Foi incrível conversar com o meu papai mais uma vez. Eu conversava com ele sempre antes de dormir, mas ali foi especial. Levei flores, sentei pertinho e desabafei. Minha mãe ficou só ali quietinha me olhando.
De alguma forma eu me senti bem pra chegar em casa e contar pro Patrick sobre a gravidez, parecia realmente a coisa certa a se fazer. Eu tinha um pai maravilhoso e ele também seria, tive certeza dentro do meu coração, não podia priva-lo disso.
Chorei bastante ao desabafar querendo que ele estivesse comigo, mas me lembrei da nossa promessa, que me permitia ser feliz pra sempre.
Todo mundo sabe que ninguém é feliz todo dia, mas eu era e por isso nem todas as pessoas se davam bem comigo, alguns se irritavam e apesar disso eu nunca deixei de ser quem eu era.
Nós deixamos as flores, terminei dizendo que o amava do fundo do meu coração e pra sempre da mesma maneira que seria feliz e sai com o coração cheinho de amor.
— Mãe!? — a cutuquei. Ela estava prestando atenção em estacionar e eu enxergando algo ou estava louca.
— Peraí, você sabe que eu sou péssima em estacionar. — ela disse olhando pelo retrovisor.
— Mãe, é sério, olha ali. — a cutuquei freneticamente.
O vidro era bem escuro e ela estava estacionado o carro em uma vaga do outro lado da rua, mas eu sabia que tinha uma pessoa sentada na nossa varanda com a cabeça baixa.
— Tô com medo, será que é o Rodrigo? — disse receosa.
Ela fez careta, abaixou o vidro e eu fiz força pra enxergar, mas depois de tanto tempo confundindo, eu reconheci aquelas tatuagens de longe.
Meu coração começou acelerar desesperadamente e quase sem ar que eu fiquei. Arregalei os olhos e virei pra ela.
— Mãe, é ele! — engoli a seco.
— O Patrick? — ela perguntou e eu assenti. — Meu Deus, sai do carro e vai lá agora.
— Não mãe, a senhora precisa vir comigo, eu tô passando mal. — disse sentindo minha barriga embrulhar de nervosismo.
— Não Ali, você acabou de sair do seu pai e sabe que ele sempre foi corajoso, não vai amarelar agora e eu vou demorar uns dez minutos pra estacionar isso aqui. — ela disse e eu ri de nervoso.
— Tá, eu vou. — suspirei.
Ela assentiu ansiosa e eu sai do carro, assim que bati a porta do carro, ele levantou a cabeça e quando me virei ele já estava em pé.
— Alicia!? — ele disse com a voz trêmula.
Não respondi nada, esperei o carro passar, atravessei a rua e parei de frente pra ele.
— Oi Patrick. — disse sorrindo fraco. — Como você chegou aqui?
— Matheus me deu seu endereço e eu vim de moto pra Sampa. — ele contou. — Mas eu preciso te dar um abraço, posso?
Ele estava com uma expressão no rosto de medo, de dor, mas ao mesmo tempo de alívio. Eu assenti sem graça e ele me abraçou me apertando forte. Eu retribui suspirando, como eu precisava daquilo...
— Eu senti tanto a sua falta! — ele disse no meu ouvido.
— Eu também senti. — disse. — Muita. E eu preciso te contar uma coisa.
— Eu já sei, Ali. — ele sorriu pra mim receoso. — Nós vamos ter um filho mesmo?
— Sim.. sim. — disse gaguejando sentindo o nervoso me afetar. — E eu entendo se você não quiser ficar perto, mas eu preciso...
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Era uma vez, Ali
Fanfictionautora: juwebs_ Quando Tina, a filha mais velha de um casal, completa 10 anos de idade, seu pai conta a história do grande amor da sua vida... e uma história de amor nunca foi tão difícil de ser contada: uma mulher sonhadora, dois amores, alguns ami...