Capítulo 9

337 78 255
                                    

O carro freou bruscamente após acertar o médico, produzindo um barulho alto de pneu esfolando no asfalto. As pessoas foram até o local onde o homem havia sido jogado. Um falatório começou a ser ouvido na rua; pessoas curiosas se aglomeravam no local. Cada vez mais e mais gente chegava para ver o que havia acontecido.

Camila assistiu tudo isso do mesmo local de onde estava. Não havia se movido desde que vira a cena. Nunca havia presenciado ninguém sendo atropelado antes. Pela velocidade em que o carro havia o atingido, ele não devia de estar mais vivo. Se estivesse, seria muita sorte, ou quem sabe, um milagre.

Por sorte, o acidente havia ocorrido em frente a um hospital. Caso houvesse alguma chance de salvar o médico, poderia ser testada mais de pressa.

Rapidamente, pessoas começaram a sair de dentro do hospital também, para ver o que havia ocasionado aquele barulho de batida. Não demorou muito para Heliberto e Juliana também saírem de lá e irem em direção à Camila.

— O que aconteceu? — Heliberto perguntou chegando até Camila; Juliana ao seu lado.

Explicou o corrido, o que fez com que Juliana levasse as mãos até a boca, horrorizada.

Olhou para a direção do carro vermelho. Viu Bartolomeu ir em direção do veículo e abrir a porta, e depois puxar alguém pelo braço. Um garoto de aproximadamente doze anos saiu sendo arrastado pelo braço para fora do carro, Miguel. O garoto estava com a testa sangrando, provavelmente por conta do impacto contra o painel do carro.

Ainda em choque, Camila foi ao encontro dos dois, junto de Heliberto e Juliana. Ao se aproximar, pôde ouvir a voz zangada de Bartolomeu enquanto berrava com Miguel de uma forma que ainda não tinha o visto fazer. Bartolomeu geralmente, quando perdia a paciência, sabia como se controlar.

Se aproximando, percebeu que o carro agora continha um pequeno amassado no para-choque frontal. Por conta disso, não conseguiu descobrir se o motorista estava daquele jeito por conta de uma fatalidade ter ocorrido ali, ou pelo estado do carro depois disso tudo. Talvez os dois.

Maria logo em seguida saiu do carro também. Ela, ao contrário de Miguel, parecia ilesa fisicamente, mas abalada psicologicamente. Seus olhos arregalados deixavam à amostra a expressão de espanto que a garota carregava consigo.

— Você podia ter matado a sua irmã! — Bartolomeu gritava com Miguel.

— Eu só queria me divertir um pouco! — Miguel se defendeu, parecendo não se importar com a situação.

— Oi, eu queria dizer que aquele sanduíche ainda não matou minha fome. — Jean chegou perto enquanto ignorava tudo o que aconteceu.

— Alguém chame um médico! — Uma pessoa que passou correndo perto de Camila gritou enquanto ia em direção ao hospital, a procura de ajuda.

— Vamos ajudar ele, Oliver! — Juliana disse indo na direção do Dr. Leon.

Heliberto ficou parado por um tempo, pensando no que fazer, aparentemente. Então resolveu seguir a garota.

Alguns segundos depois, algumas pessoas vestidas de jaleco branco saíram do hospital e correram na Direção de Leon, empurrando o tumulto de pessoas que se aglomeravam em volta do homem.

Camila decidiu ir ver o ocorrido mais de perto. Saiu de perto de Bartolomeu, que ainda estava aos berros com Miguel, que se encolhia diante de suas palavras. Porém, assim que chegou no local se arrependeu de ter feito tal coisa.

Viu Leon jogado no asfalto; o sangue saindo de sua cabeça. O homem estava virado para cima com os olhos agora vazios e sem expressões aberto, encarando o nada.

A Viajante - O Outro Mundo (Livro 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora