Endossimbiose | Versão Em Por...

由 ElisMariangela

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Donecea Gaxy, uma iátrica determinada, se junta ao ardiloso e charmoso Arkadi Phaga para alcançar o núcleo da... 更多

Capítulo 1. Pacientes
Capítulo 2. História da Doença Atual
Capítulo 3. Parasitas
Capítulo 4. Emergência
Capítulo 5. Alta
Capítulo 6. Difusão
Capítulo 7. Proteassoma
Capítulo 8. Recaptação
Capítulo 9. Mitocôndria
Capítulo 10. Toxicologia
Capítulo 11. Anemia
Capítulo 12. Sepse
Capítulo 13. Hemorragia
Capítulo 14. Nó de Sutura
Capítulo 15. Instinto
Capítulo 16. Descamação
Capítulo 17. Hereditariedade
Capítulo 18. Convergência Evolutiva
Capítulo 19. Cicatrizes
Capítulo 20. Endorfina
Capítulo 21. Linfonodo Sentinela
Capítulo 22. Evolução
Capítulo 23. Cremação
Capítulo 24. Crisoterapia
Capítulo 25. Células
Capítulo 26. Comorbidade
Capítulo 27. Memórias
Capítulo 28. Dor
Capítulo 29. Luto
Capítulo 30. Subcutâneo
Capítulo 31. Olhos
Capítulo 32. Humanos
Capítulo 33. Mãos
Capítulo 34. Medo
Capítulo 35. Ansiedade
Capítulo 36. Pressentimento
Capítulo 37. Tremor
Capítulo 38. Inconsciência
Capítulo 39. Consciência
Capítulo 41. Cicatrização
Capítulo 42. Sede
Capítulo 43. Ruminação
Capítulo 44. Solidão
Capítulo 45. Fúria
Capítulo 46. Digestão
Capítulo 47. Enterro
Capítulo 48. Fadiga
Capítulo 49. Coração
Capítulo 50. R.E.M.
Capítulo 51. Ouvidos
Capítulo 52. Cura
Capítulo 53. Latência
Capítulo 54. Febre
Capítulo 55. Necrotério
Capítulo 56. Apoptose
Capítulo 57. Metástase

Capítulo 40. Necrose

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由 ElisMariangela

Segundo círculo do Império
Distrito de Veneno

Desci da pedra deslizando devagar pela neve até me aproximar das construções negras na periferia do acampamento. Alguns dos soldados da rebelião me seguiram para atacar, enquanto outros carregaram o corpo do pione que eu tinha atingido para os nossos caminhões na floresta, um daqueles que se tornariam os nossos novos soldados, quando o metriona o convencesse de dentro para fora.

Caminhei em silêncio pelos corredores vazios entre as construções, quase agradecendo à neve por calar meus passos. Mas eu sabia que ela faria o mesmo pelos dos soldados do Império... E que, diferentemente de mim, eles disparariam para matar... Eu precisava ser cauteloso.

Perscrutei os corredores, totalmente vazios, até que um pione surgiu de uma esquina bem na minha frente. Ele puxou sua arma, cheia de balas ansiando pelo meu sangue, mas, antes que pudesse apertar o gatilho, eu disparei primeiro. E, ao cair, ele chocou sua cabeça contra a parede de pedra da construção, fazendo um barulho sólido que eu senti como uma martelada na minha própria cabeça.

Outros piones se aproximaram, intrigados pelo som, que praticamente tinha ecoado por cada canto do acampamento. Eles imediatamente dispararam contra mim e um dos projéteis cavou um buraco na parede ao lado da minha cabeça, errando meu crânio por muito pouco e enchendo as minhas pernas com o ímpeto de correr. Fugi por entre as construções, mas os piones me seguiam de perto, disparando contra as minhas pernas e espirrando neve no meu rosto a cada erro, enquanto seus gritos atraíam outros inimigos. Minha arma não era suficiente para dar conta de todos deles. Meus dedos se atrapalharam com um dos bolsos, mas consegui pegar uma esfera especial, pálida como uma bola de neve enclausurada em plástico e a minha única alternativa. Apertei um botão e a arremessei para os piones, assistindo-a explodir em uma bomba de pó que engoliu os inimigos. E então eles pararam de disparar.

Me escondi atrás de uma das árvores da periferia do acampamento em uma tentativa de recobrar meu fôlego e observei aquele rio branco tomar as ruas nevadas, contaminando cada pione que cometia o erro de ir verificar o que estava acontecendo. Ele parecia aquela névoa que me tinha me imobilizado com Donecea no hospital no sétimo círculo do Império... O rosto dela tomou a minha mente, longe e segura nas tendas iátricas, me odiando.

Tudo que eu queria era voltar e tomá-la nos meus braços... Mas ela provavelmente preferiria me ver morto. Eu era um idiota. E afastá-la tinha definitivamente entrado para a minha própria lista de motivos para me odiar – uma lista muito maior do que eu tinha o orgulho de admitir.

Eu tinha motivos para me manter longe, como tinha feito por tanto tempo, mas dessa vez aquilo pareceu... Estúpido. Doloroso... Porque Donecea tinha se encravado na minha mente como uma farpa que eu não conseguia tirar. Talvez eu devesse me render à sua proximidade sem me preocupar com o futuro e a dor que ele traria, apenas para me aliviar daquela que eu sentia agora... Mas talvez já estivesse tarde demais.

Quando ouvi um grito de Deinos, voltei para a realidade.

Encarei o acampamento, mas não conseguia ver nada além da névoa. Subi pelos galhos da árvore, fortes o suficiente para me sustentar, até que estivesse acima da nuvem de pó. Consegui ver no telhado de uma das construções o corpo de Deinos, caído e preso ao chão pelo ferrão de um pione profundamente encravado em um de seus braços. O veneno brilhante do inimigo migrava do bulbo para o espinero, navegando embaixo da sua pele em veias pintadas de escarlate e despertando em Deinos rugidos que talvez Donecea conseguisse escutar das tendas iátricas.

Ele estava morrendo. Mas talvez eu pudesse salvá-lo.

Me equilibrei pelo galho e pulei no telhado, atraindo a atenção do pione com o som dos meu pés se chocando na rocha. O inimigo se virou para mim, arrancou seu ferrão do braço de Deinos e lançou seu bulbo na minha direção, não me acertando por pouco quando rolei para o lado com os reflexos do fevino. O pione avançou e mirou a ponta do ferrão diretamente no meu peito, avançando para cravá-la em mim. Tentei segurá-la, mas mais e mais o brilho afiado se aproximava, quase rasgando o uniforme, a pele e o músculo abaixo no caminho para o meu coração.

Mesmo enfraquecido, Deinos se levantou e desferiu um golpe contra o pione, levando-o ao chão e prendendo-o nele para que eu tivesse a chance de me desvencilhar. Mas Deinos não aguentaria por muito tempo. Tirei do bolso outra esfera, apertei seu botão e a enfiei no uniforme do pione, que se levantou em uma explosão de poder forte demais para Deinos e avançou contra mim. Antes que ele cravasse seu ferrão no meu pescoço eu consegui desviar, colocando-o entre mim e a borda do telhado, e o chutei para a queda abaixo. A nuvem de pó explodiu ao seu redor e ele desapareceu dentro dela, afogando-se na sua nova lealdade ao metriona.

Deinos soltou um grunhido dolorido e eu imediatamente voltei para seu corpo caído, intoxicado por aquele brilho avermelhado que pulsava logo abaixo da pele, tão mortal que ele não sobreviveria por mais muito tempo se nada fosse feito. Eu precisava salvá-lo; e sabia que Donecea saberia como.

Equilibrei precariamente as toneladas do seu corpo sobre meus ombros e nos arrastei pelas escadarias abaixo até o chão de neve às margens do acampamento. Segui para um dos caminhões de feridos que estava quase partindo para as tendas iátricas e joguei Deinos com os demais. Mas eu não o deixei ir sozinho e pulei na carroceria em movimento antes que ela me deixasse para trás, porque eu queria ter certeza de que ele chegaria nas mãos que poderiam ajudá-lo.

• • • ֍ • • •

Arrastei Deinos o mais rápido possível para a tenda de Donecea e o joguei sobre um dos leitos improvisados no chão, agora que todas as macas já estavam ocupadas. Ela corria de um lado para o outro com precisão e confiança, cravando agulhas naqueles que gritavam de dor e aplicando curativos no sangramento de outros, tentando poupar as vidas daqueles que se davam por essa causa. Não havia nenhuma sombra de receio no seu rosto, mesmo quando alguns dos soldados quase escorregavam para o precipício da morte, porque ela não os deixava cair. E, ainda que tantos partissem até o fim dessa batalha, com ela ali eu sentia que, inevitavelmente, tudo terminaria bem.

Quando Donecea percebeu que eu estava ali e viu o vermelho pulsando em um dos braços de Deinos, ela correu na nossa direção.

– Ele foi envenenado por um dos piones! Vocês têm algum antídoto?!

Em silêncio, Donecea rasgou a manga do braço envenenado, libertando aquele brilho tóxico que inundava as veias sob a pele já apodrecida. Eu praticamente conseguia ver o veneno migrando por cada uma das suas células, corroendo tudo no caminho e se aproximando de alguma parte vital... Eu o via morrendo. E não havia nada que eu pudesse fazer além de segurá-lo no leito, enquanto Deinos rugia de dor e se contorcia violentamente.

– Não existe soro para o veneno dos piones. – Donecea revelou. – Nós temos de amputar o braço dele antes que o veneno se alastre.

Nós?!

Abri a boca para gaguejar alguma coisa incoerente, mas ela já tinha mergulhado nas caixas ao canto da tenda e voltado com as ferramentas para arrancar o braço de Deinos, sendo uma delas uma gigantesca serra prateada. Donecea colocou uma espécie de capacete no próprio rosto e, enquanto Deinos tentava se desvencilhar, ela cravou uma agulha no seu peito. Lentamente o corpo dele começou a enfraquecer, seus olhos se revirando e murmúrios confusos lhe escapando da boca, talvez em um pedido de que não fizéssemos o que estávamos prestes a fazer... Mas eu sabia que, se não ouvíssemos Donecea, ele morreria.

Eu queria dizer que tudo ficaria bem, mas sabia que tudo que Deinos ouviria seria o medo nas minhas palavras, então apenas me mantive em silêncio. E prendi com firmeza o membro que estava prestes a ser removido.

– Você tem tantos braços que nem vai sentir falta desse... – Donecea, por outro lado, conseguiu sussurrar, infinitamente mais confiante do que eu.

Sua voz tinha uma suavidade protetora tão envolvente que eu até me acalmei um pouco... Mas então ela apertou um botão naquela serra e toda a calmaria desapareceu abaixo dos gritos estridentes da máquina. A determinação fria no rosto de Donecea era tão surreal que me perguntei se ela já tinha feito coisas piores, cada movimento preciso, calculado e munido de uma eficiência que eu jurava ser capaz de salvar mundos inteiros... E, quando ela moveu a serra na direção da pele de Deinos, eu apenas segurei o membro com mais força e prendi a respiração.

O sangue escuro espirrou para todos os lados, pintando o meu capacete e o de Donecea de um preto gosmento que escorria para o chão. O som da carne sendo cortada perfurou os meus ouvidos e o cheiro de osso despertou ânsias no meu âmago. Em algum momento a minha visão começou a escurecer e as pernas fraquejaram, me levando em espiral para as profundezas da inconsciência. Eu ia desabar ali mesmo... Mas então Donecea sussurrou:

– Olhe para mim. – Relutante, retirei os olhos da poça dos restos de Deinos e encarei aquela mulher na minha frente. – Essa é apenas a face feia da misericórdia, Arkadi... Mas continua sendo a única salvação.

Então, no que pareceu um piscar de olhos, o braço envenenado de Deinos tinha sido cortado e Donecea já parava o sangramento com uma larga fita sobre o corpo adormecido do espinero.

Donecea abriu um sorriso, meio confortante, meio implicante, e, antes de se virar para me abandonar, ela sussurrou para mim:

– Viu? Nem doeu. 

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