Até Onde o Amor nos Levar | A...

By Tayh_Souza

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E se você se apaixonasse pelo seu melhor amigo? Durante quase toda a vida de Cristine, Arthur estava presente... More

Sinopse e Nota
Capítulo 01 - Por água abaixo
Capítulo 02 - Pizza de abacaxi
Capítulo 04 - O que você pretende com isso?
Capítulo 05 - Morrendo de felicidade
Capítulo 06 - Contato não premeditado
Capítulo 07 - Nosso primeiro beijo
Capítulo 08 - Sequência de acontecimentos desastrosos
Capítulo 09 - Somos apenas amigos
Capítulo 10 - O que custava sonhar?
Capítulo 11 - Canta comigo?
Capítulo 12 - Amor Platônico
Capítulo 13 - Ele nem é tão atraente assim
Capítulo 14 - Eu também amo você
Capítulo 15 - Você não entende!
Capítulo 16 - Era isso que os amigos deveriam fazer
Capítulo 17 - Eu não sou a única
Capítulo 18 - E se fosse verdade?
Capítulo 19 - Ridícula e inesperada esperança
Capítulo 20 - O que ele diria?
Capítulo 21 - É simples assim
Capítulo 22 - Nem em um milhão de anos!
Capítulo 23 - É agora ou nunca
Capítulo 24 - Ele vai embora
Capítulo 25 - Tudo voltou ao normal
Capítulo 26 - Como nos velhos tempos
Capítulo 27 - Eu te amo
Capítulo 28 - O tempo cura tudo
Capítulo 29 - A coisa ruim sobre sonhar
Capítulo 30 - O que quer que signifique
Capítulo Final
Capitulo Extra
Agradecimentos
Playlist

Capítulo 03 - Perdida em lembranças

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By Tayh_Souza

E sei que quando eu precisar
Posso contar com você como quatro, três, dois
E você estará lá
Porque é isso que os amigos devem fazer

Count On Me - Bruno Mars

Entro no quarto de costura da minha mãe e olho ao redor, procurando pela blusa que ela ajustou para mim ontem a noite. 

Tenho exatamente uma hora e vinte minutos para me arrumar para o encontro que marquei com as minhas amigas no shopping. Meu objetivo é comprar as roupas para a festa que a escola dará em comemoração ao recesso de julho. As meninas não estão tão animadas com essa compra, e obviamente a ideia foi toda minha, mas eu vou adorar ter todo o trabalho de procurar por peças legais para a gente. Amo comprar roupas.

Como minha mãe é costureira, eu sempre ando por dentro das tendências, e até consigo customizar algumas peças e acessórios para deixar com a minha cara. Não sou nenhuma profissional (apesar de querer muito isso um dia), mas consigo me virar muito bem com agulha e linha.

Olha ao redor do lugar, procurando pela bendita blusa. É um quartinho pequeno, com apenas dois armários para guardar tecidos e outros materiais que minha mãe precisa para costurar, uma máquina de costura e uma mesa para cortar os tecidos mais ao canto. Minha parte favorita são as paredes forradas de croquis. Eu amava passar meu tempo aqui quando era criança.

Sempre sonhei em ser estilista, desde pequenininha. Tanto que a galeria do meu celular é lotada de fotos de modelos de roupas incríveis e vídeos de desfiles de moda.

Abro um dos armários e finalmente encontro a peça rosa que estou procurando. Jogo ela em cima do ombro, fecho a porta do armário e saio do quarto com passos apressados. 

Sei que tenho mais de uma hora para me arrumar e pegar o ônibus até o shopping, mas isso não é quase nada de tempo para quem ainda tem que lavar e secar o cabelo. 

Passo pela cozinha e decido pegar mais do suco de laranja que tomei no almoço de hoje. 

Estou enchendo um copo quando minha mãe entra na cozinha com um embrulho na mão. 

— Ah! Aí está você – ela diz e coloca o saco de papel pardo em cima da bancada.

— Estava me procurando? – pergunto enquanto guardo a jarra de volta na geladeira. 

— Passei na loja de tecidos no caminho para cá e encontrei uma coisa que você vai amar. 

Me aproximo da bancada para olhar o tal tecido. Quando vejo a cor rosa bebê se sobressair no meio das outras cores dentro do embrulho, pego ele na mão para ver melhor.

— Que. Coisa. Mais. Linda – falo pausadamente, admirando o tecido na minha mão ao mesmo tempo que sinto a textura. É macio e delicado, e começo a imaginar vários modelos de vestidos que ficariam perfeitos com ele.

— Sabia que ia gostar. – Ela sorri. — Vou fazer uma roupa para você com ele. Você escolhe o modelo.

— Sério? – Abraço o pano contra o peito. — Obrigada, mãe! Já sei qual vou escolher – digo, já pensando num vestido que salvei ontem no celular.

— Quando a gente for tirar suas medidas você me mostra.

— Tirar minhas medidas? – pergunto, sem entender. — Por quê? A gente fez isso uns dois meses atrás.

— Esqueceu que eu tive que folgar duas blusas suas essa semana? – Ela fala distraidamente, enquanto tira vários materias de costura de dentro do saco, os empilhando na bancada. — Vou tirar suas medidas de novo, para não correr o risco de ficar apertado. 

— Acha que eu engordei tanto assim? – levo a mão à barriga automaticamente. Eu tive que me desfazer de algumas peças nos últimos dois meses, mas tenho que confessar que nem tinha me atentado muito para esse fato. Estava mais preocupada com o show do James Prince do que com o tamanho do meu manequim, para ser sincera. 

Minha mãe me olha.

— Você está crescendo, querida. É normal. – Ela sorri. 

— É. – Dou de ombros e devolvo o tecido para ela. — Quer tirar as medidas agora?

— Mas... você não ia sair hoje?

— Nossa! Eu tinha total esquecido disso! – Pego meu copo cheio da bancada, bebo todo o suco de uma vez e deixo o copo vazio na pia. — Mais tarde a gente tira as medidas, tá? – eu digo já na porta da cozinha, correndo em direção ao meu quarto.

— Tá bem – ouço minha mãe responder com um tom de riso.

•••

Tento fazer a mão parar de tremer enquanto faço o contorno nos olhos com um lápis cor-de-rosa, fazendo de tudo para não borrar e ter que começar tudo de novo.

Mas toda a minha concentração vai pelos ares quando algo bate na minha janela, fazendo eu errar a mão e borrar o traço do olho esquerdo. 

Bufo de frustração, jogando o lápis na mesa de maquiagem e caminhando até a janela, sabendo exatamente o quê – ou quem – eu encontrarei do outro lado.

— O que você quer, Arthur? – questiono assim que destranco e levanto o vidro da janela que nos separa.

É a primeira vez que vejo ele hoje, já que quando meu despertador me acordou de manhã ele nem estava mais no quarto. Mas tenho 15 minutos para terminar minha maquiagem e ele acabou de me atrasar ainda mais, já que vou ter que começar o contorno do olho de novo. Péssima hora para ele decidir invadir meu quarto do nada.

— Eu vim saber como você está e é assim que me recebe? Você já foi mais agradecida – ele diz, sendo completamente dramático. 

Me afasto da janela e ele não demora a saltar por ela.

— A porta já foi inventada, sabia disso? 

— Portas não são nada divertidas. – Ele sorri, mas logo para e encara meu rosto de um jeito estranho. — O que aconteceu com seu olho? 

— Você e sua mania de aparecer do nada e me assustar, foi isso que aconteceu, Arthur – murmuro, caminhando até a penteadeira para tentar consertar o estrago.

O Arthur tem esse péssimo vício de pular a minha janela desde que somos crianças, e sempre faz isso nos momentos mais inoportunos. Ele morar na casa ao lado e sua janela se situar bem em frente a minha também não ajuda em nada.

— Olha o que eu trouxe para você. – Me viro e o encontro sentado na beira da minha cama, com um tablete de chocolate meio amargo na mão, o doce que ele sabe que eu amo de paixão e que considero a melhor invenção da humanidade.

— Ah… obrigada – murmuro, me virando de volta para o espelho.

Tenho 14 minutos agora.

— Você não parece muito animada – ele comenta, percebendo meu descaso nada normal com o chocolate. — Ainda tá bolada por causa do sorteio?

Já faz quase um dia inteiro que eu descobri que não iria ao show do James, e eu já estou quase conformada com isso. Quase.

Termino de fazer o contorno dos olhos e caminho até ele, me sentando ao seu lado na cama.

— Um pouco – confesso.

— Eu sinto muito, Cris. – Ele abraça meus ombros, me puxando para mais perto dele. Eu deito a cabeça em seu ombro, recebendo o consolo de bom grado. — Sei o quanto você queria ir nesse show. Eu faria qualquer coisa para te levar, se pudesse – Não contenho o sorriso.

O Arthur é assim, brincalhão, debochado e provocativo por fora, mas por dentro é atencioso, meigo e amável. O melhor amigo que qualquer pessoa gostaria de ter.

— Eu vou superar. Além disso, sei que vou ter outras oportunidades de ir em um show dele no futuro – digo, tentando me auto convencer.

Sim, poderia demorar, mas o James Prince com certeza faria outro show no Brasil, e dessa vez eu não voltaria a perder a oportunidade.

 — O show não vai estar disponível ao vivo online também? – ele questiona, e eu me afasto do seu abraço para responder.

— Vai ter um live no Instagram. Não é a mesma coisa, mas é melhor que nada. – Abro um meio sorriso.

— Eu assisto com você. – Não posso evitar a expressão de surpresa que toma conta do meu rosto. — Só por meia hora, claro. Será um sacrifício enorme, mas eu faço – completa, e eu não controlo o riso.

— Você é um palhaço, sabe disso, não é? – zombo. Me levanto e caminho até a penteadeira, conferindo pelo espelho se está tudo ok com meu visual. 

— Onde você vai tão arrumada assim? – pergunta, e quando me viro o encontro me olhando de cima a baixo.

— Eu sempre estou arrumada – rebato, e ele me lança um olhar debochado.

— Engraçadinha – resmunga.

— Só estou sendo sincera. Mas, respondendo sua pergunta, vou ao shopping.

Arthur sorri de um jeito estranho.

— O que foi?

— Já desistiu da promessa? 

Franzo a testa.

— Do que você tá falando?

—  Vai ter um encontro com alguém? – Uma das suas sobrancelhas se ergue.

Reviro os olhos, finalmente me dando conta do tópico da sua provocação. 

Maldita hora em que fui fazer aquele comentário sobre não me apaixonar! 

A questão é que sou uma pessoa profundamente emocionada quanto ao assunto e paixão. Para resumir, tenho um crush a cada esquina. Desde o começo da adolescência, é só ver um rostinho bonito para que eu caio de amores. O problema (ou a solução, dependendo do ponto de vista) é que essas paixonites agudas não costumam durar mais que uma semana, e nunca dá em um relacionamento. Posso contar nos dedos das mãos a quantidade de dates que tive na vida, e nenhum deles deu em nada além de um beijo ou dois. 

Isso sempre foi um estorvo para mim. Sempre quis me apaixonar de verdade e namorar um cara legal, mas meu coração parece ter uma ideia diferente. 

Por isso que, durante uma noite das garotas que tive com a Helô e a Alice há algumas semanas, fiz o comentário que não me apaixonaria por mais ninguém até que fosse amor pra valer. Era só uma brincadeira (apesar de que desde então eu realmente tenho evitado minhas paixonites platônicas), mas, para minha infelicidade, o assunto chegou aos ouvidos do Arthur e agora ele vai me perturbar com isso para todo sempre. Odiei.

— Cala boca, Arthur. – Ele ri. — Vou sair com a Helô e a Alice. Não que seja da sua conta, claro.

— Grossa – ele resmunga, como se fosse o inocente da história. Acho que já ficou claro que Arthur ama me provocar. — Você não deveria ir trabalhar, não?

— O papai me deu a tarde de folga por conta da decepção de ontem, então vou aproveitar a oportunidade para comprar um vestido novo para a festa do colégio – explico. 

Arthur apenas confirma com a cabeça, já distraído com o próprio celular. 

Reviro os olhos. Ele nunca me dá atenção quando estou falando sobre compras, moda ou famosos. 

— Pode me dar uma carona até lá? – peço.

— Aham… – responde, distraído, mas logo para de encarar o celular e me fita com os olhos arregalados. —, o quê? Enlouqueceu, Cristine? O shopping fica totalmente fora do caminho para o mercado.

— Ah, por favor, Thur – imploro, fazendo uma cara de coitadinha e usando seu apelido, tudo isso só para convencê-lo. — Não quero ter que pegar dois ônibus para chegar lá. E sabe como é perigoso andar sozinha num transporte público e...

— Tá bom. Eu te levo, sua manipuladora – interrompe meu drama.

Sorrio, vou até a cama e me jogo nele, o abraçando. 

— Você é o melhor amigo do mundo – gracejo, beijando sua bochecha e me afastando dele logo depois, voltando para perto da cômoda para pegar minha bolsa. Arthur apenas ri.

— O que você não pede chorando que eu não faço sorrindo, não é? – brinca, mas seu celular vibra e ele volta a sua atenção para a tela, franzindo a testa ao ler o identificador de chamadas. — É o Afonso, ele está tentando falar comigo desde cedo. 

Afonso é um primo de Arthur, que mora em Portugal há mais de cinco anos, mas que sempre mantém contato com a família aqui do Brasil. 

— Vou atender lá em casa. Passo aqui daqui a pouco para te pegar, beleza?

— Tá bom, chofer particular – o provoco.

— Vai sonhando. – Ele passa por mim e bagunça o meu cabelo, se apressando em pular a janela antes que eu possa o acertar com um tapa.

Suspiro e volto a tarefa de escolher uma bolsa, sem conseguir desmanchar o sorriso no meu rosto.

Foi só ter 2 minutos de conversa com o Arthur para que eu até me esquecesse que estou quase atrasada. É incrível como ele consegue transformar um ambiente pesado em um leve em tão pouco tempo.

Tenho duas outras melhores amigas: Heloísa – que conheço há mais de três anos – e Alice – com quem fiz amizade há uns 4 meses. Amo muito as duas, mas nada se compara a minha amizade com Arthur.

Eu costumo pensar que o destino quis que nossos caminhos se entrelaçassem. É um pensamento bem piegas (eu sei) mas são tantas coincidências que chega a ser impressionante. 

Nosso laço é tão forte que nem consigo imaginar minha vida sem ele, tanto que até já fizemos planos de comprar nossas casas na mesma rua no futuro.

E eu sinto meu coração doer só de pensar que eu quase estraguei isso anos atrás...

•••

Você nunca beijou ninguém? – Carmen me encarou, fazendo uma expressão de choque extremamente falsa.

Eu já deveria saber que aquela história de jogar verdade ou desafio não daria certo. Ainda mais sendo na casa da Carmen, a garota que costumava ser uma das minhas melhores amigas da escola, mas que, naqueles últimos meses, tinha começado a me tratar com desprezo e desdém. 

No fundo, eu não estava muito surpresa com aquele seu novo jeito dela me tratar. A Carmen sempre tinha sido meio maldosa, mas já estava começando a extrapolar o limite do aceitável. 

Nem sabia o porquê que eu continuava andando com ela.

— Não – respondi, sem exitar. Não tinha motivos para mentir. E não era como se a maioria das meninas ali presentes já não soubessem daquele fato. Inclusive a própria Carmen.

Tinha certeza que ela só havia feito aquela pergunta como mais um pretexto para tentar me deixar constrangida. Mas eu tinha certeza que ela, definitivamente, não iria obter sucesso nisso.

Não ligava para beijos, muito menos para meninos… quer dizer, eu "costumava" não ligar para esse último. Pouco tempo antes, eu tinha passado a sentir meu coração palpitar sempre que o Arthur estava por perto, e me perguntava se isso significava que eu, talvez, gostasse dele de um jeito romântico e não só como amigo.

Mas aquilo não tinha o menor cabimento. O Arthur era meu amigo. Meu melhor amigo! E a gente cresceu praticamente junto. Seria, no mínimo, estranho ficar com ele.

Além disso, eu sabia com certeza de que ele não me via como nada além do que a amiga que sempre estave ao seu lado. 

— Isso é ridículo! – Carmen soltou uma risadinha nasalada e irritante.

Ela jogou seu longo cabelo escuro e liso para trás das costas, e me encarou com as sobrancelhas levantadas, como se me desafiasse a contradizê-la.

— Ah, fala sério! Não é como se eu fosse a única que nun...

— Na verdade, acho que é sim – me interrompeu. — Quem aqui ainda não beijou ninguém? – ela perguntou, encarando as outras cinco meninas que estavam sentadas em círculo no tapete felpudo e branco do quarto dela. 

Ninguém se manifestou.

— Tá vendo? Você é a única. – Ela deu risada e as garotas a acompanharam. 

E eu fiquei me sentindo como uma carta de baralho no meio de um jogo de Uno, totalmente deslocada e fora do meu habitat.

O que era completamente tosco. Qual era o problema de nunca ter beijado ninguém? Eu mal tinha completado 13 anos de idade! 

— Eu não ligo para isso — declarei, na mais pura sinceridade, encolhendo os ombros.

— Só diz isso porque sabe que nenhum garoto nunca gostou de você. Agora gira a garrafa. É sua vez – Carmen disse, e eu apenas fiz o que pediu, sem querer prolongar o assunto bobo. 

A brincadeira continuou, e eu agradeci internamente pela maldita garrafa não ter parado em mim de novo. Porém, mesmo tentando impedir, as palavras de Carmen ficaram repassando na minha cabeça em um looping infinito.

Em uma coisa a Carmen tinha razão, nenhum garoto tinha sequer tentado flertar comigo até aquele momento.

Será que havia algo de errado comigo?, eu ponderei em pensamentos.

Mas eu não era feia, e tinha noção suficiente para saber disso. Meu cabelo era loiro e levemente ondulado e eu o mantinha num cumprimento até o meio das costas, eu sempre gostei de moda e sabia me vestir bem e, apesar de não ser tão magra, tinha peso e estatura adequado e saudável para alguém da minha idade. 

Eu era só uma garota normal.

Sem que eu pudesse evitar, comecei a analisar a Carmen. Traços perfeitos, dentes certinhos, lábios cor-de-rosa-pálido, pele clara e sem nenhuma marca de espinhas ou sardas, cabelo sedoso e brilhante. 

Carmen era a garota mais linda do colégio, e isso não era segredo para ninguém. Perto dela eu e qualquer uma das outras garotas naquele quarto ficava parecendo o próprio Patinho Feio.

De repente, comecei a me sentir um trapo sujo.

Por isso quase suspirei de contentamento quando a mãe da Carmen interrompeu o jogo ao abrir a porta do quarto.

— Desculpa por atrapalhar, meninas. Mas seu amigo está esperando você lá na sala, Cristine.

O alívio que eu senti era tão grande que nem tentei disfarçar meu sorriso de felicidade. Fiquei grata por ter pedido que Arthur passasse na Carmen depois do jogo de futebol que ele estava participando naquele dia, para que fossemos juntos para casa.

Me levantei e comecei a caminhar para fora do quarto, sem nem me despedir.

— Espera aí, Cris – Carmen falou e começou a caminhar ao meu lado. — Eu te acompanho até a porta. – Ela sorriu, e eu franzi a testa, sem entender toda aquela gentileza que ela nunca tinha demonstrado antes comigo.

Mas não falei nada e continuei andando, sem me importar com sua súbita mudança de tratamento.

Assim que cheguei na sala da casa, vi Arthur sentado no sofá de dois lugares, com a atenção fixada no celular.

Meu coração acelerou, como tinha começado a acontecer com frequência todas as vezes que ele estava por perto. 

A cada dia ele parecia se tornar mais bonito, e mesmo naquele instante, com o semblante cansado e com o cabelo cacheado ainda molhado do banho pós jogo, ele era o garoto mais lindo que os meus olhos já tinham visto. 

Eu sabia que tinha que parar com aquilo urgentemente. Arthur era meu amigo e nós dois tínhamos crescido juntos, não era certo ficar pensando nele daquele jeito.

— Oi, Arthur – Carmen o cumprimentou, e só então me lembrei que ela estava ao meu lado.

Arthur pareceu levar um choque ao ouvir a voz dela. Ele levantou a cabeça lentamente, e eu não deixei de reparar em seus olhos castanhos escuros levemente arregalados.

— Oi, Carmen – ele respondeu, com a voz quase inaudível. 

Olhei para o lado e encontrei a Carmen com um sorrisinho no canto da boca enquanto enrolava uma mecha do cabelo escuro no dedo indicador.

— Vamos Arthur? Já está quase anoitecendo e os nossos pais podem ficar preocupados – falei, o apressando, já que ele parecia estar colado no sofá.

— Ah, sim, vamos.

Nós dois seguimos em direção a porta, eu caminhando à sua frente, louca para ficar longe da casa da Carmen e da própria Carmen também.

Pena que, naquele dia, eu não tinha noção de que não ficaria livre dela tão cedo…

•••

— Filha? – a voz da minha mãe, que acabou de passar pela porta, me tira das lembranças do passado. — O Arthur está te esperando lá na sala.

Olho a hora no relógio digital da minha penteadeira e noto que já se passaram mais de dez minutos desde que o Arthur saiu do meu quarto. Eu tinha ficado tão perdida em lembranças de tantos anos atrás, que nem percebi o tempo passar.

— Já estou indo. – Pego uma bolsa qualquer do guarda-roupa, já que eu fiquei tão afundada nas memórias que até disso me esqueci, e me apresso em direção a porta.

Ainda estou meio chocada com o rumo que meus pensamentos tomaram. Já fazia um bom tempo que não pensava nesses acontecimentos, e não deixo de me perguntar a razão para essas lembranças virem me assombrar depois de tanto tempo.

Sim, eu já tinha gostado do Arthur e sim, aquilo foi um grande equívoco e quase se transformou em um completo desastre. Mas passou, e isso foi a melhor coisa que aconteceu com aqueles sentimentos duvidosos.

De qualquer forma, meu plano é deixar essas lembranças onde nunca deveriam ter saído: no passado.

Sei que ainda está no comecinho, mas o que vocês estão achando do livro?

E esse flashback, hein? Vão ter mais deles no futuro...

Não esqueça de deixar seu voto!

Beijinhos e até o próximo sábado ♡

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