Alguns anos depois...
- JOANA FLORES CARTIER -
Desde o dia em que saí do hospital com a notícia de que eu seria mãe novamente, a minha vida nunca mais foi a mesma; os maus sentimentos, medos e preocupações, deram lugar a novos e belos sentimentos, onde eu não precisava temer e nem me sentir insegura com o meu futuro.
Gael ficou animado quando eu dei a ideia de organizarmos um almoço com família e amigos para dar a notícia do novo membro da família que estava causando o maior tumulto dentro da minha barriga, pois eu estava naquela fase de sentir desejos e vomitar. Ele ligou para o irmão e exigiu que ele estivesse presente, com isso, eu pude conhecer a família inteira além de Júlio e Sophia.
Georgina, assim como Gael a descreveu era linda, dona de um corpo magérrimo, pele pálida, olhos pequenos azuis claros como os de Sophia, e cabelos loiros escorridos, ela tinha uma postura elegante e era muito simpática, logo fizemos amizade, e ela se juntou ao time para organizamos a festa de casamento.
Também convidamos Margaret e Henrique. Minha amiga não poderia estar mais feliz, Henrique fisgou mesmo seu coração e a cada dia que se passava, ela estava mais feliz e apaixonada. Eu até conseguia ver o brilho nos seus olhos quando olhava para o namorado... e eles já estavam falando até em casamento.
E não poderíamos deixar de fora Maria e Tiago, lembra o cara bonitão com quem minha amiga estava conversando na festa? Então... a coisa ficou séria pelo visto, depois de alguns dias conversando o homem a surpreendeu com um buquê de flores e um pedido de namoro, e desde então eles estão juntos aproveitado a vida.
No almoço demos a notícia de que eu estava grávida, Isabel chorou de tanta emoção e disse que nós éramos os melhores pais do mundo. Todos ficaram felizes com a nossa união e agora com um membro novo na família. Depois disso, marcamos a data do casamento para a mês seguinte.
Nós desistimos de fazer uma grande festa e fizemos um pequeno arranjo no jardim reformado da casa com ajuda de todos os envolvidos na história.
Posso me lembrar com exatidão dos olhos brilhantes de Gael, quando eu passei pelas portas usando um vestido branco longo segurando algumas flores colhidas no nosso próprio jardim enquanto ele acenava no final do tapete vermelho que se estendia da entrada da casa até o pequeno altar que fora montado. Ele estava lindo usando uma bata branca de lindo, e sapatos pretos.
Foi impagável vê-lo chorar emocionado quando me viu atravessar o tapete e ir em sua direção, sendo escoltada pelos olhares dos nossos poucos convidados; amigos íntimos e família, que estavam acomodados nas cadeiras que foram colocadas embaixo do arco de flores que cobria os lados do tapete.
Gael estava tão ansioso que se esqueceu onde colocou as alianças, junto dos seus votos. A nossa sorte é que Júlio e Georgina, intervieram nos emprestando suas alianças.
O discurso foi um fracasso, mas no final eu entendi que ele me amava tanto que não conseguia encontrar palavras.
Depois desse dia, fomos para uma prolongada lua de mel na França, onde Gael e eu, vivemos mais um momento mágico.
E, oito meses depois, dei à luz a um lindo bebê borrachudo que chamamos de Richard. O menino nasceu com quase todas as características do pai, cabelos castanhos médios, olhos azuis claros e uma pele muito pálida.
O dia do seu nascimento foi outro momento memorável, Gael se emocionou quando pegou o pequeno embrulho em seus braços pela primeira vez, e eu, não resisti, deixei com que as lágrimas escorrem dos meus olhos, emocionada por ter conseguido chegar tão longe ao seu lado.
E, ali na maternidade, vendo aquele homem tão grande segurando nosso filho com tanto amor e proteção, me convenci de que não poderia ter tomado uma decisão melhor; Gael era a parte que me completava.
***
- Mãe, eu já estou pronta - Isabel desceu as escadas da mansão equilibrando-se no salto, usando um vestido rodado rosa que mostrava o quanto seu corpo havia mudado, e segurando sua bolsa de mão.
- Minha nossa, filha, mas você está linda! - exclamei.
