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MARATONA 4/4

PATRICK

Cheguei em casa do trabalho cansado pra caralho. Fui direto jogar uma água no corpo, coloquei uma bermuda confortável e me joguei no sofá pra assistir televisão.

Livre de faculdade, eu tava livre de trabalhos, já não era fácil lidar com a academia. Pedi um delivery de um x-tudão e fiquei só aguardando chegar.

Queria que Daniel chegasse logo que eu precisava falar umas boas verdades pra ele. Eu praticamente sustentava a porra toda com o suor do meu trabalho, inclusive a faculdade dele.

Tudo bem que a academia era nossa, mas quem a mantinha de pé era eu, os meus esforços, ele só ganhava dinheiro coçando a porra do saco e eu já estava puto pra caralho com isso.

Acabou que eu comecei a assistir um documentário de uma mina desaparecida num canal e me distraí. Daniel chegou e eu nem tchum, falei nada. Tava vidradão.

— Aí, tô boladão. — ele sentou na poltrona do lado do sofá passando a mão pelo cabelo.

Estranhei, ele nunca sentava pra falar sério comigo
— Qual foi?

— Tô apegado na mina pra caralho. — ele fez careta e jogou as pernas pro braço da poltrona.

— Que menina, doidão? — franzi a sobrancelha. Tava entendendo nada.

— Porra, na Alicia. — ele disse como se fosse óbvio e eu senti algo dentro de mim embrulhar. — Falei pra ela isso hoje até.

— Ah, é? — perguntei interessado dando pause no documentário. — Vocês saíram hoje?

— Aham, peguei ela lá na academia hoje. — engoli a seco.

— E no que que deu? — larguei o telefone de lado.

— Ah, ela me enrolou, tá ligado!? Disse que tinha carinho por mim, mas que não tava no clima de nada sério. — contou.

— Hum... — resmunguei. — Po, não fica assim não. Mulher a gente encontra em qualquer lugar. — me levantei.

Não era muito de me comover e nem de me interessar e muito menos aconselhar, mas pela culpa eu tive que falar.

— Se tu conhecesse a mina de verdade tu iria saber que ela não é qualquer mulher. — ele disse com os olhos brilhando.

— É foda, vê se esquece isso e bola pra frente. — dei um tapa na cabeça dele. — Vou pro meu quarto, se o interfone tocar me avisa, é meu hambúrguer.

Ele assentiu pensativo sem me olhar e eu fui pro meu quarto.

De uma forma eu até que tava aliviado dessa conversa não ter levado a nada mais sério, não sei se me cairia bem perder a mina assim logo de cara, óbvio que não estava planejando levar pra frente, mas o proibido por enquanto tava me atraindo e era mais forte do que a culpa.

As vezes me batia a consciência pesada por ele e eu decidia parar com essa filha da putagem, mas quando ela passava na minha frente com aquela cara toda bobinha inocente, eu não me aguentava.

Fiquei mexendo no meu celular jogado na cama pra esperar o caralho do lanche que tava demorando pra caralho.

Mensagens

Rebeca: oiee, vamo se ver hoje? tô com a boa.
Patrick: e aí? po, hoje não dá não. tô cansado, deixa pra próxima.
Rebeca: aconteceu alguma coisa, Patrick? eu te assustei aquele dia com papo de algo sério?
Patrick: não cara, eu só tô cansado.
Rebeca: ata, porque eu já desencanei, só queria companhia pra acender um.
Patrick: saquei. — cortei o assunto.

Era uma vez, AliWhere stories live. Discover now