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By olimpia_valdez

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๐จ๐ง๐ž, choice
๐ญ๐ฐ๐จ, had not notice
๐ญ๐ก๐ซ๐ž๐ž, fair
๐Ÿ๐จ๐ฎ๐ซ, liar
๐ฌ๐ข๐ฑ, fear
๐ฌ๐ž๐ฏ๐ž๐ง, empty promises and apologies
๐ž๐ข๐ ๐ก๐ญ, count on me
๐ง๐ข๐ง๐ž, audience
๐ญ๐ž๐ง, sober
๐ž๐ฅ๐ž๐ฏ๐ž๐ง, illusory euphoria
๐ญ๐ฐ๐ž๐ฅ๐ฏ๐ž, hope
๐ญ๐ก๐ข๐ซ๐ญ๐ž๐ž๐ง, trust
๐Ÿ๐จ๐ฎ๐ซ๐ญ๐ž๐ž๐ง, invisible barriers
๐Ÿ๐ข๐Ÿ๐ญ๐ž๐ž๐ง, jealousy
๐ฌ๐ข๐ฑ๐ญ๐ž๐ž๐ง, failed love
๐ฌ๐ž๐ฏ๐ž๐ง๐ญ๐ž๐ž๐ง, relapse
๐ž๐ข๐ ๐ก๐ญ๐ž๐ž๐ง, shame
๐ž๐ฌ๐ฉ๐ž๐œ๐ข๐š๐ฅ, 50k!
๐ง๐ข๐ง๐ž๐ญ๐ž๐ž๐ง, save him
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ, mirror
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐จ๐ง๐ž, time traveller
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐ญ๐ฐ๐จ, good luck
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐ญ๐ก๐ซ๐ž๐ž, useless
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐Ÿ๐จ๐ฎ๐ซ, favorite person
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐Ÿ๐ข๐ฏ๐ž, selfish
๐ž๐ฌ๐ฉ๐ž๐œ๐ข๐š๐ฅ, 100k!
๐ญ๐ฐ๐ž๐ง๐ญ๐ฒ ๐ฌ๐ข๐ฑ, darkness

๐Ÿ๐ข๐ฏ๐ž, fault

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By olimpia_valdez





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Senju observou você se afastar e sair acompanhada por Kazutora com o coração tendo um misto de emoções, desde a raiva do seu pai, odiava o homem com todas as forças, e até mesmo um calor, já que o sorriso leve que estava no seu rosto dizia muito como o seu melhor amigo te fazia bem.

Desde manhã, quando ela te viu chorando no banheiro, uma série de questionamentos se passavam pela cabeça dela, tentando entender o que poderia ter sido tudo aquilo, mas como você não falaria, teria que ficar na dúvida, o que a consumia de certa maneira. A atenção dela foi desviada da porta ao sentir Mikey se remexer no seu colo, se ajeitando para ficar mais confortável, o que indicava que provavelmente ele voltaria a dormir daqui a pouco.

— Você não quer subir? — ela perguntou, tirando as mechas de cabelo que caíam pelo rosto dele — É mais confortável pra você ficar na cama.

— Aqui é melhor — ele resmungou, conseguindo arrancar uma risada dela.

— Por favor, Mikey — pediu e o loiro murmurou algumas palavras que ela não compreendeu, mas logo estava se sentando no sofá.

Mikey respirou fundo antes de se levantar, a cabeça ainda latejava, mas depois de tomar banho e comer, com certeza a situação tinha melhorado. Desejou boa noite pra todos e logo começou a andar até a escada, sabendo que Senju o seguia, conseguia ouvir os passos dela o acompanhando.

Ao entrarem no quarto, suspirou sentindo o ambiente ainda gelado, mesmo que já tivessem desligado o ar condicionado. Toda a situação em si o frustrava um pouco, sabia que tinha sido por decisões dele, mas era inevitável se sentir assim. Não gostava quando as pessoas se preocupavam muito com ele, não se sentia no direito de ter tal sentimento direcionado para si.

— Eu tenho uma escova de dente extra aqui — falou, andando para o banheiro — Pode usar, se quiser.

Senju somente assentiu e o seguiu mais uma vez, dividindo a pia do banheiro com Mikey. Os dois se olhavam pelo espelho e ela quase engasgou com a pasta de dente quando ele começou a fazer algumas caretas, com a singela intenção de a fazer rir. Ele gostava muito do sorriso dela e ele era tão raro de aparecer que era praticamente considerado como um momento único e valia a pena o ver, mesmo que ela o xingasse em seguida.

Mikey gostava de Senju e isso era tão nítido que chegava a ser estranho como eles não tinham nada, mas essa era uma situação que não era por opção dele e sim dela.

Logo saíram do banheiro e Mikey foi direto pra cama, se deitando de barriga pra cima, encarando o teto, enquanto ela somente se sentou, cruzando as pernas e apoiando as costas na cabeceira. O silêncio que tinha se instalado não era ruim, mas também transmitia a sensação de que uma nuvem se formava sobre os dois, já que, além do que aconteceu durante a madrugada, ainda tinha as próprias questões deles para serem resolvidas.

— Quando você estava no banheiro, escutou o que a [Nome] disse pra Emma? — a platinada quebrou o silêncio e Mikey franziu as sobrancelhas, não entendendo a pergunta.

— Não, por que? — se ergueu e se sentou também, conseguindo com que aqueles olhos azulados o olhassem de forma intensa.

— Você quase teve uma dessa vez — a voz dela estava em um tom completamente sério, um que ele não gostava.

— Tive uma o que, Senju? — perguntou e não entendeu a indignação que surgiu em seu rosto.

Simplesmente não fazia sentido na cabeça dela o fato de que ele realmente não tinha consciência do que tinha acontecido com ele. Mesmo que você só tivesse dito aquilo para ela e Emma, todos os outros também subentenderam isso depois, principalmente Kazutora, já que ele foi uma das pessoas que participou mais ativamente da sua vida na pior parte do vício do seu pai, quando ainda estavam no ensino médio.

— É burro ou se faz?! — ela disse cansada, se lembrando de praticamente todas as conversas que tiveram nesses anos sobre esse assunto — Você quase teve a porra de uma overdose, Mikey!

Ela não sabia se era a pessoa certa para falar sobre isso com ele, mas as cenas da madrugada ainda estavam vivas na mente dela.

Ninguém conseguia o impedir quando ele queria exagerar, era praticamente impossível, e ele nunca se lembrava do que fazia, então ele não tinha conhecimento sobre o fato de ter sido Senju quem o segurou antes dele praticamente colapsar no chão.

Que foi ela quem gritou pelos os meninos.

Que se lembrou de todos os passos que você já tinha ensinado.

Que ficou horas do lado dele, revezando com Emma, para ficar de olho.

Pra ela, foi totalmente assustador, porque, diferente do que já tinha acontecido, por exemplo, na última festa de aniversário de um dos seus irmãos mais velhos, Mikey tinha realmente apagado, praticamente desmaiado nos braços dela e isso era algo que nunca mais gostaria de ver.

— Princesa...

— Porra, Mikey! — ela passou as mãos pelo cabelo, frustrada — Tudo tem limite e isso aqui já deu, tanto pra mim, pra [Nome] e, principalmente, pra Emma.

Ele sabia de tudo isso e, nossa, como sabia.

Tinha um exemplo dentro de casa e isso também o deixava péssimo por dentro, quase como se estivesse desmerecendo tudo o que tinha acontecido com o próprio irmão a quase quatro anos atrás, mas também era difícil pra ele. A mente de Mikey nunca parava, parecia que era ligada no 220 o tempo todo e a única forma que ele via de ter "paz" era assim, porque só dessa maneira que os pensamentos dele paravam.

Claro que ele também tinha consciência do que ele podia ou não, principalmente de quando podia, já que ele era o capitão do time de futebol, não podia ficar se drogando como se não houvesse amanhã, mas tinha momentos que ele precisava disso, poder simplesmente se desligar do mundo. Mesmo que fosse uma forma muito egoísta de se pensar, era como Mikey funcionava e ele não sabia mais como parar.

— E você acha que eu fico bem com tudo isso? — ele perguntou, também começando a ficar irritado.

— Então se sabe, por que continua? Fica preocupando a gente, enfiando a merda do teu nariz em carreira de pó, enchendo o cu de cachaça e sei lá mais o que! Além disso, você também tem a incrível capacidade de sumir nessas horas! A consideração foi pra puta que pariu?!

— Consideração?! O que isso tem a ver, Senju?!

— Tem tudo, porque se pensasse na gente antes de fazer esse tipo de coisa, duvido que faria!

— Você acha que é tão fácil assim?! — ele perguntou, começando a aumentar o tom de voz sem nem pensar — Acha que o Shin não pensava em mim e nos meus irmãos enquanto se entupia de morfina?! Você não sabe porra nenhuma!

— Não sei?! Então o que foi o nosso ensino médio?! Não lembra da [Nome] passando dias no hospital por causa do pai dela?!

— Não mete ela nisso aqui!

— Como que você não quer que eu faça isso?! — perguntou, irritada, e se levantou, começando a andar pelo quarto — A gente se preocupa com você, Mikey!

— É mesmo?! — ele gritou de volta, também se levantando, mesmo que ainda um pouco zonzo — Você me falando isso parece ser a maior piada do mundo!

— Como assim?!

— Ainda ousa perguntar?! — Mikey passava as mãos pelo cabelo, sentindo o nervosismo e a raiva o consumirem — Se realmente se preocupasse comigo, não ficaria falando "em uma próxima vez"!

— Não muda a porra do assunto! — Senju gritou, apontando o dedo indicador no peito de Mikey — A gente não tá falando disso!

— Você pode não estar, mas eu estou! Sabe por que, Senju? — perguntou, ácido — Porque se não for desse jeito, eu te forçando a falar comigo, colocando a porra desse assunto em questão, nós nunca vamos falar sobre a merda que a gente tem!

Os dois já se olhavam com as respirações descompassadas e Mikey sentia a sua cabeça doer pelo tanto que já tinha gritado, até mesmo franziu a testa quando um relance de dor mais forte aconteceu. Porém, ele não ia parar, não agora, quando estava conseguindo colocar tudo pra fora e fazendo com que esse assunto, finalmente, aparecesse em uma conversa dos dois.

— Aliás, me responda de uma vez! O que a gente é?! Amigos?! Ficantes?! Que porra que a gente é, Senju?!

A platinada o encarava com o coração praticamente saindo pela boca e sentiu os olhos marejarem por ter essa perguntada gritada para si. Ela sabia a resposta, tinha total consciência também do que a fazia ser dessa maneira, ao ponto de negar os próprios sentimentos em relação ao loiro a sua frente, mas não é como se ela conseguisse verbalizar.

Simplesmente paralisava quando chegava nesse assunto.

Antes que Mikey pudesse dizer mais alguma coisa, a porta foi aberta com força, logo revelando Baji e Chifuyu, que tinham subido para organizar as coisas para o dia seguinte e dormir. Porém, antes que o casal pudesse sequer chegar nos respectivos quartos, ouviram a gritaria vindo do quarto do líder e nem pensaram duas vezes antes de entrarem ali.

— Que merda que tá acontecendo? — Baji perguntou e recebeu os olhares dos dois sobre si.

— Nada — Senju respondeu, fechando as mãos em punho — Nada está acontecendo.

— Nada?! — Mikey gritou, enquanto via a platinada andar até a porta.

— Isso, Mikey, nada — o loiro arregalou os olhos ao notar a voz chorosa dela e depois algumas lágrimas já caindo pelas suas bochechas — Isso também é a resposta para a sua pergunta.

— Senju! — ele a gritou, mas a garota já estava praticamente correndo pelo corredor e logo descendo pela escada em uma velocidade absurda.

Mikey se sentou no colchão e apoiou a cabeça nas mãos, sentindo a frustração o consumir, quase como se estivesse invadindo cada célula do seu corpo. Não podia simplesmente aceitar o que tinha visto e ouvido, foi tão contraditório que o fazia começar a pensar, mais uma vez, em como eles tinham chegado até aquele ponto.

Eles ficam desde o primeiro semestre da faculdade, claro que ambos também já tiveram envolvimentos com outras pessoas, mas sempre acabavam voltando um para o outro no final. Entretanto, nunca realmente estabeleceram o que aquilo tudo era, parecia uma amizade colorida, mas ambos já tinham colocado sentimentos no meio e isso estava ficando cada vez mais complicado, principalmente pelo fato de que os dois não sabem lidar com a palavra "relacionamento" da maneira correta.

— Desculpa por terem visto isso — Mikey ergueu a cabeça e olhou para Baji e Chifuyu, que o encaravam confusos.

— Tudo bem — o Matsuno tomou a palavra, trocando antes um rápido olhar com o namorado — Você sabe que pode falar com a gente, não é?

— Sei sim — suspirou — Obrigado.

— O meu quarto é literalmente o próximo — Baji disse, o encarando nos olhos e Mikey sorriu fraco, assentindo.

Os dois desejaram boa noite para ele e se retiraram, o deixando sozinho de vez.

O silêncio do quarto pareceu desconfortável no momento em que fecharam a porta, chegava a ser arrepiante como as coisas estavam funcionando e as aulas nem tinham começado ainda. Mikey passou as mãos pelo rosto, as esfregando com força, tentando liberar toda a agitação que tinha em seu corpo.

Começou a andar rápido pelo quarto, indo de uma parede a outra repetidas vezes, mas não é como se isso fosse ajudar. Ele sabia o que realmente iria, mas ele não apelaria pra isso, pelo menos não hoje. Se limitou a ir até uma das cômodas que ficavam do lado da sua cama e tomou um comprimido de aspirina sem precisar de água.

Se jogou na cama, colocando o travesseiro sobre a cabeça e gritou uma última vez contra o colchão, ele queria realmente entender o que fazia com que nada funcionasse direito entre ele e a platinada. Ele ainda não sabia, mas não era o único que pensava dessa maneira.

Senju andava até o prédio do seu dormitório sentindo as lágrimas molhando o seu rosto sem parar, mesmo que passasse as mãos várias vezes, tentando as enxugar a todo custo.

Ela sabia que todo o conflito entre eles dois era por causa das inseguranças dela, mas como ela, Senju, a capitã das líderes de torcida e uma das veteranas mais "almejadas", poderia ser insegura? Ela mesma negava a própria confusão, tentando se encaixar no próprio estereótipo que criaram pra ela desde o ensino médio.

Ao chegar no prédio, respirou fundo ao subir as escadas até o andar de vocês duas, martelando a conversa que teve com Mikey praticamente por inteira. Simplesmente não tinha sido como tinha planejado, a irritação dela já começava por aí, e ainda conseguiu realmente brigar com ele antes do primeiro dia de aula sobre um assunto que ela odiava conversar.

Relacionamentos.

Ao destrancar a porta, deixou um suspiro sair pelos lábios ao ver que você não tinha chegado, não queria ter que explicar porque estava chorando. Sabia que a situação entre eles dois não estava legal, mas ter que assumir a culpa por isso piorava ainda mais a situação, não queria ter a confirmação de que eles só não davam certo por causa das inseguranças dela.

Tentando se distrair, começou a arrumar o quarto, guardando algumas coisas que ainda estavam bagunçadas desde a festa de sábado e já preparou os materiais que precisaria para o primeiro dia de aula. Mesmo vocês já sendo veteranos e não tendo, por exemplo, a palestra sobre as regras ou os tours organizados pela própria faculdade, teriam aulas mais "leves", somente com os direcionamentos sobre os cursos e uma visão geral do ano final.

Logo, ela só colocou o estojo e um caderno na bolsa e não demorou a também escolher a roupa que usaria. Senju não queria que Mikey ficasse na cabeça dela, na verdade, no seu coração. Seria muito mais complicado realmente até mesmo dar um fim no que eles "tinham" se situações assim continuassem a acontecer, principalmente com o fato de que eles já estão nessa há anos.

Depois que tinha acabado de vestir o pijama e colocar a roupa que estava usando antes no cesto de roupa suja, ela escutou você abrindo a porta e até mesmo já se preparava para te perguntar se realmente o cropped azul bebê que tinha escolhido combinava com a saia branca que tinha decidido usar no dia seguinte, mas a boca dela se fechou na hora que colocou os olhos sobre você.

— [Nome]... — ela tentou dizer alguma coisa, mas a força com que você chorava fazia com que nada mais importasse na cabeça dela.

Jogou as peças de roupa de qualquer jeito em algum lugar do quarto e te pegou pelas mãos, a fazendo se sentar na própria cama, e depois se agachou, para que pudesse te olhar nos olhos.

— Posso saber o que aconteceu? — perguntou, tentando ao máximo falar de forma suave, mas você só balançou várias vezes a cabeça em negação.

Mesmo que pensasse em desabafar sobre a briga que tinha acabado de ter com Blake, sentia como se não fosse necessário ou, na verdade, que não conseguia falar sobre isso. Não queria ter que repetir tudo o que ele disse, sentir o desconforto de como foi ouvir que era uma mentirosa logo da boca dele, alguém que você descobriria daqui um tempo que era um dos maiores mentirosos do mundo.

Porém, agora, você só conseguia sentir culpa por algo que nem tinha feito e muito menos deveria ser colocada como culpada, mas como simplesmente não se sentiria assim? As palavras dele realmente tinham te marcado e isso começaria a te destruir de dentro pra fora.

— Posso te abraçar?

Uma simples pergunta que te fez assentir com a cabeça tantas vezes, praticamente em uma situação de desespero. Senju não hesitou em se erguer e se deitar na cama junto com você, passando os braços pelo seu corpo e te abraçando apertado. Ela conseguia ouvir os seus soluços contra o peito dela, inclusive as lágrimas que molhavam a blusa de cetim do pijama.

A cabeça dela estava a mil, tentando entender o que tinha acontecido com você desde manhã e cada vez mais que refletia sobre o assunto, a figura de Blake aparecia como resposta, o que fazia com que uma raiva crescesse dentro dela.

Porém, como Kazutora já tinha falado para ela um tempinho atrás, a vida é sua, Senju não podia simplesmente interferir onde bem entendesse ou até mesmo sair assumindo conclusões precipitadas, o que era realmente verdade, mas doía te ver assim e não poder fazer nada.

Simplesmente assistir você se destruindo.



(...)



Você agradeceu mentalmente por Senju ter respeitado o seu espaço e não ter perguntado nada sobre o que tinha acontecido na noite anterior, realmente não queria conversar sobre isso. Te assustava muito não saber como a situação entre você e Blake se encontrava e sentia uma espécie de ansiedade te consumindo a cada minuto que passava na aula.

Era a última do seu período da manhã e logo estaria liberada para o almoço e, na parte da tarde, iria para o hospital do campus e voltaria a trabalhar, o que era a única coisa que realmente te motivava no momento. A possibilidade de ocupar a mente com algo que gostava realmente era muito tentadora e assim também poderia não pensar na briga que teve com Blake, tentar não se sentir ainda mais culpada.

Nem conseguia entender de onde vinha tanta culpa, até achava estranho como tudo estava se construindo dentro do seu cérebro, quase como uma completa avalanche, e você já não tinha força para realmente tentar parar.

Quando o sinal tocou, deixou um suspiro aliviado sair pelos seus lábios e guardou rápido o material na bolsa, se levantando para andar até a porta.

— [Nome]? — você foi interrompida por uma voz te chamando e, ao se virar, viu a sua professora indicando com a mão que se aproximasse.

— Pois não, sra. Williams?

— Animada para voltar pro estágio?

— Com certeza! Estou com saudade das crianças.

Adelaide Williams é uma das suas professoras na faculdade e também a enfermeira chefe responsável pelo hospital da universidade, de forma que acompanhasse o seu estágio de perto desde o dia em que começou. A mulher de um pouco mais de quarenta anos, com os olhos e cabelos castanhos, é com certeza uma das suas maiores inspirações como profissional, sendo uma das melhores no ramo.

— Posso garantir que elas também estão de você — sorriu, gentil, enquanto guardava o material que tinha usado na aula — Pegou qual turno neste semestre?

— O da tarde — explicou e andou lado a lado com a mulher, saindo da sala em seguida — Eu estudo melhor de noite e também as crianças estariam acordadas no meu horário.

— Está pensando em se profissionalizar na área infantil? — perguntou, animada.

— Acho que sim — disse, meio incerta — Gosto muito da área de UTI adulto também, então não sei ainda, talvez com esse semestre eu me decida de forma definitiva.

— Posso garantir que vai se sair bem em qualquer uma que escolher — sorriu, Adelaide não escondia o carinho que sentia por você — Oh, Blake, não te vi aí, querido.

Os seus olhos se arregalaram ao ouvir esse nome ser pronunciado e ao olhar na direção que sua professora olhava, o viu encostado em uma das pilastras.

— Bom dia, sra. Williams — a cumprimentou, andando até vocês — Estou atrapalhando?

— Só estávamos conversando sobre o estágio que já volta hoje e você, o que faz no prédio de saúde?

— Vim buscar a [Nome] para almoçarmos.

— Entendi, vou deixar vocês. Vejo a senhorita mais tarde?

— Com certeza, professora.

Ela se despediu e, logo com a morena se afastando, você não soube o que fazer. Encarou Blake por alguns segundos, pensando no que dizer, mas até que os seus olhos se arregalaram quando viu o pequeno buquê de rosas brancas.

— Blake...

— Só aceita, amor — ele se aproximou mais de você, praticamente colando os corpos.

— Mas...

— Está tudo bem, não está? — ele perguntou, inclinando a cabeça levemente para o lado — Pra mim, está. Fiquei irritado ontem, mas eu te amo muito. Você sabe como não consigo ficar brigado com você por muito tempo.

— É? — perguntou meio incerta, pegando o buquê e encarando as orbes azuladas.

— Sim, não duvide do meu amor por você, linda — ele te assegurou e sentiu uma espécie de alívio tomar conta de você.

Seu peito se aqueceu ao sentir os lábios dele contra os seus e o sorriso se manteve no seu rosto enquanto andavam pelo campus até o refeitório para almoçar. Blake falava algo sobre o time de basquete, como o início da temporada já tinha sido estabelecido e que daqui a pouco teria o início do regional. Você tentava acompanhar, fazendo um comentário ou outro, mesmo que não entendesse muito do esporte.

Parecia que estava tudo bem, era quase como se o seu cérebro estivesse entorpecido por causa das flores que você segurava com tanto carinho nos braços ou até mesmo por causa da mão de Blake apoiada na lateral do seu quadril, brincando com o polegar na parte em que a sua pele aparecia, por causa do cropped branco que usava em conjunto de uma calça jeans preta.

Porém, mesmo que você não estranhasse e parecesse feliz, algumas pessoas iriam notar que tinha algo que, no mínimo, parecia errado.

— As flores favoritas dela não são rosas — Kazutora murmurou, desviando o olhar da cena de vocês dois andando e voltando a tentar se concentrar no livro que lia — São cravos vermelhos.

— Ele não deve saber disso?

— Você realmente acha, Baji? — revirou os olhos — Aquele cara não deve nem saber qual é a música favorita dela. Ele não é você que tem decorado até o mapa astral do Chifuyu.

Parte do seu grupo de amigos estava reunido ali, sentados em uma das várias mesas espalhadas pelo campus. Nenhum deles queria realmente comer no momento, principalmente porque o refeitório estaria lotado e também não tinham passado no mercado para abastecer a fraternidade, então eles esperavam um pouco. Mesmo que gostassem de uma boa muvuca, como em festas, no caso da hora de comer preferiam um pouco mais de paz.

— Que cara é essa, Kazutora? — Mikey perguntou, ao terminar de se aproximar e se sentar no tampo da mesa.

— A minha normal — respondeu, levemente irritado, e fechou o livro, sabia que não voltaria a se concentrar mais.

— Parece que o mau humor virou algo contagioso agora.

— Falando em mau humor, por que a Senju saiu tão puta lá da frat ontem? — Takemichi perguntou.

— Ela brigou com o Mikey — Chifuyu respondeu, tentando ser o mais resumido possível.

— Já imaginava.

— Como assim você já imaginava? — Mikey olhava para o Hanagaki meio desconfortável.

— Vocês sempre brigam — respondeu, sem entender a expressão do loiro — Então se ela tá puta com algo, é meio que automático pensar que te envolve.

Mikey suspirou e levantou a cabeça para encarar o céu azul com somente algumas pequenas nuvens espalhadas, praticamente um dia de clima perfeito, completamente diferente do que estava acontecendo na sua vida. Tinha até tentado falar com Emma no café da manhã, já que a irmã tinha dormido lá com Draken, mas foi completamente ignorado.

Ele sabia que tinha vacilado, entendia a raiva dela, mas queria, pelo menos, conseguir se desculpar da maneira certa.

— Manjiro! — ouviu o seu nome ser gritado e encontrou a uns poucos metros de distância, o treinador do time.

— Imagina se já toma esporro no primeiro dia de aula — Kazutora alfinetou, recebendo um dedo do meio como resposta.

— Duvido que o velho tenha descoberto — Baji falou, um pouco mais sério.

— Também acho que não — Mikey disse, saindo da mesa se impulsionando com os braços — Mas qualquer coisa a gente vai ser massacrado nos treinos na semana que vem.

— Por que eu fui inventar de ouvir você no fundamental? — o moreno resmungou.

— Pensa que foi por causa de você ter entrado no time que me conheceu — Chifuyu tentou o confortar, se lembrando de como se conheceram no último ano do ensino médio, uns meses depois do de olhos verdes ter se mudado para Los Angeles.

— Na verdade, foi por causa da burrice dele mesmo.

— Kazutora!

— Mas ele não tá mentindo, Chifuyu. Era ele ir atrás de um monitor de física ou ir pro banco logo no início da temporada.

— Até você, Takemichi?! — Baji reclamou, fazendo com que praticamente a mesa inteira risse.

— Eu vou indo, senão realmente vou levar esporro do velho — Mikey falou, acenando — Vejo vocês mais tarde.

— A gente precisa ir no mercado! — Kazutora o avisou.

— Combina com o Kenchin e a gente pode ir de noite!

— Beleza!

Mikey colocou as mãos no bolso da calça moletom cinza e andou até o treinador, sentindo o seu corpo arrepiar a cada passo que dava. Fazia a mínima ideia do que poderia significar essa conversa, mas tentava não transparecer, afinal, ele é o garoto de ouro aos olhos do treinador Scott Davis.

— Aconteceu alguma coisa, treinador? — perguntou, depois de o cumprimentar.

— Não se preocupe, garoto — o homem o assegurou, passando o braço pelos ombros do rapaz, começando a guiá-lo — Só uma reunião rápida com a treinadora das líderes de torcida.

— Como assim as líderes de torcida?

— Aquele velho lance de quando elas pedem pra usar o campo pra treinarem — explicou — Elas querem a nossa agenda e uma ideia do nosso planejamento também.

— Olha, sem querer soar grosseiro, mas então por que me chamou? Assim, não é só contar pra elas tudo?

— Bem, nessa parte da conversa realmente não precisaria de você, mas tem algo que a treinadora delas quer falar com você também.

— Sobre o que seria?

— Sem ansiedade, garoto — o mais velho brincou — Mas não se preocupe, vai ser sobre uma coisa que tenho certeza de que vai gostar.

Mikey suspirou, derrotado, e continuou o novo assunto que o treinador puxou, mais especificamente sobre as férias e se ele tinha se cuidado, ele era a estrela do time no final das contas. O mais novo de todos os irmãos da família Sano sentiu o seu estômago revirar de leve ao ter que mentir para a pessoa que mais lhe deu oportunidades na vida, garantindo a sua bolsa de estudos na faculdade e ainda o posto de capitão e quarterback.

Ele já era bom no fundamental e no ensino médio, mas só foi entrar no regime de treinos de Scott Davis que ficou fenomenal.

Não, essa não é a palavra certa.

Invencível.

Mikey tinha se tornado invencível.

— Você deveria parar de se atrasar pros seus compromissos, Scott.

— E você ser menos impaciente, Olivia — suspirou, entrando na sala, acompanhado por Mikey, que o seguia.

— Impaciente? Estou esperando a vinte minutos!

— Eu só fui atrás do garoto, nem demorei tanto.

— Você esquece do celular que tem? Era só ligar pro Manjiro!

— Também quis dar uma olhada no campus — o mais velho revirou os olhos, se sentando na cadeira do seu escritório — Viu que trocaram as flores do canteiro central?

— Você é impossível.

— Mas sou casado com você há quase vinte anos.

Mikey se divertia com as discussões dos dois desde o primeiro momento em que tinha entrado no time, era extremamente divertido ver como o casal Davis funcionava.

— Oi pra você também, dona Olivia — Mikey alfinetou e recebeu uma revirada de olhos em resposta, mas depois um leve abraço da mulher.

— Ensina esse homem a ser pontual, por favor.

— Estou tentando há quase cinco anos e não tá dando muito certo.

— Ei! — Scott reclamou, o que fez os outros dois rirem.

— Enfim — a mulher disse, se sentando no tampo da mesa do escritório do marido — Vão continuar com os treinos de segunda a sexta?

— Isso, claro que também em conjunto com os intensivos na academia.

— Entendi, mais ou menos o mesmo esquema do ano passado?

— Exatamente, só que claro que depende também dos novatos que vão entrar no time — Mikey explicou, sabendo que a parte de ajudar o técnico no remanejamento do time era com ele — Podemos acabar colocando alguns treinos extras nos finais de semana.

— Quando souberem sobre os dias que o campo vai ficar livre, me avisem. Quero o usar um pouco mais esse ano, as competições também estão ficando mais acirradas pra gente e quero fazer um ano perfeito com essa formação.

— Acho que somos dois, querida. Aliás, conta a novidade pro Mikey!

— Mesmo que ele tenha falado pra não ficar ansioso, acabei ficando — desabafou, o que fez com que a mais velha sorrisse.

— Você continua com a vontade de jogar profissionalmente, certo? — ela perguntou, deixando Mikey levemente confuso.

— Sim.

— Se lembra que eu tinha comentado de um primo meu que é técnico de futebol também?

— Sim, ele estava em Nova York na última temporada, certo?

— Exatamente, mas ele estava voltando pra cá e vai assumir um time para a do ano que vem.

— Qual time?

— Los Angeles Rams.

Os olhos de Mikey se arregalaram, era de longe um dos maiores times do estado, além de ter quase ganhado o Super Bowl em 2019.

— O seu primo é Jackson Miller?!

— Aham — Olivia disse, tentando não rir da cara de surpresa do garoto.

— Mas os sobrenomes... O seu de solteira não era Evans?

— Nós somos primos por parte de mãe, mas esse é o sobrenome do pai dele, que ele usa mais, e é por isso a diferença — ela explicou — Mas esse não é o assunto do momento.

— Então qual é?

— Ele vai vir aqui ver você jogar, Mikey — Scott voltou a falar — Ele vai acompanhar os nossos jogos, mais especificamente ver se você se qualifica pra NFC.

— Calma — o garoto apoiou as mãos nos joelhos — Estão me dizendo que simplesmente Jackson Miller vai me ver jogar pessoalmente?! E ainda acha que quer me colocar na liga profissional?!

— Em resumo, é isso mesmo.

— Meu Deus, eu quero soltar um grito.

O desabafo do garoto foi tão genuíno que os dois adultos sorriram cúmplices, sabiam muito bem sobre o sonho de Mikey e de como ele possui praticamente um talento natural pro esporte, o que facilitava muito para que tudo acontecesse.

— O que você achou da novidade?

— O que eu achei?! Porra... — passou as mãos pelo cabelo, completamente extasiado — Eu amei!

A animação de Mikey era contagiante, com um sorriso lindo no rosto, e ele realmente não conseguia expressar o tanto que a sua cabeça estava acelerada, praticamente pensando nas mais diversas possibilidades e, nossa, como o sonho dele desde criança podia dar certo de alguma maneira. Não foi atoa que entrou no time da escola desde o fundamental, estava nessa desde sempre e agora, praticamente mais dez anos depois, estava tendo o gosto do que queria alcançar.

— Eu não sei nem como agradecer vocês.

— Faça que a gente ganhe os bowls do final do ano e, claro, a final, que já ficamos acertados — Olivia brincou, retribuindo o abraço apertado do loiro — Nós dois vemos muito potencial em você, Mikey. Esperamos muito que consiga mostrá-lo pro país.

Ele já chamava a atenção do futebol americano nacional desde o ano passado, quando conseguiu levar a faculdade pela primeira vez até a final depois de um jejum de quase vinte anos e ainda conseguiu também trazer a vitória pra casa. Isso mostrava o talento do garoto como quarterback e, agora, no último ano, o potencial tinha que ser explorado ao máximo.

Principalmente com uma chance tão grande assim.

— Pode confiar, dona Olívia.

— A gente confia em você até de olhos fechados, Mikey — Scott disse, sorrindo, orgulhoso — Sabemos que vai conseguir.

Mikey também sorria, praticamente de orelha a orelha, não podia simplesmente não estar completamente extasiado com tudo isso, parecia até ser bom demais pra ser verdade. A pequena reunião dos três acabou com batidas leves na porta e logo uma cabeleira platinada muito específica apareceu pela fresta que tinha sido aberta.

— Treinadora, desculpa interromper, mas a reitora está te procurando — Senju disse, terminando de entrar na sala e acenando para Scott.

— Aconteceu alguma coisa?

— Ela não explicou muito, mas era algo sobre os uniformes.

— Não gostaram do novo modelo?

— Não sei dizer, mas ela pediu para te achar e avisar que quer ver a senhora.

— Já reclamei hoje de como aquela mulher é conservadora? — Olivia resmungou, se levantando da mesa — Muito obrigada, querida. Espero que não tenha te atrapalhado.

— Não mesmo, estava indo pro refeitório e aqui é caminho.

— Então tudo bem. Acho que nós três também terminamos por aqui — falou para os outros dois, que assentiram.

Acabou que os quatro saíram da sala, em uma espécie de silêncio tranquilo, mesmo que tivesse uma "nítida" tensão entre os dois capitães.

— Você disse que estava indo pro refeitório, certo?

— Isso mesmo, treinadora.

— Você já almoçou, Mikey?

— Ainda não.

— Ótimo! Aproveita e vai com essa daí, garanta que ela coma.

— Treinadora...

— Não quero ouvir um "A", Senju — Olivia disse, séria — Já tivemos essa conversa.

A platinada cruzou os braços na altura do peito e suspirou assim que viu que o casal já se afastava, depois que se despediram propriamente. Conseguia sentir o olhar de Mikey queimando sobre si e a situação não podia parecer ficar pior.

— Para ela falar assim... — ele começou, se atentando com a escolha das palavras — Você teve outra recaída.

— Foi antes das férias — respondeu, um pouco desconfortável, erguendo o rosto para o olhar.

— Mas você tá bem?

— Já parou pra pensar em como essa pergunta é muito relativa?

— Você tem que parar de andar com o Kazu.

Senju riu fraco, balançando a cabeça em negação, o que fez com que os brincos prateados balançassem, são os que ele tinha dado no aniversário da garota de 21 anos no ano passado. As jóias são um pouco longas, com a altura próxima do queixo, e formadas por uma corrente fina de prata com uma pequena coroa no fim, possuindo um cristal no meio.

Dentro do grupo de amigos, se tornou quase uma tradição que Mikey os presenteasse com um par de brincos em algum momento da vida, variando o modelo de acordo com os estilos de cada um.

O seu, por exemplo, é dourado e representa a fita de Moebius, um matemático alemão que viveu durante o final do século XVIII e meados do XIX. Você é uma pessoa que varia bastante dentro das biológicas e das exatas, não conseguindo negar o seu amor pela matemática, mesmo não fazendo um curso que tivesse relação direta com a matéria. Não foram poucas as vezes que salvou os boletins dos garotos com reuniões de estudos nas vésperas de prova durante o ensino médio.

Então, mesmo com tudo que tinha acontecido no dia anterior, ver que ela estava os usando, acalmou um pouco o coração de Mikey. Ele sabia que vacilou com ela, talvez abordando o assunto de uma forma não muito boa e em um momento que não era nada apropriado. Além disso, ela também tinha consciência do que tinha feito, que não tinha escolhido as palavras corretas para abordar toda a frustração que os cerca durante esses anos.

— Me desculpa — falaram ao mesmo tempo.

Os dois se olharam envergonhados e isso fazia com que tudo ficasse ainda mais constrangedor, principalmente para duas pessoas tão orgulhosas como eles.

— Não precisa dizer nada — ele a impediu de continuar, colocando as mãos nos bolsos da calça — Sei que estava merecendo o esporro.

— Mas não daquele jeito — respondeu, frustrada.

Mikey suspirou, olhando cada pequeno detalhe do rosto dela.

Os cílios longos por causa do rímel, o fino delineado branco, os olhos tão azuis quanto o céu que estava acima deles e a mania que ela tinha de ficar mordendo o lábio quando algo ocupava a sua mente.

— Eu também falei muito ontem, te confrontando daquele jeito — tentou sorrir — E se aquela é a sua resposta, acho que tenho que respeitar o que você quer.

— Eu não sei se aquela é a resposta certa — ela disse, o fazendo arregalar de leve os olhos.

Senju realmente não sabia o que eles eram, mas com certeza não eram "nada", mesmo que tivesse dito isso na noite anterior.

Depois que conseguiu te fazer dormir, ficou um pouco acordada, tentando entender o que tinha sido aquilo tudo, aquela raiva guardada de ambos os lados, e chegou em uma parte dentro de si que era quase um território proibido, a pergunta que a fazia questionar quase tudo, "e se eu tentasse algo, de verdade, com o Mikey?".

Essa é uma pergunta delicada para se fazer para a platinada, principalmente por causa dos exemplos que tem em casa no quesito relacionamento amoroso, então tudo fica complicado na cabeça dela, mesmo aos quase 22 anos de idade.

— Tenho plena consciência do que te disse ontem, mas eu não sei, Mikey. Não me faça perguntas que eu não sei a resposta.

— Mas você vai tentar encontrar a resposta?

— O que?

— Se você tentar achar a resposta dentro de você, pra mim isso já basta — ele explicou, sorrindo de leve — Agora, que tal eu te levar pra almoçar? Acho que nenhum de nós quer receber esporro da dona Olívia.

— Não mesmo — ela riu fraco e não reclamou de como ele a girou, apoiando as mãos nos seus ombros, e começou a empurrar pelo caminho até o refeitório.

Tem muitas formas de relacionamentos espalhados pelo mundo, mas o básico para que todos possam funcionar da maneira certa é o respeito e a mínima vontade de entender a outra pessoa envolvida. Tanto Mikey quanto Senju tinham essa noção e, mesmo que não tivessem realmente um rótulo para o que possuem, estavam tentando entender ou, no mínimo, admitir os próprios erros e, no futuro, as próprias inseguranças.

Além disso, não é como se Senju já tivesse esquecido do que tinha acontecido e de como toda a situação de Mikey com drogas é delicada, mas, no momento, ela se importaria mais com ele contando animado sobre a notícia da futura visita do técnico Jackson Miller. Ela sabia que talvez nem tudo estivesse bem, mas seria um processo e, pelo menos, ela esperava que as coisas se ajeitassem ao longo desse último ano na Universidade.

Porém, essa é uma realidade muito longe da sua, já que Blake nunca realmente respeitou as suas vontades e escolhas e isso começaria a ficar cada vez mais perceptível nos próximos meses. Afinal, se formar é um sinônimo de liberdade e independência, algo que ele realmente não quer que você tenha.





Oi gente! Tudo bem com vocês?

TAVA MORRENDO DE SAUDADE KRL

Nesse cap teve muita informação, principalmente do backstory da Senju, um que eu tô louca pra desenvolver, ela é de longe uma das minhas favs aqui em wyb! Aliás, até agora, quais estão sendo os favoritos de vocês?

Só pra esclarecer, os personagens Olivia, Adelaide, Scott e Jackson foram criados por mim, não tendo nenhuma relação com a realidade! Diferente, por exemplo, do Los Angeles Rams, que é um time real.

Bem, espero que tenham gostado! Não se esqueçam de votar e de comentar (AMO ler o feedback de vocês)!

Até a próxima! ♥︎

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