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EDUARDA

Cheguei da faculdade num estresse do caralho. Tinha ido me rastejando por conta da ressaca, ainda briguei com Matheus antes de sair.

Quando éramos mais novos, eu era a mais safa da história. Ele era todo caidinho, antisocial e super na dele. Depois que ele veio pro Rio de Janeiro, no caso há um ano e meses atrás, conheceu uma galera e resolveu mudar completamente.

Errado? Claro que não, eu ficava era feliz por ele estar fazendo mais amigos e saindo mais de casa, o problema é que passou a priorizar mais os amigos, do que a mim. Se fosse amigo tipo a Alicia que se conhecem há anos até tudo bem, mas não.

E a nossa briga hoje era um buraco mais embaixo que eu não tava nem afim de pensar muito. Larguei minha bolsa em cima da mesa e caminhei até o sofá pra ficar mexendo no meu celular.

— Ah, você chegou! — Alicia saiu do quarto toda saltitante. Dei um sorriso fraco, sério, não tava bem mesmo. — Eu tava me coçando pra te contar o que aconteceu hoje, meu pai do céu.

Ela estava rindo sozinha.

— Que que aconteceu? — perguntei colocando o telefone de lado e ela sentou no sofá.

Queria conversar? Não, mas não ia acabar com a graça da garota.

— Lembra do moleque que me ajudou lá com o meu ex namorado ontem mais cedo? — eu assenti.

— Então, eu o vi lá na faculdade, fiquei encarando o coitado do menino até ele me perguntar o que tava acontecendo. Aí você não acredita... — ela fez uma pausa dramática. — Ele não lembrava de mim, tipo, de jeito nenhum. Disse que tava bêbado. Eu só quis sair correndo, cara.

— Mentira, Ali? — arregalei os olhos, ela balançou a cabeça positivamente rindo pra caralho. — Mas você descobriu o nome do anjo da guarda?

— Sim, Daniel. Você conhece algum? — ela parou de rir pra perguntar.

— Conheço vários! — ri. — Não dá pra saber assim, só você me mostrando. O problema é que nossos horários são diferentes.

— É. Você faz o que mesmo? — ela franziu a sobrancelha tentando lembrar.

— Arquitetura! — falei.

— Ah sim, verdade. Você e Matheus na mesma área, bonitinhos. — ela apertou minha bochecha e eu fiz careta. — Ihhh, que que aconteceu?

— Briguei com ele hoje. — contei fazendo ela ficar boquiaberta.

Alicia é do tipo de pessoa que eu sinceramente admirava e amava conviver. Pra tudo tem uma reação hilária, sempre te faz sorrir e sempre tá sorrindo, de bem com a vida.

Só dela ser como é me faz ter vontade de abrir toda minha vida pra ela sem medo de contar e pelo contrário, ansiosa pelos conselhos bons que você já sabe que virão, aqueles que te tranquilizam.

— Não a-cre-di-to! — ela disse separadamente me fazendo rir. — Pensei que brigar não existia no vocabulário do relacionamento de vocês, me conta agora pra eu matar meu amigo!

— A gente briga mais do que você imagina. — ri fraco. — Mas bem resumidamente, Matheus quando se mudou pra cá ficou amigo de todos e de todas, vive pra lá e pra cá com várias pessoas e eu de verdade não reclamo. Mas existe uma, UMA — repeti dando ênfase — menina que eu não curto e pelo motivo que ele sabe bem qual é, e ainda sim hoje de manhã ele decidiu ir no aniversário dela, mesmo depois de eu ter pedido pra ele ficar pra nós três fazermos algo juntos. Sei lá, nem que fosse pra sair pra comer um hambúrguer.

— Qual é o motivo de você não gostar dela? — perguntou séria.

— Nós éramos tipo melhores amigas de infância, aí sei lá, nos meus 15 anos, uns aninhos antes de conhecer o Matheus, eu conheci um menino e era extremamente apaixonada por ele, nós tivemos um namorico e o motivo do nosso término foi: peguei os dois no flagra, pior, um tirando a virgindade do outro. Vê se eu não tenho motivo pra ficar puta?

— Óbvio amiga, já quero matar ele. Mas me conta mais pra eu ter o veredito certo. — ela se virou pra mim extremamente interessada.

— O pior foi que ele não só a defendeu, ele também disse que ia e pronto, que era um ciúme maluco esse que eu tinha dos dois. Mas Alicia, no rolê que a gente der essa semana, com certeza ela estará, sempre está. — revirei os olhos. — E aí você vai ver como ela fica com ele, se apoiando, se encostando... aí que ódio!

— Eu vou ter um papo sério com ele, não dá. Sabe o que é, Duda? Ele é ingênuo demais, depois de ter ficado isolado então. — ela balançou a cabeça negativamente.

— Aí, mas não quero mais falar sobre isso, só vai aumentar minha raiva. Vamos sair pra comer alguma coisa?

— Sim sim, vamos no mc? — ela sugeriu.

Eu topei, precisava me encher de besteira mesmo. Só pedi pra tomar um banho antes e assim o fiz. Seria bom dar essa saidinha com ela mesmo que rápida pra também não ficar pensando muito.

Coloquei um short jeans, uma blusa que Matheus tinha deixado aqui e meu chinelo de lei da havaianas.

Chegamos no mc num passo de uber. Eu pedi o famoso Big Mac e ela o cheddar. Ficamos trocando mó ideia e depois fomos embora. Ambas estávamos cansadas.

Ainda demos chance pra uma sériezinha na tv, mas quando vimos as duas estavam fechando os olhos. Desligamos tudo e cada uma foi pro seu quarto.

Perdi o sono no minuto que me levantei. Aproveitei que queria dar uma provocada no Matheus e fiquei tirando algumas fotos pra postar. Isso mesmo, 22h da noite e eu querendo postar foto.

Larguei o telefone de lado depois de ver o comentário do sonso do meu namorado e fui tomar um banho. Fiz minha higiene noturna, coloquei um pijama confortável e me taquei na minha cama.

Liguei meu celular de volta e meu WhatsApp já tava cheio de mensagem do bendito.

Mensagens

Matheus amor: eiii
Matheus amor: não vai roubar minha melhor amiga fazendo ela se virar contra mim não hein.
Matheus amor: tô brincando!
Matheus amor: foi mal tá?
Matheus amor: eu sei que você fica bolada quando eu dou confiança pra Raissa, mas é que eu gosto da mina.
Matheus amor: não acho que ela dê em cima de mim como você diz.
Matheus amor: mas prometo não te trocar mais.
Matheus amor: quer dizer eu não acho que te troquei né.
Matheus amor: mas pelas um milhão de mensagens que Alicia me mandou foi o que pareceu.
Matheus amor: te amo Eduarda, não quero acabar com 8 anos de namoro por desconfiança.
Eduarda: não desconfio de você, e sim dela!
Eduarda: mas tá de boa. Só que se acontecer de novo, sinceramente, nem sei mais.
Matheus amor: não fala assim, amor.
Eduarda: ué tô sendo sincera, eu sei o que vejo, se você prefere não acreditar...
Matheus amor: vou tentar prestar mais atenção, tá
bom assim? Te amo muito, amanhã vou pra aí ficar contigo.
Eduarda: hum só quero ver 😰
Eduarda: vacilão

Era uma vez, AliWhere stories live. Discover now