Sim, minha filha já havia completado dezesseis anos. Os traços delicados de seu rosto infantil deram lugar a um belíssimo rosto de uma mulher em ascensão, pois, era isso que minha filha estava se tornando, uma mulher.
- Quero que você deixe a minha filha em casa antes das dez, me entendeu bem, rapaz? - Emburrado Gael resmungou do sofá com os braços cruzados encarando André, um garoto pardo de olhos verdes, que Isabel conheceu no colégio e pensavam em namorar.
Meu marido tinha completado trinta e nove anos, e ainda sim continuava muito bonito; embora seu rosto já mostrasse seus quase quarenta anos com as poucas rugas que lhe apareciam no canto dos olhos quando ele sorria. Dedicado a família, a cada dia ele se mostrava um pai e um marido excepcional.
- Não seja implicante amor, é o primeiro encontro da nossa filha, isso é tão emocionante.
Isabel riu com seu riso doce.
- Meu pai está com ciúmes, mãe.
- Estou mesmo, você é a minha menininha, a minha princesinha... não era para estar saindo com esse espertinho - Ele olhou para André com a cara emburrada.
- Fica tranquilo, senhor, Gael. Sua filha estará em boas mãos - o garoto se levantou do sofá e pegou nas mãos de Isabel. - Vamos?
Suspirei encantada com o amor juvenil.
- Isabel está namorando... Isabel está namorando... Isabel está namorando... - Do outro lado da sala Richard que acabara de completar dez anos zombava da irmã enquanto esticava uma atiradeira de brinquedo com uma bolinha de papel em direção a casa do vizinho.
Pestinha!
- Não seja engraçadinho, Richard, um dia vai ser a sua vez... - Isabel respondeu.
- Eca! - O garoto enfiou o dedo na goela. - Meninas são chatas!
- Não, são não, e você vai descobrir isso quando tiver a minha idade - André comentou.
- Bem. - Isabel olhou para Gael sorrindo. - Fica tranquilo pai, eu sei me cuidar, vai ficar tudo bem, é só um cinema.
- Muitas coisas podem acontecer no cinema - Gael murmurou.
Todos rimos do ciúme exagerado de Gael para com Isabel.
- Vão com Deus, e lembrem-se... Juízo! - falei vendo o casal de pombinhos caminharem em direção a porta da saída.
Observei a feição contrariada de Gael olhando em direção a nossa filha, que a cada dia se mostrava mais madura e responsável.
Me sentei no sofá ao seu lado e acariciei seu cabelo.
- Não seja rabugento, temos que confiar na educação de demos para a nossa filha.
Gael assentiu.
- É que... olha para ela... está uma moça, quase uma mulher... isso é sinal de que eu estou ficando velho, eu não estou preparado para vê-la se casar e sair de casa. E ainda tem o Richard que não para de crescer, daqui a pouco está naquela fase de sair com os amigos e... eu não estou pronto para isso.
Ah! Homem dramático.
Liberei um riso engasgado com tamanho drama.
- É a vida meu amor, nós vivemos a nossa história de amor, agora é vez de Isabel e um dia será a vez de Richard.
- Eu nunca vou me casar, vou ser um boêmio, como o tio Miguel! - O garoto falou olhando pelas janelas, muito certo do que queria, para uma criança de dez anos.
Eu sabia que deixar meu filho muito próxima das conversar de Gael e seus amigos não era uma boa ideia.
Sorri.
Me aproximei do ouvido do meu marido e sussurrei:
- Por que ao invés de ficar aí preocupado com Isabel, não vamos para o quarto eu tenho uma surpresa para você.
Ele sorriu com a ideia e me deu um beijo demorado nos lábios.
- Surpresa? - levantou a sobrancelha sorrindo.
- Sim, e eu tenho a certeza de que você vai amar.
Voltamos a nos beijar, em um beijo cheio de carinho e ternura.
- Eca! Pai! Mãe! Luz, eles estão fazendo de novo! - Richard largou o brinquedo no chão, aborrecido, e caminhou em direção a cozinha onde Luz, que era sua aliada, e fazia todas as suas vontades, estava preparando o jantar.
Richard odiava que fizéssemos demonstração de carinho em público, às vezes eu me perguntava qual era o problema daquele garoto.
