A Viajante - O Outro Mundo (L...

By autoratamiresbarbosa

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"Você acredita em universos paralelos?" Uma menina órfã, movida pela curiosidade, acaba se vendo diante de um... More

Sobre o livro
Dedicatória
Epígrafe
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Epílogo
Agradecimentos
Mandem suas teorias
Curiosidades sobre o Livro

Capítulo 32

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By autoratamiresbarbosa

Na segunda feira e primeiro dia do mês de junho, os alunos estavam entusiasmados com a entrega das notas. Camila, Paty, Henrique e Lia aguardavam ansiosos na sala de aula da 1000A. Lucas estava com eles enquanto elas não eram anunciadas.

— Sabe, eu não consegui gabaritar em tudo — Lucas comentou, parecendo um pouco nervoso. —, mas eu fiz o meu melhor para não errar nada. A gente pode errar duas questões pelo menos, não?

— Você tem certeza de que, se conseguir passar de ano, vai querer continuar estudando aqui na I.E.T? — Paty perguntou. — Bem, aqui é muito puxado para os bolsistas. Sem falar das injustiças.

— Claro que quero. Se alguém da minha cidade possuir um diploma da I.E.T, vai ser uma conquista e tanto.

— Gabaritar em tudo eu também não consegui. — Henrique falou. — Ainda bem que a nota mínima para mim é seis.

— Não precisa jogar na cara! — Lucas brincou, o que fez Henrique rir.

Alguns minutos depois, Lucas voltou para sua classe, e o representante, Christian, entrou na sala com alguns papéis na mão. Ele parou na frente do quadro e começou a chamar os estudantes.

— Venice Scarlett. — Venice foi até o encontro do garoto e pegou o papel. Olhou sorridente para Melina e amostrou à amiga o conteúdo da folha. Elas deram gritinhos baixinhos. — Patrícia Narciso. — Paty se levantou e foi até Christian, pegou a folha e se sentou.

Camila olhou para o papel na mão da menina, e Henrique se empoleirou na mesa, se curvando para frente para ver também.

— Nossa, Paty. — Ele disse, surpreso. — Você conseguiu tirar dez em tudo...

— Menos em Química. — Ela bufou. — Eu sei que acertei todas as questões na prova, mas com certeza o Professor não gostou de eu ter questionado ele sobre o conteúdo.

— Mas tirou nove e meio.

— Não estou surpresa. Mas parabéns, Paty. Você merece. — Camila a parabenizou.

— Verdade. Parabéns, Paty. — Henrique fez o mesmo. — Você é muito inteligente.

— Obrigada, gente. — Ela sorriu, orgulhosa.

— Pedro Miranda. — Camila escutou o representante falar.

Pedro, o garoto que havia tido sua prova tomada em História, foi até Christian pegar o resultado. Quando o fez, olhou para o conteúdo e, no mesmo instante, a raiva foi visível em seu rosto. Ele rasgou a folha, a transformou em uma bolinha e jogando-a no chão, saindo da sala em seguida, de cara emburrada, e batendo a porta com força. Um burburinho tomou conta do local.

— Com certeza repetiu. — Henrique cochichou para Camila e Paty.

— Leyla Scarlett.

Sentiu seu coração dar um pulo. Se levantou e foi na direção do representante, nervosa pelo resultado. E se ela não conseguisse? Iria fracassar até nisso?

Pegou a folha e caminhou de volta ao seu lugar, ainda sem olhar o conteúdo. Ao se sentar, respirou fundo e olhou para o papel. No alto da folha, viu o brasão das duas espadas azuis escuras entrelaçadas, ao lado do nome da escola:

Instituição de Ensino de Telúria.

Resultado das notas dos Exames prestados pelo(a) Aluno(a): Leyla Scarlett Brugière

Biologia: 7,0

Educação Física: 9,5

Filosofia: 8,0

Física: 6,0

Geografia: 8,5

História: 6,0

Literatura: 8,0

Matemática: 6,5

Português: 7,5

Sociologia: 9,0

Química: 10,0

O(a) aluno(a) está:

Aprovado(a)

Camila sorriu e suspirou de alívio. Havia conseguido passar de ano. Pelo menos conseguiu essa conquista antes de morrer. Desfez o sorriso ao pensar nisso, e uma angústia enorme tomou conta de si, novamente.

— Deixa-me ver. — Camila entregou a folha à Henrique, que após passar o olho por ela, sorriu. — Parabéns, Leyla! Não estou surpreso, para falar a verdade. — Ele lhe entregou de volta.

— Henrique Minelli.

O garoto se levantou para ir pegar o resultado de suas notas. Paty pegou a folha das mãos de Camila e após percorrer o olho por ela, disse:

— Você foi bem. — Paty lhe deu um sorriso quase imperceptível. — Olha pelo lado bom, você conseguiu passar de ano!

Camila retribuiu com um sorriso desanimado. Havia notado a diferença de tratamento por parte de Paty. Antes, a menina sempre a tratava rispidamente e a ignorava, até mesmo quando estavam tentando descobrir sobre o assassino de Leyla. Sabia que Paty estava com pena dela, porém, também sabia que a garota tinha noção de que era apenas questão de tempo até o assassino agir novamente.

— Passei! — Henrique foi radiante na direção delas, sorrindo. — Passei! Passei!

— Parabéns, Henrique! — Camila o parabenizou.

— Vocês passaram, gente? — Lia foi até eles.

— Sim. — Henrique respondeu. — E você?

— Eu também. — Ela sorriu.

— Eu já sabia que vocês iriam passar. — Paty explicou. — Agora temos que ver se o Lucas conseguiu.

☿ ☿ ☿

— RESPEITA! — Lucas berrou de felicidade quando encontraram o garoto no corredor. — EU PASSEI! — Ele disse enquanto pulava. — EU VOU CONTINUAR NA I.E.T!

— Que bom, Lucas! — Lia disse, radiante. — Eu fico muito feliz por você.

— Eu sou muito inteligente, vocês precisam admitir. — Ele sorriu convencidamente.

— Agora a nossa única preocupação é o baile. — Lia comentou.

Sentiu-se angustiada novamente. Queria ser uma adolescente normal, com preocupações de uma adolescente normal. Queria que a sua única preocupação fosse o baile, e não esperar por sua morte.

As aulas haviam sido suspensas depois daquele dia. No sábado, seria o tão esperado baile, e os alunos da primeira série do ensino médio pareciam ser os mais ansiosos por participarem, já que seria a primeira vez deles em tal evento.

Camila, por outro lado não estava nem um pouco a fim de ir no baile. Não tinha ânimo para isso. Além do mais, possuía outras coisas para se preocupar. Desde que soube que o assassino morava junto dela, sua atenção foi redobrada dentro da mansão, pois sabia que seu fim poderia chegar a qualquer momento.

Não conseguia dormir direito já havia algum tempo. Depois do término das provas, não tinha mais com o que se preocupar além de sua morte que poderia ser repentina, e sua mente ficou livre para atormentá-la.

Tinha pesadelos frequentes, e neles, havia uma pessoa de preto que sempre a perseguia e conseguia pegá-la, no final. Acordava assustada quase todas as noites por conta disso, quando não se pegava aos prantos, algumas vezes. Sentia-se exausta, e se perguntava por que era tão azarada por tudo que estava acontecendo. Por que justo com ela?

Ultimamente, passava noites em claro, e quando conseguia dormir, acordava durante a madrugada. Em uma dessas vezes, teve impressão de ver a sombra de uma pessoa por de baixo da porta de seu quarto, no meio da noite. Sentiu o desespero tomar conta de si quando teve a impressão de estarem forçando a maçaneta. Felizmente, desde que chegou àquele mundo, nunca confiou nas pessoas daquela casa, e quase sempre trancou a porta.

Lembrou-se de quando acordou com Alice a chamando. Poderia ter sido o assassino em seu lugar. Por sorte, eram raras as vezes que esquecia. Esse hábito pode ter salvado sua vida várias vezes. O assassino poderia muito bem ter entrado no quarto e a matado caso ela não fizesse isso.

Na quinta, foi lhe entregue, por um funcionário, uma correspondência que continha o conhecido brasão das duas espadas azuis escuras entrelaçadas, ao lado do nome da escola.

Instituição de Ensino de Telúria

Para: Leyla Scarlett Brugière

Rua Artória, 34

Marion

Quando abriu a carta, viu que parecia ser uma espécie de bilhete, ou convite. Já imaginava do que se tratava. Ouviu dizer que os alunos recebiam o tal convite para o baile por meio de cartas. Alguns diziam que isso era totalmente antiquado, pois estavam no século vinte e um. Outros, achavam legal, pois a escola continuava com o costume que sempre teve nos séculos passados.

Instituição de Ensino de Telúria

Diretor Pablo Bennist

Prezada Aluna Leyla Scarlett,

Temos o prazer de lhe informar que fora convidada para o seu primeiro baile em nossa escola. A I.E.T gostaria de lhe dar boas-vindas ao nosso evento. O baile ocorrerá no dia 6 de junho, às 19:00H. Contamos com sua ilustre presença para comemorar sua aprovação deste ano letivo. É permitida a entrada de um acompanhante não-estudante, caso este seja seu par.

Atenciosamente,

Nidalla Bennist

Vice-Diretora

Quando acordou no sábado de manhã, a primeira coisa que fez foi checar se havia alguém atrás da porta, no lado de fora do quarto, a esperando para matá-la.

Percebendo que não era o caso, suspirou de alívio. Pensou que não iria viver nem até o dia do baile. Em seguida, desceu a escadaria de mármore da mansão, coberta pelo longo carpete vermelho e foi em direção ao corredor que dava acesso à Sala de Jantar. Quando entrou no local, encontrou a família Scarlett sentada sobre a mesa.

— Estávamos falando de você, Leyla. — Miguel comentou assim que a notou entrando pela porta.

— De mim? Sobre o quê? — Perguntou enquanto se sentava.

— Sobre o baile do ensino médio que irá ter hoje. Bem, a gente estava discutindo se alguém iria ir com você. — Ele riu debochadamente. — Como seu irmão, posso dizer que não é muito saudável olhar para essa sua cara feia por muito tempo.

Jean gargalhou com o comentário do irmão, o que fez toda a comida mastigada em sua boca aparecer. Ele começou a tossir, parecendo ter se engasgado.

— Você está falando que nem a Venice. — Maria comentou.

— Não me compare com aquela sebosa! — Miguel olhou zangado para a irmã.

— Ainda tinha isso. — Carla suspirou. — Eu pensei que as aulas de vocês haviam terminado, por isso já dei férias ao Bartolomeu.

— Não se preocupe, talvez eu não vá. — Camila falou.

— Se não tivesse despedido aquele seu amiguinho segurança, poderia ter ido com ele.

Camila ergueu as sobrancelhas para Carla. Ir com Heliberto seria totalmente estranho e anormal. Por que ela sempre insistia em colocar Heliberto nessas posições estranhas?

— Você terminou com ele, não foi? — A mulher perguntou.

— Q-quê? N-não! — Sentiu se constrangida. — Ele só é meu amigo!

— Sua mãe poderia te levar. — Daniel sugeriu. — Seus amigos devem estar lá. Por que não procura... se divertir?

Olhou surpresa para Daniel. Desde quando ele se importava se ela iria se divertir ou não?

— Por que não leva você? — Carla perguntou friamente ao marido.

— Porque vou estar ocupado hoje à noite. Terei que ficar no trabalho até mais tarde.

— E desde quando se importa com a diversão das pessoas?

— São nossos filhos, Carla. É claro que eu me importo, diferente de você!

— Do jeito que você sempre foi incompetente, pensei que havia se esquecido que tinha filhos.

Daniel torceu a boca, parecendo irritado.

— Hoje não saio muito tarde do trabalho. — Carla suspirou e olhou para Camila. — Espero que já tenha se decidido até eu voltar. — Foi tudo o que disse antes de se levantar e sair do local.

Quando acabou de tomar café, saiu pelo corredor em direção ao quarto. Porém, antes mesmo que conseguisse dar mais do que apenas alguns passos, uma voz a chamou:

— Leyla! — Parou e se virou, vendo Daniel, e esperou ele caminhar até ela. — O que houve?

— Com o quê? — Se sentiu confusa com a pergunta.

— Sua mãe pode não ter percebido, mas eu sim. Você anda estranha. Tem algo te incomodando?

Não respondeu. Apenas encarou o olhar penetrante do homem à sua frente. Apesar de a incomodar, não era nada intimidador se comparado com o de Carla.

— Está sim. — Finalmente disse, estranhando a pergunta. Daniel podia não ser tão rude e frio quanto sua esposa, mas também não parecia ser o tipo de pessoa que se importava assim com os filhos. — Deve ser impressão sua.

— Sabe que pode confiar em mim, não sabe?

Apenas balançou a cabeça positivamente. Era legal da parte dele se preocupar, mesmo sendo esquisito, e se sentiu bem com isso. Nunca teve muitas pessoas em sua vida que se preocupasse com o que ela sentia.

Logo em seguida, assistiu Daniel seguir seu caminho pelo corredor.

Mais tarde, naquele mesmo dia, Camila segurava a carta que recebera da I.E.T, olhando-a enquanto se encontrava sentada no sofá, na sala da mansão. Estava pensando se deveria ir ou não, afinal, nunca havia sido convidada para nada do tipo em toda a sua vida.

Talvez fosse bom para sair do tédio, já que não havia muito o que fazer naquela mansão. Seria uma boa distração. Além disso, poderia ser uma boa experiência antes de morrer.

Não chegou a pensar nas coisas que queria fazer antes de partir, e se pegou refletindo nisso. Nunca conseguiria realizar tais desejos. Sempre quis ir a um planetário; olhar para o céu em uma noite estrelada do alto de uma montanha e fazer um piquenique.

De repente, sentiu uma estranha sensação de déjà-vu com o último pensamento. Por um segundo, teve a impressão de ver árvores grandes e verdes acima de si, e parecia ter duas pessoas a sua frente. No momento seguinte, se pegou tentando lembrar do que aconteceu, e apenas soube que, seja o que fosse, parecia ser uma lembrança. Porém antes que conseguisse, uma voz a fez despertar de seus devaneios:

— Senhorita. — Alice a chamou quando entrou na sala. — Sua tia quer te ver.

Sentiu uma pequena chama de felicidade se acender dentro de si. Poderia ver Ximú pela última vez.

Se levantou em um salto e seguiu para o corredor que levava ao saguão. Chegando lá, viu Ximú parada ao lado da mesinha de centro do local. Ela sorriu ao ver Camila, e acenou logo em seguida.

Camila esperou Alice — que havia saído da sala logo atrás de si — ir para outro local antes de falar com Ximú.

— O que está fazendo aqui? — Sorriu de volta.

— Eu vim te ver. Sou uma Scarlett, posso vir a hora que eu quiser. Ao que parece, Carla não deu uma ordem aos seguranças do portão para não me deixarem entrar, apesar de seja lá o que aconteceu entre ela e Angelina. E bem, eu fiquei com saudades!

— Eu também.

— Sabe, eu fiquei preocupada depois que você saiu daquele jeito do sexto andar, ou Andar Proibido, como você chama. — Ximú desfez o sorriso. — Como você está?

— Eu queria poder dizer que bem. Infelizmente, aquele ocorrido com o Henry não é o pior de tudo.

— N-não? — Ximú lhe lançou um olhar preocupado. — O que aconteceu?

— Descobri que a pessoa que está tentando me matar mora aqui na mansão. — Sussurrou.

Ximú prendeu a respiração e colocou as mãos sobre a boca.

— Co-como assim?

Contou tudo o que teorizou junto de Paty e sobre o que descobriu até aquele momento, o que fez Ximú parecer ainda mais assustada.

— M-mas isso é grave! Não pode continuar aqui, Camila! Por que não vem morar comigo e Heliberto? Seria legal ter mais alguém, já que o Godofredo não está mais lá. — Ela colocou uma expressão chateada no rosto. — Aquela humana, a suposta esposa do Godofredo, conseguiu levar ele há alguns meses. E dessa vez, entraram pela lareira. Mas então, o que acha sobre a minha proposta?

— Ainda tem a questão de a O.P.U saber sobre mim. Isso atrairia eles até vocês.

— Eu e Heliberto conversamos outro dia a respeito disso. Somos todos Viajantes, e somos amigos. Se tivermos que passar por algum perigo, temos que passar juntos.

— É muito perigoso, não quero pôr vocês em risco. Mas obrigada mesmo assim. — Deu um sorriso sincero à Ximú. Era bom saber que alguém que se preocupava com ela. — Eu queria poder ver o Heliberto antes de... morrer. — Se sentiu angustiada novamente.

— Por isso você tinha que ir morar com a gente! Sobre a O.P.U, poderíamos pensar em algo depois. Mas já que você não quer, eu sei de uma outra maneira que você poderá vê-lo novamente. Eu soube que hoje terá um baile na sua escola, e vou aproveitar a oportunidade para passar despercebida para ir me encontrar com o Henry.

Sentiu raiva ao escutar o nome de Henry. Como Ximú poderia continuar o ajudando depois de sua mentira? Além disso, ainda tinha sua desconfiança a respeito da teoria de Paty.

— Eu concordei em ajudá-lo até o final. — Ela se explicou ao ver o olhar de repreensão que a garota lhe lançou, parecendo ler seus pensamentos. — Diferente dele, eu mantenho minhas promessas. E pelo menos uma boa notícia: ele conseguiu fechar o Portal.

— Isso é bom. Agora mais ninguém vai precisar passar pelo o que estamos passando. Eu me pergunto como estão os outro Viajantes. — Se pegou pensativa sobre. Pelo que Henry havia lhes dito, muitas pessoas haviam ido para lá. — Mas o que isso tudo tem a ver com o Heliberto?

— Eu vou levá-lo comigo. — Ela deu seu típico sorriso cheio de entusiasmo.

— Ah..., você não acha que... seria perigoso para ele? O Heliberto pode ser meio histérico, às vezes.

— Eu já havia conversado com ele sobre isso. Meu irmão já sabe o que iremos fazer. E eu sei que vai correr tudo bem. Além disso, ele está com saudades. Aliás, você já tem um par para o baile? — Camila balançou a cabeça negativamente. — Pronto, agora já tem! Ele vai ser seu par. Isso vai facilitar as coisas, caso sejamos pegos.

Não era uma má ideia. De acordo com a carta, parecia que poderia levar alguém consigo, mesmo que não fosse um estudante. Não teria problema nenhum, afinal.

— Vamos te mandar uma mensagem quando chegarmos. — Ximú sorriu entusiasmadamente.

Camila ainda se encontrava pensativa sobre a teoria de Paty, e se perguntava se realmente seria seguro Ximú continuar se encontrando com Henry. Se o Cientista fosse mesmo um traidor, ele poderia entregá-la a qualquer momento.

— Você não acha que Henry ainda poderia... trabalhar para a O.P.U? — Perguntou repentinamente.

Ximú a olhou, confusa.

— Como assim?

— Bem..., você acha que tem chances de ele estar nos traindo?

— Cla-claro que não. Eu confio no Henry. Ele não mentiria para nós sobre isso.

— Igual ele mentiu sobre nos ajudar a voltarmos para nosso mundo? Bem, eu não confio mais nele!

— Mas ele não mentiria sobre isso. Eu sei que não. — Ximú deu uma pausa, parecendo pensativa. — Bom, eu já vou indo. Nos vemos no baile! — Ela sorriu.

Camila lhe retribuiu com um sorriso amarelo, antes de vê-la se encaminhar até a porta e ir embora. Não estava com um bom pressentimento sobre isso.

