A Estrela da Solidão

Par MelindaInu

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Por ter nascido num dia considerado de azar, Naruto precisou lidar com o preconceito desde cedo e após um aci... Plus

A Estrela da Solidão
O Imprevisível e o Carma
Acorde-me quando tudo isso acabar
Boa sorte é besteira
Uma promessa feita em meio as lágrimas
Você escolhe afundar ou nadar
Amar profundamente te dá coragem
O que te faz dormir com um sorriso no rosto
Uma decisão inocente pode ter consequências
Olhando o pôr do sol, partilhamos um momento feliz longe dos problemas do mundo
À espera do amor
Sonho ébrio de uma alma solitária
Estações fluem com a mudança da sombra, revelando um carinho além do seu tempo
o infinito azul do mar, flores de primavera, um beijo terno
Um dia as respostas virão, espero ver seus olhos brilhando outra vez
Um sonho não ameaçado pela luz da manhã
Um pesadelo escondido num sonho de luz
Apogeu da primavera de todas as estações
Solidão e armadilhas se escondem longe da lucidez
Abrace um feixe de luz que pode te levar à lucidez
Um coração livre e sem medo de arrependimentos
O limite entre o amor e o ódio permanece imperceptível
Peças de diferentes tamanhos e cores brilham em uma miríade de nuances
Perdido e encontrado, feridas antigas não doem como as novas
A flor da amargura plantada no coração floresce no frio I
A flor da amargura plantada no coração floresce no frio II
Um sorriso no rosto e paz no coração
Um simples espectador apaixonado por sua luz
Céu iluminado como testemunha
A razão para essa noite ser tão bonita somos nós
Você brilha mais forte do que qualquer estrela no meu coração
O brilho perpétuo das estrelas
Uma promessa não ouvida
Sentimentos primaveris num dia de inverno
Um tolo além da salvação
Maus entendidos são necessários
Céu e mar amálgama
Nova vermelha luminosa
Ínfimo outono e coisas do coração
Debaixo da grandiosidade do céu, não seja feliz pela metade
Reflexo das almas em águas frias aquecem os corações
Esperança brilha junto com nossas estrelas
Sua luz é a minha ambição
Teu brilho ilumina até a noite mais solitária
Tempestade de verão
O passado não reconhece o seu lugar
Despertar da promessa jamais esquecida
Deixando a tormenta do passado para trás
Em paz e em amor
Um laço para toda a vida
Uma alternativa define o futuro
O que estamos dispostos a sacrificar
A sombra distorcida do passado
Carma e Destino
O Imperdoável
Eu acho que essa música é para te dizer que eu te escolhi, de todo o resto
Um sentimento que transforma
Mesmo que as cicatrizes do nosso coração não desapareçam nessa vida...
...Nosso relacionamento é como um sonho
Luar de Cristal

Uma linda ilusão de inverno

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Par MelindaInu


☆Nota da Autora☆

No começo deste capítulo, a louca das conspirações em mim vai atacar novamente, mas não se preocupem. Pode parecer aleatório agora, mas essas coisas serão importantes para o último arco dessa história.

Socorro, eu estou tão empolgada!

☆☆☆☆☆

Eles voltaram para casa dez dias depois com a consciência tranquila por terem feito o possível numa crise dessas proporções. Para a maioria o trabalho já tinha acabado, estes estavam ansiosos para chegar em casa e rever seus familiares e deixar para trás tudo o que viram, exceto pelas cinco pessoas reunidas na cabine junto com Minato.

-Vocês têm certeza absoluta disso?

-Senhor, cada um de nós revisamos os documentos pelo menos três vezes e...

-O problema não é esse, Obito - Minato falou outra vez - Eu quero saber se vocês tem certeza absoluta que há mesmo alguém da nossa equipe envolvido nesse ataque.

Kushina era quem possuía a maior patente entre os cinco diante de Minato, então foi ela que respondeu por todos.

-Infelizmente, não restam dúvidas.

Minato passou ambas as mãos pelo rosto tanto pela raiva quanto pela indignação, voltando a falar com eles após ter se recuperado o suficiente - Por hora, vamos tratar isso como sigiloso. Ninguém fora dessa sala pode saber. Quando chegarmos na base, vamos nos reunir de novo para descobrir o que fazer.

