A Viajante - O Outro Mundo (L...

By autoratamiresbarbosa

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"Você acredita em universos paralelos?" Uma menina órfã, movida pela curiosidade, acaba se vendo diante de um... More

Sobre o livro
Dedicatória
Epígrafe
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Epílogo
Agradecimentos
Mandem suas teorias
Curiosidades sobre o Livro

Capítulo 11

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By autoratamiresbarbosa

Acordou na manhã seguinte com uma voz calma dizendo algo ao longe. A voz pareceu ficar mais perto e nítida, e ela acordou com a voz dizendo suavemente em seu ouvido:

— Acorda, a senhorita precisa ir para a escola.

Abriu os olhos, procurando pelo quarto a origem do som, e viu uma mulher loira aolado de sua cama.

— Alice? — Se sentou na cama, esfregando os olhos. — Cadê a Rosa? Ela quem sempre vem aqui.

— Está lá embaixo, a situação não está muito boa.

— O que aconteceu?

— Melhor a senhorita ir ver. Mas antes, melhor tomar banho, a senhorita ainda está com o uniforme de ontem.

Depois de tomar banho, colocar outro uniforme e pegar sua mochila, Camila desceu a escadaria e foi até o saguão. Olhou para os lados e resolveu seguir seu caminho até o corredor da direita, olhando nos outros corredores que podiam ser acessados a partir daquele para ver se escutava vozes. No final do corredor, chegando perto da sala, escutou vozes, que ficavam cada vez mais altas. Resolveu parar na entrada do local, para escutar a conversa.

— Ele é só um menino! — A voz alterada de Rosa foi ouvida.

— Um menino, mas já é um assassino. — Uma voz irônica disse.

— Eu não matei ninguém! — Escutou um dos gêmeos se defendendo. Concluiu que deveria ser Miguel, por conta do que acabara de falar.

— Todos viram, não adianta negar. — A voz irônica continuou.

— Mas ele sobreviveu, eu o vi! Se você for no hospital vai ver que é verdade!

— O que está fazendo? — Uma voz fria disse vinda de traz de Camila. Se assustou e virou rapidamente para olhar. Se deparou com um homem a fitando seriamente, mas de uma maneira que a deixava desconfortável.

— Dan...Pai... oi.

Ele continuou a encarando, esperando por uma resposta.

— Eu... estava... Quem é que está aí? Escutei uma voz diferente.

— Paula Medsi. — Ele deu uma pausa e a encarou com um olhar ansioso e desconfiado. — Depois do que aconteceu, claro que a imprensa vai cair sobre nós. — Ele continuou e soltou um longo suspiro, caminhando até a sala. Camila foi atrás.

Eles entraram em uma sala grande e espaçosa. Dois sofás vermelhos e duas poltronas ficavam no centro da sala. Mais no centro, havia uma mesinha de vidro com alguns objetos de porcelana em cima, que ficava à frente dos sofás e das poltronas; alguns quadros podiam serem vistos nas paredes.

— Paula Medsi! — Ele disse. — Por que não estou surpreso em ver você?

Viu uma mulher sentada em um dos sofás vermelhos de camurça, ao lado de Miguel e Rosa, que estavam no outro sofá. Ela tinha cabelos castanhos claros presos em um coque e usava óculos quadrados. Sua testa podia ser vista levemente enrugada por de baixo de sua franja.

— Daniel Scarlett. Ainda esperando uma tragédia? — Ela deu um sorriso, parecendo estar se divertindo com a situação.

— Sempre falando besteiras. O que quer com o meu filho?

— Ver se ele é igual ao pai. — Ela sorriu debochadamente.

Daniel apenas a encarou, parecendo furioso.

— Você deve ser Leyla Scarlett. — A mulher olhou para Camila, apreensiva e desconfiada.

— Sim, sou eu mesma. — Camila respondeu, não sabendo o motivo do incômodo da mulher.

— Claro, como não reconhecer a futura herdeira dos Scarlett. Fiquei sabendo do acidente. Me admira que não está morta. — Ela abriu um sorriso, desviando o olhar para Daniel.

— Vá direto ao ponto, Paula. — Daniel colocou as mãos na cintura, visivelmente irritado.

— Vocês me rendem sempre uma ótima história. E compensando as muitas outras que eu não publiquei sobre vocês, essa irá compensar tudo. — Ela disse, com seus olhos verdes brilhantes por debaixo dos óculos.

— Ele já disse que o homem está vivo! — Rosa protestou.

— É verdade, eu o vi! — Camila disse de repente. Se surpreendeu com isso, pois nem havia percebido que falara alguma coisa. Estremeceu de vergonha quando o olhar de Paula pousou sobre ela novamente.

— Ah, é? — A mulher perguntou ironicamente. — Então, o garoto atropelou um homem, todos viram ele bater a cabeça, morrer e depois ele voltou à vida? — Ela riu. — É, eu já sabia. Tinham me dito isso no hospital ontem à noite, eu mesma conversei com ele. Mas o médico parecia muito estranho.

— Então por que você acusou o menino? — Rosa perguntou, um pouco irritada.

— Se quer ver os dois lados da história e analisar qual renderá uma matéria melhor, finja que não sabe de nada para ver qual é mais interessante. — Ela olhou novamente para Camila. — Me disseram que o mesmo aconteceu com você e um estagiário de medicina que trabalha lá, mas ele não quis me dizer nada. Você gostaria de deixar minha matéria mais interessante? Bem, publiquei sobre você semana passada, mas não tenho detalhes. Se quiser... dizer algo, talvez. — Paula lhe lançou um olhar enigmático.

— Não tenho nada para dizer. — Respondeu rapidamente. A última coisa que queria era chamar a atenção toda da mídia com esse caso.

— Não acredito que seja verdade. Você se meteu em muita coisa na última semana. É realmente uma pena que eu não saiba com mais detalhes. — Ela se levantou e foi até Camila, tirou algo do bolso interno de seu blazer cor salmão e entregou para a menina. — Me ligue caso... — Chegou mais perto do ouvido da menina. — ...se lembre de algo. Pode acontecer.

— Tchau, Paula. — Daniel disse irritado. A mulher se virou para ele, com um sorriso debochado no rosto.

— Não vai me acompanhar?

— Rosa pode fazer isso.

Eles se encararam por um breve momento. Paula continuava esboçando o mesmo sorriso debochado no rosto, o que parecia estar irritando Daniel.

Ele caminhou para o corredor e Paula o seguiu.

Miguel soltou um longo suspiro.

— Que bom que tudo acabou.

— Creio que não. — Rosa disse. — Mas não se preocupe, você não terá que resolver mais nada. — Ela acrescentou ao ver o olhar assustado do garoto. — Da próxima vez, obedeça às pessoas. Agora vão tomar café, vocês têm aula ainda. — Ela se retirou, e Camila e Miguel foram atrás, mas ao chegar ao saguão, Rosa subiu as escadas, e os dois continuaram a caminhar até chegar no corredor da esquerda, que dava para a sala de jantar.

Miguel parou no meio do corredor. Camila fez o mesmo para olhar o garoto.

— O que foi?

— Você... foi legal comigo. — Miguel respondeu, com uma expressão de confusão no rosto. — Por quê?

— Você é meu irmão, não é? — Nunca teve irmãos antes, mas considerava Tiago como um. Eles eram legais um com o outro. Não era assim que irmãos deviam ser?

Sentiu um leve aperto de saudade ao se lembrar do amigo.

— Sim, mas... você sempre foi igual a eles. Sabe, os nossos pais. Pensei que ia gostar da situação. Sempre pareceu nos odiar, e agora você... está sendo legal.

— Eu... estou tentando mudar. — Disse, nervosa. Ele não iria desconfiar de nada, iria?

— Ah...! Vamos comer. — Ele voltou a caminhar em direção a sala de jantar. Camila acompanhou o garoto. Chegaram no local, e viram que as outras crianças já estavam lá. Eles se sentaram sobre a mesa.

— Ontem fui dormir com fome, sabiam? — Jean perguntou enquanto mastigava com dificuldade um pedaço de pão devido à grande quantidade de alimento que havia em sua boca.

— Não, não somos adivinhas, seu idiota. — Miguel retrucou, enchendo um copo com suco.

— Você só fala em comida, Jean. — Maria disse irritada. — Por causa disso uma pessoa morreu. Se você não tivesse saído do carro...

— Eu estava com fome! — Jean tossiu, devido ao excesso de comida. — E não foi culpa minha! Não fui eu quem matou...

— CALA A BOCA! — Miguel berrou, levantando-se da cadeira. — Eu não matei ninguém! Ele está vivo!

— Ei! Chega vocês aí, vamos. Vou levá-los para a escola. — Daniel apareceu de repente.

— Mas ainda estamos comendo! — Jean protestou, engolindo a comida, depois de ter ficado boquiaberto com a gritaria de Miguel.

— Não me interessa! Tenho muito o que fazer, vou me atrasar. A mãe safada de vocês já foi há muito tempo. Tudo sobra para mim. Peguem suas coisas, agora! — Ele se retirou em seguida.

Maria pegou sua mochila, que estava encostada na cadeira ao lado e seguiu o pai. Jean fez o mesmo, mas antes de sair, olhou chateado para a comida da mesa e pegou outro pedaço de pão. Miguel deu uma última golada em seu suco e seguiu os irmãos. Camila os acompanhou, de barriga vazia.

☿ ☿ ☿

O sinal tocou, a segunda aula, Física, havia terminado depois de duas horas, permitindo um tempo livre para a hora do almoço. Já era meio dia, e Camila estava com o estômago doendo. Não conseguira comer nada hoje.

— Leyla! — Uma voz conhecida a chamou. Paty e Camila se viraram.

— Henrique! Henrique, não é? — Camila o cumprimentou.

— Você não me viu na sala? Estou estudando aqui agora.

— Ah... legal! — Deu um sorriso amarelo a ele. A única coisa que precisavase preocupar era com alunos novos em sua classe.

— Henrique! — Venice foi em direção a eles. — Eu estava te procurando. O que você está fazendo com elas? — Ela fez uma careta de desprezo para Camila e Paty.

— Só conversando.

— Então conversa comigo, elas são perda de tempo.

Paty bufou e revirou os olhos.

— Vamos, Leyla. — Ela a puxou.

Henrique tentou dizer algo, mas pareceu desistir. Olhou para Venice, bufou e saiu dali também, indo para o lado oposto de Camila. 

Ao chegar no primeiro andar, Paty começou:

— Então, como está seu irmão? Aconteceu muita coisa.

— Ele está bem, eu acho. Mas o que importa é que nada de mais realmente aconteceu. — Sentiu uma leve pontada de culpa novamente. Sabia que não era verdade. A imagem do acidente ainda a atormentava.

— Oi, meninas! — Lia foi até elas. — Como vocês devem saber, meu pai está querendo retomar o lugar dele como Rei, como deve ser. E eu queria o apoio de vocês.

Rei?

— Claro, como podemos ajudar? — Paty perguntou.

— Estou distribuindo broches de apoio a ele. O apoio é o primeiro passo em tudo. Temos que tirar aquele ladrão do poder. — Lia deu um broche para cada uma.

Camila viu que era o broche de duas espadas azuis escuras entrelaçadas, como o qual Lia estava usando quando a conheceu, e que também estava usando naquele momento. O colocou sobre o blazer preto da escola. Paty fez o mesmo.

— E é claro, precisam incentivar a família de vocês também. — Ela continuou. — Já falei com o meu pai, que falou com o meu tio. Se ele retomar ao poder de novo, o uniforme da nossa escola vai voltar ser aquele azul lindo que todos querem.

— Eu acho o preto muito bonito, podiam colocar os dois como uniforme. — Paty sugeriu.

— Boa ideia. — Lia sorriu, parecendo analisar a sugestão. — Ah! E tem mais uma coisa! — Ela tirou e desdobrou um papel que estava em uma pequena pochete em sua cintura. — Anotem seus nomes aqui, caso ele consiga voltar ao poder, vamos dar uma festa e convidar todos que o ajudaram. Mas não contem para ninguém, viu? É surpresa. — Ela deu uma piscadela e sorriu.

Paty pegou o papel e depois a caneta que Lia tirara também de sua pochete. Apoiou-o na parede perto de si e escreveu. Camila fez o mesmo, e depois, entregaram o papel para Lia.

—Obrigada, meninas! — Ela dobrou o papel e o guardou de volta na pochete, assim como a caneta. — Vou ver com as outras pessoas, nos vemos depois! — Ela foi em direção a um grupo de meninos que estavam caminhando até a cantina.

Camila percebeu que Paty a olhava estranhamente.

— O que foi?

Paty abriu a boca, mas a fechou alguns segundos depois, como se quisesse falar algo, mas no último segundo tivesse desistido. Ela apenas deu um sorriso forçado.

— Vamos até o refeitório comer alguma coisa?

Sorriu com a proposta da menina, balançando a cabeça freneticamente. Estava morrendo de fome.

Depois de duas horas seguidas de uma aula de Português, a turma foi liberada. Ambas desceram para o primeiro andar para irem embora. Às três da tarde, tudo o que Camila queria era voltar para sua nova casa. Era difícil admitir que aquele lugar era a casa dela agora. Queria pensar que apenas havia sido adotada por um casal esquisito, mas sabia que isso não era verdade. 

Sua casa, apesar de tudo, era o orfanato. Depois de oito anos morando no local, já estava acostumada com ele. Além disso, o lugar que queria chamar de lar, não existia mais. Perdeu-o no dia em que perdera seus pais e não iria tê-lo nunca mais.

Uma voz arrastada e debochada a tirou de seus devaneios. Apesar de não estar ainda muito acostumada com seu novo nome, a pronúncia já era o suficiente para despertar sua atenção.

— Leyla, Leyla, Leyla. Morte seguida de ressurreição, provocou um acidente no meio da estrada e agora, a morte de uma pessoa. Ah... desculpa, foi o seu irmão. Mas não duvido nada que se você tivesse a chance, não teria o matado. Está no seu sangue, não?

Óbvio que era Melina, e cercada de um grupinho, que olhava debochadamente para Camila e Paty.

— O Dr. Leon não está morto! — Sentiu um peso na consciência ao dizer aquilo, sabia que não era verdade. A verdade é que o médico estava morto, e agora, quem estava no lugar dele era um maluco que dizia ser um inseto.

— É, ao que parece sim. Mas isso é o de menos. Você não leu o jornal? Parece que você está envolvida em uma ceita, ou algo parecido. — Ela riu, junto do grupinho. — Típico. As pessoas não se contentam com a pouca fama que têm e sempre dão um jeito de aparecer. Realmente gosta de atenção, Leyla. Sempre gostou.

— Jornal? — Ficou confusa. Ela não tivera nada a ver com o acidente de ontem. Por que publicariam algo sobre ela?

— Veja você mesma. — Melina esticou o braço, lhe entregando o telefone.

Uma foto abaixo do título amostrava o hospital conhecido por Camila, o qual ocorrera o acidente no dia anterior.

Ela e Paty começaram a ler.

Uma das famílias mais influentes do país é formada por loucos e assassinos!

Ontem, quarta-feira, 24 de setembro, um dos homens mais importantes da área de saúde de Telúria foi a óbito. Ou era o que todos haviam pensado.

Um grave acidente aconteceu na frente do Hospital Central de Telúria (H.C.T), em Nierfand, onde o médico e dono do hospital, Leon Gonzáles, supostamente teria falecido.

O acidente foi causado por ninguém menos que Miguel Scarlett, de 12 anos, integrante da família Scarlett, a segunda família mais influente e importante do país. O acidente ocorreu devido à irresponsabilidade do motorista da família, que havia deixado o menor sozinho no volante. 

"Tinha que ser gente desse meio, ficam mimando essas crianças que não sabem escutar um não!", disse uma testemunha.

Mas, apesar disso, o médico apareceu vivo algumas horas depois, causando o espanto de todos. Alguns dizem que pode ter sido pacto ou bruxaria, como diz um funcionário do hospital.

"Com certeza é um dos dois! Primeiro a menina Scarlett, depois o meu ex-colega de trabalho, Oliver, e agora o meu chefe! Estou pensando seriamente em me demitir. Já comentei isso com a Paulinha, não foi Paulinha?"

De acordo com ele, Oliver Delafosse, Leyla Scarlett e Leon Gonzáles estariam envolvidos em algum tipo de seita. Ou os dois adolescentes, até mesmo em um assassinato premeditado.

"O senhor Leon já estava dizendo há alguns dias que iria demitir o Oliver por conta de sua incompetência como estagiário. E se ele ouviu e planejou tudo com a família Scarlett? O acidente ocorreu logo em seguida da demissão dele. Não acredito que seja apenas coincidência. E essas voltas dos mortos, coisa boa não deve ser.", disse a recepcionista do hospital, Paula Santos.

Mas a tal ressurreição, não é desculpa para a família sair impune. De acordo com a família Gonzáles, ela entrará com um processo contra a família Scarlett hoje mesmo.

"Esse pequeno assassino não sairá impune! Não permitirei que tentem acabar com a minha família desse jeito. Irei demitir todos!", disse Mélia Gonzáles, médica e proprietária do H.C.T junto do marido.

Leyla Scarlett não quis se pronunciar sobre o ocorrido e se teve algum envolvimento, assim como Oliver Delafosse. No entanto, Leon disse algumas palavras, o que de acordo com muitas pessoas, é a prova de que há algo errado.

"Seus humanos imundos! Saiam de perto de mim! Espécie nojenta e repugnante. Assassinos! Todos são assassinos!"

Alguns médicos dizem que é apenas confusão mental, derivado do acidente. Porém, algumas pessoas dizem que não, e alguns até criam teorias de que ele não é mais Leon Gonzáles.

Paula Medsi, Telúria Tagebuch

Camila e Paty se entreolharam. Melina pegou o celular da mão delas, dando uma risadinha.

— E então, celebridade da semana. O que tem a dizer? — Melina perguntou, com um sorriso debochado no rosto.

— Está na cara que isso é incompetência dos médicos! O próprio Leon disse que um deles, o estagiário, estava sendo incompetente. — Paty disse com perspicácia. — Eles estão dizendo que as pessoas morreram, o que não é verdade. Já são três casos em uma semana, no mesmo hospital! Não teria por que ser invenção da Leyla ou desse estagiário, todos viram o acidente do Leon e o da Leyla também. Até saiu no jornal semana passada. Esse povo está falando besteira. Eles quem gostam de aparecer. E sabemos muito bem que a Paula Medsi adora exagerar as coisas. Burro é quem acredita.

— Hum... — Melina pareceu pensar por um momento. — Bom argumento, mas não creio que seja...

— Você não quer crer, porque quer falar mal da Leyla. Sei que não se gostam, e entendo sua atitude em relação ao que aconteceu. Mas foi um acidente, e já está na hora de parar com isso!

— Cala a boca! Você conhece muito bem a sua amiguinha, sabe que não foi um acidente! Não foi você quem sofreu com a morte dela! — Melina disse, o rosto muito vermelho, quase da mesma cor de seu cabelo.

Todos que passavam por ali para irem embora olhavam assustados para a garota por conta de seus gritos.

— Ela morreu! Você é muito hipócrita de acobertar as besteiras da sua amiga. — Melina continuou, seus olhos marejados enquanto dizia. — É uma lacaia mesmo. Mesmo a Leyla te tratando mal todos esses anos, você ainda é amiga dela; amiga de uma assassina... — Encarou Paty com raiva. Pousou seu olhar carregado de ódio e tristeza em Camila e depois saiu dali. O grupinho de pessoas atrás dela, todos parecendo espantados.

Ficou tentada a perguntar de que morte elas estavam falando, mas decidiu não fazer.

O jornal iria atrair muitos curiosos. E se algum cientista visse a notícia e quisesse fazer estudos com ela? Precisava falar com Heliberto.

— O que você acha disso? — Paty perguntou, ficando com uma expressão séria no rosto.

— Disso o quê?

— Sobre esse médico, o Leon. De ele não ser mais ele.

— O quê? Paty... — Riu, nervosa. — ...o que você disse faz total sentido, por que não seria ele? Então quem seria? — Ficou apreensiva, tentando manter uma expressão calma no rosto e falhando.

Paty ficou calada, a encarando bem nos olhos, a analisando, como se tentasse descobrir algo. O silêncio entre elas deixou Camila nervosa. Ela desconfiava de algo?

O barulho do falatório dos estudantes foi morrendo aos poucos para Camila. Estava nervosa, pensando no que iria acontecer em seguida; várias possibilidades passando por sua cabeça.

— É, tem razão. — Paty disse finalmente, balançando a cabeça. — Bom, preciso ir. Você vem?

— Eu não sei ainda quem vai vir me buscar, então preciso ficar. — Respondeu soltando um suspiro de alívio.

— Tudo bem, tchau então. — Paty acenou para Camila e foi em direção a saída que dava para o lado externo da escola.

— Oi, priminha! — Venice se aproximou de Camila com um sorriso cínico.

— Ah... — Revirou os olhos. — O que foi?

— Só quero te parabenizar pela história fantasiosa junto com seus amiguinhos da medicina. Conseguiu ter toda a atenção voltada para...

— Sério que você veio falar só isso? Desculpa Venice, mas tenho coisas mais importantes para me preocupar! — Ela foi até a saída, deixando Venice parada, a encarando com raiva por ter sido ignorada.

Uma hora alguém iria aparecer, então decidiu ir até os portões da propriedade e esperar no lado de fora. Chegando no destino, procurou na mochila algum dinheiro, caso precisasse novamente. Pegou uma carteira que estava no fundo de sua mochila, e quando ia abrir, escutou alguém a gritando.

— Leyla! — Uma voz infantil a chamou. Ainda era estranho ela ser Leyla.

Olhou na direção da voz. Era Maria, chamando-a de dentro de um carro vermelho. Foi até o encontro da menina, confusa. Era o carro de Carla?

— Maria? O que você... — Parou de falar quando se aproximou do carro. Ao lado de Maria, estavam os gêmeos. Olhou para o banco do motorista e se surpreendeu. — Bartolomeu? Mas você não...?

— Tinha sido demitido? Sim, mas fui contratado de novo após a ressureição do médico. E a sua mamãe quer alguém para lidar com as críticas no lugar dela, como quando você quase morreu na semana passada. — Ele suspirou, com o semblante sério de sempre. — Agora vamos, entra. Não tenho o tempo todo.

Obedeceu, se espremendo para se sentar ao lado de Maria, Miguel e Jean.

— Por que você não se senta no banco da frente com o Bartolomeu? — Miguel perguntou, aborrecido.

— Bartolomeu! — Chamou o motorista e ignorando o garoto, sabia que ele não ia querer levá-la ao hospital depois de tudo que acontecera, mas tinha que tentar. — Será que você poderia...

— Não. — Ele respondeu sem nem olhá-la, colocando os cintos e ligando o carro.

— Não? Mas você nem sabe o que eu...

— Quer ir a algum lugar outra vez, não é? Não vou perder meu emprego de novo por sua causa. — Ele ligou o carro. O veículo começou a se locomover, partindo rumo à mansão.


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