Às seis e quarenta, Carla já havia chegado do trabalho e Camila conversou com ela sobre sua decisão de ir ao baile, que aceitou, mesmo que de má vontade, levá-la à escola.

Já estava arrumada, apenas esperando pela mulher. Como Leyla não tinha vestidos, colocou uma calça jeans preta, assim como o moletom e o tênis. Esperava que a deixassem participar, mesmo não usando vestidos, pois era a única coisa que tinha.

— Vamos logo. — Carla disse enquanto descia a escadaria. — Mas você talvez se atrase um pouco. Não tive tempo de comer nada. Vou parar em algum lugar para comer antes.

— Talvez no baile tenha comida. Eu não sei se eu vou aguentar comer lá se eu comer com você.

— Eu falei que eu iria parar para comer, não que nós duas iríamos. Vamos.

Caminharam para fora da mansão, atravessaram o jardim e entraram no carro vermelho. As duas ficaram em silêncio por vários minutos, até o veículo parar em um estacionamento do que parecia ser um restaurante, onde alguns outros automóveis se encontravam estacionados. Ao sair do carro, pôde ver melhor o estabelecimento.

Um tapete vermelho levava até a entrada, onde havia uma porta de vidro, assim como as janelas. As paredes do restaurante tinham um tom de vinho. Haviam vários postes com luzes amarelas e chiques, junto de arbustos, em cada lado do caminho feito pelo tapete vermelho.

No alto da porta, o nome do restaurante se encontrava escrito em um letreiro aceso, com a luz amarela, com um fundo vinho: Albária Armentô.

Ao entrar pela porta dupla de vidro fumê, Camila viu que o local era extremamente chique, como aparentava ser pelo lado de fora. As paredes tinham o mesmo tom de vinho do lado externo. Várias mesas de carvalho escuras cobertas com toalhas da mesma cor das paredes estavam localizadas em direções opostas, fazendo um corredor em que o tapete vermelho que estava no lado de fora, na calçada, se estendesse por todo o lado interno também.

Ambas se sentaram em uma mesa livre, ao lado da janela de vidro fumê, de onde podia ser visto o carro de Carla, no estacionamento, ao lado do restaurante.

A mulher pegou um cardápio que estava sobre mesa e começou a lê-lo. Alguns segundos depois, um garçom foi até a mesa.

— Quero uma sopa de mosterim e um suco de maracujá. — Carla disse ao Garçom, que anotou seu pedido antes de sair.

Camila ficou confusa com o pedido de Carla. Que tipo de comida era aquela?

— É..., o que é mosterim? — Ela resolveu perguntar.

Carla juntou as sobrancelhas e lhe encarou.

— É comida albareza.

— Você quis dizer albanesa?

— O quê? — Ela a olhou com confusão. — É albareza.

— Mas não é comida da Albânia?

— O que é Albânia?

— Um país?

— Albária, você quer dizer.

Camila a olhou confusa, mas logo se lembrou de que estava em outro mundo. Muitos países existentes no Mundo Um não existiam ali.

— Eu já sabia que você era burra, mas pensei que soubesse o básico de Geografia. — Carla suspirou.

Alguns minutos depois, a tal sopa chegou. Camila não conseguiu decifrar o que eram aquelas coisas na tigela de porcelana. Era um tipo de comida que nunca viu antes.

Um barulho estrondoso a fez pular de susto, de repente. Pareceu estar vindo do lado de fora.

Olhou em direção à janela. Havia algo em chamas no estacionamento; as labaredas de fogo eram altas e fortes. Elas dançavam, e faziam as luzes dos postes, que haviam lá, parecerem fracas.

Escutou um falatório vindo de dentro do restaurante e olhou em volta. Todas as pessoas que estavam ali pareciam chocadas e olhavam para o objeto em chamas. Algumas, que estavam mais ao fundo do restaurante, se levantaram para conseguirem ver.

Seu olhar pousou em Carla, e notou que seu rosto estava pálido. Logo, percebeu o porquê ao perceber que se tratava de um veículo em chamas, mais especificamente, a quem pertencia.

Era o carro de Carla.

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