quase como uma aura, como se puxasse a atenção das pessoas pra si, e Olívia sabia muito bem como aproveitar e tirar o melhor disso.

O aquecimento não durou mais que alguns minutos e você o assistiu um pouco mais afastada, também observando o estádio começar a ter pessoas, estava chegando a hora e isso está te assustando um pouco. Claro que está animada para o jogo, mas a figura de Mikey é uma incógnita no seu cérebro, já que ele parecia bem ao conversar com Oliver, mas a informação de que ele estava inquieto no ônibus te preocupou, mas, agora, só restava simplesmente esperar, o que te frustrava e deixava ansiosa.

— Você tá simplesmente incrível — falou para Senju, ao ver a platinada se aproximando.

— Obrigada, fiquei bem feliz quando a treinadora conseguiu convencer a reitora a autorizar esse novo modelo. Com certeza é bem melhor do que o outro.

— Tenho que concordar, o antigo era meio sem graça e o tanto de amarelo que tinha era bem esquisito.

— Essa foi total a argumentação que a gente usou. Pelo menos agora tá bem mais bonito, mas não conseguiu superar o modelo do inverno.

— Vou querer um desfile lá no quarto quando ele ficar pronto.

Senju riu da sua fala e finalmente te abraçou, passando os braços pelo seu pescoço. Você retribuiu o ato na mesma intensidade, sentindo o nervosismo somente ao tocar na sua melhor amiga, o corpo dela estava tenso como um todo.

— Ainda não consegui falar com ele — ela sussurrou contra o seu ouvido.

— Ele tá bem, eu acho pelo menos. Encontrei ele um tempinho atrás.

— Espero que isso se mantenha durante o jogo.

— Vamos ter que confiar nele e no Kazutora.

Ela assentiu, ainda um pouco nervosa, e se desvencilhou do abraço, mas, passou um dos braços pela sua cintura, ficando lado a lado com você, levando os olhos azulados também na direção do campo.

— É estranho pensar que essa é uma das últimas vezes que eu vou ser líder de torcida — Senju comentou e alguns fogos de artifício foram soltos, o que fez que parte da torcida que estava ali gritasse em animação.

— Eu imagino, é quase que uma despedida de algo que tá na sua vida há anos.

— Exato — ela riu fraco, apoiando a cabeça no seu ombro — Vai ser engraçado não ter que usar esse uniforme praticamente toda semana.

Desde que se considera gente, Senju é uma líder de torcida, a mãe dela não tardou em começar a moldar a filha. Participou de todas as equipes dos colégios em que estudou, inclusive no próprio fundamental, enquanto ainda morava em San Diego, a cidade em que nasceu e foi criada por boa parte da vida. Antes era algo mais obrigatório do que qualquer coisa, uma pressão da mãe sobre representar um ideal de perfeição, mas foi só no nono ano, quando se mudou para Los Angeles, junto com os irmãos mais velhos, que realmente começou a gostar, principalmente porque tinha um time que valia a pena torcer.

— Nós já estamos ficando nostálgicas e ainda nem é o último jogo.

— Imagina quando for na formatura.

Vocês duas riram e ficaram ali, observando o movimento. Depois de um tempo, alguns integrantes da equipe de torcida se aproximaram e começaram a conversar com vocês, principalmente Ryan e Chloe, e então o tempo praticamente começou a voar, já estava na hora deles se preparem para a entrada dos times.

Então, você logo se despediu de todos, dando um abraço apertado em Senju, e se afastou, aproveitando o passe livre que tinha pelo estádio para conseguir subir diretamente para as arquibancadas do campo, com um dos seguranças autorizando a sua passagem. Sentia as batidas no seu coração martelarem a cada degrau que subia, com a intenção de ir até o local que praticamente sempre se sentava com os seus amigos e logo encontrou parte deles.

Chifuyu, Draken e Mitsuya já estavam sentados ali, com os clássicos copos de cerveja em mãos. Os três, como você, estavam vestidos com blusas da universidade, se misturando ao mar azul e amarelo que começava a surgir nos assentos, mas somente o Matsuno estava com uma de um modelo diferente das dos amigos, já que era uma das de Baji, com o nome do namorando e o número dele nas costas, o 24.

— Ansiosos? — você perguntou, enquanto os cumprimentava com um beijo na bochecha.

— Mais do que qualquer coisa no mundo — Chifuyu respondeu e você riu, se sentando com uma cadeira de distância de Draken, já que Emma ainda não tinha chegado.

— Eu também, sabe, é o "último primeiro jogo" deles.

— Nem começa com esse papo de "últimas vezes" porque eu vou ter uma crise existencial bem aqui — Mitsuya logo interviu e você riu ainda mais, balançando a cabeça em negação.

— Encerrar ciclos sempre é estranho, independente de quais sejam.

— Tenho que concordar, até mesmo quando é tipo uma transição de fases e significados na vida — Draken comentou, pensativo, e você trocou olhares com Chifuyu e Mitsuya.

— Em que sentido? — perguntou, curiosa, e o mais alto se viu por alguns segundos calado.

— Olha, isso não sai daqui, tá bom? — ele disse em um tom sério e você até se ajeitou no lugar.

— Pode falar.

— Eu estou pensando em pedir a Emma em casamento.

A sua boca simplesmente se abriu em choque, inclusive piscou os olhos algumas vezes, o que fez que Draken risse, enquanto recebia um abraço de lado de Mitsuya.

— Isso é incrível! — você exclamou, animada, batendo palmas rapidamente.

— Já aviso que eu faço o vestido.

— Ela não confiaria em outra pessoa, Mitsuya.

Takashi riu, mas logo encarou Draken com um pouco mais de seriedade, mas ainda com um sorriso no rosto.

— Estou extremamente feliz por você.

— Todos nós — Chifuyu comentou, também sorrindo — Sério, isso é simplesmente muito foda.

— Estou meio inseguro em relação a isso, por causa de tudo que está acontecendo na vida dela, mas a ideia já existe.

— Olha, vou dar a minha opinião — você falou, conseguindo a atenção de Draken — O que acontece entre ela e Mikey não é algo que envolve o relacionamento de vocês. Claro que por consequência afeta porque isso mexe com ela, mas o fato de você querer a pedir em casamento não precisa ser impedido por causa disso. Na verdade, sei que ela vai ficar extremamente feliz com isso. Afinal, o sonho dela sempre foi ser uma noiva.

Draken assentiu, absorvendo cada uma de suas palavras. Ele tinha noção de que são assuntos diferentes, mas acaba que algumas coisas ficam mais complicadas quando se leva em consideração o fato de que ele e Mikey também são melhores amigos.

Nunca, em todos esses anos que os conhecia, tinha visto os gêmeos tão distantes, quase como se nem fossem família e, mesmo que essa fosse uma decisão de Emma, nada poderia negar o fato de que ela também estava se afetando com isso.

Desde que começaram a namorar, ainda no primeiro ano de ensino médio, Draken começou a perceber cada vez mais como os dois irmãos eram próximos, fazendo tudo e mais um pouco juntos. Então, a distância imposta é algo que machuca muito e é estranha para ambos os lados. Porém, ao mesmo tempo, entendia o porquê da namorada estar tomando tal atitude, já que Mikey não é uma pessoa que necessariamente aprende as coisas da maneira mais fácil.

— Não estou dizendo que é pra fazer isso agora — você complementou.

— Eu entendi, não se preocupa — Draken sorriu fraco — Só não sei se é certo fazer isso em um momento delicado como esse.

— Faz sentido você pensar assim — Chifuyu falou — Mas, ao mesmo tempo, não se pode esquecer da sua felicidade e até mesmo da própria felicidade da Emma. Tenho certeza que essa não é só uma vontade sua.

— Posso garantir isso.

— Ela já falou sobre isso com você? — Draken te perguntou e você sorriu.

— Eu sei até quais são as flores que ela quer no buquê.

O loiro sorriu, se ajeitando no assento, e encarou a imensidão verde, que estava, agora, iluminada pelo pôr do sol.

— Então já achei a pessoa perfeita para me ajudar a fazer o pedido.

— Ao seu dispor — você fingiu uma reverência e o loiro riu alto, tomando um gole de cerveja em seguida.

— Vou te procurar depois que preparar uma coisa antes.

— Perfeito! Já estou ansiosa.

A conversa acabou fluindo para esse assunto e até mesmo um pouco sobre o futuro, mesmo que Mitsuya ficasse comentando que não queria falar sobre isso. Draken ficou até sem ar de tanto rir quando foi ameaçado de levar uma cerveja na cara se continuasse falando. Acabou que o resto do grupo de vocês não demorou para aparecer, chegando uns 15 minutos depois, incluindo a própria Emma, que veio acompanhada de Yuzuha e Hinata.

Logo o grupo estava sentado dividido em duas fileiras: você, Emma, Draken, Mitsuya e Yuzuha na de cima e Pah, Peh-yan, Chifuyu, Takemichi e Hina na da frente, simplesmente uma composição nostálgica para todos. Foi então que os enormes holofotes do campo foram acesos, iluminando ainda mais o gramado, e os telões mudaram a animação, começando a mostrar os símbolos da UCLA e da Bowling Green , o que indicava que o jogo estava prestes a começar.

Você olhou o próprio celular e viu que faltavam dez minutos para o horário oficial de início e foi aí que você realmente sentiu a ansiedade bater, uma das primeiras provas da nova batalha de Mikey aconteceria na frente dos seus olhos.

— Eu preciso te contar uma coisa — Emma praticamente sussurrou, depois de te cutucar pelo ombro.

A loira estava inclinada na sua direção, de forma que o que conversassem ficasse somente entre vocês duas.

— O que? Aconteceu alguma coisa?

— Mais ou menos — ela suspirou, desviando o olhar para o telão, que agora mostrava os jogadores do time e, bem na hora, a foto sorridente de Mikey apareceu, junto com a reação animada da torcida.

Você percebeu como o olhar dela vacilou e a viu brincar com o colar de ouro que usava sempre desde o dia em que o ganhou de Shinichiro, no aniversário de 16 anos, com as iniciais "E", "I", "M" e "S" como pingentes.

— O Izana tá aqui.

— O que?! — você quase gritou, controlando o tom de voz ao ver a expressão desconcertada da sua amiga.

— Eu também não sabia até pouco tempo atrás — ela confidenciou — Mas parece que o Kakucho o convenceu a vir.

Você suspirou, passando as mãos pelo rosto, não tinha momento pior para que isso pudesse acontecer.

— Você acha que ele vai atrás do Mikey para conversar?

— Não sei — ela mordeu o lábio por alguns segundos — Ele veio forçado, não sei se estaria disposto a conversar ou algo do tipo.

— Mas por que ele veio logo hoje?

— Kakucho veio visitar a mãe nessa semana e descobriu sobre o jogo, então decidiu vir e arrastar o Izana junto.

— O seu cunhado tem cada ideia que sinceramente... — você reclamou e Emma riu fraco.

— Eu entendo as intenções do Kakucho, já que ele também quer que os dois se resolvam, mas, ao mesmo tempo, sei que ele não tá ajudando da maneira correta.

Você assentiu, já começando a pensar nas possibilidades de coisas que poderiam acontecer na noite de hoje, parecia que tudo estava convergindo para que algo desse errado, já estava achando que tudo era uma armação do universo pra cima de vocês. Porém, teria que tentar se manter positiva, não podia simplesmente vacilar e parar de acreditar, já que, em situações como essa, a esperança se torna uma das armas mais poderosas. Até por esse motivo que não julgava tanto Kakucho, mas não podia simplesmente deixar passar o fato de que as tentativas estavam sendo feitas de formas completamente falhas.

O de cabelos pretos estava com Izana desde o primeiro ano da faculdade, começaram a namorar alguns meses depois de se conhecerem no curso de Gastronomia e estão juntos há oito anos, sendo três de casados. Logo, ele acompanhou tudo que envolveu a lesão e a própria morte de Shinichiro, sabia o que tudo isso significava para a família Sano, principalmente para Izana.

— Eu só espero de verdade que eles não encontrem o Mikey, só causaria confusão — você falou, cruzando os braços na altura do peito.

— Também não — Emma suspirou, mostrando como estava cansada — Eu ainda não fui falar com eles, só recebi uma mensagem de Kakucho, junto com uma foto dos dois sentados na arquibancada.

— Você vai atrás deles?

— Vou em um dos intervalos, nem que seja só para um cumprimento rápido, tem um tempinho que não vejo o Izana.

— A última vez foi no Natal, né?

— Isso, quando eu fui pra San Diego — a loira explicou e mexeu mais uma vez no colar, fazendo com que o dourado brilhasse levemente por causa da iluminação do estádio.

— Mesmo que não queira demonstrar, você está preocupada com o Mikey.

A sua fala pegou Emma desprevenida, que te olhou com os olhos levemente arregalados, antes que eles mudassem e transmitissem a tristeza que você sabia que ela estava sentindo.

— Só cansei disso, [Nome] — ela admitiu e você viu como os olhos dela lacrimejaram um pouco — Não consigo simplesmente ver aquilo tudo de novo. Não quero ver mais um irmão se destruir.

Você sabia o tanto de peso que essa frase significava pra ela e foi aí que o seu peito apertou, entendia também essa dor, assistir um processo de destruição sem conseguir fazer nada.

— Eu sei... — você suspirou e logo enxugou a única lágrima que escorreu pela bochecha da sua amiga — Mas eu quero te contar uma coisa também.

— O que?

— Não é só você que não quer ver isso de novo, o próprio Mikey não quer.

— [Nome]...

— Acredita no que estou dizendo, ele realmente quer mudar. Permita que ele converse com você.

A loira se viu calada, somente conseguindo assentir e encostar a cabeça no seu ombro, e você somente começou a passar os dedos pelos longos fios loiros, iniciando uma espécie de carinho que sabia que sua amiga precisava. Situações como essa são desgastantes de todas as maneiras possíveis, mas ainda existia uma luz no fundo do túnel.

Mesmo que tudo pareça convergir para que, talvez, a noite e o jogo de hoje terminassem mal, você ainda manteria o seu coração firme, da mesma maneira como Senju e Kazutora estavam fazendo. Afinal, vocês ainda tinham esperança que tudo daria certo de alguma maneira.

Então, poucos instantes depois, o relógio marcou 18 horas e, de forma praticamente cronometrada, a banda da sua universidade entrou em campo, o momento tinha finalmente chegado.

O jogo estava prestes a começar.





Oi gente! Tudo bem com vocês?

Hoje o capítulo foi cheio de informações, simplesmente 7k de palavras KKKK

Inclusive, tentei fazer de forma que ele fosse mais contínuo, sem muitas quebras de tempo, e queria saber se vocês gostaram disso! Estou em um processo de tentar melhorar ainda mais a minha escrita, principalmente com a intenção de a deixar o mais fluída possível, então preciso da opinião de vocês!

Além disso, o que acharam do Izana aparecendo? Amo uma tensão familiar 👀

Bem, espero que tenham gostado! Não se esqueçam de votar e de comentar (AMO ler o feedback de vocês)!

Até a próxima! ♥︎

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