Era uma vez, Ali

By websmary_

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autora: juwebs_ Quando Tina, a filha mais velha de um casal, completa 10 anos de idade, seu pai conta a histó... More

Notas
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último capítulo
agradecimentos

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By websmary_

PATRICK

Fui cedo trabalhar feliz da vida, tudo pra evitar o Daniel. Fiquei gastando a onda com os moleques na academia de manhã cedo quando não tinha ninguém, ficamos treinando e rachando o bico.

José até hoje estava se remoendo pela Duda, até eu pensei que ela falaria algo com ele, mas ela simplesmente cagou, azar o dele de ter se envolvido e eu ria pra caralho com Luís.

Luís por sua vez tava voltando com a ex dele graças ao dia do bm que foi um divisor de águas pra muitos. O moleque tava feliz da vida e eu e ele quase que marcando encontro de casal, vê se pode? Nunca me imaginaria assim.

A verdade que eu tava caidinho pela Alicia mesmo e não podia negar. Nunca acreditei que opostos se atraem e ainda não acho que isso seja universal, mas se encaixou direitinho na minha vida. Ela me completou de alguma forma.

Almocei pela academia mesmo de quentinha com eles e depois aos trabalhos. De manhã cedo eu dava aula de muay thai, depois a tarde era José e a noite as vezes eu pegava também.

— Alguém aí com saudade? — Alicia bateu na porta do escritório e logo em seguida entrou.

— Foi um dia longo sem você. — falei e ela sentou no meu colo abraçando meu pescoço e selando meus lábios.

— Agora é sério, como foi ontem? — ela perguntou curiosa.

— Tranquilo, eu passei na academia primeiro pra pagar as moças que iam limpar a zona de sábado e também fiz umas ligações de trabalho, depois fui pra casa, ignorei o Daniel a tarde toda e a noite ele saiu. — expliquei. — Agora a novidade é, eu bem fofoqueiro que sou vi ele chegando de carro com alguém e não era o Vinicius, chegou bêbado até e depois eu escutei ele falando no telefone o nome "Laura", será que eles se pegaram?

— Sério!? — ela arregalou os olhos e fez uma cara de decepcionada.

— Que foi? Rolou ciúme? — fiz o ciumento.

— Não, seu idiota. — ela levantou do meu colo e ajeitou a bolsa. — Só fiquei surpresa, só isso.

— Ram. — grunhi. — Sabe que que eu acho? Que a gente tem que parar de falar de Daniel e beijar mais? — puxei ela pelo braço fazendo ela voltar a se sentar no meu colo.

Ela sorriu pra mim e encostou nossos lábios lentamente, nossas línguas se cruzaram e os dentes sorriram entre o beijo. Senti meu coração acelerar mais forte, eu já estava acostumado a beija-la, mas eu sentia cada vez mais o gostar.

Levei minha mão até a nuca dela entrelaçando meus dedos entre seu cabelo e senti os dedos dela apertando o meio das minhas costas. A maciez e a boca carnuda dela deixava o beijo mais excitante ainda, a cada cinco segundos de beijo era inevitável não mordiscar o lábio inferior dela.

Terminamos o beijo com selinhos suaves, ela levou a mão até minha nuca acarinhando e olhou nos meus olhos.

— Poderia ficar o dia todo te beijando aqui, mas não sou mais adolescente e tenho que trabalhar. — ela se levantou.

— Depois dessa encarada pensei que vinha uma declaração. Putz, que quebra de expectativa! — ri frustrado.

— Deixa isso pra outro dia. — ela piscou pra mim indo em direção da porta.

— Se Alana já estiver aí desce com ela pra gente falar sobre o tal espetáculo. — disse pra ela que abriu um sorrisão e balançou a cabeça positivamente ansiosa.

Fiquei rindo sozinho depois que ela saiu da animação da garota, eu nem sabia o que era ficar assim. Eu estava começando a ter noção com essa vontade louca de estar perto dela, mas não era assim.

Voltei a mexer na papelada que eu estava antes e era só estresse. Equipamentos pra comprar, outros pra consertar, problemas com alunos que Maria me encaminhava, aula pra preparar, o financeiro pra organizar, uma doideira só e eu dava conta, mas não podia negar que o estresse acompanhava.

Não deu nem dez minutos e as meninas bateram na porta, mandei entrar, as duas com o peito cheio de ar pra falar sentaram nas cadeiras da minha mesa e me olharam. Eu quis rir com aquela formalidade toda, até Alana sabia que eu ficava com Alicia.

— Que isso gente, podem respirar! — eu mandei caindo na gargalhada.

— Aí Patrick, não faz isso, eu super me preparando pra falar com você. — Alana falou suspirando com a mão no peito.

— Ele era mais brabo antes de estar comigo, né? Nós ficávamos todas acanhadas. — Alicia disse pra ela que assentiu.

— Para de caô que você tava toda nervosa aí também. — balancei a cabeça negativamente.

— De ansiedade, não de você. — ela mandou língua e eu mandei beijo.

— Beleza, agora vou ter que ficar com inveja desse casal também, que trabalho complicado. — Alana disse desviando o olhar.

— Chega de graça! — falei. — Digam como vocês pretendem fazer isso.

— Normalmente a escola de dança aluga um teatro, um espaço com palco e plateia, seja lá o que for, planeja coreografias com temas, músicas, nos diversos tipos de dança, daí a família do aluno escolhe se quer participar ou não, obviamente vai ter um preço, pra ajudar você com o lugar, figurino, essas coisas, enfim... são coisinhas do tipo. — Alicia explicou.

— Tá, mas aqui só temos ballet, jazz e street, e ainda sim só uma turma de street. — falei.

— Não tem problema, até porque ballet e jazz temos muitas turmas e isso é bom, mas mesmo assim podemos nos juntar com outra academia de dança e fazer um espetáculo conjugado. — Alana sugeriu.

— Boa! — Alicia falou pra ela feliz.

— Uhum, entendi. Vamos fazer assim... vamos marcar uma reunião dos pais pra cada turma, perguntar o que acham da ideia e fazer, porque não adianta planejar toda uma estrutura e ninguém topar, se ligaram? — disse sério.

Elas assentiram.

— Se a maioria disser sim, nós começamos a planejar isso de verdade. Vocês responsáveis por coreografias, reuniões, ensaios, seja lá o que for que eu não entendo nada e eu com a parte burocrática e financeira. — finalizei.

— Perfeito! — Alicia se levantou empolgada.

— Obrigada chefinho, certeza que vai dar tudo certo. — Alana disse e puxou Alicia pra fora da sala que só me mandou um beijo de longe.

Pronto, um assunto concluído. Agora vinha o que eu menos queria fazer, mas precisava. Mesmo que eu tivesse evitando Daniel, eu não tava aguentando mais isso, nós tínhamos tantos problemas que poderiam estar sendo resolvido juntos, que eu tinha certeza que eu não estava sofrendo sozinho, como nossa mãe, mas não... e eu precisava ser sincero com ele, eu amo meu irmão, e é foda essa situação dentro de casa.

Hoje cedo já tinha me decidido que teria uma conversa sozinho com ele quando voltasse do trabalho, não compartilhei com ninguém porque nem eu sabia se cumpriria isso, mas eu cumpriria.

Deixei uma mensagem pra Alicia dizendo que sairia mais cedo, deixei com Luís e Livia pra fechar a academia e parti pra casa. Tremendo igual vara verde mas fui.

Cheguei e tava ele comendo cheetos e assistindo alguma coisa que de tanto nervosismo nem prestei atenção. Fui direto pro meu quarto, larguei minha mochila, respirei fundo e fui até a sala.

Me sentei no sofá ao lado dele como quem não quer nada, percebi que ele deu uma olhada de rabo de olho sem entender mas manteve a pose comendo o biscoito.

— Tá foda! — soltei e ele virou o rosto na minha direção enquanto mastigava com as sobrancelhas feridas. — Tô falando contigo mesmo.

— Foda o que porra? — disse na defensiva.

— Essa situação contigo, aqui em casa, com a gente. — falei na lata.

— Dr agora? Tô afim não, Patrick. — ele debochou levantando do sofá.

— Senta aí mano. — puxei a camisa dele. Ele bufou e sentou de volta. — Tu acha justo a gente ficar nessa por causa de mulher?

— Ela tá sabendo que você tá se referindo a ela como qualquer mulher? — ele voltou a comer o biscoito dele zombando totalmente da conversa.

— Coe cara, tu sabe que é maneira de falar, isso não anula que eu gosto dela mesmo, tô me referindo ao problema de nós dois no geral. — disse entediado com a falta de compressão do Daniel, as vezes eu achava que ele era um criança birrento.

— Hum, e daí? A gente nunca teve uma relação boa e depois da merda tu quer uma? — ele fez careta.

— Quero, Daniel. E eu não tô falando isso por conta da Alicia não. — ele revirou os olhos. — Eu tô falando de já sermos crescidinhos o suficiente pra saber lidar com os problemas sem ficar de birra um com outro, eu sei que você também tá sofrendo pela nossa mãe.

Ele me olhou como se fosse crime citar aquela palavra, depois eu vi lágrimas em seus olhos e ele se virou pra esconder.

— Cara, eu sou teu irmão. — peguei no ombro dele tentando o puxar. — Nossa vida foi difícil pra caralho em questão de família, fodeu nosso psicológico e não é atoa que somos surtados cada um do seu jeito.

Ele arrancou o ombro da minha mão e se levantou. — E agora você quer resolver isso? Que que te deu, Patrick? Agora que deu merda em todos os aspectos você quer reconciliaçãozinha? — ele aumentou o tom de voz.

— Mano, eu mudei, e aí? Que que eu posso fazer? Tô pensando de outra forma, tentando avaliar as coisas. — dei de ombros.

— Foi a Alicia que pediu pra você vir falar comigo, né? — ele perguntou com um sorriso debochado e fraco no rosto.

— Daniel. — levantei pisando fundo e segurei o rosto dele. — Isso não tem a ver com a Alicia caralho, você não percebe que quando você foi pro lado do Vinicius eu fiquei puto contigo? É porque eu me importo com você, porra, desde sempre. Você pode ter nascido no mesmo dia que eu, mas eu cresci achando que era meu irmão mais novo.

Daniel sempre foi o mais sensível de nós dois, nunca se importou em demonstrar sentimentos, tanto ruins quanto bons e ali foi inevitável não vê-lo deixar lágrimas escorrer.

Eu soltei o rosto dele e puxei ele pra um abraço forte, um que eu não tinha a anos. Eu costumava proteger ele dos problemas do meu pai, mas não consegui proteger do babaca do Vinicius e isso acabou comigo.

Eu comecei a ser filho da puta com ele e ele comigo, eu fiz por raiva, ciúme, sei lá, e ele fez por vingança pela maneira que eu o tratava.

— Te amo, irmão. — ele falou no nosso abraço em meio a soluços.

— Eu sei. — bati nas costas dele. — Eu também te amo.

Foi difícil fazer e falar isso, só que eu precisava. Foi melhor do que eu imaginava meu pedido de desculpas que eu nem precisei pedir desculpas que eu percebi que não se tratava disso.

Ele soltou de mim, limpou as lágrimas e deu uma risada de si mesmo por ter chorado, eu o acompanhei.

— Quer ver? Tô vendo tropa de elite. — ele disse apontando pra televisão.

— Fechou.

Me joguei no sofá com ele, mais leve do que uma pena e ficamos assistindo até pedir pizza. Não ficamos conversando muito, mas só de estar fazendo algo juntos sem alfinetadas era muito.

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