Assim que passamos pelas portas do quarto, pedi que Gael fechasse os olhos, e enquanto ele permanecia de olhos fechados, peguei a pequena caixinha de presente que preparei e o entreguei. Ele abriu os olhos e olhou para a pequena caixa dourada com uma fita vermelha em cima.
- O que é isso?
- Um presente.
- Mas não é meu aniversário, e o natal já passou.
- Abra - ordenei.
E quando seus dedos finalmente abriram a caixinha, ele me olhou com os olhos marejados.
- Ah, meu Deus! Isso é verdade?
Confirmei com a cabeça sorrindo.
Ele limpou uma lágrima e puxou de dentro da caixinha o pequenino par de sapato de bebê, que ficou minúsculo na palma de sua mão.
- Eu estou grávida de novo, meu amor - sorri alisando a barriga.
Revelando um sorriso emocionado, ele me pegou pela cintura e nos aprofundamos em um beijo carinhoso, cheio de amor.
- Às vezes eu penso em como você consegue tornar a minha vida tão completa. Obrigado, Joana, obrigada por tudo meu amor - sussurrou colando sua testa na minha.
- E eu, ainda penso em como você consegue tornar a vida tão boa, Gael. Eu amo tanto!
Esperei que ele se recuperasse da emoção ao receber a notícia de que receberíamos um novo bebê, e o beijei novamente, enquanto eu pensava em como a minha vida ao lado de Gael conseguia ser tão maravilhosa.
Fim!
Bônus
Isabel, cinco anos depois do encontro...
... Quando abri a porta dei de cara com ele, me olhando com olhos de súplicas. Me amaldiçoei por ter deixado a situação sair tanto do meu controle.
- O que você está fazendo aqui?
- Eu vim falar com Gael, não podemos mais esconder dele.
Eu ainda me perguntava como eu conseguia fazer aquilo, me apaixonar por um dos melhores amigos do meu pai. Um homem quase quinze anos mais velho que eu.
Eu deveria ter me contentado com os sentimentos de André, mas quando conheci aquele homem, eu entendi o que realmente significa a palavra paixão.
- Você está ficando maluco, Miguel? - Respondi sentindo o gosto do desespero amargar a minha boca. - Se meu pai descobre, ele mata você.
- Me deixa conversar com ele, Isabel - O homem à minha frente insistiu.
- Não! Isso é loucura.
- Por favor, Isabel, me deixa resolver isso, eu sou um homem de trinta e seis anos, não tenho mais idade para ficar namorando escondido. - Seus olhos melancólicos me avaliaram. - Caso contrário eu vou voltar para o Canadá, e não pretendo voltar.
Molhei os lábios sentindo o mais amargo pesar. Se ele contasse para meu pai que havíamos nos envolvido, era o fim de uma amizade tão bonita e de tantos anos, e eu nunca me perdoaria por aquilo. E o que a minha mãe pensaria de mim? Eu era a garota perfeita, a garota que ela confiava que tomaria as melhores decisões, a garota de vinte e um anos que todos esperavam maturidade, eu não poderia decepcioná-los jamais, mas, aquilo estava indo além das minhas capacidades de suportar. Eu teria que escolher enfrentar a minha família pelo amor que eu sentia por Miguel, ou me acovardar diante de tudo e perdê-lo para sempre...
E uma questão me passou pela cabeça:
Seria o fim daquela história, ou o começo de uma?
Fim
E aí, o que você achou da história? Quer deixar sua opinião ou sugestão? Mande uma mensagem para a autora ou comente neste post.
---------------
AGRADECIMENTOS
Meus mais sinceros agradecimentos vão aos meus leitores que foram a minha maior motivação para continuar escrevendo.
Agradeço ao meu marido Jean Flordemiro que tem sido meu ponto de apoio desde o dia em que sonhei em me tornar uma escritora.
Agradeço também a Deus, por mais essa oportunidade de fazer meu trabalho conhecido.
Um grande beijo, e abraço para todos os meus leitores que acompanham e comentam cada capítulo do livro.
------------------
Sigam-me nas redes sociais:
Instagram: @helisterescritora
---------------
Confira também na Wattpad: