Até Onde o Amor nos Levar | A...

Bởi Tayh_Souza

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E se você se apaixonasse pelo seu melhor amigo? Durante quase toda a vida de Cristine, Arthur estava presente... Xem Thêm

Sinopse e Nota
Capítulo 01 - Por água abaixo
Capítulo 02 - Pizza de abacaxi
Capítulo 03 - Perdida em lembranças
Capítulo 04 - O que você pretende com isso?
Capítulo 05 - Morrendo de felicidade
Capítulo 06 - Contato não premeditado
Capítulo 07 - Nosso primeiro beijo
Capítulo 08 - Sequência de acontecimentos desastrosos
Capítulo 09 - Somos apenas amigos
Capítulo 10 - O que custava sonhar?
Capítulo 11 - Canta comigo?
Capítulo 12 - Amor Platônico
Capítulo 13 - Ele nem é tão atraente assim
Capítulo 14 - Eu também amo você
Capítulo 15 - Você não entende!
Capítulo 16 - Era isso que os amigos deveriam fazer
Capítulo 17 - Eu não sou a única
Capítulo 18 - E se fosse verdade?
Capítulo 19 - Ridícula e inesperada esperança
Capítulo 20 - O que ele diria?
Capítulo 21 - É simples assim
Capítulo 22 - Nem em um milhão de anos!
Capítulo 23 - É agora ou nunca
Capítulo 24 - Ele vai embora
Capítulo 26 - Como nos velhos tempos
Capítulo 27 - Eu te amo
Capítulo 28 - O tempo cura tudo
Capítulo 29 - A coisa ruim sobre sonhar
Capítulo 30 - O que quer que signifique
Capítulo Final
Capitulo Extra
Agradecimentos
Playlist

Capítulo 25 - Tudo voltou ao normal

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Bởi Tayh_Souza

Dizemos que somos amigos, mas eu estou te olhando do outro lado da sala
Não faz sentido, porque estamos brigando por causa do que fazemos
E não há como eu acabar ficando com você
Mas amigos não olham para amigos daquele jeito
Amigos não olham para amigos daquele jeito

That Way - Tate McRae

Acordo no susto e me sento na cama, sem fazer ideia de onde estou ou o que está acontecendo.

Mas é só ver os pôsteres do James Prince na parede cor-de-rosa para saber que estou no conforto do meu quarto; e não num quarto de hotel no Rio de Janeiro. 

Tudo voltou ao normal. 

Quer dizer, quase tudo. 

Bocejando, olho a hora no meu relógio de cabeceira e vejo que são apenas 5 da manhã. Ainda tenho uma hora e meia para dormir antes de ter que me levantar para ir ao colégio, o que é ótimo, pois estou tão cansada que nem parece que estou dormindo desde que cheguei ontem a noite.

Quando penso em voltar a me deitar, o barulho de batidas na minha janela chamam minha atenção. 

Então foi esse o barulho que me acordou, mas… que raios o Arthur quer comigo às 5 da manhã?

Me levanto da cama, calço os chinelos jogados ao lado da cama e vou até a janela. Assim que a abro, encontro um Arthur com cara de sono e ainda de pijama do outro lado.

— Oi – ele diz, abrindo um sorriso de lado. Eu franzo as sobrancelhas e continuo em silêncio, esperando que explique sua visita antes mesmo do sol nascer. — Precisamos conversar.

— Agora, Arthur? – resmungo, com minha voz ainda rouca por ter acabado de acordar. — São só cinco e dez da manhã.

— Não quero continuar brigado com você – ele diz, ignorando meu comentário anterior.

— Mas a gente não tá brigado. 

— Não é o que parece. Passou as últimas 24 horas praticamente me ignorando. 

Solto um suspiro, e quando o vento frio de início da manhã faz meu braço arrepiar de frio, peço para que ele entre e fecho a janela.

Ficamos sozinhos no quarto, com Arthur me encarando enquanto aguarda uma resposta. Fico pensando em um jeito de explicar o meu atual modo de agir, sem acabar contando tudo, mas Arthur perde a paciência e volta a falar. 

— Olha, eu sei que essa coisa toda da mudança pro México veio do nada, e eu sei que você está chateada por eu não ter te contado antes de me decidir. Mas, para começo de conversa, eu nem queria ter aceitado. Ainda mais depois da coisa toda do desmaio. Não queria te deixar sozinha enquanto passar por isso, mas…

— Mas isso vai ser bom para você – o interrompo, completando a frase por ele. — Eu sei Arthur. E não estou chateada. 

— Não? – Ele ergue uma das sobrancelhas, como se duvidasse da minha fala.

— Não. Eu só precisava de tempo para digerir a informação de… você sabe, não ter mais você aqui o tempo todo. – Encolho os ombros. O que eu digo é uma meia verdade. 

—  E você já… digeriu? – ele quer saber. — Não é te dando presa, nem nada, mas, sabe como é, né? Eu não quero mudar de país enquanto minha melhor amiga está irritada comigo. – Ele sorri, e eu retribuo o gesto, tomando a iniciativa de ir até ele e o abraçar apertado. 

Também não quero que ele vá embora com esse clima ruim entre nós. Se é para me despedir dele na próxima semana, vou aproveitar esses últimos dias ao seu lado o máximo que puder. 

Com meu coração partido eu me acerto depois.

 — Isso significa que a gente tá de boa de novo? – ele pergunta, enquanto ainda estamos abraçados.

— Sim – afirmo, me afastando. 

— Que bom. 

— E também significa outra coisa – finjo uma cara séria, e o sorriso de Arthur se desfaz.

— O quê?

— Que você vai me dar uma carona para o colégio daqui a duas horas. – Ele ri.

—  Você é mesmo uma aproveitadora, não é? – ele provoca, e eu apenas dou de ombros, voltando para a cama. — O que você está fazendo?

— Voltando a dormir – digo como se fosse óbvio, deitando no colchão e puxando o lençol para me cobrir. 

— Você está me expulsando mesmo do quarto? – ele questiona, com um tom zombeteiro.

— Claro. Ainda tenho mais de uma hora para dormir antes do despertador tocar. – Ouço sua risada e logo depois o som dos passos dele se afastando pelo quarto. — Não esqueça de fechar a janela! – digo, já de olhos fechados.

— Tá bom, preguiçosa – ele zomba, e segundos depois escuto ele pular a janela, fechando-a logo depois.

Abro um sorriso triste, puxando o lençol até o queixo. Ao menos essa parte ruim eu já resolvi. Quanto ao resto… bom, acho que o tempo pode curar essa parte. 

•••

Horas depois, já estou pronta para voltar à rotina do colégio. 

Pego a mochila de cima da cama, guardo o celular no bolso da calça e saio do quarto fechando a porta.

Assim que chego na cozinha, encontro o cenário de toda a manhã da família Araújo: meus pais e irmãs em volta da mesa, comendo enquanto compartilham seus planos para a manhã.

— Bom dia – cumprimento, me aproximando da minha mãe para deixar um beijo em sua bochecha e fazendo o mesmo com papai.

— O cabelo rosa da Cris tá muito bonito, não é mamãe? – Bruna volta a elogiar minhas mechas rosas enquanto me sento na mesa. Eu apenas sorrio, já sabendo que ela só está sondando o terreno antes de pedir para fazer o mesmo no cabelo dela.

— Está sim, querida – mamãe responde, alheia as verdadeiras intenções da garota.

A mesa está exageradamente farta, como minha mãe sempre insiste em deixar. Tem bolo de chocolate, pães, torradas, manteiga, leite, suco… tudo que eu amo. Há um mês atrás eu estaria me entupindo de tudo isso sem preocupação, mas agora meu cérebro me faz escolher a opção menos saborosa da mesa.

— Quer carona para o colégio? – papai me questiona enquanto eu coloco uma única fatia de torrada no meu prato.

— Não. O Arthur vai me levar, e depois da aula vou passar um tempo com a Helô e a Alice.

Ainda tenho que contar tudo que aconteceu para elas duas, ainda mais depois que as deixei na curiosidade com as mensagens de ontem a noite.

Por isso que decido pedir outra coisa ao meu pai:

— Pai, posso não ir ao mercado hoje? – Ele me olha, enquanto beberica sua xícara de café. 

— Por quê?

— Quero passar a tarde com as meninas, já que a gente não se viu durante todos esses dias.

— Tá bom – ele concorda, e eu abro um sorriso contente. — Mas nas próximas semanas vou precisar de você lá todos os dias. Agora que o Arthur vai se demitir, vou precisar de mais ajuda até contratar outro funcionário. – Meu sorriso some. 

Quanto mais eu tento ignorar esse fato, mais as pessoas à minha volta fazem questão de me fazem lembrar.

— Ok – respondo, mordendo um pedaço da minha torrada insossa.

— Vai comer só isso, filha? – mamãe questiona.

— Não estou com muita fome – desconverso. Ela ainda me olha desconfiada, mas a Bruna rouba a sua atenção e começa a falar sobre as cores que ela quer escolher para o cabelo (que é basicamente um arco íris inteiro).

Tenho que contar aos meus pais sobre meu atual "problema com a comida". Sei disso, mas não quero fazer isso agora, logo quando o clima da mesa está tão leve e descontraído. A conversa pode esperar até mais tarde.

Agora eu só quero aproveitar esse momento em família, enquanto deixo todos os outros problemas num cantinho esquecido da minha mente. Pelo menos só por algumas horas.

•••

— Vamos lá, Cristine, desembucha. Você me deixou aqui, na curiosidade, desde domingo – Helô diz quando entramos no seu quarto. Ela fecha a porta e se senta na cama; Alice e eu fazemos o mesmo. — E então, quer dizer que seu coração foi fisgado por um carioca? Sua danada! Um mês atrás disse que ficaria bem longe dessa coisa toda de amor e levou só um fim de semana para se apaixonar. – Eu não controlo o riso ao ouvir o comentário.

As duas estão me perturbando com isso desde que pisei no colégio, mas deixei para contar tudo só quando estivéssemos sozinhas. É uma conversa bem complicada, e eu tentei não pensar muito no assunto durante toda a manhã. Mas é claro que eu não tive muito sucesso nisso. Tanto que eu quase não prestei atenção nas aulas – ainda bem que, nessa última semana antes das férias, os professores não passam nada de muito importante, ou eu estaria ferrada.

— É uma história meio longa. Eu nem sei por onde começar – digo, sendo sincera. Me ajeito na cama e dobro as pernas numa posição confortável, ficando de frente para as duas.

Como é que eu vou contar que gosto do Arthur? Ainda mais para a Helô, que convive com a gente diariamente há três longos anos!

— Começa pelo começo – Alice fala, risonha, e eu vejo a oportunidade perfeita para fazer uma piada e descontrair.

— Tá bom então. Bom, para resumir, tudo começou quando eu nasci e…

— Ah, Cristine, fala sério! – Helô resmunga, e eu não controlo a risada. Ela empurra meu ombro e eu caio de lado em cima do colchão. — Conta logo o que aconteceu no fim de semana, e não esqueça de nenhum detalhe. Quero saber de tudo!

Volto a me sentar antes de começar a falar.

— Beleza. – Respiro fundo, e logo solto tudo de uma vez: — Eu e Arthur nos beijamos sem querer no aeroporto, uma pequena confussão fez com que acabassemos ficando no mesmo quarto no hotel, depois eu conheci…

— Espera aí – Helô me interrompe, franzindo a testa. Já Alice apenas me encara com os olhos arregalados. — O que você falou?

— Que eu e Arthur ficamos no mesmo quarto do hotel? – me faço de sonsa, querendo ganhar tempo antes de ter que contar tudo.

— Não, antes disso. Como assim você e o Arthur se… beijaram?

— Ah, isso meio que não foi proposital. É aquela velha história do beijo na bochecha, que acabou se tornando um beijo na boca quando a pessoa virou na hora errada.

— Ah… por um momento eu pensei que ele fosse o cara que roubou seu coração inalcançável – Alice diz, soltando um risinho, mas quando eu não retribuo ela volta a ficar séria. — Você está gostando do Arthur? – questiona, enquanto Helô parece ter travado em uma expressão de choque.

— Isso aí. – Suspiro. — Loucura, né?

— Sim! Quer dizer, não! Eu… nossa, nem sei o que dizer. 

— Isso é… uau – Helô finalmente parece ter encontrado a voz. — Como aconteceu?

— Nem eu sei. Só aconteceu. Em um minuto eu só via ele como um amigo e no outro eu estava desejando que ele me beijasse. 

O quarto recai no silêncio por alguns minutos, enquanto as duas parecem digerir sobre a revelação.

— Mas você só começou a gostar dele assim, do nada, nesse fim de semana, ou já gostava antes e só percebeu agora? – Alice faz a pergunta. 

— Bom, essa é outra história longa…

Conto brevemente sobre o passado, quando eu comecei a gostar dele no começo da adolescência. Já tinha contado essa parte do meu passado para as duas, mas elas não sabiam que o garoto era o Arthur. Depois, começo a narrar passo a passo do fim de semana, desde quando chegamos ao hotel até a conversa que tive com Arthur hoje de manhã. 

As meninas escutam tudo com atenção, fazendo comentários ou perguntas só quando necessário. A parte mais complicada é contar sobre o desmaio, mas as duas me abraçam nesta parte, fazendo tudo ficar mais fácil, e prometem que ficarão ao meu lado nesta fase ruim que estou passando. 

No final do relato, me sinto como se metade do peso que estava esmagando meu coração tivesse sido arrancado. É bom desabafar, ainda mais com pessoas que te compreendem e amam. Guardar tudo só sufoca a gente.

— Eu juro que nunca imaginei que o Arthur fosse o garoto que você disse gostar no passado, mas que quebrou seu coração. E muito menos que era ele o garoto que está gostando agora – Helô comenta, um tempo depois que o quarto cai no silêncio. 

— Você não percebeu nem quando você gostava de alguém – Alice a provoca, me fazendo rir da careta que a Heloísa faz.

— Aí, vocês também nunca vão me deixar em paz, não é? – resmunga. — Fala de mim, mas nem sequer se dá conta que está caidinha pelo Theodoro – o sorriso de Alice some quando ouve isso, e eu dou risada de novo.

A Alice nega, mas é perceptível que está sentindo alguma coisa pelo Theodoro. Na verdade, acho que o caso dela é bem parecido com o meu, e que ela nunca parou de gostar dele. Só mascarou esse sentimento com uma máscara de ódio e, agora que não existem mais motivos para isso, aquela paixonite adolescente está voltando a surgir. Não dou nem um mês para os dois estarem juntos.

— Esse colar é novo? – Alice questiona, claramente querendo mudar de assunto. 

Levo a mão até o colar em questão, agarrando o pingente de coração.

— É sim. O Arthur quem me deu. – As duas abrem sorrisinhos suspeitos, e eu logo trato de esclarecer. — Mas não é nada demais, foi só um presente, para eu ter uma lembrança daquele fim de semana para o resto da vida – conto.

Analisando agora os motivos para eu ter ganhado esse colar, está me parecendo mais um presente de despedida.

— Nada demais, hã? – Helô ergue as sobrancelhas e levanta a mão direita, apontando para o anel do humor em seu dedo. — O Diogo também me deu isso aqui, quando não era nada demais, e agora estamos juntos.

— No meu caso está bem longe disso – falo, me jogando para trás no colchão e encarando o teto do quarto. — E vocês bem sabem o porquê. 

Nós três voltamos a ficar em silêncio por alguns instantes, cada uma presa nos próprios pensamentos.

— Eu estou meio que dividida agora – Helô começa a falar, e eu viro o rosto para ela, ainda deitada. — Quero ficar chateada com o Arthur por te deixar triste, mas aí lembro que ele é amigo da gente e nem sabe de tudo isso 

— Não deve mesmo ficar chateada com ele. O Arthur é o que menos tem culpa nessa história. Ele nem faz ideia dessa confusão toda que eu mesma armei na minha cabeça.

— Não acha que deveria contar tudo para ele? – Alice questiona, me fazendo arregalar os olhos e me sentar rápido na cama.

— O quê? Não! Claro que não! Isso seria loucura. Só iria deixar as coisas entre nós dois bem esquisitas. 

— Mas como tem tanta certeza assim que ele não sente nada? – Helô começa a falar. — Você mesma disse que ele parecia sentir alguma coisa enquanto estavam no Rio, e nós três sabemos que você é a mais perspicaz entre nós nesse assunto. Percebeu quando eu estava afim do Paulo, também percebeu que eu estava apaixonada pelo Diogo, e nós duas sabemos que você sabe que a Alice está apaixonada pelo Theodoro. – Alice revira os olhos ao ouvir o comentário, mas nem tenta se defender de novo. Estamos vencendo ela pelo cansaço.

Penso no assunto, mas não demoro muito para chegar a uma conclusão.

— Não posso fazer isso.

— Por que não? – as duas perguntam ao mesmo tempo.

— Porque, mesmo que seja verdade, e ele sinta alguma coisa por mim, do que iria adiantar? Ele vai estar embarcando para o México na próxima segunda-feira, contar tudo isso agora só iria deixar as coisas estranhas entre a gente.

— Ou ele pode decidir ficar…

— Não! – interrompo a fala da Helô antes mesmo dela concluir. — Isso não seria certo. Na verdade, seria horrível. É o sonho dele, gente. Se formar em engenharia e trabalhar com isso é o que o Arthur sempre quis. Não é justo ele abrir mão de tudo isso por um sentimento que pode não durar.

— Mas ele não estaria abrindo mão do sonho dele. Os planos sempre foram começar a faculdade no ano que vem, não é?

— É, mas os planos mudaram. Passar esse tempo estagiando na empresa do primo vai ser bom para ele. – Volto a me deitar na cama, e solto um suspiro enquanto olho para o teto. — Não tem porque eu dizer nada. Tem mais contras do que prós nessa história. 

— Mas não seria melhor pôr tudo a limpo antes? – Alice dá sua opinião. — Você mesma me convenceu, há uma semana atrás, a ir atrás da verdade. E agora eu te aconselho a fazer o mesmo – ela continua — Olha, eu entendo seu ponto. Quero cursar medicina e poucas coisas no mundo me fariam desistir disso. Mas não é bem melhor contar tudo para ele antes? Ele é seu amigo, vai entender você. E talvez até sinta o mesmo. 

— A Ali está certa – Helô concorda. — Não seria bem pior não saber o que teria acontecido? Viver a vida inteira com os "e se" não parece ser uma coisa boa.

Continuo encarando o teto, com todas as palavras que as duas disseram circulando nos meus pensamentos. 

Me sento na cama, voltando a ficar de frente para as duas. 

— Não é engraçado isso? Eu era a conselheira do grupo, e agora vocês é que estão exercendo esse papel – não me contenho em brincar com o momento.

— Sim – Helô concorda, sorrindo. — E você está mudando de assunto. – Ela ergue uma das sobrancelhas.

— Talvez. – Encolho os ombros. 

— Tá. Então, por hora, vamos dar esse assunto por encerrado. Só você pode decidir o que fará de agora em diante – Helô conclui, se levantando da cama. — O que acham de encerrar a tarde vendo uns filminhos lá na sala? 

— Por mim tudo bem. Meu pai me deu a tarde de folga hoje – aceito.

— Ótimo. Que tal um de romance? – Helô sugere, esfregando uma mão na outra em sinal de ansiedade. 

— A Alice vai aceitar isso? – questiono, já notando a careta da ruiva. 

— E eu lá tenho escolha? – ela resmunga, levando nós três ao riso.

Mas somos interrompidas por batidas na porta fechada.

— Meninas, o almoço já está pronto – a voz de Rute, avó da Helô, fala do outro lado da porta.

— A gente já está indo, vó – Helô avisa, e logo ouvimos seus passos se afastando pelo corredor. — E então, vamos comer? – ela pergunta, e ao mesmo tempo Mione, a gatinha da Helô, que estava dormindo num tapete no canto do quarto durante todo esse tempo, pula em cima da cama, miando. — Pronto, só é ouvir a palavra comida que essa preguiçosa já acorda – ela diz, levando Alice e eu aos risos.

— Deixa a Mione em paz – Puxo a bola de pelos cinza para meu colo. — A pobrezinha só está com fome. – Faço um cafuné na cabeça dela, e a mesma começa a ronronar, aprovando o carinho.

— Claro que está. É só nisso que ela pensa.

— E ela está certa. Por falar nisso… – Ergo a gata no meu colo, encarando seus olhos enquanto falo, fingindo seriedade: — Continue assim, Mione, e fique longe dos gatos. Essa coisa toda de paixão só ferra com a gente.

— Ah, Cristine, você é uma palhaça – Helô diz, rindo do meu comentário enquanto puxa a gata do meu colo. — E não fala essas besteiras para a Mione. Um dia ela vai encontrar o Rony⁹ dela e os dois vão ser muito felizes, e vai encher essa casa de filhotinhos fofos – ela graceja, sorrindo. 

— E você será uma futura tia dos gatos – provoco. — Com o acréscimo de que ao menos terá um namorado.

— O Diogo não é meu namorado.

— Ainda – afirmo, e ela abre um sorriso sem graça.

— Tá. Agora vamos logo comer – ela desconversa, pondo a gata no chão e abrindo a porta. — Ou daqui a pouco minha avó volta para levar a gente à força. 

Nós três saímos do quarto e começamos a andar em direção a cozinha. Enquanto as meninas discutem sobre o gênero do filme que vamos assistir, eu fico pensando em tudo o que conversamos.

Será que vale a pena contar ao Arthur, mesmo que tudo indique que isso não é o certo a fazer?

— Ah, que droga! – Helô resmunga, parando do nada no meio do corredor, quase me fazendo trombar com suas costas.

— O que foi? – pergunto, confusa.

Ela se vira para mim com uma cara amarrada.

— Eu deveria ter entrado naquela aposta! – ela resmunga, e eu levo meio segundo para entender o que ela está se referindo.

E logo depois caio na risada junto com Alice.

— Agora é tarde – afirmo. Há algumas semanas, quando eu fiz aquela promessa boba de nunca mais me apaixonar por ninguém até que fosse para valer, a Helô duvidou de mim e eu propus que nós duas fizéssemos uma aposta. Ela não aceitou, com medo de perder.

— Eu nunca tenho sorte na vida! – ela volta a resmungar, continuando a andar no corredor.

Balanço a cabeça em descrença, ainda rindo.

___________________

Nota de rodapé 

9 - Referência a saga Harry Potter.

Quem aí já está pronto para se despedir dessa trilogia?

Hoje eu posto os últimos capítulos!

Mas, para quem ama esse meu jeitinho doido de escrever e quer continuar acompanhando minhas histórias, saibam que eu vou revelar a capa e sinopse do meu próximo livro muito em breve ♡

Não posso revelar muita coisa dele ainda, mas já posso adiantar que será mais um YA, com romance, um pouquinho de comédia e o verão como cenário.

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