-Sim, senhor - Todos responderam.

Foi Itachi quem suspeitou dessa possibilidade primeiro, enquanto estava junto com Kushina aguardando os colegas encontrarem uma saída segura para eles. Ele não tinha problemas com ela o julgar como covarde, e mesmo que as chances fossem poucas, ele também não queria ouvir palavras de consolo por ela sentir pena dele. O espaço disponível não era pequeno, quanto mais caminhava, menos sinais de entulho e destroços ele via.

Itachi estava só vagando sem um rumo certo, olhando pesaroso para as mochilas coloridas e os desenhos caídos no chão, alguns casacos pequenos esquecidos pelo caminho. Ele chegou no refeitório, viu pratos e canecas de plástico nas mesas, a comida abandonada na metade, algumas vazias, tinha garfos e colheres caídas no chão. Sem perceber, Itachi estava recriando a cena quando ouviu Kushina o chamando.

-Não é muito seguro sair andando sozinho por aí.

Ele concordou, mas não se moveu do lugar, observando ao redor com as sobrancelhas franzidas.

-Seu ombro está doendo?

-Não é isso, sargento, é que...

Kushina foi atrás dele por ter se sentido mal em o acusar, mas pedir desculpas não era fácil para ela, principalmente desculpas a uma pessoa que, em sua perspectiva, era culpado por ter feito seu filho sofrer. Devido a isso, suas palavras não foram delicadas.

-Pare de enrolar e fale de uma vez, você está ferido em outro lugar?

Ele decidiu contar porque não tinha certeza se estava imaginando ou não, uma segunda opinião com certeza o ajudaria.

-A senhora não acha que tem algo errado aqui? Estamos perto da cozinha, esse lugar não deveria estar mais... bagunçado? Afinal, aqui embaixo deve ter vários canos com gás.

Ela parou para olhar ao redor com mais atenção e descobriu que sim, comparado com outros lugares que eles viram, este aqui estava bem seguro.

-As crianças deveriam estar aqui quando as explosões começaram - Itachi continuou - Posso estar errado, mas eu acho que, se o prédio ao lado não tivesse desabado, as crianças só teriam levado um susto.

Fazia sentido, mas mesmo assim, por ter vindo dele, Kushina não fez muito caso - Deve ter algum defeito nos canos aqui, não pense demais. Vamos voltar antes que nos abandonem aqui.

O caso é que não foi uma coincidência, como Kushina pensou. O padrão se repetiu conforme as buscas avançavam, escolas, hospitais, todos os danos neles foram causados por terceiros. Ela conversou com Itachi, depois com Kakashi sobre isso, e com a ajuda de Obito foi possível chegar no sistema usado para o controle dos dutos de gás e comprovar que pouco antes das explosões começarem, o fornecimento foi cortado para esses prédios.

Eles não sabiam como isso poderia ser útil, mas levaram essas informações à Minato do mesmo jeito. Foi durante a primeira reunião que Itachi sugeriu buscarem a ajuda de Shisui, as habilidades dele com computadores são invejáveis ao ponto dele ter sido convocado para a equipe de segurança logo após concluir seu treinamento. Minato usou a necessidade de ter um registro dos sobreviventes online para facilitar a busca de parentes para trazer Shisui para sua equipe. Foi no dia que partiram de volta para casa que ele encontrou dois rastros digitais vindo da base naquele dia - um que fechou o suprimento de gás em alguns lugares e outro que deu início às explosões.

Minato deu ordens de deixar tudo em sigilo pois Shisui não conseguiu achar de quem vieram os comandos, nem a localização exata, a pessoa que estava por trás de tudo era muito boa em se esconder. Eles teriam que lidar com tudo sozinhos, foi a decisão mais sábia.

Pouco mais de uma hora depois do fim dessa tensa reunião, o navio chegou ao porto pontualmente ao meio dia. O começo do inverno pareceu ter feito uma pequena concessão naquele dia pois o sol estava brilhando com todo seu esplendor, o céu azul adornado com nuvens brancas. Havia pássaros voando, um cheiro bom de maresia, a escuridão ficou para trás, havia luz à frente, esperança e consolo.

