Capítulo 31

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— Então, você realmente está correndo perigo. — Paty pareceu aflita. — Você está morando com a pessoa que quer matar você; com o assassino de Leyla.

— Mas por que o assassino não me matou ainda?

— Bom, provavelmente depois da entrevista que você deu à Paula, seria muito suspeito se te matassem mesmo. Ficaria bem visível que foi, de fato, uma tentativa de assassinato e que você estava certa sobre o que disse. E não é isso o que o assassino quer, visto a cautela que ele teve, mesmo que não tenha dado muito certo na segunda tentativa.

— A Polícia iria investigar e, provavelmente, chegaria até o assassino, considerando que você é, supostamente, Leyla Scarlett. — Ela continuou. — Obviamente que não iriam deixar um acontecido desses com a herdeira da segunda família mais importante do país passar. Parece que seu plano deu certo, e isso afastou o assassino. Foi uma jogada inteligente, admito.

— Mas a Polícia está investigando o caso de Anna Anorié. Pode ser por isso também.

— Não mais. Investigaram no começo porque o assassinato ocorreu na Melhor Escola do País. Mas fiquei sabendo que a Professora morava em Manilópes. Ela não era de uma cidade e nem de uma família importante, então esqueceram isso rápido. Com certeza o assassino sabia disso. Seja quem for, é alguém inteligente.

— Não tem mais investigação policial? — Sentiu um nó no estômago. Então, também não poderia contar com a ajuda da polícia.

— Tem, mas não como antes. As pessoas de Marion e de Presépsis já estão convictas de que não possuí mais nenhum perigo. Se os "donos" do país estão satisfeitos com isso, então todos estão.

— Então..., não há nada que possa ser feito. — Camila desabou sobre a cadeira da sala de aula, onde as duas estavam, sozinhas. Todos os alunos haviam descido para o intervalo. — Eu vou ter que esperar me matarem. — Sentiu seus olhos queimarem e ficarem marejados. Sentiu-se desesperada. — Eu estou presa aqui nesse mundo, e condenada a morrer aqui também. Se o assassino de Leyla não me matar, a O.P.U vai. É só questão de tempo.

Paty bufou.

— O.P.U, cientista mentiroso, viagem dimensional... Por que não considerou a possibilidade desse Henry trabalhar para a OPU?

Olhou para Paty, confusa.

— Olha, pelo o que você me contou, esse Henry foi o responsável por você, as supostas baratas e os outros Viajantes estarem aqui. Ele prometeu ajudá-los, e mentiu. Além de só saber ficar fazendo enigmas inúteis que não te ajudam em nada! Ele disse que trabalhava para essa tal de O.P.U, e que agora estão tentando matá-lo. Mas até agora, ele não os ajudou em nada. Só soube olhar para o próprio nariz e usou vocês. E se isso for uma jogada da O.P.U?

Camila ouviu atentamente a teoria, seriamente considerando essa hipótese. Sempre soube que era uma possibilidade, mas não conseguia mais ver o Henry como um traidor desse nível.

— Eu não acredito nessa história toda, mas se for verdade, é bem suspeito. — Paty continuou. — Esse Cientista que seguia você aparece do nada e fala que estão atrás dele, e possivelmente de vocês. E se ele ainda trabalhar para a O.P.U e quiser matar vocês?

— Mas... se ele trabalhasse para a O.P.U, ele não pediria ajuda para a Ximú.

— Quem? Ah... a barata. — Paty fez uma careta de nojo. — Então, quem sabe ele não esteja tentando ganhar a confiança de vocês para entregá-los como recompensa para a O.P.U, para eles pouparem a vida dele?

Não queira acreditar nisso. Por mais que Henry tivesse os enganado, não o via como um aliado da O.P.U. Ele sempre pareceu ter muito medo deles, pelo jeito que falava. Porém, a essa altura, não duvidava de mais nada.

A Viajante - O Outro Mundo (Livro 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora