Frozen In Time (LexaxYou)

Par sweetiescape

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Nascida em 2020. Congelada no tempo em 2038. Apocalipse Nuclear em 2052... Espera. O quê? ㅡ Não era para mim... Plus

Aviso
Prólogo
um > > surpresa
dois > > exploradora
três > > introdução
quatro > > aprendendo
cinco > > treinamento
seis > > pessoal
sete > > impaciência
oito > > próximas
dez > > emprego
onze > > violência
> > violência parte 2

nove > > grounder

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Par sweetiescape

Imagine estar em um carro com uma pessoa que não quer falar com você, ou que não quer ter a sua companhia e apenas lhe dá o bom e velho gelo. Essa é a exata coisa que sinto estando sentada no mesmo cavalo que Lexa.

Quando amanheceu, Lexa já estava com pressa para retornar para Polis. A primeira coisa que fizemos, depois do café da manhã é claro, foi montar no cavalo dela e partir.

Então, aqui estou eu sentada atrás de Lexa, me segurando em sua cintura como se a minha vida dependesse disso, porque ela decidiu que ir galopando à 300 km por hora era uma boa ideia. Estamos indo tão rápido que eu juro que já teria caído se não estivesse segurando firme em Lexa.

Estou começando a achar que Lexa está fazendo isso de propósito só para se vingar do que eu fiz. Mas também não é como se eu pudesse pedir alguma coisa, porque ela não está falando comigo no momento.

Quando chegamos em Polis, com relutância soltei da cintura de dela e um dos guardas nos ajudou a descer do cavalo.

Lexa foi na frente e para poder alcançar seus longos passos, tive que correr.

"Você poderia ter cavalgado um pouco mais rápido, não acha?" perguntei com sarcasmo, mas ela nem se quer olhou para mim.

Seus olhos estão fixados à sua frente enquanto caminha.

Agora eu sei, com certeza, que ela estava fazendo aquilo de propósito.

Suspirei e continuei seguindo ela.

Acabamos por passar pelo caminho que leva até a barraca da Deka e eu então decidi que seria melhor se eu ficasse com a Deka do que com a Lexa.

"Eu vou ficar um tempo com a Deka," falei para Lexa, esperando que a minha fala gerasse algum tipo de resposta. "Tá bom?"

Ela mal olhou na minha direção.

Mordi o lábio inferior ao ver Lexa se afastar.

Deixei ela P da vida, não deixei?

Exalei lentamente, franzindo os lábios e a testa ao andar até a barraca onde Deka está.

Pensei que quando me visse alí, Deka correria para me confortar e ver se eu estava inteira, mas não. Ela está rindo do meu desanimo, ri tanto que quase não consegue ficar de pé.

"Obrigada, miga," soltei com sarcasmo. "Sinto o seu amor de longe."

Deka se acalmou, ficando apenas com um sorrisinho nos lábios.

"Tá bem, tá bem. Me acalmei já. Agora me conta o que aconteceu, (S/N)?"

Me encostei na mesa/balcão de atendimento e ignorei a expressão em seu rosto.

"Tudo o que eu fiz foi ir pra Tondc com a Anya e a Indra. Eu só queria dar um tempo daqui. Eu não achei que a Lexa fosse perceber, mas eu não fiquei nem um dia fora, quando ela foi lá e invadiu o lugar gritando com todo mundo. Agora ela tá com raiva de mim e eu me sinto mal, porque ela só queria me manter segura."

Deka riu, se aproximou e colocou a mão no meu mbro.

"Bem, quem diria. A Comandante realmente tem um coração."

"Claro que ela tem," defendi Lexa. "Ela só é sensível demais para o próprio dem, e muito fechada."

Deka assentiu.

"Se você diz. Então, ela tá irritada com você?"

Dei de ombros.

"Pra falar a verdade, eu não sei. Eu juro, ela é tão confusa. Eu tenho que fazer alguma coisa pra me redimir com ela. Eu preciso mostrar que sou capaz de me cuidar sozinha."

Deka se encostou na mesa ao meu lado.

"Ela acha que você não pode se cuidar sozinha porque você não é uma grounder," finalmente falou algo que fez sentido.

Assenti lentamente.

"Eu sei disso. Mas não é como se eu pudesse fazer muita coisa sobre isso, né?" suspirei e comecei a pensar comigo mesma.

Lexa não confia em mim porque eu não sou uma grounder. Eu tenho que mostar pra ela que eu posso e sei me cuidar sozinha. Mas como vou fazer isso?

"Eu tive uma ideia," Deka falou de repente, me olhando, ficando em minha frente agora. "Eu sei o que você pode fazer!" ergui uma de minhas sobrancelhas, esperando que ela desenvolva melhor essa ideia. "Ela quer que você seja uma grounder, certo?" perguntou retoricamente. "Então vamos transformar você em uma grounder."

Deka sorri com orgulho, mas tenho medo de não estar entendendo onde ela quer chegar.

"E como exatamente faremos isso?" perguntei, franzindo a testa em confusão. "Eu claramente não sou uma grounder," apontei para as minhas roupas. Deka me olhou com cuidado e alí, naquele olhar dela, percebi o que ela queria dizer. "Sem chance, cara," neguei rapidamente com a cabeça. "As roupas dos grounders pinicão, dão coceira e comichão. E essas tranças," apontei para a cabeça dela, "parecem ser dolorosamente dolorosas!"

Deka cruzou os braços na frente de seu peito e deu de ombros.

"É o único jeito, (S/N)."

Olhei feio para ela.

Deka está adorando tudo isso, aposto que até mais do que deveria.

Eu grunhi e desencostei da mesa já sabendo que não vou gostar nenhum pouco do que está prestes a acontecer com o meu lindo ser.

"Que seja rápido," murmurei entre dentes e isso só fez um sorriso enorme aparecer no rosto da Deka.

Ela me deu um tapinha nas costas.

"Não se preocupe, eu vou tomar o meu doce tempo com você," afirmou com seu sorriso irritante.

E isto foi exatamente o que Deka fez.

Logo após a brilhante ideia, Deka fechou a barraca e me guiou até sua casa que é basicamente uma larga tenda com uma cama, uma pilha de roupas dobradas ao lado da cama e um lugar para fazer comida, algo como uma cozinha.

Quando entramos em seu lar, ela me sentou na cama e se posicionou atrás de mim.

"Vamos começar com o seu cabelo," falou já começando a puxar o elástico que prendia o meu cabelo, o que me fez reclamar imediatamente.

"Ai, ai, ai!" segurei minha cabeça, esperando que a dor que estava começando a se formar no meu couro cabeludo suavizasse, porque parece que Deka está me escalpelando.

"Você não penteia o cabelo, não?" riu, jogando o elástico no meu colo. "Isso aqui parece um ninho de ratos!"

Se meus olhos soltassem lasers, a parte da tenda que está na minha frente já estaria cheia de buracos.

"Ninho de rato é o meu penteado favorito, algum problema com isso?"

Deka riu alto, começando a desfazer os nós, com os dedos mesmo, do meu cabelo.

"Claro, claro. Só fica quieta que isso tudo vai acabar rapidinho."

A hora seguinte foi passada comigo me remexendo com inquietação por causa de todos os puxões em meu cabelo.

Agora eu me arrependo de não ter penteado o cabelo, porque Deka está me matando através dele.

Fiquei tentada a afastar Deka e dizer para ela esquecer disso, mas sei que eu não teria coragem para isso.

Eu quero mostrar para Lexa que eu sou uma verdadeira grounder, da qual pode se proteger sozinha,  mesmo que eu ainda não consiga lutar. . .

"Okay, o seu cabelo está oficialmente pronto," Deka anunciou, apesar de que ela não precisava, eu meio que presumi que Deka havia acabado quando não senti mais como se meu cabelo estivesse sendo torturado.

"Nossa, valeu," falei sem entusiasmo algum.

Segurei a minha cabeça para amenizar a dor remanescente, porém o que eu senti ao colocar as mãos alí, foi o intrincado design sob meus dedos.

Deka saiu da cama e ficou de pé na minha frente, cruzando os braços enquanto confere o resultado final em meu cabelo.

O sorriso impressionado em seus lábios, me diz que tudo ocorreu do jeito certo e eu suspirei de alívio, me levantando também.

"Tá, e o que vem agora?" perguntei já com medo da resposta.

Deka soltou uma risada que me deu arrepios, nada bons, e caminhou até a pilha de roupas. Pegou a primeira coisa que viu e me entregou, com um olhar malicioso.

"Agora você se veste," anunciou ganhando um outro grunhido de insatisfação de minha parte. Deka revirou os olhos e cruzou os braços novamente. "Chega de reclamar, (S/N)."

Estreitei os olhos em sua direção enquanto começava a tirar a minha bota primeiro.

"Cara, só espero que isso funcione. . ."

Tirar a minha roupa e substituir pela roupa dos grounders, não foi exatamente a coisa mais confortável que eu já fiz.

Logo que o tecido de algodão tocou a minha pele, comecei a sentir falta do aconchego e conforto do meu moletom e do meu jeans.

A única vantagem de usar essas roupas é que Deka me deixou usar o meu próprio calçado, depois de eu ter implorado muito também, é claro. Aparentemente a bota preta que estou usando combina mais com a roupa do que os calçados deles.

Sé estou feliz por poder usar algo que é meu.

"Você tem um espelho?" perguntei para Deka, depois de ter terminado de colocar a bota novamente.

Ela se virou de frente para mim, porque ela respeitosamente havia se virado de costas enquanto eu me trocava, e seus olhos se arregalaram quando pousaram em mim.

"Caramba! As roupas realmente fazem uma grande diferença."

Dei um olhar de repreensão em sua direção.

"Deka, foco. Você tem um espelho? Quero ver se estou tão estranha quanto sinto que estou."

Deka riu e foi até o outro lado da cama e pegou um pequeno pote que contêm uma substância, duvidosa, escura dentro.

"Você pode se olhar no espelho assim que eu fizer a pintura no seu rosto," se aproximou de mim já  com os dedos dentro do pote.

Me afastei com cautela, negando vigorosamente.

"Sem chance de você chegar perto de mim com isso aí."

Deka tentou me seguir.

"Vai ser rapidinho, eu prometo."

"Não!" passei por baixo de seu braço e me afastei mais.

"(S/N). . ."

"Não. . ."

"Para de correr!"

"Eu disse. . ."

"Vamos lá. . ."

"Ai!" reclamei quando tropecei em um par de sapatos e caí no chão, com um baque alto.

Balancei a cabeça para dispersar a tontura. Quando olhei para cima, vi Deka parada e me olhando com uma de suas sobrancelhas erguidas.

"Já acabou? Posso pintar o seu rosto agora?" perguntou, me olhando com diversão.

"Tá bom."

Depois de Deka conseguir, não sem muita luta de minha parte, passar a tinta nos meus olhos e ao redor deles, eu estou pronta e finalmente poderei me ver.

Deka me entregou um pequeno espelho e quando vi o meu reflexo nele, o ar sumiu dos meus pulmões. Eu mal me reconheço. Meu cabelo está diferente. Meu rosto está diferente.

Eu pareço outra pessoa.

"Caramba," falei com surpresa.

"Você não gostou?"

Fingi uma expressão de desapontamento, depois olhei para Deka e abri um enorme sorriso.

"Como não gostar? Eu tô sexy pra caralho, Deka," fiz uma pose estranha e ela riu, eu ri também revirando os olhos. "Tô brincando. Mas sério, eu me sinto tão esquisita. Eu tenho que usar isso o tempo todo agora?"

Deka assentiu, aceitando de volta o espelho.

"Se você quer que a Comandante confie em você como ela confia em qualquer outro grounder, então sim."

Soltei um suspiro pesado e me sentei na ponta da cama.

"Tá bom. Mas só por curiosidade, do que essa tinta é feita?"

Eu realmente estou curiosa para saber a resposta, porque eu sei que eles simplesmente não dirigem até a loja mais próxima para comprar artigos de pintura.

"Ah, você sabe," falou com um dar de ombros, guardando o espelho. "São só alguns besouros esmagados."

Meus olhos se arregalaram e eu abri a boca em choque, horrorizada com o que Deka acabou de falar. Tudo piorou quando lembrei que ela já tinha pintado o meu rosto com aquilo.

Eu me levantei rápido, sentindo nojo.

Do nada, a risada da Deka quebra o silencio e ela aponta para o meu rosto.

"Ô meu. Você viu a sua cara? Você acreditou de verdade!"

Quando notei que ela estava brincando, cruzei os braços e bufei com irritação.

"Você é tão irritante."

Deka piscou um olho para mim.

"Aprendi com a melhor, não foi?"

Revirei os olhos com força, sabendo que isso é totalmente verdade. Não tem ninguém aqui que ensine todo esse sarcasmo e atrevimento, e outras coisinhas, o que quer dizer que ela pegou de mim durante todo o tempo que passamos juntas.

Isso quer dizer que tô irritada comigo mesma? Nossa!

"Tá, agora você só precisa aprender a dizer 'me desculpa' em Trigedasleng, daí sim você estará pronta!" exclamou com animação, gesticulando para que eu me aproximasse e ficasse ao seu lado.

Nós duas saímos da tenda e presumo que estamos indo de volta até sua barraca.

Tomamos o nosso tempo caminhando, não há pressa.

Pela primeira vez desde que eu acordei aqui, não estou recebendo olhares maldosos dos grounders. Eles nem parecem perceber que sou eu, e eu gostei disso. Mas se para passar despercebida por eles quer dizer que vou ter que me vestir assim todos os dias, eu não tenho muita certeza se quero isso.

Esses grounders são muito críticos. Eles precisam ser mais receptivos se quiserem evoluir mais do que isso.

"Certo, e o que eu digo?" perguntei pronta para aprender seja lá o que for.

"Ai'm sorry gon chit ai did, en ai hope bilaik yu can accept ai apology," ela falou e o meu queixo caiu. Deka riu da minha cara. "Isso quer dizer 'Eu peço desculpas pelo que fiz e espero que você possa aceitar o meu perdão'."

"Bem, eu tô ferrada," admiti, já sabendo que não há como eu lembrar de tudo isso. "Eu não vou conseguir lembrar nem da metade disso, Deka."

Ela deu de ombros quando chegamos na barraca.

"Você vai ter que lembrar ou isso tudo," apontou para mim, "vai ter sido em vão. Um grounder de verdade sabe falar Trigedasleng, (S/N)."

Grunhi.

"Mas eu nem sou uma grounder de verdade!"

Deka arfou dramaticamente.

"Com essa atitude, não mesmo!"

Estreitei meus olhos em sua direção, o que fez ela piscar de brincadeira para mim.

Essa garota ainda vai ser a minha ruína.

>    >    > 

"Vamos lá, (S/N), você pode fazer isso," sussurrei para mim mesma, não tão convencida assim com minhas próprias palavras. "É só bater na porta, nada demais."

Estou do lado de fora do quarto da Lexa. Eu sei que ela está lá dentro, porque sempre depois do jantar ela fica no quarto.

Eu passei o dia inteiro tentando memorizar aquela frase idiota que a Deka me ensinou. Estou confiante de que me lembro da frase e é por isso que estou aqui.

Agora é só criar coragem pra bater na porta.

Tomei uma longa respiração, mordendo o lábio inferior por causa do nervosismo.

Ergui a mão, fechada em punho, quando finalmente criei coragem o suficiente e bati na porta. O som do meu punho nú batendo na parte de madeira da porta, ecoou pelo corredor vazio.

Esperei, escutando cuidadosamente cada mínimo barulho, para ver se é alguma resposta da própria Comandante.

"Pode entrar," veio a resposta, abafada, do outro lado da porta.

Eu ignorei as borboletas que estavam fazendo redemoinhos m meu estômago e abri a porta.

Lexa está em pé atrás de uma escrivaninha, algo parecido com papéis está espalhado sobre a escrivaninha. Ela está debruçada olhando para os papéis com um bico em seus lábios e a testa franzida, o que quer dizer que seja lá o que for que está vendo, está deixando ela frustrada.

Lexa nem notou a minha presença, mas ela foi a primeira coisa que eu notei.

Lexa está vestindo uma longa camisola que deixa seus braços e pernas, por causa da fenda na camisola, expostos. Seu cabelo está solto, livre das tranças, e em seu estado natural, ondulado, e colocado sobre seu ombro direito. Sua beleza natural foi a primeira coisa que me chamou a atenção e a luz bruxuleante emitida pelas velas, que estão espalhadas por todo o quarto, só deixa mais evidente essa beleza.

"Hei, Lexa," falei com metade da confiança que eu queria ter. Limpei a garganta, quando ela olhou para frente, e tentei novamente. "Olá."

Lexa se endireitou quando seus olhos pousaram em mim. Seu olhar percorreu a minha figura de cima à baixo. A expressão de surpresa em seu rosto é evidente e o fato de seus olhos estarem tão arregalados que consigo enxergar a cor verde brilhante deles de onde estou, me mostra que ela realmente não estava esperando isso.

"O que você está vestindo?" Lexa perguntou, claramente ainda em choque, como se não conseguisse processar o que está vendo.

Respirei fundo.

"Eu quero pedir desculpa, mais uma vez, por sair quando eu não deveria. Eu não estava pensando direito e desconsiderei completamente como você se sentiria. Então, eu quero mostrar pra você que você pode sim confiar em mim. Eu sou uma grounder e eu quero que você saiba que eu sou tão confiável quanto qualquer outro grounder. Eu sou uma grounder, Lexa," sua boca aberta se fechou quando inclinou a cabeça para o lado, travando o maxilar, tentando entender o que estou dizendo. A minha confissão deixou Lexa sem palavras, então resolvi quebrar a tensão fazendo o que eu faço de melhor. "Eu sou uma grounder, tirando o pequeno detalhe que eu não sei lutar, mas eu sou," falei com um sorriso, ainda sem receber uma resposta dela. Me lembrei da frase que Deka me ensinou, então endireitei a minha postura. "Espera, eu. . ." vasculhei meu cérebro atrás do que a frase dizia: "Ai'm sorry gon. . . humm. . . shit? ai did. . . en ai hope me crime? yu can accept ai apology," terminei, olhando para o teto em confusão. "Não, espera, isso não tá certo," pensei comigo mesma. "Ai'm sorry gin. . . bit? Não. . . rit? Droga?"

"(S/N)?" Lexa me interrompeu. Por um momento eu quase me esqueci que ela estava alí, daí eu percebi que me atrapalhei toda. Olhei para Lexa só para ver ela com um pequeno sorriso em seu rosto e sua expressão cheia de divertimento. "O que você está tentando fazer?"

"Me desculpa, Lexa. Eu passei o dia todo tentando aprender uma frase em Tri- Trid- Trige- . . ." bati, fraco em minha cabeça com a mão, depois sorri largo e falei: "Trigedasleng! Então, é, eu passei o dia inteiro aprendendo e era pra eu supostamente dizer uma frase, só que eu não lembro dela por completo. . . Eu sinto muito."

Lexa assentiu olhando para o chão, com um sorriso adorável ainda em seus lábios.

Eu acabei sorrindo também, feliz por ela não mais estar brava comigo.

Pelo menos eu consegui fazer ela sorrir. Isso deve contar pra alguma coisa, né?

Lexa olhou para mim novamente e gesticulou para as roupas que estou usando.

"Você não precisava se vestir assim, mas aprecio o seu esforço."

Suspirei, passando amão no cabelo, apenas para lembrar que ele está trançado, o que fez meus dedos ficarem presos entre as tranças. Sem pensar muito no que estava por fazer, puxei a mão e com ela alguns fios de cabelo foram arrancados.

"Ai!" dei um gritinho, me encolhendo e esfregando com delicadeza o local que doía. "Caramba, isso doeu!"

Ouvi uma risada abafada vinda de Lexa e quando olhei para ela, ela estava usando uma das mãos para cobrir a boca.

É uma visão rara de se ver, a temida Comandante se divertindo com alguma coisa e é exatamente por isso que estou sorrindo feito uma idiota.

"Como eu estava dizendo," comecei, "ou tentando dizer, eu só quero mostrar pra você que eu sou uma grounder. Eu posso não agir como uma, mas eu posso ser, se você quiser que eu seja."

Seu sorriso foi aos poucos desaparecendo, mas o divertimento ainda está presente em seus olhos.

"Eu sei que você não é uma grounder, (S/N). E eu não quero que você seja uma."

Ergui uma de minhas sobrancelhas, surpresa com suas palavras.

"Sério?"

Lexa assentiu, sorrindo sutilmente e desta vez não tentando esconder o sorriso.

"Sim. Você é perf-, está bem como está."

Ouvindo ela falar assim, fez uma sensação de formigamento estranha se espalhar por todo meu corpo.

Não querendo que Lexa se sinta desconfortável com a minha repentina felicidade, apenas sorri e falei:

"Bem, graças a Zeus por isso. Já estava ficando desconfortável usar tudo isso aqui."

Quando mencionei a roupa, Lexa soltou uma risada melodiosa e eu mordi o lábio para tentar esconder o meu sorriso de felicidade.

A risada da Lexa é linda e eu, honestamente, nunca pensaria que ouviria ela rir, tipo nunca mesmo. Mas, agora que ouvi, parece ser a única coisa que eu quero ouvir para sempre.

"Vá e se troque, (S/N)," falou dando um gesto de comando.

Porém eu não me mexi.

"Só se você me prometer que vai jogar Ludo comigo de novo," pedi, secretamente esperando um sim.

Ela estreitou os olhos em minha direção e cruzou os braços no peito.

Eu só continuei a olhar para ela com um sorriso esperançoso. Eu só quero passar mais tempo com ela, mais do que eu já passo.

"Está bem," falou revirando os olhos de brincadeira.

"Eba!" comemorei. "Mas antes. . . Você pode desfazer essas tranças do meu cabelo?" pedi. "A Deka meio que fez alguma coisa que eu não sei. . ."

"Só, venha aqui," Lexa interrompeu o que possivelmente seria o começo de um discurso sem fim feito por mim. Eu ri, mas fiz o que ela pediu, me aproximando de onde ela havia sentado, ou seja no sofá. "Sente-se no chão," ordenou gentilmente.

Eu fiz exatamente isso, me sentei no chão entre sua pernas.

Senti seus longos dedos com calma desfazendo as inúmeras tranças que estão no meu cabelo.

Eu estaria mentindo se dissesse que não estou gostando da sensação dos dedos dela. Sempre gostei da sensação de ter alguém brincando com o meu cabelo, mas quando é a Lexa quem faz isso, essa sensação se intensifica. Com ela não dói do jeito que doeu com a Deka. Apesar de sua aparência, Lexa é delicada, gentil, cuidadosa.

"Por mais dolorido que você ache que isso é, essas tranças combinaram com você," falou com suavidade, quebrando o confortável silencio que havia se formado.

Sabendo que ela não poderia ver o meu rosto, sorri mordendo o lábio.

"Obrigada, Lexa. Eu fiz isso por você."

Lexa não respondeu e novamente o silencio se fez.

Eu só espero que ela esteja sorrindo do mesmo jeito que eu estou.

Eu me peguei entregue a sensação de seus dedos acariciando o meu cabelo. Ocasionalmente sinto arrepios descendo por minha coluna quando por acidente ela toca o meu pescoço ou ombros.

"Sente-se no sofá que eu vou limpar a tinta do seu rosto," Lexa falou, o que quer dizer que finalmente acabou com o meu cabelo.

Eu assenti e levantei, passando a mão no meu cabelo que agora está livre, leve e solto.

Lexa se levantou também, eu sorri para ela em gratidão, e andou para longe.

Me sentei no sofá e vi Lexa pegar uma pequena bacia e voltar até mim. A pequena bacia contêm água em seu interior, vi isso quando ela se sentou ao meu lado e eu virei de frente para ela, e eu presumo que Lexa irá usar essa água para se livrar da tinta que está ao redor dos meus olhos.

"Feche os olhos, por favor," me instruiu em um tom baixo e suave de voz.

Seus intoxicantes olhos verdes esmeralda me encaram com intensidade, mas por mais que eu tente não consigo lê-los.

Assenti, para a sua instrução, já fechando os olhos. Segundos depois senti seu polegar, acho, umedecido gentilmente deslizando ao redor dos meus olhos, possivelmente tirando a tinta preta dali. Essa ação foi repetida algumas vezes mais.

O único som que ouço, é o da respiração tranquila da Lexa. A respiração que sai dela faz cócegas no meu rosto e isso me faz perceber o quão perto Lexa está de mim.

"Pronto. Tudo limpo," anunciou.

Eu lentamente abri os olhos, piscando eles para que se ajustem a luz novamente.

"Obrigada," falei sorrindo. "Eu agradeço por ter feito isso."

Lexa está me olhando atentamente com um olhar indecifrável. Porém quando percebeu que eu havia falado, me deu um curto aceno de cabeça, se levantando e levando a pequena bacia, que agora tem água na cor escura em seu interior, de volta ao seu lugar.

Olhei para Lexa com curiosidade, notando seus passos rápidos, mas seus movimentos são sutis o suficiente para não assustar ninguém. Lexa é leve sobre seus pés e como eu testemunhei em primeira mão, isso ajuda ela na luta tanto quanto seus hábeis e rápidos movimentos.

É difícil de acreditar que a garota que parece ser tão jovem e inocente, é a Comandante de 12 clãs e que já esteve em mais guerras e batalhas nos últimos 5 anos do que eu jamais ouvi falar em toda a minha vida.

Eu ainda não consigo acreditar.

"Você deveria ir e se trocar," a voz de Lexa me tirou de meus pensamentos.

Eu me levantei quando vi ela esperando perto da porta.

Caminhei até ela, assentindo.

"Tá bom, mas não se esqueça de ir no meu quarto," sorri provocando ela. "Você prometeu que jogaria Ludo comigo, Lex."

Seus lábios formaram o menor dos sorrisos e ela assentiu.

"Estarei lá o mais cedo que eu puder."

E Lexa cumpriu a promessa.

Logo que terminei de me livrar da desconfortável roupa dos grounders e me trocar colocando o meu pijama, pegando o tabuleiro do jogo, ouvi alguém entrar no meu quarto e quando me virei em direção da porta, vi Lexa.

"Hei," sorri ao cumprimentá-la e continuei arrumando o tabuleiro desta vez no chão.

Nós sempre jogamos sentadas no sofá, mas é mais legal quando se está sentado no chão. Também, desse jeito, me faz lembrar de quando meus pais e eu jogávamos juntos com todos nós sentados no chão.

Quando estava tudo pronto, Lexa e eu nos envolvemos com o jogo e está tudo ocorrendo anormalmente bem.

Não há muita conversa entre nós, mas não é preciso pois o silencio é um silencio confortável.

Eu gosto da presença dela, porque é reconfortante.

"Então, como a coisa de ser Comandante está indo?" decidi perguntar.

Percebi que Lexa tem estado meio distante ultimamente e bem ocupada também, tipo o tempo todo.

Eu ficaria surpresa em saber que ela ainda tem tempo pra comer ou dormir.

Lexa me olhou, dando um sorriso cansado.

"Tá tudo indo bem, só um pouco cansativo, mas já estou acostumada com isso."

Assenti, pegando o dado do tabuleiro e o jogando.

"Por que você tem estado repentinamente ocupada? Tem alguma coisa acontecendo? Porque seja lá o que for, parece que está deixando você exausta e isso não é nada saudável."

Lexa franziu a testa.

"Aconteceu alguma coisa? O que falaram pra você?" sua voz não é mais suave, mas sim dura e séria.

Neguei balançando a cabeça de um lado para o outro, me perguntando qual foi a causa da súbita mudança de humor.

"Não, Lexa, ninguém me disse nada. Eu só reparei, só isso. Desde aquele dia na sala do trono, você tem estado tensa. Eu só queria ter certeza de que você está bem."

Lexa endireitou sua postura, porque ela estava meio curvada sobre o tabuleiro, e olhou para baixo, para as mãos.

"Está tudo bem," falou baixo, mas mesmo assim seu tom de voz carrega autoridade. "Não há nada com o que deva se preocupar."

Eu sei que ela está mentindo. Não é preciso ser um gênio para ver isso.

"E quanto a você?" perguntei sabendo onde estou me enfiando, mas com minha preocupação levando a melhor. "Você está bem?"

Lexa respirou fundo, seus olhos ainda focados em suas mãos.

Um curto assentir de cabeça veio dela.

"Eu estou bem também."

Eu não gosto de ver ela tão estressada e cansada desse jeito, não ajuda em nada ela esconder seja lá o que a está deixando assim.

Eu só quero ajudar e espero que ela vejo isso.

"Acho melhor eu ir," falou de repente, olhando para mim com seus olhos verdes melancólicos.

Quando Lexa se levantou, me levantei também.

"Lexa, me desculpa por ter perguntado. Prometo que vou parar. Só, por favor, não vai."

Quando seus olhos encontraram os meus, assentiu lentamente e seus ombros que estavam tensos, relaxaram visivelmente.

Soltei o ar que eu estava segurando, agora sabendo que não devo pressioná-la ou eu acabarei afastando Lexa e eu não quero isso.

Eu só preciso ser paciente e esperar que ela, eventualmente, me fale o que está acontecendo. 

"Que tal se a gente fazer outra coisa?" sugeri com nervosismo. "Tipo. . ." olhei ao meu redor e vi o celular em cima da cama, "eu te mostrar algumas músicas, como eu disse que faria?" eu não dei muita chance para ela responder, porque eu já tido ido até a cama, pegado e ligado o celular e aberto o aplicativo de música. "Vem," falei agora sentada na cama. Olhei para Lexa e ela parece estar em algum tipo de conflito interno. Bati no espaço vazio ao meu lado, lhe dando um sorriso desesperado. "Por favorzinho."

Lexa passou a língua sobre os lábios e assentiu.

Ela se aproximou e sentou ao meu lado e esperou pelo que quero mostrar.

Tentei não surtar com a nossa proximidade e, para me distrair desse pequeno fato, vasculhei a minha biblioteca de música, tentando achar aquelas que eu poderia lhe mostrar.

"Ooh, tá bom. Então, essa música se chama Dance, Dance do Fall Out Boy," cliquei na música.

"Alguém colocou o nome do filho de Fall Out Boy?" Lexa perguntou com incredulidade, me fazendo sorrir de seu jeito adorável.

"Não,"neguei, ainda sorrindo. "Esse é o nome de uma banda. Eles eram bem populares antes de eu nascer."

Lexa assentiu em compreensão.

Nós duas ficamos em silencio quando a música começou a tocar.

O primeiro verso da música foi cantado e eu sorri.

Essa música me traz várias memórias.

"As pessoas realmente escutavam isso?" Lexa perguntou, franzindo os lábios. "É bem. . . composta."

Eu ri e pausei a música.

"Acho que é sim. Hmm, me deixe ver do que mais você pode gostar."

Ao olhar o resto das músicas me deparei com Catch Me da Demi Lovato, outra música que era da época dos meus pais, mas que continua sendo perfeita.

Cliquei na música e esperei.

A música não é muito instrumental, o que é bom porque não faz a voz da cantora sumir, então presumo que Lexa tenha gostado.

"Melhor?" perguntei baixo, notando o quão focada estava ao ouvir a música.

Lexa está mordiscando o lábio inferior, suas sobrancelhas estão franzidas, com uma expressão de concentração.

Eu achei isso completamente fofo e eu não consegui não sorrir, com suavidade, para a cena que estou vendo.

"Bem melhor," admitiu.

Seus olhos encontraram os meus e agora que estamos tão perto uma da outra, percebo o quão lindos seus olhos são, mesmo com a pouca iluminação do quarto.

Os olhos de Lexa não são apenas verdes, eles são uma miscelânia de cores, todas se fundindo para criar a perfeição que são os olhos dela.

O resto da noite foi passado comigo mostrando à Lexa as outras músicas que estão no meu celular.

Nós chegamos na metade das músicas quando entreguei o celular para Lexa e deitei a cabeça no travesseiro. Fiquei olhando para o teto, enquanto ela explorava as músicas.

Mesmo que Lexa não expresse como está se sentindo, de um jeito que seja claro, eu posso dizer que ela está intrigada com os tipos diferentes de música que um dia já existiu ㅡ eles não tem muitas opções hoje em dia.

Eventualmente meus olhos foram pesando e se fechando. Agora estou entre estar meio acordada e estar meio dormindo. Bem, parte de mim está ciente das coisas acontecendo ao meu redor, mais ou menos na verdade, porém a maior parte do meu ser está entrando no mundo da inconsciência.

Não foi a minha intenção ser tão rude e dormir enquanto Lexa ainda estava comigo, só aconteceu.

Algum, não muito, tempo depois senti alguém me cobrir, colocando as cobertas quentinhas por cima da minha pele arrepiada. Também senti uma suave, mas hesitante, pressão ser aplicada na minha testa, algo como a sensação de lábios.

Houve também o som baixo de uma respiração ser tomada, depois  o som de uma voz sussurrando um:

"Boa noite, (S/N)."

O meu lado, que ainda está meio, acordado reconheceu a voz como sendo a de Lexa. Eu presumo que foi ela que beijou a minha testa e que me cobriu.

Eu me forcei a abrir os olhos, apenas para ver a silhueta de Lexa se afastando no meu agora parcialmente quarto escuro.

"Lexa?" murmurei, com a voz arrastada pelo cansaço, fazendo ela parar, se virar e me olhar com os olhos arregalados.

"Uh," limpou a garganta, "pois não?"

Meus olhos se fecharam novamente, e me aconcheguei mais à cama, e peguei toda a energia que ainda me restava para murmurar mais uma vez.

"Boa noite," depois disso apaguei, sem condições de ver ou ouvir qual foi a resposta de Lexa.

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