Antes do navio atracar e eles poderem correr ao encontro dos seus familiares e começar o processo de cura, Itachi observou uma pequena multidão ali embaixo, rostos conhecidos e outros não. Os mais importantes foram fáceis de encontrar graças aos cabelos loiros bagunçados, um feixe único de luz no meio deles. Naruto estava ao lado da sua mãe, abraçado a ela, seguro no outro braço estava Sasuke.

Ele quis sorrir, ele quis chorar, ele também queria acenar para roubar um sorriso de Naruto antes que os pais dele os levassem para longe, porém Itachi ficou parado ali, observando os três com emoção.

Tantas coisas passavam em sua cabeça que ele ficou distraído, não percebeu que ao seu lado tinha uma pessoa ruiva em meio de uma crise moral. Kushina sentia que tinha feito o melhor para proteger seu filho, mas depois de trabalhar tantos dias ao lado de Itachi, ela pensou que talvez seus esforços fossem exagerados, talvez cruéis, como querer arrancar as unhas de um gato por ele ter te arranhado uma vez.

Ela enrolou, não era fácil admitir seus erros e não sabia bem por onde começar. Kushina escolheu primeiro as palavras mais simples.

-Itachi, eu ainda não te agradeci por ter me salvado.

-Não há necessidade, sargento.

Kushina não conseguiu encarar os olhos amáveis, porém tristes de Itachi, ela continuou falando olhando para as pessoas abaixo deles.

-Há sim, não só necessidade de te agradecer, como de te pedir desculpas. Eu te condenei ao extremo por causa de um único erro, não fui justa com você, por favor, me desculpe por isso.

-Novamente, não há necessidade da senhora pedir desculpas. Eu nunca guardei mágoas da senhora.

-Bom, eu agradeço por ser uma pessoa melhor do que eu.

Itachi olhou para ela e trocaram um breve sorriso. Eles não sorriram por estar felizes, mas sim porque era mais fácil lidar com essa tensão com um sorriso.

-Meu marido tem razão, você é um jovem muito bom. Eu entendi porque ele confia em você.

Itachi não era bom para lidar com elogios, ele não soube o que responder e seu rosto esquentou pela vergonha.

-Meu filho também confia em você - Ela continuou - Ele me pediu para cuidar de você enquanto estivéssemos lá, sabia?

O jovem adulto pareceu ficar mais tenso com a menção ao adolescente, ele até abriu mais os olhos por causa do nervoso que tomou conta dele. Itachi não sabia o que Kushina objetivava citando Naruto assim, mas ele nunca, nem em seus dias mais otimistas, pensou que ouviria as seguintes palavras.

-Eu estava errada em te afastar dele. A partir de hoje, não vou mais me opor a amizade de vocês.

Demorou muito para Itachi encontrar a sua voz depois disso, tanto que Kushina já tinha se afastado dele alguns passos, ele precisou gritar um pouco para ser ouvido entre as pessoas que estavam desembarcando.

-A senhora não está brincando, não é?

Kushina ainda estava em dúvidas, alguma parte dela sentia que manter Itachi longe de Naruto era o mais seguro, porém, a verdade é que ela não tinha um motivo plausível para isso. Quando ela virou para o jovem adulto, foi um gesto simbólico para deixar todas suas preocupações para trás.

-Me chame de tia, eu não sou tão velha para ser chamada de senhora o tempo todo.

Itachi viu Kushina sorrir, um verdadeiro sorriso que mostrou os dentes perolados e chegou até os olhos dela. Não foi a primeira vez que ele sentiu o coração ao ponto de explodir, mas foi uma das poucas vezes que foi por alegria.

Junto com o seu pai, os dois foram recebidos por Mikoto e Sasuke com abraços apertados, a dor em seu ombro, uma vaga lembrança coberta por tanta alegria, por tanta paz. Voltar para casa passou a ter um significado especial a partir daquele dia.

-Eu fiquei tão preocupada - Mikoto abandonou o marido para abraçar o filho outra vez - Você está bem? Ter que enfrentar algo assim em sua primeira missão... você se machucou?

-Só arranhões, mamãe, está tudo bem.

Itachi falou o mais ternamente que podia, limpando as lágrimas do rosto dela, entendia bem como ela deveria ter guardado suas preocupações para si durante aquele dias, Itachi viu Mikoto fazer isso sua vida toda, todas as vezes que seu pai partia em missão. Ele amava sua mãe com mais carinho por ela ser tão forte.

-Me desculpe, mamãe. A senhora terá que se preocupar em dobro agora.

-Garoto tolo, isso não é nada.

-Você deveria ter visto, querida. Itachi se saiu tão bem!

-Nós vimos ele na tv.

-Eu não dei nenhuma entrevista...

Sasuke explicou sobre a filmagem para esclarecer a confusão do irmão, eles ficaram conversando ali até mesmo depois que algumas famílias começaram a ir embora. Até mesmo Itachi estava falando bastante, porém ele ficou calado quando um peso extra se jogou contra suas costas e se pendurou no seu pescoço.

-Você está... sufocando... solte, solte!

Itachi deu tapinhas nos braços que o enforcavam. Ele não precisava perguntar, se a pele bronzeada do braço não revelassem quem era, o perfume doce de ameixa e frio do sândalo entregaria, caso contrário, o batimento eufórico do seu coração daria a resposta.

-A mamãe mudou de ideia e agora podemos conversar como antes, isso não é ótimo?

-Naruto... sério... eu não consigo...

Sua garganta estava mesmo sendo esmagada pelo peso de Naruto. O loiro pareceu não ligar, estava feliz demais para perceber o que estava fazendo. Ele só o soltou depois que Sasuke interveio.

-Solte ele, Dobe.

-Não seja chato, Teme.

-Então pare de tentar matar o meu irmão!

Como sempre, qualquer coisinha se transforma em uma discussão séria entre esses dois. Itachi chegou a tossir algumas vezes depois de liberto, mas não era nada, sua alegria não poderia acabar por causa de algo tão pequeno.

Estava de volta para casa.

☆☆☆☆☆

Mikoto os recebeu com um delicioso jantar, os pratos preferidos de todos impecavelmente preparados. Eles continuaram conversando mesmo depois que estavam satisfeitos. Louça e horário para dormir foram esquecidos, eles estavam conversando tão animadamente que nem pareciam com eles. Seja o que for que mudou nesses três meses, sem dúvida foi para melhor.

Mikoto serviu as sobremesas para cada um, ficando ela com um pote do seu sorvete preferido. Os dangos que Itachi provou estavam deliciosos e macios ao ponto dele fechar os olhos para saborear melhor. No prato tinha palitinhos com dangos em dois tamanhos diferentes, depois de provar os maiores, ele pegou um palitinho com os menores, quase suspirando em deleite. Mikoto pareceu estar esperando esse momento de confusão.

-Como estão os dangos?

-Deliciosos - Ele falou depois que terminou o bocado em sua boca - A senhora mudou o recheio?

-Então você notou... este está melhor do que os outros?

-Ambos são bons, mas diferentes em poucas coisas.

-Oh, como assim?

Itachi suspeitou da animação dela e do sorrisinho de Sasuke, mas respondeu honestamente mesmo assim.

-Desses maiores eu podia comer poucos, a senhora colocou mais recheio então eu fico satisfeito mais fácil. Agora nesse tamanho, sinto que posso comer todos eles sozinho. E também, esse recheio está perfeito!

Itachi pegou outra bolinha e a colocou inteira na boca, mastigando o doce perfeitamente equilibrado sobre o olhar atento da sua mãe e irmão. Sasuke riu e estendeu a palma da mão em direção a mãe.

-Tudo bem, eu admito a minha derrota.

Dito isso, Mikoto tirou do bolso uma nota de pequeno valor e entregou para o caçula.

-O que aconteceu aqui? - Fugaku perguntou.

-Mamãe e eu apostamos, e graças ao Itachi, estou mais rico - Sasuke respondeu todo animado.

-Eu?

-Eu apostei que você ia gostar mais do dango feito por ele do que o da mamãe.

Sasuke falou como se isso pudesse esclarecer, mas na verdade deixou Itachi com um vinco fundo em sua testa. Mikoto riu e interveio.

-Quem fez esses dangos foi o Naruto. Esses em sua mão são de morango com doce de leite. Ele chegou em casa de manhã com os ingredientes e disse: 'Já que o Itachi gosta de crepes de morango com doce de leite, porque não usar isso como recheio para o dango?' Esse garoto...

Ela balançou a cabeça, rindo divertida da manhã que passou ao lado de Naruto e Sasuke cozinhando outra vez. Enquanto ela se divertia com a lembrança, Itachi congelou no lugar, tentando entender o que sua mãe disse. Ele olhou para o bolinho solitário que restava no palito em sua mão e perguntou em voz baixa - Foi o Naruto quem fez?

-Sim! Ele fez os dois tipos na verdade, e... Itachi? O que houve?

Mikoto perguntou preocupada ao notar que havia lágrimas caindo pelo rosto do seu filho, enquanto ele olhava fixamente o doce em sua mão. Ela e Fugaku se aproximaram mais dele, segurando seu ombro bom e sua mão trêmula.

-Itachi?

-Mamãe, eu não sei... eu não sei o que eu faço, eu...

Ela ficou em pé e o abraçou forte, fazendo carinho em suas costas para o confortar.

-Shiii, se acalme, está tudo bem.

-Não, não está...

Itachi engasgou com o choro e precisou parar por um momento, o tempo todo sendo amparado por seus pais, seu irmão o olhando com atenção.

-Sasuke estava certo aquele dia - Itachi disse olhando para o irmão - E isso me assusta... eu não durmo direito por causa das coisas que eu fiz... eu estou cansado.

Ele já teve essa conversa com seu pai, naquela noite que ele o tirou dos escombros da escola. Fugaku ouviu tudo com paciência, até mesmo suas preocupações com a reação da sua mãe ao saber sobre seus sentimentos. Ele não falou muito por isso, queria que Itachi percebesse sozinho que o amor da sua mãe era maior do que ele imaginava.

Mikoto não o decepcionou. Ela continuou afagando as costas dele, e mesmo que sua alma também chorasse por ver seu filho assim, ela se manteve forte por ele.

-Está tudo bem você ficar cansado, está tudo bem sentir medo. Nós somos humanos, isso faz parte de nós... meu filhinho, você não precisa carregar tudo sozinho. Deixe a mamãe te ajudar. Seja no que for, eu vou te ajudar sempre.

Naquela noite, eles conversaram como nunca antes, por horas a fio. Sasuke não participou da conversa, ele ouviu tudo, porém. No dia seguinte, eles iriam procurar um psicólogo para ajudar Itachi a lidar com suas questões, ainda não era a opção que ele mais gostava, mas Itachi estava cansado da forma que sua mente estava e aceitou a ajuda.

Foi bem tarde da noite que ele se deixou na sua cama, com os olhos inchados e um pouco de dor de cabeça por ter chorado tanto. Itachi estava tão cansado que sua mente estava até imaginando sobre o cheiro de Naruto estar presente no seu quarto. Ele ficou tão incomodado com isso que estava pensando em pegar outro travesseiro, mas ele não o fez. Sasuke entrou no seu quarto quando ele tinha acabado de sentar na cama, travesseiro e cobertor em seus braços.

-O que você está fazendo?

-Eu vou dormir aqui hoje - Sasuke informou e colocou o travesseiro na beirada da cama do irmão e se deitou sem rodeios - Pode dormir em paz, eu vou te proteger. Se você começar a ter um pesadelo, eu vou te acordar.

-Como você saberia se eu estivesse em um pesadelo?

-Eu sou seu irmão, somos feitos do mesmo molde, é claro que eu vou saber.

Sasuke falou do seu jeito orgulhoso as palavras mais gentis que Itachi ouviu dele. Sasuke cobriu até a cabeça para fugir do constrangimento, não era seu forte confortar alguém, embora ele fosse um dos melhores em proteger.

Coincidência ou não, Itachi dormiu um sono pesado e privado de sonhos ruins, embora não tivesse tido bons sonhos também. Não importava, ele dormiu tão bem que só acordou perto do horário do almoço, pronto para começar uma nova fase em sua vida, pronto para buscar a sua paz.

☆☆☆☆☆

Itachi gostava de dias de chuva e céu nublado, de toda a preguiça que o barulho da chuva trás com suas vibrações do ar, do frio e das roupas quentinhas e fofas cheirando a amaciante, e como nesse momento, Itachi gosta de aproveitar o calor fraco do Sol logo depois o almoço.

Sem a proibição de Kushina, os fins de semana voltaram ao que estavam acostumados: Naruto os acordando cedo e não parando de falar até o anoitecer, quando Kushina ou Minato vinham o arrastar de volta para casa. No fim desses dias, quando Itachi se deitava, ele tinha a bela ilusão que nada tinha acontecido e seu sorriso durava por vários dias.

Esse domingo deveria ser mais um desses fins de semana perfeitos, se não fosse por um pequeno imprevisto.

-Itachi, eu vou... urgh!

-Ita-aachin! Você pode be dar bais rebédio?

Fugaku e Mikoto precisaram viajar para cuidar do avô deles, o senhor teimoso caiu e fraturou a perna, ele precisaria ficar em repouso, ou amarrado na cama por algumas semanas. Minato ofereceu para os dois ficarem em sua casa, mas nem ele poderia imaginar que Naruto e Sasuke ficariam de cama com resfriado, ou algum tipo de vírus letal tamanha as reclamações deles.

Itachi tinha acabado de sentar na poltrona quando ouviu os dois chamando novamente. Minato riu do sofá da expressão desamparada de Itachi.

-Eu vou, você acabou de descer.

-Não precisa, eu vou.

Ele ficou de pé antes que Minato pudesse fechar o computador, ele sabia que Minato estava tratando de assuntos sobre o trabalho e Kushina estava numa curta missão sobre os sobreviventes desabrigados das explosões, ele era o único desocupado ali no momento.

-Eu sinto muito - Minato disse antes que ele subisse as escadas - Quer saber? Vou te dar folga amanhã.

-Não precisa...

-Tarde demais, já coloquei no sistema.

Minato disse olhando para a tela e acenando um tchauzinho para ele. Itachi percebia com mais frequência as nuances parecidas entre pai e filho agora que a convivência com Minato aumentava. Naruto não era como ele e Sasuke. Sasuke era como seu pai, reservado e independente mesmo quando estava vomitando pela quarta vez, como agora, enquanto ele era mais parecido com sua mãe, paciente e calmo mesmo lidando com essas situações difíceis.

Naruto era uma mistura equilibrada dos pais que mudava como o caminho feito pela sombra de uma árvore. De manhã ele estava teimoso e irredutível como sua mãe, recusando remédios, mas agora ele estava agindo com humildade como seu pai e aceitando ajuda. Quando Itachi ajudou ele a ficar sentado para tomar o xarope, ele notou que a pele dele estava quente demais e seus olhos opacos.

Pensando bem, talvez não fosse um imprevisto tão pequeno assim.

Minato apareceu um pouco depois trazendo uma bandeja com caldos leves para os garotos. Nesse ponto, Sasuke já estava dormindo, encolhido e com dor por ter forçado tanto o estômago, ele nem queria sonhar com comida no momento, Itachi precisou o persuadir com brandura para que ele tomasse pelo menos um pouco de água para se manter hidratado. Naruto estava virando de um lado para o outro, tentando se livrar do cobertor e do adesivo térmico em sua testa, mas pelo menos ele estava resistindo com mansidão.

-A febre dele não está alta, mas está difícil de baixar - Itachi comentou quando viu Naruto tentar tirar o cobertor novamente.

-É sempre assim, podemos dizer que é normal dele e...

O celular de Minato tocou e ele não pode concluir a frase. Ele queria ignorar, mas era o seu celular do trabalho. Itachi percebeu o seu dilema e agiu com prontidão para lhe ajudar.

-Eu termino, pode atender senhor.

-Você não precisa me chamar de senhor fora da base - Minato suspirou antes de entregar a tigela para ele - Eu sinto muito, vou voltar logo.

-Tudo bem.

Minato saiu do quarto e Itachi ajudou Naruto a sentar outra vez, pois nesse breve descuido ele já tinha caído deitado de qualquer jeito.

-Eu não quero mais.

-Só mais um pouco, vamos lá.

-Não - Naruto resmungou sem abrir os olhos - Eu não gosto de sopa.

-Isso não é sopa, é um tipo especial de lámen.

Ao dizer a palavra mágica, Naruto ficou ligeiramente mais desperto, embora fosse uma reação mínima - Lámen especial?

-Sim, lámen especial - Itachi levou uma colherada perto dos lábios dele - Abra a boca.

Naruto reclamou, mas obedeceu depois de um tempo. Ele engoliu com um som doloroso o conteúdo da colher e franziu a testa e lábios.

-Isso é sopa, eu não gosto de sopa.

-Não, não é não. Você não deve ter sentido o gosto direito, tome mais um pouco.

Itachi inventou todos os tipos de desculpas para incentivar Naruto a tomar a sopa, coisas do tipo 'o lámen foi feito especialmente para você' ou 'claro que tem carne, prove aqui'. Demorou um tempo, mas ele tomou toda a sopa e finalmente Itachi o deixou descansar.

Minato andava de um lado para outro na sala, ainda estava no telefone quando Itachi desceu as escadas com as tigelas. Ele não perdeu tempo ali, foi direto para a cozinha e lavou a louça, deixando a panela e as tigelas no escorredor porque estava com vergonha de fuçar os armários para guardar as coisas.

Levou esse tempo para Minato encerrar a ligação e ir até onde ele estava.

Ele foi direto para os armários atrás dos pacotes de salgadinhos e doces, colocou vários deles sob a ilha da cozinha. Não satisfeito, Minato pegou uma garrafa de vinho e dois copos finos.

-A Kushina não me deixa beber vinho nos copos, então não conte para ela - Minato piscou quando colocou um dos copos na frente de Itachi.

-Não irei contar, sen... tio.

Minato balançou a cabeça - Bom mesmo. Vem, vamos comer besteiras enquanto podemos.

Itachi riu e sentou na frente de Minato, indo direto para o pacote de salgadinho de queijo. Minato abriu uma latinha de batatinhas finas e crocantes, depois foi em busca de um saca rolhas para o vinho. Itachi viu que seus movimentos não estavam elegantes como sempre, ele parecia agitado.

-Posso ajudar de alguma forma?

-Pode sim, beba comigo um pouco.

Minato serviu vinho para ambos, e embora não gostasse de bebidas alcoólicas, Itachi decidiu o acompanhar, bebendo do seu copo em goles pequenos para não terminar cedo e Minato lhe servir mais.

Minato começou a falar sem rodeios - Seu primo teve o computador hackeado e apagaram tudo que ele conseguiu sobre as explosões.

-Ainda bem que ele passou cópia para todos nós.

-É, você tem razão. Só que agora a pessoa por trás disso sabe que estamos procurando por ela e vai agir com mais cautela ainda.

-Nós só precisamos ter mais cautela também - Itachi disse depois de um bom tempo - Vamos atrás dos menores primeiro, essa pessoa não pode estar agindo sozinha.

Minato tomou outro gole do vinho e perguntou - O que você sugere?

-Bom, podemos procurar a origem do composto que causou a explosão. Alguém a colocou lá.

-Algo mais?

Itachi pensou um pouco antes de falar - Ninguém comete um atentado do nada, essa pessoa deve ter visitado algum blog de pessoas insatisfeitas como ele. Poderíamos ver se alguém que postava com frequência parou de repente...

Ele se calou quando viu um olhar indecifrável no rosto de Minato, ele pensou que falou algum absurdo ou idiotice e não disse mais. Minato, por outro lado, sorriu.

-Kakashi e Obito estão investigando a origem do composto, e acabei de pedir para Shisui investigar na internet e redes sociais. Nós pensamos iguais.

Itachi ficou sem saber o que dizer, então encheu a mão com salgadinhos para se distrair da sua timidez. Ele pensou que Minato iria mudar de assunto, ele não esperava que Minato jogasse o resto das batatinhas na boca e apontasse a latinha para ele.

-Quer saber? Eu vou te treinar para me substituir no futuro.

☆☆☆☆☆

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