Capítulo 11

286 68 131
                                    

Acordou na manhã seguinte com uma voz calma dizendo algo ao longe. A voz pareceu ficar mais perto e nítida, e ela acordou com a voz dizendo suavemente em seu ouvido:

— Acorda, a senhorita precisa ir para a escola.

Abriu os olhos, procurando pelo quarto a origem do som, e viu uma mulher loira aolado de sua cama.

— Alice? — Se sentou na cama, esfregando os olhos. — Cadê a Rosa? Ela quem sempre vem aqui.

— Está lá embaixo, a situação não está muito boa.

— O que aconteceu?

— Melhor a senhorita ir ver. Mas antes, melhor tomar banho, a senhorita ainda está com o uniforme de ontem.

Depois de tomar banho, colocar outro uniforme e pegar sua mochila, Camila desceu a escadaria e foi até o saguão. Olhou para os lados e resolveu seguir seu caminho até o corredor da direita, olhando nos outros corredores que podiam ser acessados a partir daquele para ver se escutava vozes. No final do corredor, chegando perto da sala, escutou vozes, que ficavam cada vez mais altas. Resolveu parar na entrada do local, para escutar a conversa.

— Ele é só um menino! — A voz alterada de Rosa foi ouvida.

— Um menino, mas já é um assassino. — Uma voz irônica disse.

— Eu não matei ninguém! — Escutou um dos gêmeos se defendendo. Concluiu que deveria ser Miguel, por conta do que acabara de falar.

— Todos viram, não adianta negar. — A voz irônica continuou.

— Mas ele sobreviveu, eu o vi! Se você for no hospital vai ver que é verdade!

— O que está fazendo? — Uma voz fria disse vinda de traz de Camila. Se assustou e virou rapidamente para olhar. Se deparou com um homem a fitando seriamente, mas de uma maneira que a deixava desconfortável.

— Dan...Pai... oi.

Ele continuou a encarando, esperando por uma resposta.

— Eu... estava... Quem é que está aí? Escutei uma voz diferente.

— Paula Medsi. — Ele deu uma pausa e a encarou com um olhar ansioso e desconfiado. — Depois do que aconteceu, claro que a imprensa vai cair sobre nós. — Ele continuou e soltou um longo suspiro, caminhando até a sala. Camila foi atrás.

Eles entraram em uma sala grande e espaçosa. Dois sofás vermelhos e duas poltronas ficavam no centro da sala. Mais no centro, havia uma mesinha de vidro com alguns objetos de porcelana em cima, que ficava à frente dos sofás e das poltronas; alguns quadros podiam serem vistos nas paredes.

— Paula Medsi! — Ele disse. — Por que não estou surpreso em ver você?

Viu uma mulher sentada em um dos sofás vermelhos de camurça, ao lado de Miguel e Rosa, que estavam no outro sofá. Ela tinha cabelos castanhos claros presos em um coque e usava óculos quadrados. Sua testa podia ser vista levemente enrugada por de baixo de sua franja.

— Daniel Scarlett. Ainda esperando uma tragédia? — Ela deu um sorriso, parecendo estar se divertindo com a situação.

— Sempre falando besteiras. O que quer com o meu filho?

— Ver se ele é igual ao pai. — Ela sorriu debochadamente.

Daniel apenas a encarou, parecendo furioso.

— Você deve ser Leyla Scarlett. — A mulher olhou para Camila, apreensiva e desconfiada.

— Sim, sou eu mesma. — Camila respondeu, não sabendo o motivo do incômodo da mulher.

A Viajante - O Outro Mundo (Livro 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora